A Imperatriz e a Princesa escrita por Melissa França
Notas iniciais do capítulo
Hello, sweeties! Espero que gostem bastante desse capítulo, tem momentos Warrior Bard, o que me levou um tempo para escrever, mas está aqui!
Boa leitura!
— Você ainda me ama?
A voz se quebrou aos poucos, deixando Gabrielle exposta, trazendo lágrimas que representavam muito mais do que a insegurança da moça, representavam uma vergonha que ela sabia que não deveria ter.
A pergunta chegou de maneira inesperada nos ouvidos de Xena, como adagas perfurando um fraco coração. Naquele momento de tantas dúvidas, a guerreira não fez um som sequer, não respondeu a pergunta, não olhou Gabrielle nos olhos e apenas focou-se em respirar, o que parecia ser uma tarefa difícil depois de tudo.
A barda secou suas lágrimas, que mal tiveram a chance de cair e se retirou do local de cabeça erguida, mostrando que não cometera nada de errado.
Sua mente correu para um refúgio, algumas memórias turvas instalaram-se em sua cabeça, memórias inexistentes nessa vida ou em qualquer outra. Ela podia sentir o gosto dos lábios de Xena e podia sorrir entre eles, podia acariciar seu cabelo e dizer que nunca mais mentiria sobre nada a ela, queria explicar a verdade sobre a paternidade de Helena, mesmo sabendo que a guerreira entendera qual era a linha entre a verdade do coração e a verdade do sangue.
É muito tarde para arrependimentos, Gabrielle. A voz familiar do seu subconsciente lhe sussurrou. Com a verdade simples e pura tentando lhe derrubar, a barda percebeu que não poderia desistir, não naquele momento onde tudo fazia tanto sentido e ao mesmo tempo apenas incertezas pareciam trilhar seu caminho. Ela tomou isso como um incentivo para retornar a caverna e fazer o possível para Xena lhe entender, para Xena olhar dentro de sua alma.
Eliminando o medo de seu coração, Gabrielle retornou para a caverna. Ela preparou um discurso no meio do caminho, sabia exatamente o que falaria e o que deveria evitar. Entretanto, assim que colocou os pés dentro do lugar, avistou Xena sentada, o rosto dela brilhava com o reflexo da tocha em suas lágrimas.
— Xena? – A barda se aproximou, com receio da reação da guerreira.
— A minha vida e a de César estão interligadas. – Ela virou a face.
A jovem ficou paralisada, tentando absorver a informação em seu cérebro.
— Do que você está falando? – A barda indagou confusa.
— Matar César, causará a minha morte.
Um sentimento ruim percorreu todo o corpo de Gabrielle, como se apenas a ideia de não ter mais Xena em sua vida a fizesse querer desistir de lutar.
— Como... Como você descobriu? – A voz falhou.
— Antes de ir até o palácio para lhe tirar de lá, eu visitei as três faces do destino. Elas me contaram a verdade sobre aquela visão que tivemos um pouco antes dos guardas chegarem naquela tarde.
— A visão de outra vida. – Gabrielle lembrou-se.
— Acontece que aquela era a visão desta vida, mas sem a interferência de César.
— O que? – Uma expressão de dúvida se instalou no rosto da moça.
— Ele aprisionou as moiras e mudou o tear do destino, para isso ele teve que pagar um preço. – Antes de continuar, Xena deu um longo suspiro. – Ter o fio da vida dele entrelaçado com o de seu maior inimigo.
— Você? – Um misto de dúvida pairou no ar.
— Aparentemente, sim. – Disse com incerteza.
— Mas, as moiras... elas não disseram como poderíamos, eu não sei, talvez, anular isso? – Gabrielle gaguejava.
— É um preço muito alto, não estou disposta a pagá-lo.
Xena virou-se de costas.
— Solan? – Perguntou com receio.
— Não. – Disse sacudindo a cabeça, tentando livrar-se deste pensamento.
— Sou eu? Porque se for, Xena... Eu estou disposta...
— É Helena. – A guerreira disse rapidamente, desviando o olhar no mesmo instante. – Me desculpe...
A loira olhou para os olhos azuis de Xena e tentou entender do que se tratava o pedido, se seria o fato de que ela teria que escolher entre sua alma gêmea ou sua filha, se era um pedido de desculpas a respeito da omissão de fatos, coisa que Gabrielle também fizera e ainda se sentia terrivelmente culpada ou, e principalmente o que a barda mais temia, se era um pedido desculpas porque ela não estava disposta a tirar Helena do palácio de César.
— Por não ter te contado antes. – Xena completou, para o alívio do coração da barda.
— Por que está me dizendo isso agora? – Gabrielle estava com a voz mais grave. – Xena? Olhe para mim.
A Imperatriz hesitou, mas o fez.
— Porque só agora eu percebi que eu não posso lhe poupar da dor, não pude antes e não poderei agora. Eu planejava ir sozinha ao palácio. Planejava lhe deixar aqui com Solan e matar César, morrer por um bem maior, morrer por você, mas não mais.
Ela sente nojo de você, do seu passado, das suas mentiras. Um sussurro perverso quebrou o coração de Gabrielle, sua mente a traía, aquela parte escura de sua alma que ela tanto temia finalmente tomava forma.
— Eu não quero morrer por você, eu quero viver por você, por Helena e por Solan. Não posso te deixar sozinha, você já ficou sozinha por tempo demais. Eu sinto muito que tenha perdido Órion.
— Eu nunca realmente cheguei a ter ele. – Gabrielle permitiu-se um sorriso, que apenas serviu para mascarar suas lágrimas. – Nós éramos cúmplices, amigos, nada mais que isso. O que aconteceu entre nós dois foi...
— Uma maneira de escapar da realidade? – Xena completou, sabendo que estava certa.
— Uma maneira de sentir alguma coisa, de se senti viva novamente, uma maneira de conhecer o amor.
A Imperatriz se aproximou de Gabrielle e a puxou para um abraço, um abraço protetor, caloroso, cheio de suavidade e afeto.
—As pessoas dizem que o tempo cura qualquer ferida, eu discordo. – Gabrielle soltou-se dos braços de Xena. – O amor cura, o amor apaga todas as nossas cicatrizes.
A Imperatriz a olhou, se aproximado da jovem, ela acariciou o rosto molhado da moça, como se com aquele gesto fosse dar fim ao sofrimento dela. A barda fechou os olhos, sentindo uma onda de calor correr seu corpo enquanto um suspiro involuntário escapou de seus lábios. Xena descansou sua mão esquerda na cintura de Gabrielle, enquanto a mão direita foi de encontro com a nuca da moça e a trouxe para os lábios da guerreira. Diferente do primeiro beijo das duas, esse, apesar de ser doce, tinha um ritmo mais acelerado, como se a necessidade dele fosse ainda maior.
O calor dos corpos parecia se tornar apenas um, enquanto o ritmo quente do beijo se acelerava ainda mais, a fim de satisfazer o desejo de ambas as mulheres. Gabrielle não conseguira encontrar o amor com Órion, porém, com a Princesa Guerreira havia uma conexão que a poetisa não pensava que poderia existir e agora que sentia, não sabia se haviam palavras existentes para poder explicar.
As duas se separaram, o azul e o verde se encontraram novamente e um sorriso estampou o rosto das duas guerreiras. Uma luz brilhou nos olhos de Xena, ela sabia o que fazer.
Joxer e Autolycus entraram na caverna, como se apenas estivessem esperando as mulheres concertarem seus corações.
— Já decidiram como vai ser? – O ladrão perguntou.
— Ela irá conosco! – A morena disse firme.
Gabrielle a olhou, não surpresa, nem assustada, mas admirada. Havia um brilho de orgulho em seus olhos que ela não se preocupou em apagar.
— Você vai comigo, levaremos Solan para um lugar seguro. Você vai conosco para o palácio.
— Xena... – O fôlego lhe faltou, talvez pelo longo beijo ou talvez pelo amor que crescia cada vez mais dentro de seu peito. – Você tem certeza disso?
— Sim, você vai, não só porque precisa salvar sua filha, mas porque tem negócios inacabados com César. – A guerreira, então, olha para dentro da alma da barda. – Eu sei, Gabrielle. Você tem que estar lá, eu entendo.
Xena a fitou com um olhar amoroso, um olhar de compreensão típico da guerreira. Sorrindo ela se afastou da moça e se posicionou frente aos três. Com uma postura impecável, ela começou a dar as devidas instruções para o salvamento de Helena.
— Joxer, conhece alguém para acolher Solan enquanto...
— Ele pode ficar na minha casa. – Ele respondeu prontamente.
Xena o olhou confusa, isso provavelmente explicava os sumiços do homem.
— Joxer tem uma esposa e dois filhos. – Gabrielle explicou a situação.
— Três, o terceiro já está a caminho. – O soldado disse orgulhoso, com um sorriso bobo no rosto.
— Certo! – Xena disse um pouco incerta. – Sua casa deve se um lugar confiável.
— Certamente é!
— Você consegue nos colocar para dentro do castelo, Joxer?
— Provavelmente, mas preciso de uma vantagem.
— Tudo bem, deixe-me pensar...
Com um sorriso enorme no rosto, a guerreira virou para o Rei dos Ladrões.
— Autolycus, você será nossa distração.
— Eu? – Perguntou como se houvesse outro ser na caverna com o mesmo nome.
— Sim, preciso que chegue até a sala do trono e atraia César para lá.
— Certo, e como eu faço isso?
— Diga que tem informações cruciais a nosso respeito, César nos libertou, mas ainda precisa de mim por perto, qualquer coisa a meu respeito o deixará em deleite. Acha que consegue nos encontrar no saguão?
— Absolutamente.
— Enquanto isso, Joxer levará eu e Gabrielle até a ala dos quartos, precisamos chegar até Helena, é provável que a segurança esteja centrada do lado de fora, o que facilitará um pouco o resgate. Depois disso você pegará o bebê e a levará até sua casa, tudo bem?
– Claro, sem problemas.
— E quanto a vocês duas?
— Nós vamos terminar o trabalho!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado e aguentem firme, falta apenas três capítulos... Até!