– Quantas pessoas da empresa você odeia? - Peeta perguntou enquanto dirigia rumo a mansão dos meus pais, ou melhor, pai. O divórcio saiu, e a minha mãe ficou com metade da empresa, a parte financeira, já que além de artista ela é economista, vai dar certo, e deixou a mansão para meu pai, ficando com o chalé, que eu prefiro infinitas vezes, mas... A festa é aqui. Admito que por mais que deteste aquelas pessoas, as festas são incríveis.

– Exceto Johanna. - respondi honestamente, verificando minha roupa e ele riu - É sério. Do tipo... Muito sério.

– O que acha da gente usar algumas coisas na cozinha e improvisar na vingança? Mas me dê uma boa razão para detestá-los. - Parei para pensar

– Ficaram e ficam fofocando meu nome, diminuindo minha imagem, dizendo que Gale terminou comigo porque... - fiquei muito corada e ele mordeu o lábio inferior

– É, não precisa prosseguir. Já entendi. - assenti, aumentando a música You Da One da Rihanna - Eu amo essa música.

You the one that I dream about all day
You the one that I think about always
You are the one so I make sure I behave!
My love is your love, your love is my love

Cantamos juntos, dançando no banco do carro. Essa música diz bem o que eu sinto pelo Peeta...

Baby come, tear me now, hold me now
Make me come alive
You got the sweetest touch
I'm so happy, you came in my life

Definitivamente, fala sobre o que penso e sinto sobre ele... - O que faremos desta vez? - perguntei arqueando uma sobrancelha e ele sorriu

– Acho que pimenta vai cair bem, não acha? - disse maliciosamente, também arqueando uma sobrancelha, e fico me perguntando como alguém pode ser tão bonito assim. Deveria ser crime!

– Ótima ideia.... - respondi e rimos

...

Empadão, salgadinhos e pães. Tudo com uma certa dose de pimenta para fazer eles pensarem bem antes de falar o que não sabem. - Joga isso no pudim. - Peeta disse me lançando um vidrinho - É essência de morango.

– Cara, não vai dar dor de barriga? - perguntei sorrindo, pingando o líquido transparente por todo o doce. Eu e ele separamos para nós, Johanna e Finnick. O resto que se dane.

– Por que acha que te dei isso? - perguntou como se fosse óbvio e eu ri - Vem, vamos. - devolvi para ele o vidrinho, então saímos da cozinha, como se não tivéssemos feito nada, mas tínhamos sim.

– O que estavam fazendo ali? - Gale perguntou atrás de nós, aparecendo muito bem vestido em roupas esportivas para ocasiões sérias. Estava muito bonito, mas o verdadeiro deus grego estava ao meu lado.

– A Katniss foi pegar água. Estão servindo muita bebida alcoólica. - e Peeta mais uma vez salva o dia - O que está fazendo indo para a cozinha? - Gale sorriu, mas estava corado

– Annie não pode tomar nada com álcool... Pelos próximos cinco meses. - e entrou na cozinha. Pelos próximos cinco meses... Cinco meses... Ela estava mais cheia a concordância meses atrás, e não se pode tomar nada alcóolico no... Primeiro mês que nasce o bebê.

– Ela está grávida. - eu disse cobrindo a boca com uma mão - Grávida! - olhei para o Peeta - Não acredito! Ela ficou grávida enquanto ele ainda estava comigo! - falei quando passamos pela pista de dança e chegamos até o jardim lindo nos fundos da casa. Eu fiquei extremamente abalada com aquilo - Será que eu era tão ruim assim? Uma noiva e irmã tão ruim a ponto deles me traírem e ainda fazerem um filho?! - Peeta só me abraçava

– Não... Você é demais, incrível mesmo, e não digo da boca pra fora. - entrelacei meus braços ao redor de seu corpo, fechando os olhos - Deixem-os. Não foi você quem perdeu, e sim eles. - beijou o topo da minha cabeça, de forma serena e calma - O que quer que eu faça para parar de borrar essa maquiagem que passou tanto tempo fazendo? - sorri em meio às lágrimas

– Dançando comigo. - eu disse baixo e ele riu - E agora. Vi Johanna e Finnick entrarem.

– Seu desejo é uma ordem, Majestade. - se afastou, fazendo uma breve referência e eu ri, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas, e ele apenas deu um sorriso torto, valorizando suas sardas e mostrando uma covinha extremamente incrível no lado esquerdo de seu rosto. Aproximou-se novamente, mas não me beijou, fez algo que apenas aumentou seu conceito perante minha pessoa: passou os polegares com muito cuidado sobre as minhas lágrimas, e sorriu depois de quase um minuto - Está melhor agora. Falta apenas uma coisa.

– O que? - perguntei. Talvez seja batom.

– Sua risada linda. - e no seguinte suas mãos passeavam pela minha barriga, e eu berrava em meio as risadas, fazendo-o gargalhar

– Katniss? perguntou uma voz que sempre me acalmou, mas eu não queria escutar. Principalmente hoje - Katniss, nós precisamos conversar. A sós. - me virei, com um Peeta atrás de mim, segurando minha mão, e é muito bom que ela e Gale estejam me vendo com uma outra pessoa. Eu não preciso deles. Fiquei chateada por eles terem me traído, durante um ano e meio, e agirem como se nada estivesse acontecendo.

Sua barriga estava grande, indicando seus cinco meses se gravidez, e os cabelos tinham crescido um pouco, assim como os fios afetados pela água oxigenada e tinta azul voltaram ao normal. Todas as vezes que diziam que ela estava na empresa, eu saia levando meu notebook e só voltava quando tinha certeza que ela tinha ido embora. Suas visitas sempre foram rápidas, apenas para cumprimentar o papai mesmo. - Peeta, pode me esperar na pista de dança? - ele sorriu torto, assentindo, e me deu um beijo que era para ser na bochecha, mas acabou sendo no canto da minha boca, e nós dois sorrimos.

– Tudo bem, e vou encontrar Finn e a Johanna, que com certeza devem estar se pegando em algum lugar. - sussurrou a última parte apenas para eu ouvir, e foi inevitável não rir da forma que disse, deixando uma Annie curiosa - Até mais. - beijou o topo da minha cabeça e saiu

– Ele é o seu namorado? - perguntou e eu parei para pensar. Nos beijamos duas vezes, e quase levamos para mais que o beijo, nessas duas vezes, se contarmos com os beijos no canto da boca, quatro. Eu amo o Peeta, mas não sei se é correspondido

– Do que te importa? - eu perguntei irritada com tudo e ela suspirou profundamente

– Você já me perdoou? - perguntou dando dois passos, ficando uns dois metros a minha distância - Eu estava falando muito sério quando disse que queria o seu perdão. - suas bochechas estavam vermelhas.

– Eu já te perdoei, assim como o Gale, a mamãe e papai. - eu disse sincera e ela não sabia como reagir

– Obrigada... - olhou em meus olhos - Eu queria muito te pedir uma coisa, Gale sabe, e... Eu queria que você fosse madrinha do nosso bebê.

A olhei assustada - Você tá gozando com a minha cara?

– Você acabou de dizer que tinha perdoado a gente!

– E ISSO NÃO SIGNIFICA QUE EU QUEIRA ENTRAR NA VIDA DE VOCÊS! - gritei e meus olhos quiseram derramar mais lágrimas, porém não permiti - Você ficou grávida dele, quando ainda éramos um casal. - o lábio inferior dela estava tremendo, formando um biquinho infantil indicando que ela iria chorar - Annie, seu filho, seja ele com quem for, é o meu sobrinho. Eu vou amá-lo e protegê-lo com a minha vida, como se fosse o meu filho, não duvide disso, mas peça a Madge para ser a madrinha. Não sinto raiva dele. - apontei para sua barriga - Eu o amo, porque ele não tem culpa do que você e Gale fizeram comigo, mas não estou preparada para isso, ok? - fechei meus olhos com força, suspirando profundamente, sentindo o cheiro agradável das rosas vermelhas e brancas

– Você vai me visitar no hospital quando o Dylan nascer? - perguntou baixinho e eu abri novamente meus olhos, vendo que ela estava com uma flor na mão, e um olhar sincero. Por que não consigo odiar as pessoas? Mesmo aquelas que me fazem e fizeram tanto mal?

– Eu deveria dizer não, mas ele já é importante para mim. - não tive domínio sobre minhas pernas, e a abracei - Sua filha da mãe. - eu disse e ela devolveu o abraço, que seria muito mais apertado e afetivo se não fosse pela protuberante barriga entre nós

– Eu te amo, Katniss... E mesmo assim, mais uma vez te peço desculpas. - disse em meu ouvido

– Eu também te amo, Annie... - respondi - Amigas é provável que não sejamos nunca mais. A base de qualquer relação é a confiança, e você destruiu com isso, assim como o Gale. - vou ser sincera - Mas sempre seremos irmãs, e eu vou estar aqui para ser a melhor tia do mundo, só não deixa a Madge saber disso. - ela riu - Aliás, você contou para ela? - olhei em seus olhos marejados - Depois que ela perdeu o bebê, e tudo mais...

– Não contei... Infelizmente. Você e ela são muito próximas, eu e ela não. É uma relação de ódio, desde pequenas. - Madge é mais velha que nós três anos, e realmente nunca foi com a cara da Annie, e quando eu fui visitá-la em Nova Iorque, tinha me dito que era muito estranho Gale não querer me acompanhar, já que também estava de férias. Ela também não gostava dele.

Sobre o bebê, ela perdeu por causa do divórcio dos meus pais, recebeu a notícia pela televisão, e ligou para mim. Eu contei o ocorrido, também chorosa, e só ouvi o celular cair no chão, e um gemido de dor. Poucos segundos depois, uma porta aberta, e o marido dela a socorreu, mas era tarde demais. Ela estava em seu sexto mês de gestação, ia se chamar Alice, mas infelizmente... O pior aconteceu. Ela ficou extremamente mal, tão mal que saiu para se aventurar mais por ai, viajando para a Tailândia. Desde que terminou o Ensino Médio, faz isso. Quando precisa pensar, esquecer de tudo, viajava. Minha mãe bancava tudo, enquanto Annie era bancada pelos meus dois pais, e eu... Era uma sozinha na vida. - Ela virá para o Natal, semana que vem. - assenti - E disse que vai ficar por mais três meses. Vai dar para acompanhar tudo.

– Ok, mas pega leve. Sabe que precisa, não? - assentiu - Vou entrar, beber um pouco e dançar com o Peeta. - me olhou maliciosamente

– Eu sempre vejo ele com o Finnick. - disse - As mulheres são doidas para terem ele, mas sempre diz que não, tipo... Não. - sorri - Ele muito bonito, e realmente se importa com você. Na verdade, ele te ama. - sorriu para mim delicadamente - Boa sorte. Vai lá, curta sua noite. - assenti, envergonhada por suas palavras, mas uma coisa mexeu dentro de mim. - Não fique assim. É o mesmo olhar que o Finnick direciona para a Johanna e ela para ele, ou Gale para mim e eu para o Gale. Vocês se correspondem mutuamente, não deixe essa oportunidade escapar. - inalei mais uma vez o aroma das flores, ajeitei o vestido branco, e entrei na festa.

...

Droga, droga! - Johanna! - chamei minha amiga, que veio até mim

– Sim, querida? O que houve? Está pálida... - tocou minha testa

– Desceu.

– Desceu quem? Nem tem escada aqui... - olhou em volta

– A minha menstruação! - sussurrei alto, sentada em um sofá de veludo branco. Ela adquiriu uma expressão de extremo susto

– Caramba! E agora? Tira essa cara de desespero!

– Meu vestido e sofá são brancos como a neve, e agora parece que veio um uma maré vermelha, como vou tirar minha expressão de desespero?! - eu podia sentir um líquido quente entre minhas pernas, e eu queria chorar

– Eu vou chamar o Finnick.

– Eu só preciso de um casaco, não explana, por favor. - uma lágrima de pura vergonha escorreu pelo meu rosto

– Katniss, isso é normal. Acontece com toda menina uma vez por mês. - não me acalmei - Finn não está de terno, mas o Peeta sim. - e sumiu. Não ousei mover minha bunda. Cara, o que eu fiz?! Tem umas trezentas pessoas, duzentas, totalmente espalhadas por ai, que eu conheço, e me acontece uma coisa dessas?!

Encostei as costas no sofá e cobri o rosto com um braço, e comecei a chorar silenciosamente - Levanta. - Peeta disse com uma taça na mão, uma taça com vinho, olhando para os lados - Rápido! - disse e eu olhei

– Não posso fazer isso. - ele segurou minha mão a força, me puxou, e fingiu que tinha derramado acidentalmente vinho no sofá, bem encima da grande marca de sangue, e colocou o seu paletó sobre meus ombros, e cobriam bem o meu bumbum - Muito obrigada... - eu disse extremamente constrangida e ele bufou, me abraçando

– Isso acontece com toda garota, e eu estudei medicina, Katniss... Conheço o corpo humano como ninguém. Está tudo bem, vamos para a sua casa. - assenti, mas antes que passássemos sem sermos notados, ouvimos a voz da Glimmer ecoar pela sala de estar imensa.

– Olá, boa noite... Espero que estejam aproveitando muito bem a festa. - disse com um sorriso largo no rosto - Não vou me estender muito, meu tempo em Vegas sempre é muito curto, mas eu e Haymitch - olhou para o meu pai, que tinha um sorriso. Ele desistiu da ideia de se casar com a secretaria, ainda bem. - Resolvemos que é a hora ideal para fazermos um anúncio, já que muitos funcionários da Magnitude Buldings estão aqui, assim como da Abernathy Company... Essa decisão foi tomada por causa de uma pessoa, que eu tenho como minha filha, quase, e por causa do seu amor, educação e elegância, minha querida Katniss Cresta Everdeen, eu gostaria de oficializar a mesclagem das duas empresas. - meu queixo está no chão, mas ninguém pareceu se importar, porque estavam aplaudindo animadamente.

–Uou! - Peeta disse rindo - Vamos embora. - sua mudança repentina de humor foi cômica, mas eu estava em estado de choque

"Muito obrigada, Glimm" mandei para ela "Infelizmente aconteceu um acidente, não poderei abraça-lá, mas gostaria de fazer isso o quanto antes"

Peeta tinha uma mão entrelaçada a minha, enquanto íamos para seu carro, que estava longe de onde está acontecendo a festa "Oh, sweatheart! :) Gostaria de te ver antes do Natal... O que acha?" Sorri, pois tinha perdido toda aquela coisa de megera, chata e arrogante. A influência era muito grande da parte de todos. Gosto dela...

"Uma excelente ideia! Até!" E desliguei meu celular - O que a gente faz agora? - perguntei me abraçando, por estar com frio e vergonha

– Katniss, já disse que isso é normal e pode acontecer com qualquer um... Entra no carro, apenas isso.

– Mas.. Mas... Vai sujar tudo...

– E dai? É só limpar... - ele estava extremamente paciente e carinho - Quer ajuda para subir? - neguei - Você precisa sim. - e me deu apoio. Sentei-me sobre meu vestido, fechando mais as pernas para não sujar nada - Para de ser boba, isso é sinônimo de saúde... - disse sorrindo pelo retrovisor, dando partida no carro

– Muito obrigada... Não sabe o quanto sou grata a você por isso. - eu disse realmente sincera

– Eu não fiz obrigado, e sim porque gosto de você. - sorri, olhando para a paisagem drasticamente alterada pelo homem, e aquilo, o vento no rosto, não me trouxe paz, e sim a gentileza e leveza da qual Peeta me tratava, sem interesses, apenas a nossa amizade. Ele me traz paz, e se um dia eu o perder, vou perder minha paz interior...