Cantiga de outro Verão escrita por DezzaRc, A Little Dreamer


Capítulo 9
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

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Nina dormiu sob o céu estrelado. As estrelas brilhavam nos olhos saltados e opacos, tal brilho tão artificial quanto à maioria das pessoas que ela era obrigada a conviver diariamente. O céu que admirou por um bom par de anos presenciou seus sorrisos mais sinceros e as lágrimas mais dolorosas derramadas. Estava em casa, mas não no lar, ainda que seu apartamento com cara de ala hospitalar também não o fosse. No momento, Nina diria de boca cheia que não possuía mais um lar. Um teto sim, um lar, não mais. Estava em sua antiga casa, a que um dia foi seu tal lar, mas que não mais cumpria seu feito. Diziam que nosso lar era onde estava nosso coração, porém, Nina nem sequer sabia se ainda tinha um, quanto mais o local em que o largara. As paredes rosa a sufocavam, o teto outrora estrelado só a relembrava de momentos que preferia esquecer, imagens aleatórias da adolescência turbulenta e da infância mágica.

Segurou o choro preso na garganta. Aquela casa nunca mais seria a mesma sem seu pai, as energias que faziam milagre no corpo fadigado quando corria para lá e se escondia no cantinho familiar não a confortavam mais. Tudo era estranho, confuso, nada tinha o mesmo significado de antes. Dona Graça, sua mãe, parecia uma peça desengonçada no meio da sala, como se também não fizesse mais parte daquele contexto, e não se encaixasse de forma alguma no ambiente adulterado. Quando Fernando se fora, ele de fato levara uma parte de si daquele mundo, e não tinha nada a ver com a matéria física. O abismo emocional que deixara no lugar nunca seria preenchido, por mais que se trocassem os móveis, as cores das paredes ou até os moradores da casa.

Como se não bastasse os tormentos emocionais, Nina ainda tinha que lidar com o acontecimento da tarde tenebrosa. Já sofreu assédio sexual antes; apesar de se achar não-desejável aos olhares masculinos, e até femininos, Nina recebia elogios, ou melhor, palavreados grotescos a respeito de sua aparência, mas nada naquela magnitude como hoje. A ruiva se sentia quebrada, humilhada e rebaixada a um objeto sexual sem valor para a sociedade. Uma presa fácil e descartável, mas que, graças aos céus, fugira das estatísticas da cultura de estupro do país, pelo menos das que consumaram o ato.

Dona Graça entrou no quarto sem ao menos bater, uma mania irritante que tinha desde sempre, mas que agora Nina não precisaria mais se preocupar, pois sua casa era outra.

— Ainda não dormiu? — Observou rapidamente o quarto que só entrava para limpar, e notou que a filha não mexera em nada, continuava da mesma forma que o deixou alguns meses atrás. Sentou-se na ponta da cama e Nina abraçou as pernas para dar espaço à mãe.

— Estou sem sono. — Seu edredom de bolinhas coloridas de repente pareceu à coisa mais interessante do mundo para a ruiva analisar. — Amanhã cedo volto para meu apartamento.

— Depois do que aconteceu?! Nina!

— O que quer que eu faça, mãe? — rebateu, impaciente. — Foi horrível sim o que aconteceu e ainda estou assustada com tudo, mas não posso parar a vida por causa dessa surpresa desagradável do destino. Não vou deixar de andar de ônibus por isso também, ou a senhora finalmente ganhou na loteria para me dar um carro?

Um silêncio desconfortável pairou no quarto abafado. O velho ventilador de mesa não dava conta daquela fornalha, e mais uma vez Nina sentiu falta do seu apartamento. Pelo menos estaria só, perdida nos próprios pensamentos e se afundando nas dores em paz. Odiava as inquisições de sua velha mãe.

— Você poderia ter dado entrada em um, ao invés de estar gastando com aluguel de apartamento. Qual a necessidade disso, com nossa casa em perfeito estado? Você sempre teve espírito consumidor, Nina, sempre comprando coisas inúteis e deixando as prioridades de lado.

— Liberdade sempre será minha maior prioridade na vida.

— Liberdade ou pressa para se livrar da sua família? — Dona Graça indagou, soltando um suspiro em desagrado.

Nina não respondeu. Voltou a fitar o teto estrelado, agora com lágrima nos olhos. Sua mãe nunca entenderia a vontade que a ruiva tinha de se encontrar no mundo. Achar um cantinho em que pudesse se sentir em paz, acolhida e protegida. Um local que ela não fosse uma peça fora do lugar, um que fizesse parte, Nina queria pertencer a algo. Um metro quadrado para chamar de seu, mas isso parecia cada vez mais distante.

— A moça que te ajudou hoje não deixou contato? Seria bom agradecê-la com algo — sua mãe voltou a dizer, mudando drasticamente de assunto.

— Nem o sobrenome.

Lembrou-se da morena esbelta que tinha salvado sua pele. Não queria nem pensar no que teria lhe acontecido se Helena não tivesse aparecido naquele momento, isso depois de julgá-la indevidamente no ônibus apenas pelas roupas que a mulher vestia. Não podia estar mais errada quanto a isso, e logo se envergonhou um pouco mais por ser tão asquerosa. Afinal, quem era ela para julgar os outros, quando a própria se sentia vítima das línguas afiadas alheias?

Helena permanecera ao seu lado até que sua mãe chegasse para acudi-la, mesmo que Nina tivesse insistido para que ela fosse embora e tentasse a entrevista de emprego. A morena não a julgou, a repreendeu, nem nada. Estava apenas interessada no processo, e suas conversas não foram além de perguntas sobre o inquérito. Sua “heroína” preferiu se manter no anonimato, e a ruiva respeitou a decisão dela.

— Uma pena — disse por fim, levantando-se e dando um beijo na testa da filha. — O mundo precisa de mais pessoas como essa moça. Deixarei seu café pronto antes de sair para o trabalho.

Nina sentiu a sensação boa de ter alguém cuidando de si novamente queimar seu estômago, o prazer de usufruir do amor materno que há alguns meses sentia falta. Essa era uma das desvantagens de querer criar asa e voar para bem longe das saias da mãe. Nenhum amor nem vínculo seriam mais forte que o de uma mãe e um filho. Só uma mãe era capaz de perdoar sua cria, ainda que este fosse à pessoa mais horrível do mundo. O sentimento leve logo deu lugar ao desprazer por saber que muitas pessoas não tinham a chance de experimentar aquilo, e não sabia o porquê, mas certo garotinho de cabelos brancos lhe veio à mente.

— Obrigada, mãe. Boa noite.

♦♦♦

Mais uma vez, Hugo deixava o estágio e ia direto para a oficina de escrita, só que não atrasado como da última vez, e esperava que também não tivesse outro contratempo com o sobrinho. Estava especialmente cansado esta noite, porém, o amor pela escrita era maior, assim como a fé em seus objetivos literários. De qualquer forma, sentia-se um velho no corpo de um homem que ainda tinha muito caminho para percorrer, e rapidamente se lembrou das saídas que costumava ter com os antigos amigos do bairro onde morava. A maioria não valia um centavo, mas se era uma coisa que honravam em comunidades carentes, era a lealdade nas amizades; por ela, as pessoas matavam e morriam. Hugo sentira na pele o que era ter que provar sua fraternidade a alguém.

Na faculdade, não podia dizer o mesmo. Por vezes, sentia que a maioria das pessoas o via apenas como um mero concorrente, e não um aliado. Notava que as únicas amizades que funcionavam na instituição eram com base em contatos ou caso alguém fosse extremamente inferior ao seu QI. Engraçado como as pessoas com quem ele costumava conversar não fossem do mesmo curso que o seu, mas ainda assim não podia dizer que mataria e morreria por alguém de lá. Longe disso.

Assim que entrou na biblioteca municipal, deu glória aos céus por não ter se esbarrado novamente com Laura, a escritora de romances eróticos. Tudo o que não queria naquela noite era ter o trabalho de se livrar de uma mulher grudenta, já bastava a vizinha recém-descoberta, Priscila, que realmente estava fazendo dele um objetivo de vida, para seu desagrado eterno. Poderia até ceder a uma das duas mulheres, se não tivesse enxergado de longe que não eram do tipo que se satisfaziam em apenas uma noite. Estavam atrás de relacionamento sério, e essa era uma das coisas que Hugo mais abominava no momento, ainda que não fosse totalmente contra casamentos — desde que ele não fosse o noivo, claro.

Identificou-se na entrada da sala e novamente sentou-se na carteira do meio, dividindo-a com um casal de senhores da meia idade, ainda que houvesse outros lugares disponíveis pelo salão. Melhor seria garantir logo o sossego a contar com a sorte de outra Laura da vida, ou até a própria, não sentar-se ao seu lado mais uma vez. O bom era que os senhores nem ligaram quando Hugo escolheu aquele lugar vago, pois estavam entretidos na leitura em suas mãos: algo entre Graciliano e Bukowski.

Não sabia se Marina tinha encontrado o folheto debaixo da porta ou sequer dado atenção ao pedaço de papel. O cursinho onde trabalhava não lhe deu novas informações a respeito dos candidatos à vaga da ex-professora de redação. Ele mesmo não entendia a ansiedade em saber se Nina se interessou pelo cargo, talvez porque o projeto significasse muito para si e por ter ideia de que a ruiva pudesse ajudar, e muito, os alunos carentes.

Ainda não conseguira pensar em nada para se redimir com a ruiva. Não iria simplesmente lhe pedir desculpas, palavras não curavam mágoas, isso só o tempo faria pela pessoa, ou talvez uma ação. Não se arrependeu da forma que a tratou no primeiro encontro dos dois, era a defesa que Hugo tinha para afastar as pessoas de si. O problema era que seu método não possuía um filtro para separar quem valia a pena de quem não. Tinha bagagem o suficiente para saber que não devia confiar em todos, ou até em ninguém, e que na peneira da vida, os bons grãos estavam sempre abaixo do esperado.

Nina entrou na sala praticamente na hora da aula começar, e não passou despercebido por Hugo que ela parecia um tanto perturbada. Observou a ruiva trocar algumas palavras com Julia, sua assistente, e então Pedro, o aparente puxa-saco da turma, ir todo sorridente alimentar o ego da moça. Ainda não descobrira se o interesse dele era apenas na escrita ou na própria Marina, mas que havia segundas intenções por trás de suas ações, isso havia. Depois a própria não queria admitir que as pessoas fossem movidas a favores. Coitada. Uma grande tola ingênua.

A aula finalmente deu início e Hugo organizou os materiais em cima da mesa. Quando Laura chegou, atrasada, não deixou de cumprimentá-lo com um beijo íntimo no rosto, coisa que não se lembrava de ter permitido. Sorriu internamente ao perceber que não havia nenhum lugar vago próximo a ele. No entanto, notou que Pedro estava sentado a duas cadeiras de onde estava, para o seu desgosto. Pelo menos o cara não lhe dirigiu o olhar desde que entrou, não estava no clima para embates esta noite.

O som da voz de Nina encheu o ambiente e as conversas paralelas cessaram. Ela parecia mais segura que na aula passada, provavelmente já estava se acostumando à nova turma. Deu continuidade ao tema personagens, e Hugo ficou aliviado dela ter enviado o conteúdo completo da primeira aula por email para os alunos, o que o salvou de ficar perdido hoje.

— Ninguém gosta de personagens perfeitos, e quando digo perfeito, não se resume apenas ao bom samaritano, também engloba os vilões que nunca são pegos ou atingidos — Nina explicava para a turma vidrada, então se virou para a imagem do retroprojetor na parede. — Essa frase de Stan Lee, criador de personagens épicos como Homem-Aranha e X-men, diz tudo: “If you’re writing about a character, if he’s a powerful character, unless you give him vulnerability I don’t think he’ll be as interesting to the reader.” Em tradução livre, por mais poderoso que um personagem seja, a menos que você o dê vulnerabilidade, não acho que ele será tão interessante assim para o leitor — a ruiva retornou o olhar à turma. — Afinal, ninguém é perfeito, certo? Um personagem nada mais é que o espelho do ser humano de forma ficcional. Quanto mais próximo for das pessoas que convivemos ou vemos por aí, mais chance ele terá de ser compreendido, amado ou odiado.

Pedro levantou a mão e Nina fez um gesto para que perguntasse.

— A graça da literatura não é colocar um traço imaginário entre a realidade ficcional e a nossa? Deixar os dois mundos o mais distante possível?

— É aí que está, Pedro — Nina disse de forma paciente. — Quando digo para se basearem nas pessoas ao seu redor, não é para se inspirar na vida delas de fato, e sim na personalidade. Também é interessante não se apegar a uma única pessoa e misturar a essência de várias, isso torna o personagem muito mais rico e interessante.

— Eu até consigo criar uma história de vida interessante para meus personagens e torná-los críveis — Laura, a escritora de romances eróticos, comentou —, meu problema mesmo é me manter fiel à personalidade deles do início ao fim do livro.

Uma garota que usava armação de estilo aviador no fundo da sala concordou com a loira.

Nina sorriu, compreensiva. Dúvidas comuns de qualquer escritor amador ou até dos mais experientes, cujas respostas ela praticamente sabia de cor. A sensação boa na boca do estômago estava de volta, o sentimento libertador de fazer algo que amava e ter a segurança necessária para dar conta do assunto. Podia se imaginar a vida inteira assim e viveria no eterno paraíso. Era ali que Nina pertencia, às letras, aos livros, à escrita... seu verdadeiro lar. O coração dela estava nas palavras e na literatura, emitindo assim a única canção capaz de acalmá-la como nenhuma outra: o som flutuante das rimas que se assentavam em sentimentos conflitantes dentro da trama, repercutindo diálogos que nunca existiram e sibilavam entre cenários de lugares que ela sonhava em conhecer.

A literatura era sua vida.

— Você tem três pontos — Nina explicou rabiscando algumas palavras no quadro branco. — O primeiro: os personagens amadureceram durante o enredo e você não consegue mais moldá-los da mesma forma que no início. É o que os leitores esperam no livro, acompanhar o crescimento do personagem e ver aonde isso irá levá-lo. O segundo: eles criaram vida própria e isso pode ser bom ou ruim, pois interfere no plot¹ e você terá que remanejar a história inteira ou simplesmente conduzi-los a rédeas curtas. — Os alunos soltaram risinhos pela expressão utilizada por Nina. — Terceiro: você não está dentro do personagem de fato e por isso não consegue descrevê-lo na história. Com os exercícios que faremos hoje, você verá como incorporá-lo não apenas no papel, mas em sua essência.

Hugo escutava Nina em silêncio. A ruiva realmente tinha capacidade para estar na frente daquela turma, e suas palavras... Ele não podia conter as sensações que sentia ao ouvi-la falar da escrita com tanta paixão. Não parecia uma professora qualquer em busca de dinheiro para pagar as contas, ali apenas por obrigação. Não. Nina estava lá porque amava o que fazia e ele podia afirmar naquele exato momento que ela o faria de graça se preciso fosse. Com certeza aceitaria o convite dele para dar aulas no cursinho se tivesse disponibilidade de tempo.

Enquanto Nina prosseguia a aula, Julia observava Hugo. Não deixou de reparar que o advogado avaliava a amiga de forma diferente dos demais alunos. Havia certa curiosidade no olhar sombrio e carregado, algo como dúvida e admiração. Era cedo para dizer se o rapaz valia a pena ou não, e talvez estivesse com um pé atrás na relação repentina dos dois, mas não custava nada torcer para que Hugo fosse um homem gentil e de bom coração. Alguém para quem Nina pudesse contar.

— Com base na aula de hoje, quero que comecem a pensar num conflito para o personagem criado na aula passada e como ele poderia resolvê-lo. Com a ficha técnica que passarei hoje, isso se tornará fácil — Nina pediu que Julia entregasse as novas folhas aos alunos. — Essa ficha deverá ser entregue respondida na semana que vem. Voltaremos ao tópico personagens mais à frente, como proposto no roteiro do curso disponibilizado no site da oficina — ela deu uma olhada no relógio de pulso e voltou a observar a classe. — Reservei o horário para orientar um por um no andamento da atividade. Quem não veio na primeira aula ou ainda não montou seu personagem, Julia irá ajudá-lo. Quem estiver com a primeira parte pronta, será comigo. A ordem de consulta é sorteio, mas a partir da semana que vem, na medida em que chegarem à aula, favor anotar o nome no quadro que seguirei a ordem. Se alguém precisar sair mais cedo hoje, está liberado. Alguma dúvida?

Uma conversa moderada tomou conta da sala, mas nada que atrapalhasse a criatividade dos alunos. Hugo recebeu a ficha e começou a respondê-la conforme as características do personagem criado exclusivamente para a aula, enquanto Nina sorteava os nomes. Sorte ou azar, Hugo foi o último a ser sorteado, o que provavelmente lhe daria um tempo extra com a ruiva. Ela o evitara a aula toda, nem ao mesmo o olhou uma vez sequer, e ele tampouco participou da oficina com as perguntas costumeiras que gostava de fazer aos professores. Não sabia até onde seria prejudicado por ter uma relação com Nina fora da oficina, ainda mais uma aproximação tão conturbada quanto a deles.

À medida que os alunos eram orientados iam embora, esvaziando a sala gradativamente. Nina nem precisou conferir o quadro para saber que o próximo seria Pedro, devido à forma que ele acenava e chamava sua atenção, nunca abandonando o sorriso branco e brilhante em sua face negra. A ruiva sorriu um tanto encabulada pela intimidade dele com ela, algo que sempre sentia com pessoas ao qual acabara de conhecer. Pedro era um cara legal e daria um ótimo amigo, Nina que fazia o papel da reservada. Pessoas expansivas a intimidavam um pouco, vários momentos da vida desejou ser extrovertida, esse era só mais um. Mal Nina colocara o pé perto dele, que Pedro desatinou em explicar seu personagem. Não pôde deixar de sorrir pela empolgação do aluno, parecia uma criança mostrando um brinquedo novo.

— Desisti da releitura, você tinha razão, criar um personagem totalmente original é muito melhor. Espero que goste do resultado, estou ansioso para que conheça o Cauã, ou Caucau para os íntimos — deu uma piscada no final e Nina o considerou a pessoa mais carismática com quem conversara nos últimos meses.

— Com toda essa apresentação, quero ser digna de chamá-lo por Caucau então! — entrou na brincadeira. — Por acaso seu personagem tem origem indígena ou a escolha do nome foi aleatória?

— Estudei várias tribos indígenas brasileiras e me aprofundei em algumas, acredito que o resultado tenha ficado legal.

Pedro detalhou o personagem enquanto Nina fazia algumas anotações e comentários a respeito do background² do índio. Se ele conseguisse conduzir o livro da forma como o descrevia, com certeza o resultado final seria uma obra de altíssima qualidade literária.

Mais cedo do que queria, o último nome da lista para orientação chegou. Nina lamentou-se pelo advogado não ter tido outro compromisso de última hora que o fizesse deixar a sala mais cedo como na semana anterior. Hugo Torres continuava firme e forte em sua carteira, e notou a ruiva hesitante em se aproximar. Sem saída, ela se obrigou a andar até ele e sentou na cadeira vaga ao seu lado, os senhores de idade já tinham ido embora. Hugo resolveu facilitar as coisas para a moça claramente constrangida e organizou os papéis ao qual estava entretido, pronto para compartilhar as ideias que teve.

Entretanto, o que Nina dissera em seguida, o fez paralisar no lugar:

— Eu sei que foi você quem deixou o panfleto debaixo da minha porta.

Notas de rodapé:

¹ Enredo.

² Fundo da história, ou no caso, fundo do personagem, a história de vida dele.


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Notas finais do capítulo

Não me matem por esse final e nem por ter atrasado o capítulo (de novo, eu sei). Irei mudar o dia de postagem da sexta para o domingo, pois dessa fora terei mais dias livres para trabalhar no capítulo, já que durante a semana é quase impossível escrever para mim. Será que Nina vai aceitar o convite? Será que a relação deles engata dessa vez? Tretas, prevejo tretas, hahaha. Fiquei muito feliz com o feedback de vocês sobre o projeto “Vamos Juntas” no capítulo passado, tenho outros legais para compartilhar, e como comentei com uma das leitoras nos comentários, Cantiga de outro Verão não é apenas um romance entre duas pessoas quebradas pela vida, esse livro tem um papel social também que pretendo levar adiante. Muito obrigada pelo carinho de vocês, e continuem me dizendo o que estão achando da história, fico muito emocionada com cada mísera palavra que vocês deixam de coração para mim (e respondo a todos!). s2 Ah, vem trailer da história por aí, aguardem!!! Já seguiram o tumblr? Se eu sumir, vocês me encontram fácil, fácil por lá (não precisa ter conta para enviar mensagem): cantigadeoutroverao.tumblr.com. Beijão no core e até o próximo capítulo! õ/