Felizes, para sempre? escrita por Hortências


Capítulo 3
Asco — Sasuke para Sakura


Notas iniciais do capítulo

Blé, após um ano, olha quem aparece!
Não reli nem corrigi o capítulo, me deu uns 5 minutos e postei.
Espero que goste, boa leitura!



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Ele, que fora sempre tão preciso, não saberia dizer quanto tempo ficara ali,  estático, encarando aquele corpo.

Ele, que sempre se esforçara tanto passa manter aquela costumeira expressão impassível, não fazia a mínima ideia e nem conseguia se importar com expressão que seu rosto transmitia agora.

Deu alguns passos a frente, que também nunca conseguira dizer precisamente quantos foram. Até pensou em dizer o nome dela, chamar por ela, mas não conseguiu, era impossível dizer alguma coisa. A situação inteira lhe parecia impossível.

Era tudo tão irreal, que se perguntou se estava tendo só mais um pesadelo. Era bastante comum sonhar com pessoas que lhe foram importantes um dia, mortas. E querendo ou não, aquele corpo, deitado, sem vida, no chão sujo. Aquele corpo lhe fora tão importante um dia. 

Não podia se ver agora, mas teve certeza que sua expressão vacilou por algum momento, por que suas penas vacilaram também. Ele caiu de joelhos. Estava tão próximo a ela e não percebeu quando começou a gatinhar em direção a ela. Quando seus joelhos tocaram a pequena cintura feminina, de leve, ele parou e se acomodou. Começou a fita-la a partir da própria cintura, passou pela perfuração que atingira seu peito e abdômen. Sua cabeça, mesmo lerda e confusa, quase o fez levantar e ir embora nesse meio tempo. Era bizarro tudo aquilo, o dava náuseas. Mas, ao chegar no pescoço, que parecia tão bem e macio, apenas sujo, ele esqueceu da vontade anterior. Até que subiu o olhar ao precioso rosto, perfeitamente angular. 

Os olhos verdes estavam assustadoramente abertos.

E aquilo, a situação toda, nunca pareceu tão irreal quanto era agora. Uma assombrosa vertigem tomou conta de si e sentiu vontade de vomitar. Seu corpo vacilara novamente, dessa vez de modo mais violento. Teve de colocar as mãos no chão para que sua cabeça não fosse levada a baixo também. De repente percebeu sua respiração demasiadamente ofegante. Um nó grotesco se formara em sua gargante. Não era só o nó na garganta, tudo, todo o momento era grotesco. Grotesco demais até para ele, mas mais ainda, para ela, para Sakura.

Como algo assim podia acontecer com alguém como ela.

Tentou voltar o olhar a ela, mas sua cabeça, se virou bruscamente para o lado oposto, mesmo que ele não tivesse feito tal comando a ela. Ele não podia olhar mais. Já devia estar acostumado, já devia ter entendido que tudo que um dia ele tocasse, que um dia ele amasse, estaria destinado a isso. Como sua família, como seu irmão, como a doce Sakura. Foi inevitável pensar no Naruto naquele instante. Como ele ficaria? Com ódio, com dor? O que ele sentiria? Seria pior para o Naruto do que esta sendo a ela, tinha certeza. Afinal, Sasuke já não sentia mais nada por Sakura.

Riu-se. Amargo. Não tentaria enganar a si mesmo, não agora, ao menos.

Sakura era importante demais, irritante demais, linda demais. Voltou a encara-la. Tudo bem, coisas assim costumam acontecer em uma guerra. Percas. O homem que fez isso a ela já esta morto, não poderia nem ao menos se contentar com uma vingança. E riu mais uma vez, do único jeito doentio que ainda conseguia o fazer, ao pensar em vingança. Sasuke Uchiha, o vingador. Essa frase nunca perdera tanto o efeito e o sentido.

— Sakura.. — sussurrou, por que, de repente, fez tanto sentido chamar o nome dela, mesmo que ela nunca o respondesse novamente, até pensou em pedir desculpa, mas parecia tarde demais.

Esticou o braço calmamente e deixou que mão pousasse na face branca, que estava até branca demais. Os olhos verdes, pelos quais ele tinha tanto afeto, lhe regavam agora de aflição e resolveu fecha-los. Calmo, tão calmo. Por que ele não poderia agir como um louco na frente dela, não para aqueles olhos estupidamente esmeraldas, que agora, eram opacos. Sem vida. 

Suspirou quando finalmente os fechou.

Recolheu as mãos com rapidez e fechou-as. Abaixou a cabeça e estacionou ali, quase que em posição fetal por alguns minutos. Soltou alguns grunhidos, estranhos a um Uchiha. Não chorou. Não iria chorar, não por ela. Sakura não iria vencer, por que ela não significava lá tanta coisa assim. Ela não podia mais significar. 

Ao voltar a si, se levantou rapidamente. As pernas ainda fracas. Fechou os olhos quando a tontura o atingiu, e em sua mente vieram sardas. Diabos. Eram as sardas do nariz dela. Tentou fechar os olhos e balançar a cabeça para esquecer a imagem. Mas toda ação só lhe deixou mais tonto e só o fez escutar o riso dela, só lhe trouxe a imagem dos dentes, extremamente brancos. Abriu os olhos desesperado, e encontrou o corpo no chão, tão linda quanto sempre fora.Ele a odiava. Odiava cada centímetro daquele maldito corpo.

Mas lhe pareceu estranho, deixar ela lá, no chão. 

Tentou encontrar algum motivo egoísta, algo que o beneficiasse em não deixar Sakura lá, largada em meio aos tantos outros corpos sem vida, e se decepcionou quando não conseguiu pensar em nada. Ele só estava incomodado em deixa-la lá. Ridículo. 

— Merda — praguejou — Merda, Sakura. 

Pegou a menina rapidamente, quis pensar que não se importava com o integridade do corpo da mesma. Mas, era ele que estava a tirando dali, não era? 

Ela continuava leve, não tão leve quanto era quando ele a deixou no banco. Antes da fuga com os ninjas do som, mas, ainda era um corpo pequeno e frágil se comparasse ao dele. Frágil. Estupidamente vulnerável e fraca. Mesmo depois de treinar com Tsunade, mesmo depois de se tornar fisicamente forte, ainda se preocupava demais com os outros. Ainda morria pelos outros. Ainda chorava pelos outros. Ainda sentia algo por alguém como ele. 

Sentiu uma forte repulsa pelo corpo que carregava nos braços, ele odiava Sakura. Ele odiava tanto. 

Não queria mais olha-la, não queria mais se atentar a cada pequeno detalhe de seu rosto e corpo. Queria larga-la ali. Deixa-la com o resto dos mortos.  Deixa-la no chão sujo. Queria vê-la suja de terra. E cada situação a mais que ele pensava e cada imagem que vinha em sua mente o dava mais asco. Asco. Aquele corpo o dava asco. Queria solta-la. Queria gritar. Queria que alguém tirasse aquilo dos braços dele.

E como se seus pedidos fossem ouvidos, alguém veio atende-lo.

Demorou muito mais tempo que o normal para reconhecer a cabeleira loira. Os olhos azuis, também opacos demais o encarara. Espantados. Abertos. E sem querer ele pensou nos olhos mortos de Sakura. Tire ela de mim Naruto, tire esse corpo daqui, quis dizer. Mas permaneceu calado.

O loiro ficou estático, encarando, como ele também ficara a alguns minutos, ou segundos, ou horas... vá saber. Naruto parecia ferido, mas não conseguia dizer com certeza, estava tonto, tudo ainda parecia irreal demais. O seu melhor amigo ainda não se mexia, ele estava a poucos passos de distancia de Sasuke. Um agonia que nunca sentirá tomara conta do seu corpo, provavelmente se passaram segundos, mas pareciam longas horas, e Naruto continuava parado.

Sem aguentar mais, Sasuke deu passos rápidos a frente e soltou o corpo em um impulso rápido e desesperado, como se este estivesse pesando toneladas e o moreno já não aguentasse mais segura-lo. E ele não aguentava mesmo. Naruto tomou um susto e também se esforçou para segura-lo direito. Os lábios do loiro se abriram, mas ele nada disse.

O moreno pensou em dizer que sentia muito. Mas não lhe parecia necessário. Ele tirou o corpo dela do chão, ele o carregou, mesmo que doesse e pesasse, e ele o colocou em um lugar seguro, novamente. Como no dia da partida junto aos ninjas do Som. Para ele, e para qualquer um, ele pensava que aquilo deveria ser obvio, deveria fazer algum sentido. 

Por tanto, não disse nada. Quis que Naruto dissesse alguma coisa, mesmo que tola. Quis que ele pedisse para que ele ficasse, quis que ele brigasse com Sasuke, quis que ele até jogasse a culpa nele. Mas o seu melhor amigo permaneceu estranhamente quieto. Quase tão quieto como a Sakura. Suspeitaria que ele estivesse morto se não o visse de pé. 

Desceu o olhar, uma última vez, aos cabelos rosas. Viu-os delicadamente jogados sobre os braços, extremamente feridos, de Naruto. O rosto fino, que lhe parecia ter sido milimetricamente calculado para ser perfeito, estava junto ao peitoral de Naruto, esboçava uma expressão serena e segura. Ele até podia dizer que ela estava dormindo. 

Mas acontece, que ela não estava.

A vertigem violenta voltara em questão de meio segundo. Nos braços de Naruto, estava morta única chance de Sasuke voltar a um dia ter uma vida normal. Não tinha outro meio, não tinha como. Nem Naruto poderia salva-lo agora. E isso sempre foi tudo o que ele quis, contar de uma vez os laços. Mas, a sensação estranha de que, não era para ser assim, não era para terminar assim, passava em sua mente. Passava em seu coração.Os seus pés deram meia volta, sem olhar para Naruto ou Sakura.

Correu. Correu o Máximo que pode.

Quis esquecer, mas aquela risada doce não saia de seus ouvidos. Mas aqueles olhos sem brilho não paravam de o aterrorizar. Mas sua mente não parava de imaginar uma vida com ela. Uma vida normal.

Deixou o corpo cair quando estava na floresta, sem força. Suas costas foram de encontro a um tronco de uma árvore. Sua mente pensou em cerejeiras. E embora aquela não fosse a árvore, parecia ser. Tudo parecia ser ela, ou ter a ver com ela. Era irreal.

E de repente sentiu algo molhado em seu rosto. Não podia, não deveria.. Estava chorando, por ela. Estava sentindo, por ela. E no fim, ela tinha ganhado, pensou Sasuke, consigo, no fim, muito mais do que apenas uma fibra do seu corpo, sentia algo por Sakura. Talvez, e só talvez, ele devesse ter a escutado. Talvez, Sakura pudesse mesmo o fazer feliz. 

Mas, já parecia tarde demais.

E então, Sakura Haruno? Felizes para Sempre?

 

 


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