Felizes, para sempre? escrita por Hortências


Capítulo 2
O céu — Hinata para Naruto


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos.
Boa leitura, espero que goste.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630593/chapter/2

Tapete vermelho. Alguns lindos arranjos. E você.

Você me olhando, sorrindo. Seu braço estendido, sua mão a minha procura. Eu fui a escolhida.

E agora, estou a caminho do altar. Com receio de que todo o momento seja demais para mim, agarro o braço do meu pai com mais força. Eu não posso desmaiar, não. Eu não posso cair. O severo Hiashi, ao receber o apertão, direciona seu olhar a mim, e sinto medo.

Fui fraca. Sou fraca.

Estou pronta para ouvir as terríveis palavras. Mas, em vez disso sinto algo tocar minha testa com tamanha ternura. Mal consigo acreditar quando percebo que se tratava dos lábios de meu pai, um beijo. Hyūga Hiashi me dera um beijo na testa.

Não. Era mais que isso. Hyūga Hiashi me dera um beijo na testa, exatamente no mesmo dia em que eu estava me casando com Naruto Uzumaki, aquele que sempre amei. Isso é um sonho? Se for, por favor, que eu não acorde.

Me permito desviar a atenção dos brilhantes olhos azuis que me aguardam no altar para que, muito brevemente, eu possa sorrir para os convidados. São poucos, exatamente como sempre imaginei. Apenas os amigos próximos, minha irmãzinha Hanabi e meu...

Agarro o braço do meu pai novamente, e sem entender muito bem o motivo, não consigo conter minha alegria ao ver que meu primo, Neji Hyūga, está na cerimônia. Por quê está assim Hinata? Deve ter visto seu primo ontem, mas, parece que faz tanto tempo. Dou um sorriso pleno a Neji, que me corresponde com um aceno. Tenten, que esta ao lado de meu primo, estranhamente próxima demais, me lança um sorriso, que eu correspondo também.

Volto a olhar para frente, mas antes de voltar a admirar meu quase marido, sei que devo conferir se os padrinhos e madrinhas estão presentes. Lá encontro Sakura e Sasuke, as mãos estão dadas. Ao perceber que estou os encarando, Sasuke da um breve aceno com a cabeça, sem perder a postura. E eu tento, por meio de olhares, dizer como estou feliz por ele ter voltado. Como estou feliz pelos dois. E por mais que pareça estranho, eu sei que ele entendeu.

Estou perto, muito perto do altar.

Finalmente olho para Sakura. Uma grande amiga. Uma mulher que sempre admirei. E que, por vezes, invejei. Olho. Olho, como já olhei muitas vezes quando era menor, enquanto imaginava o que Naruto via nela, que não via em mim. Bom, não era muito difícil imaginar: os olhos verdes, o cabelo cor de rosa, a determinação, o jeito que ela era desinibida e outras coisas, que já não significavam nada. Afinal, eu fui a escolhida, não é?

Sim, eu, Hinata. Eu estava a caminho do altar.

Era a mim que Naruto aguardava. E eu estava próxima, muito próxima, quando o rosto de Sakura simplesmente se apagou. O sorriso desapareceu e ela parecia em pânico. Aquilo me assustou. Ela começou a gritar meu nome desesperadamente, enquanto dizia coisas sem sentido.

E de repente, Sasuke já não estava mais ao lado dela. Sakura, ainda em berros, caiu de joelhos, chorando muito. O que estava acontecendo com ela? Por que ninguém a ajuda?

Procuro apoio no braço de meu pai, pela terceira vez no mesmo dia. Mas, eu não o encontro. Não há braço, não há beijo na testa, não há Hiashi. Minhas mãos seguram o nada. Sem saber a quem recorrer procuro quem sempre protege, Neji. Mas, no assento em que ele estava, só encontro um estranho pó cinza.

Minhas mãos estão tremendo, e eu preciso de ajuda. Eu preciso de alguém. Mas, como se fosse uma mágica escabrosa, todos convidados desapareceram. As flores murcharam. O grito de Sakura cessa. Ela parece ter desistido.

Volto a olhar para o altar. Sakura esta de joelhos, mas não consigo dar qualquer atenção a ela quando percebo que Naruto está chorando.

Eu me aproximo, acaricio seu rosto e digo, diversas vezes, que tudo vai ficar bem. Mas ele não me ouve, ele não me olha, ele não me sente. Ele nem sequer sabe que eu estou ali. Então, ele deixa as pernas falharem, se ajoelha e olha fixo para algum ponto no chão.

Ele está vendo alguma coisa que eu não consigo ver.

Por que você está chorando? O que há de errado? Como se você ouvisse as minhas perguntas, você me responde. E é aí que o meu mundo para.

— Hinata, não me deixe, por favor.. Volte, volte, volte!

Você me pede baixo, e como se seu pedido fosse uma ordem, eu obedeço. Tudo fica branco, depois preto. Eu desperto como se estivesse impedida de respirar a muito tempo. Um peso sobre o meu peito me machuca e eu me esforço para conseguir respirar. Puxo todo ar que consigo, sinto o cheiro de morte e sangue. Mas não consigo pensar muito a respeito quando te vejo, sujo e machucado, ajoelhado ao meu lado, segurando a minha mão. Seus olhos se arregalam, você está surpreso em me ver. Eu sorrio com isso, mas me lembro que não podemos perder mais tempo aqui.

— Naruto-kun, precisamos voltar a igreja, a cerimônia ainda não acabou... — eu tento explicar

— Ce-Cerimônia? — você responde, hesitante

— Sim, o nosso casamento — eu sussurro, temendo a sua próxima resposta

Você me olha, mas eu não sei decifrar seu olhar. Você demora alguns segundos para finalmente sorrir e sacudir a cabeça.

— Ah, é claro! O casamento! Como pude me esquecer? Acho que me distrai, olhando pra você... — um de suas mãos alcança meu rosto, você o acaricia e eu não sei descrever a sensação que sinto

— Eu não sei o que aconteceu.. Nós estávamos lá.. E os convidados sumiram e-

Eu não posso terminar a frase. Uma tosse anormal faz com que eu tente me sentar, em vão. Suas mãos me amparam, você me pede calma, dizendo que vai ficar tudo bem. As coisas começam a fazer mais sentido quando sinto o gosto de ferrugem na boca.

— O que está acontecendo? — Eu pergunto, temendo a resposta

— Nada, vai ficar tudo bem Hina, vem, nós temos que procurar a Sakura — você diz, num tom abafado e mentiroso enquanto tenta me colocar no seu colo — Ela estava aqui agora a pouco, ela foi embora, ela achou que você tinha... — você não termina a frase, você não consegue terminar

Eu te evito. Eu travo. Isso é em vão.

— O-O que? Não, espera, eu quero ficar aqui — digo, chorosa, enquanto te empurro

— Nós temos que achar a Sakura — você diz, firme

— Por quê? — insisto

— Por que eu não posso perder você — você esbraveja, depois chora, soluçando

Eu sei e você sabe. Eu não vou sobreviver. Mas você é Naruto Uzumaki, não é mesmo? Você não pode desistir. Você não pode simplesmente abaixar a cabeça e me esperar partir. Mas eu imploro e suplico.

— Não chame a Sakura, só fique aqui, comigo

Seus olhos se fecham, ainda há lágrimas em seu rosto. Eu me esforço para alcança-las e limpa-las. Então você vira um pouco a cabeça, o suficiente para que seus lábios toquem a palma da minha mão, você a beija.

— Eu te amo, Naruto-kun — digo, a mais pura e passada verdade do século, seus olhos se abrem novamente, então meu coração se despedaça

Culpa, um olhar de culpa. Um olhar de quem se sente culpado, de quem tem pena. Não um olhar de amor. Ora, Hinata, sua tola! Nunca seria um olhar de amor. Afinal seus cabelos são pretos e sem graça, seus olhos não tem uma cor viva.

Ironicamente, nunca tive uma cor mais viva do que a que tenho agora, prestes a morrer. O que me colore agora é o meu sangue. E é por isso que você, Naruto-kun, consegue me notar agora. Por que esse sangue, que escorre sem parar. Esse sangue que sai do meu peito, ele é tão vivo. É tão vivo, tão intenso, tão vermelho.

Você só me percebe agora, Naruto-kun, por que perto desse sangue, qualquer cabelo rosa parece desbotado.

— Eu acho que também te amo — você diz, num tom quase tímido

Eu sei que é engano seu, mas você parece realmente acreditar nisso. Eu sorrio, triste. Talvez não seja a melhor hora para me amar. Quantos segundos ainda devo durar?

Seus olhos azuis me encaram, como nunca me encararam antes. Não é um olhar de pena, nem um olhar sutil, na verdade, tudo que consigo afirmar sobre tal olhar, é que ele é intenso. Eu não consigo mais encontrar ar, e quando o encontro meus pulmões se recusam a aceita-lo. Minha mão caí e bate no chão gelado, não tenho mais forças para sustenta-la no seu rosto.

Eu escuto sua voz. Mas não consigo entender o que você diz.

Talvez seja o meu nome. Talvez seja mais um pedido para que eu fique ao seu lado. Mas dessa vez, mesmo que eu quisesse, acho que não conseguiria voltar.

Meus olhos, cansados, se fecham lentamente e pela última vez. Antes de eles se trancarem para sempre, trato de gravar mais uma vez a imagem seus olhos, para leva-los até a outra vida.

Então, tudo fica preto novamente, é o fim. Ou não.

Preto, depois branco.

Num susto, eu abro meus olhos. Ainda desnorteada, me movimento apressadamente em movimento circular, tento descobrir em que lugar estou. Não demoro muito para entender, voltei ao céu. Sorri.

Tapete vermelho. Alguns lindos arranjos. E você.

E então, Naruto-kun? Felizes para sempre?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

gente, voltei! Desculpem a super demora, mas estava em época de estudos, enfim!
Estou de férias agora e tentarei voltar!
Estou escrevendo de madrugada mas espero que esteja bom, me avisem se aparecerem erros, por favor! Obrigada, até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Felizes, para sempre?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.