Experimento Vermelho Sangue escrita por Bolinha Roxxa


Capítulo 4
Amanda


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos leitores! :)) Faz muito tempo, não é? Me desculpem, eu tinha dito que iria postar mais cedo, mas acabei ficando muito ocupada (e um pouco sem criatividade). Agora com a volta das aulas vai ser um pouco mais difícil de eu postar. Mais um menos uma vez por semana...
Quero agradecer principalmente para Juuh Walker, Optimus e Laurinha120. Vocês aqueceram o meu coração com os seus lindos comentários...
Beijos e espero que gostem do capítulo, pois ele me custou muiiito. ;)



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O barulho suave das ondas do mar ecoava no ouvido de Amanda. Seus olhos castanhos continuavam fechados e seu corpo descansava na areia. A única coisa que a fez acordar foi um toque em seu braço. A garota custou a perceber que estava sendo balançada, entretanto quando percebeu, ela abriu os olhos e se sentou em um pulo. A menina encarou o turista surpreso com um olhar um tanto irritado. O homem se afastou um pouco por precação.

– A senhorita está bem? – ele questionou por baixo dos óculos escuros e do excesso de protetor solar em seu corpo.

Ignorando o homem, Amanda deixou os seus olhos deslizarem pelo lugar e percebeu que estava deitada na areia de uma praia. O sol já estava forte, e batia com violência na pele morena da garota, contudo ela já estava acostumada com aquilo. Amanda coçou o seu cabelo negro e buscou em sua mente a lembrança de ter chegado até lá, contudo não achou.

Já era a segunda vez que acordava em uma praia. A garota fechou os olhos com força e então se levantou, sentindo todos os seus músculos doerem com o movimento. Aquilo seria sonambulismo? Amanda nunca tivera nada parecido. Ela deixou o homem curioso e a praia para trás e seguiu o caminho até o seu lar.

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– Onde você estava? – a mulher questionou de modo calmo enquanto levava a colher até a boca.

Amanda ficou em silêncio por alguns segundos assim como todos os seus irmãos ficaram, apenas observando a situação das duas. Com a ausência de uma resposta, sua mãe parou de comer e fitou a menina com um olhar intenso. Suas sobrancelhas ficaram levemente arqueadas.

– Na praia. – ela finalmente respondeu, sem parar de tomar a sopa. – E desde quando você se importa?

– Desde que eu sou a sua mãe.

– Tenho certeza que isso não é motivo para o velho se importar.

Sua mãe derrubou a colher no prato e encarou a menina. Seu rosto era cansado e deprimido, e mesmo que seus olhos fossem verdes, eles não possuíam mais o brilho de anos atrás.

– Ele é seu pai, tenha mais respeito.

Amanda a encarou com um olhar frio. Não aguentava mais aquilo. – Ele é, mesmo? – Antes que sua mãe pudesse dizer qualquer coisa, ou até mesmo os seus irmãos, a filha mais velha empurrou o prato de sopa e se levantou da mesa com um movimento rápido que fez seus longos cabelos negros voarem. A menina saiu de sua pequena e pobre casa, fechando a porta quebrada atrás de si. Quando começou a andar em direção á rua, um cachorro vira-lata veio correndo atrás dela, latindo como se sua vida dependesse disso. Amanda continuou andando, apesar de Raivoso estar a seguindo com afinco.

Não sabia exatamente para onde estava indo, entretanto percebeu que seus pés a levaram até a praia. Ao ver o belo mar azulado de longe, e as ondas que dançavam sobre ele, uma calma pareceu preencher a menina de dentro para fora. Amanda se sentou na areia, e Raivoso apoiou a cabeça em suas pernas, em um ato de pedir carinho. Ela fechou os olhos e respirou profundamente, tentando se concentrar no barulho constante e suave do mar em movimento. Deixou as suas finas mãos deslizarem até a cabeça do canino, e o acariciou de forma gentil.

– Pensei que nunca mais fosse vê-la. – uma forte e potente voz ecoou no ouvido da garota, fazendo-a abrir os olhos castanhos claros no mesmo momento.

Amanda ergueu a cabeça e encarou a alta figura em sua frente com um olhar frio. Um homem de mais ou menos 1,85 m usava uma roupa apertada de policia civil, exibindo os seus músculos incrivelmente exagerados. Seu sorriso era cínico e branco, combinando com a sua pele pálida e tendo contraste com os seu cabelo castanho e sua roupa inteiramente negra, assim como seu boné. Sua arma reluzia em seu quadril de modo intenso, entretanto Amanda prestava atenção no cassetete que ele segurava em sua mão.

Amanda desviou o olhar do homem e se levantou da areia. O animal se moveu e começou a segui-la quando percebeu que a garota ia embora. Ela conseguiu ouvir os leves passos na areia, seguindo-a, então de repente o policial apareceu em sua frente, bloqueando o caminho com o seu porte exageradamente grande em comparação a ela. Seu sorriso era irônico e seus olhos lascivos. O homem levantou o cassetete e tirou o cabelo negro da face da garota. Amanda recuou um passo, ainda com uma expressão irritada.

– Fiquei sabendo que você fez dezoito anos no último mês. – ele sorria. – Agora já é maior de idade, não é?

– Não te interessa, idiota. – ela resmungou, tentando sair dali, entretanto foi impedida por ele.

– Calma, não foi isso que eu quis dizer. – ele sorriu e guiou o cassetete até o seio de Amanda. O homem o tocou e começou a circula-lo com a arma. – Eu apenas quis dizer que você já pode ser presa.

Ela rangeu os dentes com aquele ato e empurrou o cassetete com força de seu seio. Aquele movimento apenas fez o homem sorrir ainda mais em direção á ela. Como ela odiava aquele sorriso, aqueles olhos e aquela personalidade idiota. Sabia muito bem que arranjaria problema com ele se não saísse dali naquele exato momento. Ela apertou o punho e se virou para trás em um movimento rápido, voltando-se para o lugar de onde viera.

Enquanto caminhava rapidamente, tentando fugir daquela imundice atrás de si, ela sentiu algo apertar fortemente uma de suas nádegas. Imediatamente ela deu um pulo de susto e parou. Ao se virar, encontrou aqueles olhos negros em sua frente, sorrindo de modo malicioso. Amanda não conseguiu se segurar. Apertou o seu punho, sentindo que todo o sangue ia para a sua cabeça, e por fim deu uma forte joelhada na genitália do policial.

Ao ver o homem se contorcer com a batida, um prazer preencheu a alma de Amanda, fazendo um leve sorriso pelo canto dos lábios brotar na face da garota. Quando o policial lançou um olhar irritado para a menina, ela finalmente percebeu o que havia feito. O sorriso sumiu do rosto de Amanda; ela estava tão fudida.

A menina se virou e começou a correr com toda a força que possuía, sendo seguida pelo vira-lata. Quando percebeu que o policial começara a persegui-la também, olhou para Raivoso e mandou pega-lo. O animal ficou para trás e tentou pegar a perna do homem, entretanto este o chutou com força.

– Raivoso! – Amanda gritou ao ouvir o forte grunhido de dor do cachorro e olhou para trás.

Ao fazer isto, ela perdeu um pouco de velocidade, e a última coisa que viu antes de ser jogada no chão pelo policial foi o seu olhar raivoso. Enquanto o homem pressionava o seu quadril no dela, e segurava as suas duas mãos, ele murmurou em seu ouvido.

– Agora vamos ter um encontro nada agradável.

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Amanda teve uma bela surpresa ao perceber que o policial, que era mais conhecido como Ricardo, a levou para a delegacia. Sentiu um alívio ao avista-la, e não quis mais pensar no que acreditava que iria acontecer ao invés daquilo. Ela foi jogada em uma cela de porte médio com vários outras mulheres. Amanda foi encarada de maneira fria por algumas e de maneira entristecida por outras. Ela ignorou todos os olhares e se sentou em um banco perto da grade. Fitou aquela visão em sua frente, onde todos pareciam estar ocupados e estressados. Ricardo estava longe com uns papéis na mão, e ele sorriu de modo irônico para ela antes de voltar a atenção para a papelada. A garota encostou a sua cabeça na parede e fechou os olhos com um longo suspiro. Como ela pôde fazer aquilo? Era exatamente o que ele queria que ela fizesse. Amanda era tão previsível... Tentou pensar em outra coisa, então o barulho do mar veio em sua mente, tranquilizando um pouco a sua alma.

– Dia difícil? – uma voz forte a vez abrir os olhos de imediato. Ao contrário do que pensava, a voz não viera dentro da cela, e sim fora dela.

A garota encarou o policial a sua frente de modo inexpressível. Ela conhecia aquele homem que possuía a expressão dura, e por incrível que pareça, um olhar simpático. Assim como Ricardo, ele também era alto e possuía um bom porte físico, entretanto não tão exagerado como o outro. Naquele momento o homem, que Amanda sempre o via junto do outro policial nos turnos diários, estava esboçando um sorriso. A garota desviou o olhar e começou a fitar as mulheres dentro da cela.

– Eu sei como Ricardo pode ser difícil com as pessoas ás vezes. – ele disse de modo sincero, contudo quando percebeu que a garota não respondeu, ele retornou a falar. – E eu estava me perguntando como seria o seu lado da história.

– Por que quer saber, - ela o mirou com os olhos castanhos – quando isso não adiantará de nada?

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, então olhou para os dois lados, vendo se alguém os observava. O policial se apoiou nas grades, exibindo o seu braço musculoso, e fitou a garota com seus olhos azuis. Ele comprimiu os lábios e voltou a falar.

– Eu posso tirar você daí.

Ao ouvir aquilo, Amanda o encarou atentamente com a sobrancelha arqueada, tentando entender suas palavras. A face do policial estava normal, exibindo um olhar sério e confiante. A garota engoliu em seco, ainda não compreendendo as palavras do homem, e olhou para frente. Aquilo seria mais uma brincadeira de Ricardo, o que ele realmente queria?

– Então...?

– O que você quer que eu diga? – ela resmungou de modo bruto.

– Quero que me diga se você quer sair daí ou não. – ele respondeu, desta vez sendo um pouco grosso.

Aquilo fez Amanda ficar em silêncio, pensando naquelas palavras. Ela o encarou com dúvida mais uma vez e observou os seus olhos claros e sua face dura. Por que ele estaria fazendo aquilo, policiais não se protegiam? Ela engoliu em seco e lambeu os lábios. O policial estaria falando a verdade? Procurou em sua mente por um motivo para ele a tirar dali, contudo não achou. Por fim, resolveu não se importar. Se ele quisesse a tirar dali, não poderia perder essa chance. Ela projetou um “sim” com a cabeça.

O policial acenou e então se afastou, saindo da linha de visão de Amanda. Ela o procurou e logo o encontrou perto da entrada da cela. O homem destrancou a porta e lançou um olhar para a garota.

– Você! – ele apontou para ela. Todas olharam. – Venha comigo.

Amanda hesitou um pouco e então se levantou e começou a andar até ele, sentindo os olhares das prisioneiras queimarem as suas costas. Quando se aproximou do policial, ela sentiu um pouco de impotência, já que aquele enorme ser de farda negra com colete a prova de balas possuía o poder de tira-la de lá ou deixa-la. Ela o encarou com certa raiva.

– Venha. – ele agarrou o braço dela e começou a guia-la pela delegacia.

Como aquilo não era nenhuma novidade no local, ninguém se importou com a cena. Os dois caminharam pelo lugar, e a cada passo a mão grossa do policial parecia ficar mais forte em seu braço. Amanda olhou ao redor pelo canto dos olhos, procurando por algo de diferente. Nunca havia visitado aquele lugar, porém ela poderia identificar algo fora do normal.

– Você não sairá disso sem uma punição. – ela afirmou enquanto andavam. Eles não se olhavam. – Então por que está fazendo isso?

– Porque é o certo a se fazer.

– Como sabe que ele está mentindo? – ela questionou. – Eu realmente bati nele. De acordo com as nossas leis, eu deveria estar lá dentro.

– Ah, eu acredito que você tenha batido nele. – ele sorriu. – Mas também acredito que você teve um bom motivo para fazer isso. Conheço Ricardo há mais de cinco anos, e nesse tempo eu tive oportunidade de vê-lo em ação. Acredito que suas motivações não sejam muito éticas.

Eles não falaram mais nada depois daquilo, apenas seguiram o caminho até a saída por trás da delegacia. Amanda e o policial se depararam no estacionamento ao ar livre. Finalmente ele largou o seu braço e fechou a porta atrás de si, olhando para os lados de modo preocupado. Amanda tirou o cabelo de seu rosto e fitou o homem com certo receio.

– Não espere por um “obrigada”. – ela murmurou enquanto se afastava lentamente e esfregava o seu braço.

– Eu não espero. – ele respondeu de modo firme, fazendo a garota entreabrir a boca e então fecha-la.

Amanda se virou e seguiu seu caminho por entre os carros, olhando para os lados. Não conseguia entender direito o porquê daquele policial que não sabia o nome fazer aquilo. Policiais são feitos para impor justiça. Ela pensou, contudo não conseguiu acreditar em si mesma. Tentou esquecer aquilo e seguir em frente. Quando olhou para trás, o policial já havia ido embora.

Alguns dias se passaram depois daquilo, e Amanda não conseguia parar de pensar naquilo. Será que os policiais estariam á sua procura ou aquele homem havia resolvido isso também? A garota voltara para o seu pobre lar e não dissera nada daquilo para ninguém, pois não possuía segurança para contar. E se algum deles contasse? Sabia que aquele era um pensamento horrível, contudo não confiava em seu “pai”. E se falasse para algum de seus irmãos, eles falariam para a sua mãe, que falaria para o seu pai, que contataria a policia. Ela não poderia ariscar.

A garota caminhava pela areia de modo tranquilo. Raivoso não a acompanhava mais, pois estava em casa descansando. Com a ajuda de um vizinho, Amanda conseguiu auxilio médico para o canino, e agora ela esperava a sua melhora ansiosamente.

A menina respirou de modo profundo enquanto sentia a brisa marítima bater em sua face bronzeada, e a areia adentrar em seus dedos dos pés. Esperava que tudo o que acontecera ficasse no passado, e nunca mais voltasse. Amanda encarou a maré com atenção, e ficou alguns segundos daquela maneira. Apenas percebeu que andara em direção ao mar quando a água salgada bateu em seus pés. Ela piscou os olhos e encarou o chão e as fracas ondas quebrando em sua pele. Aquela sensação que a preenchia era tão estranha que ela não conseguia descrever. O mar parecia chama-la.

– Ei! – uma voz cortou o ar e tirou Amanda de seus pensamentos. Ela se virou imediatamente e avistou o policial Ricardo á alguns metros dela. O enorme homem andava até ela com uma expressão de raiva. A garota recuou alguns passou ao observa-lo se aproximando.

Apesar de vê-lo cada vez mais perto, Amanda não fez nada, apenas olhou do mar para a rua, como se estivesse em dúvida para qual lado ir. Em um movimento impudente e totalmente imprevisível, a menina começou a correr pelo mar. A água invadiu as suas roupas e seu corpo quando ela se jogou na água e começou a nadar. A voz do policial ficou para trás, e o som das batidas e das ondas preencheu o seu ouvido.

O homem a observou de longe, a vendo se afastar cada vez mais. Não achou que valia a pena segui-la pelo mar, então resolveu espera-la sair de lá. Ele ficou lá por um bom tempo, tentando enxergar a garota, contudo ela ia mais longe a cada segundo, e logo o homem a perdeu de vista. Esperou por mais um tempo, contudo não a achou.

Ele observou o mar de longe com uma expressão intrigada. Ricardo a viu entrar, porém não a viu sair, assim como ninguém a viu sair. Nem naquele dia e nem no outro.

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Uma semana se passou desde aquele incidente. Sua família já havia percebido sua falta há muito tempo e comunicara a policia, que colocara cartazes de perdida. O mar continuou normal como sempre foi; as ondas continuaram vindo e indo, o brilho azulado continuou reluzindo, e o cheiro e o gosto da água salgada continuaram sendo os mesmos. Ricardo não contara o que vira para ninguém, pois achava que ela havia achado algum jeito de escapar, e agora fugia da policia.

Em certa noite, o mar começou a ficar violento sem nenhuma explicação. O ar estava forte e o barulho da água era alto. Ninguém soube como surgiu, muito menos ela, contudo uma garota apareceu na areia. Ela estava deitada na praia, exibindo a sua inconsciência para o mundo. Não sabia dizer se era sorte ou azar ninguém ter encontrado a garota coberta por um líquido negro e pegajoso por toda a sua pele. Aquela substância misteriosa a cobria de maneira persistente, escondendo o fato de que não havia mais nenhum fio de cabelo em sua cabeça. Sua respiração era constante, fazendo seu peito subir e abaixar. Com o tempo, uma pequena parte daquele conteúdo negro pareceu ser absorvido pela pele da garota. Ele caminhou por seu corpo, indo de suas veias até o coração. Quando a substância tocou levemente o coração e o adentrou, Amanda abriu os seus olhos castanhos de maneira abrupta, sentindo que todo o seu corpo flutuava.

Pela primeira vez em toda a sua vida, a garota sentiu estar viva. E ela gostou daquela sensação...


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Notas finais do capítulo

E aí, minha gente? Gostaram? Bom, espero que sim, pq eu fiz com muito carinho e esforço.
Já têm uma ideia de qual é a anomalia da nossa garota? Acho que já ficou bem explícito, mas talvez seja coisa da minha cabeça O.o
O que será do destino de Amanda agora? O que ela irá fazer? Comentem o que acham, meus leitores...
Próximo capítulo: Kaila. O que será dos trigêmeos??



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