Experimento Vermelho Sangue escrita por Bolinha Roxxa


Capítulo 5
Kaila


Notas iniciais do capítulo

Salut, pessoal :))) Como vocês estão, meus queridos leitores? Espero que bem, pois vocês estão prestes a ler um capítulo da minha personagem favorita, Kaila. Acho que vocês já deduziram isso, pois esse é o maior capítulo até agora.
Queria agradecer a Laurinha120, que me deixou mais um comentário :3
Não tenho mais o que falar, apenas que espero que gostem, pois eu suei para fazer esse capítulo em apenas dois dias...



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A escuridão envolvia Kaila de um modo que ela nunca havia presenciado. A garota sentiu que sua cabeça latejava, e que todo o seu corpo estava dormente. Ela abriu os olhos, porém suas pálpebras pesavam demais. Conseguiu visualizar uma figura escura e borrada em sua frente antes de voltar a fechar os olhos. Kaila tentou se mover, contudo não conseguiu. Seus pulsos estavam amarrados no apoio de uma cadeira, assim como os seus pés. Ela tentou mover a cabeça e conseguiu vira-la levemente para a sua direita. Ao abrir os olhos mais uma vez, ela conseguiu ver as coisas com mais nitidez, e a primeira coisa que visualizou foi Alfie. O irmão estava na mesma situação em que ela se encontrava; sentado em uma cadeira, com as pernas e os braços presos no forte metal que constituía o objeto. Kaila piscou os olhos várias vezes, tentando se acostumar com a claridade, e então voltou a olhar para frente com o objetivo de observar o lugar em que estava. O que havia acontecido? A última coisa que se recordava era de estar da antiga loja de doces, junto de seus irmãos.

– Kaila. – a voz séria de Octávio ecoou ao seu lado. Apesar de seu pescoço estar amarrado na cadeira, ela conseguiu virar a cabeça para seu lado esquerdo, encontrando os frios olhos azulados de seu irmão. Por mais do que estava acontecendo, ele permanecia com a mesma expressão séria de sempre.

Kaila fechou os olhos e retornou a abrir, sentindo certo alivio por encontrar os seus irmãos.

– O que aconteceu?

– Enquanto isso nada, Kaila. – uma forte voz feminina ecoou no alto da sala. Kaila seguiu o som e encontrou uma moderna caixa de som grudada na parede.

A garota semicerrou os olhos com aquilo, e então por fim olhou para frente, encontrando um enorme vidro transparente. Kaila encarou a figura por trás da barreira, e então esboçou um sorriso ao observar a potente mulher que a fitava. Apesar de haver alguns homens sentados em frente de máquinas, era a mulher que se destacava. Ela não parecia ter mais de trinta e poucos anos, porém o conjunto de seu terninho com saia a concedia um ar de maturidade. Ela possuía o cabelo incrivelmente escuro, preso em um coque cheio, dando destaque para o seu belo par de olhos azuis cinzentos que ficavam atrás de um óculos de grau. A mulher encarava Kaila de maneira intensa, assim como a garota fazia.

– Eu fico feliz por ver que você acordou bem. – a mulher por trás do vidro moveu os lábios, e a caixa de som reproduziu a sua voz firme. – Eu espero por esse momento há muito tempo, e agora vocês finalmente estão aqui. Eu tive a oportunidade de conversar com seu irmão, Octávio, por algum tempo antes de você despertar, e espero que aconteça o mesmo com você.

Kaila continuou em silêncio depois da elegante mulher parar de falar, entretanto o sorriso continuou em seu rosto. Sem desviar o olhar, a garota questionou ao seu irmão.

– Quem é atrás do vidro?

Passou longos segundos em silêncio até Octávio responder.

– Ela não me falou seu nome.

– Interessante, e como nós viemos parar aqui? – ela questionou, dando uma leve olhada para os seus pulsos amarrados.

– Boa pergunta, Kaila. – a mulher falou e a encarou com seus olhos cinzas. – Eu os trouxe até aqui. Sinto muito por não avisa-los antes, e deixa-los mais confusos do que nunca, mas o que eu fiz foi por segurança, tanto a de vocês como a dos outros. Deixa-los sozinhos nesse mundo sem nenhum aconselhamento e direção é algo que eu não poderia permitir, seria antiético.

Ao ouvir tudo aquilo Kaila não pôde deixar de esboçar um sorriso. Não conseguiu levar com seriedade aquilo que estava acontecendo. A mulher ficou em silêncio, analisando a garota com cuidado, sem fazer qualquer conclusão precipitada. Ela suspirou antes de falar.

– Você tenta intimidar as pessoas mostrando uma confiança alta que não tem, Kaila, mas aqui você não precisa fazer isto. – a mulher disse por baixo de seu batom levemente vermelho. – Agora você está em casa, e não precisa ficar recuada como um animal machucado que só ataca. Apenas aceite minha ajuda.

O sorriso de Kaila sumiu de sua face, surgindo uma expressão irritada. A garota apertou o apoio da cadeira, e com sua longa unha aranhou o metal com força. Definitivamente não gostava daquela mulher.

– Você me impediu de mata-lo. – Octávio finalmente falou, atraindo a atenção da mulher para si. – Você nos impediu de vingar nossa mãe, além de nos caçar como se fossemos animais prestes a ir para o abate. Nos humilhou e nos irritou. Como pretende conseguir nossa ajuda depois de tudo o que fez?

O silêncio dominou o lugar, fazendo com que a única coisa que ouvissem fosse a respiração pesada de Alfie, ainda inconsciente. A mulher encarou o irmão mais velho por um longo tempo, o analisando, contudo Octávio não exibia nenhuma expressão, deixando-a sem recursos para usar contra ele.

– Responda! – ele gritou, perdendo pela primeira vez a calma, e surpreendendo um pouco a sua irmã. No mesmo momento em que ele fez isso, o óculos na face da mulher acabou quebrando, fazendo-a recuar com o acontecimento.

Kaila olhou de imediato para seu irmão e conseguiu vislumbrar por um segundo um garoto assustado, antes de sua expressão voltar a ser séria. A menina voltou seu olhar irritado para a mulher, que agora estava de costas para eles enquanto esfregava os olhos com as finas mãos. Sem se virar, ela murmurou código H-16 com a sua voz firme, e de modo repentino Kaila ouviu Octávio gemer de dor. Ao olhar para ele, percebeu que estava recebendo um choque que vinha da cadeira de metal. Octávio rangia os dentes e permanecia com os olhos fechados. Suas mãos apertavam fortemente a cadeira enquanto todo o seu corpo estava contraído.

– Faça isso parar! – Kaila gritou com raiva, ainda olhando para seu irmão. Ela tentou se mover, contudo não conseguiu sair dali. Assim como o garoto, ela também estava presa.

Longos segundos se passaram até a mulher finalmente se cansar e decidir dizer Pare. A cadeira parou de conduzir eletricidade no mesmo momento e Octávio deixou a cabeça cair para frente, sendo segurado pelo prendedor do pescoço. Kaila observou o rapaz por um tempo, percebendo que a sua respiração estava dificultada, e logo um leve cheiro de queimado dominou o lugar.

Kaila sentiu seu coração bater em seu peito. Nunca havia sentindo aquilo, tirando o dia da morte de sua mãe. O que estava acontecendo, quem era aquela mulher e o que queria com eles?

– Aqui o respeito é mútuo. Se quer, terá que mostrar um pouco. – Ela jogou o óculos com a lente quebrada de lado e se virou para os trigêmeos. Desta vez ela se aproximou das máquinas as quais os homens controlavam e apoiou as duas mãos sobre ela, mirando Kaila com um olhar frio. – Eu sei que vocês não querem estar aqui, mas felizmente ou infelizmente, vocês estão. Chame de destino ou coincidência, mas...

– Senhora. – um homem a interrompeu.

– O que?! – ela questionou com raiva.

– Está acontecendo mais uma vez. – ele falou sem hesitação ou medo, mostrando a tela do computador para ela.

A mulher se aproximou dele e analisou o conteúdo com cuidado. Quando ela ergueu os olhos, ela não mirou para Octávio, e muito menos para Kaila. Seus olhos cinzas se concentraram em Alfie, que agora tremia de maneira leve, fazendo a sua cadeira acompanhar os movimentos. Kaila olhou para o irmão e o observou tremendo de maneira um tanto assustada. O que estava acontecendo com eles?

– Aplicar sedativo B-11. – a mulher disse de maneira séria, enquanto olhava da tela do computador para o jovem que se debatia levemente na cadeira.

Uma leve injeção surgiu próximo ao pescoço de Alfie e ela perfurou a pele do garoto. Ele pareceu ficar mais agitado quando isso aconteceu então o líquido esverdeado que havia na seringa foi introduzido de maneira lenta. O seu irmão ficou mais calmo quando a injeção finalmente ficou vazia, retornando para a respiração intensa e pesada de antes.

Kaila encarou com sangue nos olhos a mulher. Tanto o seu olho azul como o verde estavam escuros de raiva. A garota apertava com força o apoio de sua cadeira, sentindo que sua unha saíra de sua pele com o movimento. O sangue começou a escorrer pela cadeira, manchando a sua mão e o metal. A mulher se aproximou e encarou Kaila nos olhos através do vidro, sustentando aquele olhar de morte.

– Vocês não tem escolha, Kaila. – ela murmurou. – Entenda isso. Então andando por um corredor que apenas segue em frente, vocês não podem mudar o caminho que eu delimito. Sei que a coisa que vocês mais querem é vingança, e eu prometo pela minha vida que vocês terão isso. Vocês três poderão matar e torturar o estuprador da maneira que vocês quiserem, mas antes terão que seguir as minhas ordens. Eu preciso de vocês assim como precisam de mim, e acredito que podemos tirar aproveito dessa nossa relação se tudo ocorrer bem. Apenas dependerá de vocês.

A mulher parou de falar por alguns segundos e então mirou o olhar para Octávio, que ouvia suas palavras, apesar de fingir que não.

– Dependerá de vocês se querem sofrer, ou causar dor.

Kaila rangeu os dentes com aquilo, sentiu que todo o seu sangue subia até a cabeça, e que estava prestes a explodir.

– Nós aceitamos. – Kaila ouviu a voz de Octávio e se surpreendeu com o garoto. Ele havia erguido a cabeça e agora fitava a mulher com intensidade, ainda sem expressão nos olhos. – O que precisamos fazer?

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Kaila tamborilava com as unhas na grande peça de metal em que estava sentada. Aquele irritante barulho era o único som que os irmãos escutavam no momento, porém eles não faziam nada para impedi-la. Seus olhos de diferentes cores iam de Alfie até Octávio de maneira rápida, observando cada movimento, cada expressão que pudesse captar. A garota estava com as pernas cruzadas, e ela as balançava constantemente de maneira ansiosa.

O lugar não era nem pequeno, nem grande; era normal. Não havia camas, não havia prateleiras, não havia quadros, não havia nada. As paredes eram revestidas de um forte material de aço, criando brilhantes reflexos pela única luz que havia no recinto. As únicas coisas que havia eram os três buracos retangulares na parede, onde cada irmão se encontrava no seu.

Kaila não sabia o que estava acontecendo. Ela não sabia quem eram aquelas pessoas e nem o que elas queriam com os irmãos. Era como se ela estivesse presa dentro de uma escuridão infinita e não soubesse como sair dali. Contudo o que a mais irritava era o fato de parecer ser a única desesperada para saber o que estava acontecendo ali dentro. Quando olhava para Octávio, o garoto estava pensativo; seus olhos azuis fitavam o nada de maneira dura, pensando em tudo o que havia acontecido; e sua face não possuía expressão, como fora durante toda a sua vida. Ao olhar para Alfie, via algo que pensou nunca presenciar em toda a sua vida; ele parecia um pouco triste. Seus olhos verdes estavam sem brilho e sem emoção, os lábios finos estavam levemente arqueados para baixo, e sua pele estava mais pálida e sem vida do que antes. Ambos estavam sentados nos buracos das paredes, estando Alfie estava na direita e Octávio na esquerda, sobrando o lugar de frente para a porta para Kaila.

– Vocês sabem de algo. – ela concluiu, chamando a atenção dos dois irmãos.

Alfie e Octávio olharam para a garota e então se entreolharam. Ao fazerem aquilo, Kaila ficou com mais raiva do que antes. Eles definitivamente sabiam de algo, e não queriam contar para ela. A menina se levantou do buraco de maneira brusca, fitando os dois.

– O que sabem?

O silêncio dominou mais uma vez, deixando a voz firme de Kaila ecoar pelo lugar. A garota deslizou o olhar até Alfie, e presenciou a expressão triste ser substituída para uma irônica de maneira muito rápida. O garoto levantou os pés, os apoiando na grande placa de metal em que estava sentado, e colocou as mãos atrás da cabeça, exibindo os seus fortes músculos com o movimento. Ele esboçou um sorriso despreocupado para Kaila e fechou os olhos.

– Infelizmente sei tanto quanto você, irmãzinha.

A garota apertou a mão em um punho e começou a andar até ele. – Seu viado mentiroso. – Kaila o pegou pelo colarinho e o fez levantar. O rapaz se levantou e encarou a menina de modo firme com um sorriso no rosto. Alfie deixou sua cabeça cair levemente para o lado, observando sua irmã de maneira irônica.

– O que irá fazer, Kaila? – ele questionou e depois lambeu os dentes incrivelmente brancos. – Vai me bater até eu desmaiar?

A garota o fitou com raiva, sabendo que era exatamente aquilo o que queria fazer. Quando ela levantou o punho, ouviu a voz de Octávio ecoar pelo lugar.

– Parem. – o irmão mais velho falou se levantando, atraindo a atenção dos dois para si. Seus olhos frios encararam Kaila e então Alfie, que até agora estavam da mesma maneira. – Nós estamos no meio de uma merda e vocês querem brigar? Somos irmãos, e deveríamos estar lutando contra eles, e não entre nós.

Kaila desviou o olhar para Alfie, o observando por alguns segundos, e então ela o largou com má vontade. Ela se virou para Octávio e murmurou.

– Então diga o que sabe, pois eu não sou burra. Presenciei o que você fez lá dentro. Vi com os meus próprios olhos o óculos daquela puta se quebrar quando você se irritou. – quando o garoto não respondeu, ela retornou a falar. – Me diga que porra está acontecendo!

Octávio permaneceu em silêncio por mais algum tempo, analisando a irmã em sua frente. Ele respirava de maneira calma e silenciosa, não expressando nenhuma dúvida ou raiva. O rapaz levantou lentamente a mão e a guiou até os seus cabelos castanhos claros, passando os dedos por ali. Ao retirar a mão da cabeça, vários fios de cabelo estavam grudados entre os seus dedos. A menina encarou tudo aquilo de modo surpreso, sem saber o que falar. Ele deixou os fios caírem no chão, e então finalmente levantou o olhar azulado, porém desta vez ele encarou Alfie. Kaila se virou e fitou o irmão de braços cruzados, observando aquilo pelo canto dos olhos, sem expressão alguma.

–Isso significa alguma coisa para você?

Alfie não respondeu Octávio, apenas ficou encarando o irmão. Passou algum tempo e então ele finalmente revirou os olhos verdes e descruzou os braços. – Talvez tenha acontecido algumas coisas...

– Seu cabelo também está caindo? – Kaila questionou.

– Não é só o cabelo, não é? – Octávio deu alguns passos a frente, ficando mais perto dos dois. – Tem acontecido outras coisas.

– Talvez... – o garoto voltou a sentar em seu buraco de metal.

– Diga, Alfie. – Kaila murmurou. – Somos seus irmãos, e queremos saber.

No momento em que o jovem foi abrir a boca para falar, a forte e grande porta de aço se abriu de maneira repentina. Cinco homens fortemente armados com armas de choque e com tranquilizantes adentraram no recinto. Eles estavam utilizando máscaras de gás fortificadas para proteger as cabeças, e coletes aprova de balas. Todos usavam as mesmas cores; negro e azul escuro. Três deles apontavam para Kaila e Octávio, que os encaravam com raiva, e os outros dois estavam virados para Alfie.

O militar da frente, que parecia ser o responsável por aquela pequena tropa, apontou para o garoto sentado e disse com uma voz metalizada. – Você! Venha conosco.

Alfie olhou para os irmãos, e quando Octávio acenou positivamente, ele sorriu de maneira divertida para os homens. Ao se levantar ele ergueu os braços para cima e começou a segui-los, que agora saíam do lugar.

– Vejo vocês depois, agora vou seguir esses homens fortes. – antes de fechar a porta mais uma vez, os dois ouviram Alfie resmungar. – Quantas abdominais vocês conseguem fazer?

Quando a porta de aço se fechou totalmente, um silêncio dominou o local, fazendo os dois ficarem parados no mesmo no lugar que antes, não conseguindo se mover. Sem se olharem, Kaila murmurou para Octávio.

– Para onde estão o levando?

– Testes. – ele sussurrou. – Irão fazer testes nele, tenho certeza.

– Como você sabe disso?

– Aquela mulher me disse, antes de você acordar.

Ao lembrar daquilo Kaila apertou o seu punho com força e finalmente se virou e depositou o olhar sobre o irmão. Ele ainda encarava a porta de aço, agora fechada, esperando que a qualquer momento ela se abrisse. Como Octávio era mais alto, a garota tinha que olhar para cima.

– Por que você fez aquilo? - Finalmente o rapaz olhou para Kaila pelo canto dos olhos, com certa dúvida. Ele ergueu levemente a cabeça e não respondeu. – Por que aceitou? Você não sabe o que eles querem com a gente.

Octávio fechou os olhos e suspirou de maneira pesada. Era a primeira vez que ela o via fazendo aquilo, então começou a observar o irmão de maneira mais atenta. Ele se virou lentamente e depositou nela um olhar frio e sem emoção. Kaila sustentou o olhar.

– A única coisa com que eu me importo é aquele homem. Enquanto ele respirar, eu não ficarei em paz, e não deixarei que ninguém mais fique. – sua voz era séria. – Se eu tiver que matar a metade do mundo, ou estuprar todos os animais que existem, eu não hesitarei em fazer para chegar ao meu objetivo. E é por isso que eu aceitei, pois eu não irei deixar nossa mãe morrer em vão.

Kaila ouviu aquilo com atenção. Desta vez ela não sorriu, pois compartilhava aquele sentimento com o irmão, e sabia muito bem que também faria qualquer coisa para tirar a vida do homem que matara a sua mãe. Ela acenou positivamente, e quando estava pronta para falar, a porta de aço voltou a abrir. Os dois olharam imediatamente para a saída e avistaram cinco homens militarizados. Assim como os outros que levaram Alfie, eles estavam armados e protegidos. Não dava para saber, contudo parecia ser outros soldados, e o da frente apontou para Octávio, que entendeu de primeira.

Kaila não falou nada, assim como seu irmão, que deixou o local de modo calmo, restando apenas a garota no local.

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– E o que faremos com ela? – o homem questionou enquanto ambos olhavam para a tela do computador, onde exibia a imagem da garota parada no meio do lugar.

Helena estava sentada em sua cadeira com as pernas cruzadas, deixando os seus olhos cinzas e sombrios analisarem a menina com atenção, observando cada movimento que ela fazia.

– Ela pode não ser uma deles. – ele murmurou. – Os outros dois já começaram a ter suas anomalias, mas ela não sabia de nada. Provavelmente houve um mal entendido na adoção, e ela se misturou com eles.

A mulher suspirou profundamente e sem desviar o olhar ela se dirigiu ao homem.

– Kaila pode não ser uma criança do Experimento Vermelho Sangue, mas ela continuará sendo útil.

– O que quer dizer com isso, senhora?

– Octávio está objetivado a fazer o que for preciso para conseguir vingar a morte de sua mãe, mas por algum acaso ele não queira mais, nós estaremos em maus lençóis. Então precisamos de algo mais sólido para impedi-lo de se virar contra nós, precisamos de uma refém.

O homem concordou e tocou no aparelho que havia em seu ouvido. – Entendo, senhora. Mandem dois soldados para pegar a garota na sala 2013-A e coloca-la na sala 503.

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O que era tudo aquilo que estava acontecendo? Kaila estava sentada no meio da sala de frente para a porta, com os olhos fechados. A menina nunca havia tido um dia como aquele, onde não sabia o que estava acontecendo e nem o que iria acontecer. O que ocorrera com o óculos da mulher ainda incomodava a mente garota, e ela tentava achar algum motivo para aquilo ter acontecido, porém nada fazia sentido.

Apesar de não demostrar muito bem, ela se preocupava com os seus irmãos, sempre se perguntando onde eles estariam e como estariam. O dois eram as únicas pessoas que tornavam Kaila humana, e ela não poderia perdê-los. Por que Octávio não me contou o que estava acontecendo? Seu cabelo estava caindo e o garoto não contara aquilo para ninguém. E aparentemente o mesmo estava acontecendo com Alfie. Desde quando os irmãos ficaram tão distantes assim? Talvez a morte de sua mãe conseguiu separa-los um pouco, já que cada um lidou do seu próprio jeito.

Kaila suspirou e sentiu uma madeixa de cabelo cair sobre seu rosto. Quando pensou em tira-la, conseguiu ouvir a porta de aço em sua frente se abrir. Antes de abrir os olhos, ela esboçou um sorriso; chegara a sua vez. A garota abriu as pálpebras, exibindo os seus belos olhos para os dois guardas que havia em sua frente. Ao perceber que havia menos soldados do que seus irmãos, Kaila ficou um pouco decepcionada.

– Vamos. – o primeiro disse.

Por que havia menos soldados? A menina analisou os dois com atenção, e logo percebeu que eles não estavam tão armados e protegidos como os outros. Alguém a considerava fraca e indigna de atenção e esforço. Kaila pensou naquilo por um momento. Ela fora a única dos irmãos que não havia notado nada de diferente nos dias corriqueiros. E se tudo aquilo não fosse sobre ela, e sim sobre os seus irmãos?

– Levanta! – o segundo se aproximou com brutalidade e a pegou pelo braço, a obrigando a se levantar. A garota sorriu para ele ao ver seus olhos atrás da máscara.

– Você é mesmo rapinho, não é?

– Calada. – ele falou e apertou o seu braço, guiando-a até a saída do local.

Preciso fazer alguma coisa. Kaila pensou. Se os vagabundos dos meus irmãos não farão nada, eu farei.

No momento em que ela estava passando pela porta, a garota olhou para os dois lados, procurando por mais militares, contudo não encontrou; havia apenas os dois para escolta-la. O soldado que a segurava levou a mão até o seu cinto, retirando de lá um bastão de choque. Ao perceber isso, Kaila decidiu que era hora de agir. Rapidamente ela puxou o braço para si e deu uma cotovelada na face do homem que a segurava, fazendo a máscara sair de seu rosto. Enquanto ele se preocupava em colocar o mais rápido a máscara, a garota pegou a sua arma de choque e a direcionou para o outro militar, que já havia ligado a sua também. Kaila chutou a arma com agilidade, fazendo-a voar e cair longe com um baque alto. Em seguida a menina se jogou para frente e direcionou o pequeno bastão no pescoço do soldado, o único lugar em que ele estava desprotegido.

O militar caiu no chão com a garota em cima de si, tendo espasmos violentos com a grande carga elétrica que recebia da arma. Quando o homem finalmente ficou inconsciente, Kaila sorriu de maneira divertida. Ao encarar a máscara do homem no chão, percebeu no reflexo que o outro soldado se aproximava atrás dela. A garota se virou rapidamente com a perna reta e direcionada aos pés do homem, fazendo-o cair de maneira forte no chão. Ela se aproximou rapidamente de sua cabeça e retirou a sua máscara, vendo a face dura e fria do militar.

– Até logo. – ela sorriu.

Um pouco antes de conseguir chutar o seu rosto e deixa-lo inconsciente, ela ouviu o barulho da arma de choque se ligando, porém ela não sentiu o bastão a atingir. A única coisa que conseguiu ouvir foi a arma caindo da mão do homem depois que desmaiou.

Um silêncio assustador dominou o longo corredor depois do que acontecera. Kaila olhou para os dois soldados no chão e então para frente e para trás, escolhendo uma direção a se seguir. Seu cabelo estava no seu rosto, então ela o retirou e sorriu enquanto olhava sobre o ombro. Jogou o pequeno bastão para cima, fazendo-o rodar, e em seguida o pegou novamente.

Talvez não soubesse quem aquelas pessoas eram e o que elas queriam com eles, mas não machucaria tentar descobrir. Pelo menos esperava que não... Kaila pisou em cima do militar e seguiu o seu caminho pelo corredor. Ela balançava o bastão de um lado para outro enquanto andava, fazendo o corredor ecoar com os seus assobios. A garota continuou o seu trajeto assim, de maneira tranquila e relaxante. Sabia que não adiantaria correr, pois eles provavelmente já sabiam que ela havia fugido e já estariam atrás.

Um pouco tempo depois ela começou a ouvir passos de botas no corredor, logo atrás dela. Kaila riu alto como não fazia há muito tempo e começou a correr até o final do caminho.

– Nada como uma corrida matinal! – ela gritou para os soldados que a perseguiam.

Ao virar á direita em um corredor, ela se encontrou com um único soldado que apontava uma arma para ela. Kaila parou no mesmo instante, fazendo seu cabelo castanho claro voar com o movimento. Ela sorriu para ele, sem saber se ele retribuía, já que o homem também usava uma máscara. O soldado segurava a arma de maneira firme e confiante, passando a ideia que ele sabia o que estava fazendo. Quando percebeu que ele iria atirar, ela jogou o bastão com toda a força em direção á arma, derrubando-a da mão do homem no mesmo momento em que o dardo atingiu a parede ao seu lado. Kaila correu rapidamente até ele, e se jogou sobre o homem, contudo quando ela fez isto, o soldado caiu no chão e a jogou para trás com os seus pés. A garota caiu rolando atrás do militar, sentindo o chão frio em sua pele. Ela sorriu quando parou e apoiou as mãos no chão, percebendo que ele esperava por ela. Aquilo apenas fez Kaila se divertir ainda mais do que estava.

A menina se levantou agilmente e fitou o soldado com seus olhos brilhantes. Seu olho verde parecia estar sendo iluminado, pois ele brilhava de uma maneira incomum. Os dois se aproximaram lentamente, esperando pelo outro dar o primeiro ataque. A garota se cansou e resolveu iniciar a luta, jogando o punho em direção ao queixo do homem. Ela conseguiu acerta-lo retirar a máscara do militar, que caiu no chão e quicou com um barulho alto, entretanto no mesmo momento ela recebeu um soco na barriga. Kaila recuou pela dor e começou a rir com aquilo. Agora sem a máscara de proteção, o jovem soldado encarava a menina com uma expressão séria enquanto mantinha os seus punhos levantados. Ele investiu contra ela, contudo a garota desviou e lançou uma joelhada em sua barriga. Como ele usava muita proteção, o soldado nem sentiu a batida.

Kaila projetou um olhar triste ao perceber aquilo.

– Isso não é nada justo.

No mesmo momento em que ela disse aquilo, o homem retirou de seu cinto o bastão de dar choque e o ligou.

– Isso com certeza não é justo. – ela falou quando viu a luz brilhante da arma.

A garota estava pronta para se virar e sair correndo, contudo o jovem militar segurou o seu braço com força e a trouxe para si. O bastão de choque atingiu a sua barriga com força, lançando 400 volts de eletricidade contra a garota. Ela esbugalhou os olhos ao sentir aquilo, lançando um olhar surpreso para o homem que estava a centímetros de sua face.

Kaila esperou o choque, contudo os segundos se passaram e ela não sentiu nada. A garota franziu o cenho com aquilo, desta vez deixando o militar surpreso. O homem retirou o bastão e o lançou mais uma vez em direção á menina, porém nada aconteceu.

– Quer uma ajudinha?

Ela começou a rir e então fitou os olhos castanhos e a expressão confusa do soldado em sua frente. Com um movimento rápido e repentino ela lançou a cabeça em direção ao homem, batendo com força a sua testa na dele. Ele a largou e caiu no chão com a mão na cabeça; não havia desmaiado, contudo ficou tonto.

Kaila se desequilibrou um pouco, entretanto conseguiu continuar de pé. Ao voltar a ver as coisas com nitidez, ela avistou o bastão de choque no chão e soltou um sorriso. A garota se aproximou lentamente e pegou a arma, ainda ligada. Ela suspirou e tocou a ponta do bastão em sua mão. Ao invés de sentir dor, Kaila sentiu um enorme prazer preencher a sua alma. Ela fechou os olhos e continuou com aquilo, sentindo o seu corpo vibrar com aquela sensação.

Ao desligar a arma, a garota deslizou o olhar para o homem que ainda estava no chão. Ela conseguiu ouvir os vários passos se aproximar dela, e não conseguiu sentir medo ou desespero. A única coisa que sentiu foi poder. Seria aquilo que seus irmãos sentiram e não contaram para ela?

Ela começou a rir e olhou para o alto, onde uma câmera estava firme e forte. Seus olhos brilharam, principalmente o verde.

– Que ironia, não é, professora? – ela riu alto, vendo os soldados se aproximarem. – Pode ser destino ou coincidência, mas precisamos concordar que é uma grande ironia.

Os dardos tranquilizantes a atingiram de modo rápido, fazendo-a cair no chão. Kaila não parou de rir até desmaiar. Alguns disseram que ela continuou até depois disso.


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Notas finais do capítulo

E aí? Vocês gostaram? Acharam legal, bacana, massa?
Este capítulo foi muito revelador, mostrando um pouco do lado do Programa Sem-Nome e essa tal de Helena. Já tem uma ideia das anomalias dos trigêmeos? Acho que o do Octávio e da Kalia está fácil, mas o do Alfie vai ser muito dificil alguém acertar.
Espero que comentem, sabem... Isso me incentiva a continuar a escrever...
Beijos e até o próximo que será; Enzio.



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