A Imperatriz e a Princesa escrita por Melissa França


Capítulo 7
Toda a maldade


Notas iniciais do capítulo

Amorinhas, eu queria dizer que estou aberta a sugestões e dúvidas... Qualquer coisa entrem em contato por comentário ou mensagem privada, até mesmo meu Facebook que o link estará nas notas finais.

Boa leitura!



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A sala era ampla, iluminada, luxuosa e exalava um forte aroma de lavanda, que se misturava com o cheiro de madeira fresca vindo da janela. Os ânimos de ambos os indivíduos presentes no extenso salão estavam acima do normal. O Imperador gesticulava freneticamente as mãos, enquanto a mulher trazia à tona questões mal resolvidas entre eles.

– Você só pode ter enlouquecido, César. – Alti disse alterada, ela precisou parar e suspirar inúmeras vezes antes de continuar. – Primeiro você me traz a loirinha para Roma, depois, em uma tentativa ridícula de vingança ou sei lá o que, faz um filho nela e, como se não bastasse a ter enviado sem o meu conhecimento para a torre, agora a arrasta para o castelo outra vez. Você perdeu sua mente?

– Você mesma disse que precisávamos tirá-la de lá, o que queria que eu fizesse?

– Que a trancasse em outro quarto da torre ou a colocasse em uma cela qualquer, poderia ter feito tudo, menos isso. – Ela gritou.

– Eu só quero saber como a criança está, quando irá nascer, depois a mandarei embora. Além do mais, é meu filho que ela carrega, Alti. O futuro Imperador de Roma, acha mesmo que eu a deixaria em qualquer lugar?

– Francamente, César... – Alti parou, analisando rapidamente alguns fatos antes de mostrar seu ponto de vista ao Imperador. Ela sabia que precisava tomar cuidado com as palavras que usaria, caso contrário ela teria que se contentar com uma cama nas masmorras.

Percebendo que a mulher a sua frente possuía os pensamentos distantes, César começou a se irritar com a falta de atenção recebida e começou uma leve pigarra para conquistar o olhar de Alti novamente. A xamã sabia que precisava ir com calma, rondar o território antes de conquistá-lo, por esta razão ela parou com os gritos, aproximou-se do Imperador, pediu diversas desculpas e começou a beijá-lo no pescoço. Ela traçava as mãos pelo corpo do homem a fim de deixá-lo mais frágil, mais acessível à manipulação.

– Eu tenho uma ideia, meu Imperador. – Ela sussurrou perto do ouvido de César, dando uma pequena mordida na orelha do mesmo. – Vamos matar Xena de uma vez por todas.

O homem afastou-se dos encantos de Alti no mesmo segundo que o nome de sua Imperatriz foi dito e soltou uma risada sarcástica.

– Você realmente acha que os guardas na torre estão lá para impedi-la de sair? – Ele indagou como se falasse com uma criança inocente. – Minha querida, não se engane. Os guardas estão lá para impedir sanguinários de entrar, eu preciso protegê-la, me espanta não saberes disto.

– Eu sei disso, mas o povo de Roma não. Nós poderíamos dizer que ela morreu ao dar a luz aquela pobre criança que a escrava carrega. E, então, você me desposaria.

– Parece que minha consorte andou perdendo o cérebro, embora não seja uma má ideia, ela falharia logo. Alguém eventualmente descobriria a verdade, Alti.

– Você se preocupa demais com ela. Ainda a ama?

César riu.

– Com ciúmes?

– Sabe que não. – A mulher fingiu desinteresse. – Eu apenas quero tomar logo meu lugar como sua Imperatriz. Mataremos Brutus, então. – Constatou friamente.

– Essa sua sede por sangue está quase me assustando. – Disse bem humorado.

– Só penso que, talvez, a morte dele pode livrar-te da maldição. – Ela enfim estava chegando onde queria.

– Não, não mudaria nada. Matá-lo agora seria apenas um grande equivoco. – A resposta era mais do que óbvia, Alti sabia que César ainda queria se vingar do amigo, mas ela precisava começar por algum lugar.

– Eu sei que você não me ama, talvez a escrava loirinha, você parecia apaixonado por ela. – Uma ponta de ciúmes apareceu finalmente em sua voz, mas nada que preocupasse o Imperador.

– Sabe que não sinto nada por Gabrielle. – Com pesar na voz ele completou o raciocínio. – Não há como eu matar Xena sem cometer suicídio.

– Não a ama? Tem certeza disso? Eu nunca o vi tão obcecado por alguém antes, mas com ela... quanto mais ela resistia, mas você a queria. – Alti parou por um momento, rondou Júlio César por um segundo analisando seus pensamentos e retornou a falar. – Começo a pensar que apenas a morte dela livrará seu fio da vida.

– Eu não vou matá-la, você sabe disso. – O homem se alterou novamente. – E não é porque a amo, é porque ela carrega o meu filho, o herdeiro de Roma.

– Então, você ama a criança! – Finalmente eles haviam chegado ao lugar que Alti queria. – Você ama o bebê, ou ao menos ama o que ele representa. A única maneira de anular essa maldição é a morte do dono de seu coração, meu Imperador. – Alti voltou a investir sensualmente no homem a sua frente. Dando pequenas mordiscadas em sua orelha e beijos calorosos em seu pescoço. – E se matássemos a criança?

– Não! – Ele disse sonoramente. – Eu não vou matá-lo. Desculpe, Alti, mas precisará ficar no anonimato por um pouco mais de tempo. – Com essas palavras ele retirou-se da sala, deixando uma inimiga para trás.

Não muito longe do local onde a discussão acontecia, em um dos muitos quartos do palácio, Gabrielle era examinada por um curandeiro. Era preciso quatro guardadas para segurarem ela na cama e, mesmo assim, o pobre homem possuía dificuldade para tocá-la. Ele pediu para que ela se acalmasse e respirasse, depois dispensou os guardas e lhe deu um olhar carinhoso.

– Não se preocupe, eu sei o que estou fazendo. Seu bebê ficará bem. – O homem velho lhe tocou a barriga e sorriu.

– Não, ele não vai. – A barda respondeu selvagemmente. Ela pensou em expulsar a mão do curandeiro de seu ventre, entretanto ele lhe parecia uma pessoa que não merecia ódio algum.

– Não diga isso, menina. As palavras possuem poderes. – Ele a repreendeu, mas entendeu imediatamente o que ela quis dizer. – Pelo que vejo, seu bebê virá logo.

Ele parecia tão carinhoso, tão alheio de toda a maldade de Júlio César. O ancião saiu do quarto para contar ao Imperador como o futuro herdeiro estava, enquanto outros guardas foram enviados para levá-la a outro lugar. Ela sabia que não voltaria para torre, Gabrielle ouvira algo sobre um casebre em meio à floresta, contudo não tinha certeza se era este o lugar que a levariam.

Novamente os guardas a pegaram e a arrastaram pelo braço para fora do castelo. Um saco velho foi colocado na cabeça da jovem para que ela não visse o caminho de volta para a vila, entretanto a carruagem moveu-se apenas alguns metros até que parasse e uma voz conhecida pela loira fosse ouvida. Barulhos de luta foram ouvidos, um duelo acontecia a poucos centímetros de Gabrielle.

– Está tudo bem agora. Eu vou tirar você daqui. – O homem retirou o pano mofado da cabeça da moça, enquanto ela apenas agradecia aos Deuses a rápida interseção.

– Autolycus! – Gabrielle se jogou em seus braços. – Não sabe o quanto estou feliz de te ver aqui. – A barda finalmente olhou em volta e viu os soldados de César todos abatidos no chão. – Onde está Joxer?

Gabrielle tinha medo da resposta, a última vez que eles haviam se visto não acabara nada bem. Ambos se tornaram amigos rapidamente entre os escravos, a única diferença é que ele havia sido escolhido para servir como soldado para Roma, enquanto ela servia para aquecer a cama do Imperador. A moça não aceitava destino tão cruel e seus gritos sempre eram ouvidos pelos escravos quando o monarca vinha a procurar. Um dia, porém, Joxer invadiu o quarto de César e tentou tirá-lo de cima da amiga aos socos, entretanto foi punido com uma quantidade infinita de chibatadas. Gabrielle nunca mais o viu, sabia que havia sobrevivido, mas ela logo foi mandada para torre e perdeu o contado depressa.

– Um pouco mais a frente, não se preocupe. – Autolycus disse após perceber o medo e a culpa nos olhos da poetisa. – Ele tem um cavalo para você. Nós conseguimos, bardinha. Você está livre agora, poderá criar seu menino longe daqui. – O rei dos ladrões sorriu. – Desculpe demorar tanto.

A tentação tomou conta de Gabrielle, ela queria tanto isso, por tanto tempo. Liberdade! A palavra possuía um som que ela havia ouvido apenas em seus pensamentos, apenas em seus sonhos. Seria certo isso, pegar este cavalo e ir para o lugar mais distante possível? Criar seu filho longe de Roma, longe de César e esquecer-se da existência da Imperatriz? A chegada do amigo de longa data, entretanto, a tirou de seus devaneios.

– Joxer! – Gabrielle tomou velocidade e correu para os braços do amigo. – Pelos Deuses, você está vivo! – Ela começou a chorar. – Você não merecia aquilo, não merecia nada daquilo.

Penalizado pela situação, ele a segurou nos braços e começou a acariciar os cabelos loiros da pequena mulher.

– E você não merecia ser estuprada, nem merecia carregar o filho daquele bastardo, mas veja como o destino é, as coisas apenas acontecem. – Ele limpou as lágrimas da amiga e sorriu. – Agora vamos tirar você de Roma.

– Não, eu não posso. - Ela falou decidida. - Tem algo que eu preciso fazer antes. – Gabrielle olhou para ambos os homens a sua frente e disse de cabeça erguida. – E eu vou precisar da ajuda de vocês.


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Notas finais do capítulo

E então? Animados? Preocupados? Deixem-me saber sua opinião! Até o próximo capítulo!

Ps: Eu vou responder todos os comentários ainda esta semana, todos são lindos, muito obrigada pelo carinho! *--*

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