A Imperatriz e a Princesa escrita por Melissa França


Capítulo 17
Essas nossas imortais batalhas


Notas iniciais do capítulo

Amores e Amoras, desculpe ter demorado tanto dessa vez... Espero que entendam que eu estava sofrendo alguns problemas pessoais e complicou a postagem da fanfic, mas... Olha só quem voltou! *-*

Bom, espero que me desculpem e façam uma boa leitura para todos!



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Era uma noite fria, atípica de um começo de Outono. Os soldados faziam uma ronda em volta do castelo, alguns no alto da muralha, outros em terra firme, cada um cumprindo o dever que lhe fora passado. Uma movimentação no topo de uma das árvores no meio da floresta fez com que os guardas reais ficassem atentos. Seis dos vinte e cinco homens que rondavam o castelo foram em direção ao tal lugar, havia alguém ali. Quando nenhum deles voltou depois de quase quinze minutos, mais seis deles foram, entretanto, também não voltaram.

Não havia gritos ou qualquer barulho que pudesse indicar um animal, provavelmente eles enfrentavam um guerreiro muito sorrateiro. Os demais homens que restaram em suas posições ficaram em alerta, tentavam ver através das árvores, tremendo de medo do desconhecido.

Um homem moreno com roupas verdes saiu de trás de alguns arbustos, ele estava armado e com um sorriso travesso estampado no rosto.

— Eu pensei que os homens do Imperador fossem um pouquinho mais difíceis de emboscar. – Ele dizia confiante, analisando a lâmina de sua espada com os olhos por apenas um segundo antes de correr ao ataque.

Os treze homens que restaram começaram uma luta injusta com o Rei dos Ladrões em frente ao portão principal, enquanto Joxer levava Gabrielle e Xena para dentro do castelo através de uma passagem escondida.

— Acho que devemos voltar, Autolycus pode ser morto e... – A barda disse com um olhar cheio de preocupação.

— Nada vai acontecer, se tem alguém em que confio para fazer isso, esse alguém é ele. – Joxer falou com um sorriso forçado, ele também estava com medo.

— Só estou com medo que o matem antes dele chegar ao saguão.

— Eu já derrotei metade dos homens e, se a situação ficar ruim, ele ainda tem a carta “eu sei onde a imperatriz está”, lembra? Vai dar tudo certo.

Gabrielle viu uma confiança nos olhos de Xena, confiança essa que ela realmente precisava naquele momento. Eles continuaram andando, até que o homem parou em um lugar cheio de caixas de madeira e comentou:

 – Esse corredor era usado pelos soldados antigamente, lembro que era uma distância muito menor para chegar aos nossos aposentos. – Ele começou a abrir os caixotes.

— Por que deixou de ser utilizado? – Xena perguntou.

— Armazenamento de armas! – Respondeu enquanto tirava uma espada de dentro da fenda que abrira. – César aproveitou o espaço para fazer um arsenal, vocês podem escolher as armas que quiserem, assim não precisarão enfrentar o Imperador apenas com uma espada.

 – Você ficaria impressionado se visse o que eu faço com menos que isso.

Gabrielle sorriu com o comentário da amada, entretanto logo a olhou de maneira curiosa.

— Xena... o que eu devo fazer? Na outra vida eu fui capaz de viver como barda e como guerreira, mas nessa vida eu nunca matei ninguém.

Sentindo que precisava deixa-las a sós, Joxer foi para longe da vista das mulheres.

— Do que você tem medo? – A morena se aproximou.

— E seu eu congelar, se eu não conseguir lutar? – A voz falhou.

— Gabrielle, você lutou sua vida inteira.

— Eu não quis dizer isso. – Ela sussurrou um pouco frustrada.

Xena puxou a loira para um abraço.

— Eu sei.

— É só... estranho, algumas memórias daquela vida ainda continuam chegando e eu estou ficando confusa.

— Talvez você só precise seguir o que seu coração manda, porque definitivamente você ainda é uma barda nessa vida, não vejo um porquê de você não ser mais uma guerreira.

— Você provavelmente está certa, vamos apenas escolher um par de armas e acabar logo com isso, eu quero ir para casa.

— Nós vamos.

Elas não possuíam uma casa, mas o conceito estava bem definido, era um lugar simples e calmo, onde elas poderiam estar juntas com Solan e Helena.

Joxer voltou com dois vestidos, um vermelho para Gabrielle e uma azul para Xena. Ele deu um tempo para que elas se trocassem e voltou rapidamente.

— Já escolheram suas armas? – Ele parecia nervoso.

— Eu vou levar esses aqui. – A poetisa mostrou um par de sais em um sua mão.

— E você?

— Eu não sei, acho que vou ficar apenas com a espada mesmo. – Xena disse casualmente, analisando o belo fio de sua arma.

O homem olhou para elas e fez uma expressão engraçada, depois começou a revirar as caixas.

— Talvez ainda esteja aqui...

— O que?

— Achei! – Joxer sorriu. – O seu chakram, César o escondeu.

Os olhos da mulher guerreira brilharam, tudo estava aos poucos se encaixando, se transformando em algo totalmente familiar.

— Depois que ele me capturou, ele tomou todas as minhas armas, achei que ele tinha fundido para fazer um troféu ou algo assim...

Xena disse com um tom grave, a mulher sabia que o maior dos troféus era guardado em um lugar muito mais protegido, era guardado em uma torre. Seguindo em frente, eles chegaram ao fim do arsenal, estavam agora na cozinha do castelo. A Imperatriz e Joxer não perceberam, mas Gabrielle estremeceu ao se deparar com o local.

Passado o primeiro impacto cheio de memórias, os três passaram pelos empregados sem problemas. Xena sabia o caminho para o quarto de César, onde ela supunha estar Helena.

O que surpreendeu a guerreira não foram as mudanças do lugar que um dia fora sua casa, mas sim a imprevisibilidade do homem que um dia fora seu marido. Xena estava com medo de errar, estava com medo de perder Gabrielle, porém, o que mais a assustava, era o irremediável medo de morrer.

Essa não era sua primeira batalha, essa batalha nem teria um duelo, contudo precisava de sincronia, precisava de agilidade e, acima de tudo, precisava que seus instintos estivessem certos.

Na ala dos quartos reais, um leve choro de criança fez com que o trio encontrasse rapidamente onde Helena se encontrava. Xena deu um passo à frente, mas Joxer a impediu. O soldado retirou seu capacete e com o dedo em cima dos lábios pediu silêncio a ambas.

— Não há soldados do lado de fora, significa que há lá dentro. – Ele disse baixo.

As duas se esconderam atrás uma estátua decorativa, enquanto o homem adentrou o quarto com uma postura impecável.

Alguns poucos segundos se passaram, quando ele saiu ileso do local.

— Surpreendentemente, não há ninguém.

— Ninguém? – Gabrielle perguntou um pouco assustada.

— Ninguém além da sua filha.

— É uma armadilha! – Xena tirou a espada da bainha e se colocou frente aos amigos.

— Não, Xena, está tudo bem. Realmente não há ninguém. – Joxer falou.

Sem que percebessem, Gabrielle estava dentro do quarto. Não muito longe do berço, mas nem muito próxima também. Ela estava ali parada em uma encruzilhada.

Joxer engoliu em seco, antes de se afastar disse que iria vigiar o local para elas e pediu que fossem rápidas.

Xena entrou no quarto, fechando logo em seguida a porta atrás dela. Aproximou-se aos poucos da amiga, tocou o ombro dela e, como se despertasse a jovem de um transe, a olhou da forma mais encorajadora possível.

A barda deu alguns poucos passos para frente e encontrou a criatura mais linda da terra. A pequena estava acordada, brincando com as mãozinhas no ar e fazendo alguns sons engraçados com a boca. Xena ficou a observando por um momento e conseguia reconhecer sua amada no minúsculo, mas saldável, bebê. Perdida com os encantos da pequena, ela demorou a perceber que Gabrielle chorava, um soluço reprimido escapou dos lábios da loira quando a guerreira a puxou para um abraço.

— Está tudo bem, ela está bem, sua filha está bem! – Xena repetia.

— Eu sei, eu sei. – A moça balançava a cabeça. – Por um momento eu apenas queria que ela não estivesse. Isso faz de mim uma péssima mãe? – As palavras saíam no intervalo de cada respiração.

— Não, é claro que não. – A mulher havia sido pega de surpresa, talvez por este motivo a resposta tenha sido mais rápida que o desejado. – Você queria ter motivos para tirá-la daqui, não é?

— Ela tem tudo aqui, qual o direito que eu tenho de tirar tudo isso dela? – Gabrielle apontou para o quarto decorado.

— Você é a mãe dela!  - Xena a segurou nos ombros. – E você a ama, Gabrielle! Acredite ninguém vai ser capaz de amar mais essa criança além de você.

As duas apenas se olharam por uns dois segundos, tempo que foi o suficiente para a Imperatriz dar todas as forças que Gabrielle precisava para encarar sua filha novamente.

A poetisa pegou a menina nos seus braços e ficou face a face com ela. A moça teria comparado os traços que suas lembranças guardavam da pequena, entretanto, antes que isso acontecesse Xena a puxou, barulhos de passos foram ouvidos se aproximando da porta.

Escondidas atrás de uma parede, as duas ficaram em silêncio e esperaram o ser estranho entrar no quarto. Alti! A xamã adentrou o lugar com um cesto de palha e se posicionou no quarto de maneira que ficou de costas para Xena e Gabrielle. Por um segundo, parecia que a mulher perversa havia sentido a presença de ambas ali, contudo, a Princesa Guerreira foi mais rápida. Ela alcançou um vaso que estava em seu alcance e acertou no centro da cabeça de Alti.

Gabrielle a olhou assustada, checou Helena e percebeu que a filha estava serena nos seus braços. O que Alti queria ali? Um calafrio percorreu a espinha da barda apenas com a ideia de que Helena poderia ser criada por criatura tão repugnante, ela não sabia, no entanto, que seu pavor apenas aumentaria.

Com a queda de Alti no chão, o cesto que ela carregava também caíra e de dentro dele duas cobras saíram. O que estava acontecendo? Essa era a pergunta que não deixava a mente de Gabrielle.

— Nós precisamos sair daqui! – A mulher guerreira puxou a amada pelas mãos e correu para fora do quarto.

— Xena, o que está acontecendo? – Gabrielle indagou.

— Eu estava certa, vai dar tudo certo, o plano vai funcionar.

A morena pegou uma espada de uma armadura qualquer que estava no corredor e passou entre a fechadura da porta.

— Xena, o que está acontecendo? – A loira parecia nervosa.

— Não se preocupe com isso agora, só vamos encontrar Joxer e entregar Helena para ele.

Mesmo não gostando da ideia de ficar no escuro, sem informação alguma, Gabrielle olhou para o pequeno ser em seus braços e concordou. As duas correram para a mesma direção que fez com elas chegassem ao local e então, em meio à correria, elas apenas... paralisaram. A imagem vista fez com que os corações das almas gêmeas congelassem. O coração de leão, o amigo valente, Joxer estava caído em frente a uma espada ensanguentada. Gabrielle só conseguiu segurar Helena para mais perto de si e pedir para todo e qualquer Deus existente que não levasse a vida do homem.

Xena correu até o corpo dele e começou a o sacudir. Ela o chamou uma, duas, três vezes, mas nada aconteceu. Seriam os Deuses tão cruéis a ponto de matar alguém que apenas queria fazer o que era certo?


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Notas finais do capítulo

Então.. dois capítulos só até o final! Comentem seus pensamentos e teorias, deixem-me saber sua opinião! Até a próxima!



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