Experimento Vermelho Sangue escrita por Bolinha Roxxa


Capítulo 3
Franklin


Notas iniciais do capítulo

Oii, como estão, espero que bem.
Este capítulo será a apresentação de Franklin e uma garota misteriosa, que apenas depois eu irei falar o nome dela. Assim como os trigêmeos, eles sofreram o Experimento, e esta será apresentação dele.
Ah, vale lembrar que todas as crianças que sofreram com o experimento têm dezoito anos, sem exceção!
Espero que gostem e comentem, pleasee. :))



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630369/chapter/3

O garoto acordou com a respiração ofegante e com o coração batendo rápido em seu peito. Ele abriu os olhos cor de mel e encarou o teto de seu quarto de maneira assustada. Já era a quarta vez naquela semana que ele sonhava a mesma coisa e acordava daquele jeito; todo suado e com o coração na boca. Franklin lambeu os lábios e voltou a fechar os olhos, tentando se acalmar. Fora apenas um sonho. Ele pensou. Um sonho bobo.

O sonho que estava atrapalhando as noites do garoto era algo um tanto incomum. Ele sempre via de longe uma casa velha e abandonada de dois andares. Ela parecia chamar por ele, porém ele não conseguia entrar nela. Não havia ninguém dentro, entretanto dava para se ouvir um tiro. Era um sonho curto e simples, contudo sempre acordava o garoto de maneira brusca.

— Esquisitão. – um menino colocou a cabeça na porta de Franklin. – A mãe mandou você levantar.

Franklin olhou para o seu irmão mais novo e então voltou a fechar os olhos de modo desgostoso. Mais um dia em sua vida rotineira. Ele suspirou e se levantou.

Depois de ter se aprontado, o garoto parou em frente ao espelho do seu banheiro e fitou a patética imagem que se projetava dele. Franklin arrumou os óculos sobre o rosto e desceu até a cozinha, encontrando o seu irmão comendo na mesa. O menino esboçou um sorriso maldoso para ele.

— Pronto para a vida de lesado?

— Como você arranja tanta energia para brigar ás 5:40 da manhã? – Franklin perguntou, pegando um copo na pia e colocando suco nele. Ele ouviu o irmão rindo.

— Você sabe do que estou falando.

— Não faço a mínima ideia. – ele levou o copo para a boca.

— Você sabe...

O menino que atendia por Bernardo levantou-se da cadeira e se aproximou do irmão. Quando este não respondeu, ele começou a cutucar o mais velho nas costas.

— Para. – Franklin disse irritado, esquivando-se.

— Quando você vai deixar de ser idiota e mostrar que quer mais do que amizade com ela? – Bernardo continuou. – Hein, quando?

— Quando você parar de ser babaca.

— Isso vai demorar um longo tempo – o menino deu enfase para a palavra "longo". – Ela vem aqui quase todo dia, retardado. Beija ela logo! Não aguento mais ver vocês dois daquele jeito.

— Não. – Franklin respondeu de modo irritado, e no momento em que fez isso, o copo que estava em sua mão caiu no chão com um barulho alto, silenciando os dois irmãos.

Os garotos fitaram o vidro quebrado e o suco espalhado pelo piso. Lentamente eles se entreolharam, encarando um ao outro. No momento em que uma voz feminina gritou no alto das escadas, o mais novo correu até a cadeira em que estava sentado, deixando Franklin sozinho. Este não falou nada, apenas ficou pensando sobre o ocorrido. Não se lembrava de ter afrouxado o aperto, mesmo quando ficou irritado com Bernardo. O garoto de dezoito anos olhou para as suas mãos com uma expressão de dúvida, porém deixou isso de lado quando sua mãe chegou na cozinha e começou a brigar com ele.

—____________________________________________________________

Franklin andava ao lado de Mirela enquanto o sol começava a se pôr em frente deles. O garoto deixou os seus olhos passearem pelo céu de modo preguiçoso através de seus óculos de grau. Ele andava pela rua com a sensação de que todo o seu corpo estava sendo esmagado por toneladas de concreto, e tudo o que mais queria fazer naquele momento era chegar a sua casa e se deitar na cama. Franklin suspirou de modo intenso ao avistar a casa de sua amiga. Eles andaram lentamente até lá e a ruiva de olhos simpáticos e aparelho nos dentes se despediu e entrou em seu lar.

O garoto ficou encarando a casa da menina por um bom tempo, até ter a coragem o suficiente para sair dali e seguir o seu caminho. Enquanto voltava, Franklin deixou o seu pensamento se guiar para a conversa que ocorrera na manhã daquele dia, onde seu irmão mais novo de quatorze anos dissera para ele beija-la. Bernardo estaria certo quanto aquilo? A ruiva realmente teria sentimentos pelo garoto ou tudo aquilo seria da mente de seu irmão? Franklin ficou debatendo sobre aquilo em sua cabeça, tentando encaixar todas as peças no lugar, entretanto sentia em seu coração que faltava alguma coisa. Para ele, algo estava errado, e tudo aquilo não passava de um mal entendido.

Depois de pensar intensamente em Mirela, Franklin parou no meio da rua e olhou em volta de maneira inexpressível. Onde estava? O garoto andou com a cabeça voando que nem reparou que seus pés o guiaram para outro lugar, que aparentemente nunca havia visto em sua vida.

Ele pensou em voltar por aonde viera, contudo seus olhos cor de mel pareceram ter visto algo inacreditável. No final da rua havia uma grande casa escura e silenciosa, que parecia chamar por ele. Franklin ajeitou os óculos que escorregaram quase não acreditando quando viu. Era a mesma casa que o assombrava em seus sonhos. O garoto engoliu em seco e sentiu seu coração bater em seu peito. Imediatamente ele se virou e começou a andar em direção oposta a da casa. Aumentou o seu ritmo consideravelmente, contudo quando passou pela cabeça que ele continuaria tendo aqueles sonhos, e acordando daquele jeito, Franklin parou. Passou alguns segundos pensando naquilo e então olhou sobre o ombro para a casa.

A casa ainda continuava lá, apesar de ninguém nota-la. Ele se virou, olhou para os dois lados e então limpou as lentes com a blusa para vê-la melhor. Xingou a si mesmo pela a sua maldita curiosidade e foi em direção á ela. O lar parecia estar abandonado, então ninguém iria reclamar se ele fosse dar uma olhada ou algo do tipo.

Ao pisar na terra do jardim, Franklin hesitou. Ele olhou aquela enorme casa de madeira podre á sua frente e engoliu em seco. Esperava saber o que estava fazendo. Retornou a andar e quando se deparou, ele já estava abrindo a porta velha, que rangeu com o movimento.

A escuridão dominava o interior da casa, apesar de haver alguns lugares que eram iluminados fracamente pelo sol que estava se ponto. O garoto olhou para os dois lados mais uma vez, procurando por alguém que estivesse o observando. Como não encontrou ninguém, ele resolveu entrar.

Ao pisar dentro da casa, um frio atingiu a sua pele, entretanto ele pareceu não ligar, pois continuou indo em frente. O lugar era estranho, onde todos os móveis e objetos que haviam lá pareciam estar queimados.

Arrumou a mochila em suas costas e adentrou mais a casa, torcendo o nariz para o cheiro. Seus pés o levaram lentamente para a cozinha, e a primeira coisa que visualizou foi uma mesa escura, com a aparência de estar corroída por cupins. Depois de um tempo observando o local, algo o fez ficar confuso. Havia uma maçã em cima da pia. Uma maçã em perfeitas condições. Seus olhos brilharam ao ver a fruta. Ele andou até ela de modo lento e a segurou curiosamente, vendo sua cor vermelha reluzir com a pouca luminosidade que vinha da janela.

Um barulho de tiro fez com que Franklin se assustasse, contraindo todos os seus músculos na mesma hora. Ele continuou imóvel e segurando fortemente a maçã, apesar de sentir que seu coração começava a bater de modo rápido. O tiro fora diferente do de seu sonho, pois o barulho que ele ouvia de noite era longe, e o que ele acabara de ouvir fora muito perto. O garoto não teve coragem de se virar, a única coisa que conseguiu fazer foi vislumbrar o armarinho de madeira atingida pela bala.

— O que você quer aqui? – uma voz séria e feminina ecoou pela silenciosa cozinha. Quando Franklin não disse nada, ela gritou. – Responda!

O garoto sentiu seu corpo ter um leve tremor, e quando tentou falar começou a gaguejar.

— Primeiro largue a maçã! – ela retornou a falar.

Franklin ficou em silêncio e engoliu em seco. Lentamente ele foi abaixando o braço e depositou a fruta na pia. Ao fazer isso, ele ouviu o barulho dela se aproximando.

— O que você quer aqui?

— Eu apenas estava andando por...

O barulho de tiro ecoou pelo lugar mais uma vez, calando o garoto no mesmo momento. A bala atingiu outro lugar do armário á sua frente, fazendo Franklin fechar os olhos. Alguns segundos se passaram e a garota retornou a falar.

— Vire-se se você não quer uma bala nessa sua bunda.

Franklin engoliu em seco e começou a se virar em direção á garota. Apesar de estar escuro o lugar, a cozinha ainda possuía alguma luz vinda da janela. Uma pequena menina de mais ou menos quatorze anos estava segurando uma espingarda em sua direção. Pelo modo que ela segurava, parecia saber atirar, e muito bem.

Sua pele era bastante queimada pelo o sol, tendo uma boa combinação com os seus olhos castanhos amarelados, que brilhavam na escuridão. Ela possuía baixa estatura e um olhar duro, contudo o que mais chamava atenção na pequena garota era o seu cabelo, ou melhor, a falta dele. A menina não possuía nem um fio de cabelo em sua cabeça, exibindo uma careca brilhosa no escuro.

A sua expressão irritada e desconfiada mudou para surpresa ao ver a face do garoto. Por um segundo Franklin a viu entreabrir os lábios e suspirar. Seus olhos amarelados o encaravam de modo intenso, fazendo com que ele ficasse desconfortável com o olhar.

— Franklin. – ela murmurou, abaixando a arma de modo lento.

Ainda temeroso quanto o que ela poderia fazer, ele a olhou com curiosidade.

— Eu te conheço?

Ela lambeu os lábios e olhou para os lados antes de responder.

— Não. Mas eu conheço você.

—_______________________________________________________

Os dois permaneciam quietos enquanto a garota colocava um pouco de café em uma xícara para ele. Eles haviam ido para outro cômodo,  sentando-se no chão perto de uma pequena mesa de madeira. Apesar da menina não ameaçar mais Franklin, ela permanecia com a espingarda ao seu lado, como se a qualquer momento ele fosse fugir.

O garoto engoliu em seco e aceitou o café. Algum tempo se passou e ninguém dissera nada. A menina apenas ficava bebendo na sua xícara de modo pensativo. Ele olhou para ela e limpou a garganta.

— Então você mora aqui?

Ela pareceu notar a sua presença.

— Sim. – respondeu e retornou a tomar o café.

— Sozinha?

A menina deu de ombros e ele acenou com a cabeça, levando a xícara até a boca. O líquido ainda estava muito quente para o seu gosto. Franklin olhou para ela e não conseguiu desviar o olhar de sua cabeça sem cabelo. Quando voltou a olhar para os seus olhos, ele a pegou o encarando.

— Me desculpa. – ele murmurou envergonhado.

— Você quer saber o que aconteceu com o meu cabelo? – ela questionou de maneira súbita e depois de um tempo ele esboçou um leve “sim” com a cabeça. – Ele caiu, obviamente. Começou aos poucos, quando eu tomava banho ou o penteava. Depois foi ficando mais frequente, até não haver mais nada. Os médicos disseram que não havia explicação para aquilo, e tentaram estudar, mas meus pais entenderam que a queda de cabelo veio junto com a minha anomalia.

— Anomalia? – Franklin questionou intrigado.

— Então você ainda não sabe, não é? – ela sorriu. – Pensei que você já estaria suspeitando a está hora. Eu sempre soube que a minha veio rápido demais, mas todos os outros então descobrindo neste ano. Pensei que você fosse igual.

Ele ficou quieto por um momento, tentando entender o que ela quisera dizer com aquilo.

— Eu não...

— Não se preocupe, você não precisa acreditar em mim. – ela disse. – Cada um tem o seu tempo e jeito de descobrir. O meu trabalho é apenas esperar e estar lá quando eles precisarem de mim.

Franklin sentia que havia algo de errado com a menina e queria sair daquele lugar o mais rápido possível, então começou a pensar em uma maneira para se despedir dela e correr até sua casa.

— Eu acho que preciso...

— Shhhhhh. – ela murmurou para ele, colocando um dedo sobre os próprios lábios.

A menina ficou encarando o nada por algum tempo. Sua face parecia ficar mais assustada a cada segundo que passava, e ele sentia que sua respiração começara a ficar mais rápida. De repente ela o encarou de modo desesperado.

— Eles estão aqui. – ela sussurrou e olhou para os lados.

A menina se levantou e pegou a espingarda. Franklin sentiu ficar desconfortável mais uma vez com a cena, e ficou olhando para os lados, assim como ela.

— Eles quem? – ele sussurrou também.

A garota voltou a olhar para ele, como se pensasse no que fazer com o garoto. – Levanta, rápido.

— O que? Não! – ela apontou a arma em sua direção e ele se levantou em um pulo. – O que você quer comigo?

Ela o encarou de cara feia, entretanto não respondeu nada. Apontou a arma para a porta, falando para ele sair. O garoto arrumou os óculos e seguiu em frente de mau gosto. A menina o empurrava com a espingarda, fazendo-o andar. Ás vezes falava para onde virar, porém de modo rápido, como se estivesse com pressa.

Ao chegar ás portas do fundo, a garota o pegou pelo braço e saiu da casa de maneira brusca, sempre olhando para os lados e para trás. Franklin não sabia mais como se sentir quanto aquela situação. Ele procurava pelo o que ela olhava, mas não via nada de mais. Eles se afastaram da casa e andaram mais um pouco, até que o menino não aceitou mais aquilo. Ele se afastou dela.

— Isto é loucura! – ele disse.

— Você não sabe...

— Eu sei! – ele a interrompeu. – Eu sei muito bem que isto é loucura. Pelo amor de Deus, você está carregando uma arma em plena luz do dia! Você perdeu o juízo.

Franklin foi se virar para ir embora, entretanto a menina o segurou pelo braço e o encarou. Ele olhou irritado para ela, contudo tudo o que ela fez foi apenas apontar com a cabeça em direção à casa que eles haviam saído. No momento em que o garoto olhou, três carros pretos se aproximara e estacionaram em frente ao lugar. A menina o puxou para trás de uns arbustos e eles continuaram observando a cena. Vários homens uniformizados saíram desses carros carregando armas e máscaras, e circularam a casa abandonada de modo silencioso, prontos para uma invasão.

— O que você fez? – Franklin questionou surpreso e um tanto com medo.

— Espero que tenha um lugar seguro para nós ficarmos. – ela suspirou de modo cansado, ignorando a sua pergunta. – Nós iremos precisar


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam deste capítulo? Gostaram do Franklin e da garota? Já têm uma ideia de quais vão ser as anomalias deles?
O.o Espero que tenham gostado, e comentem... Não machuca, sabe, e me alegra :))
O próximo será : Amanda.
O capítulo dela terá mais ação do que esses dois, eu prometo.