Cantiga de outro Verão escrita por DezzaRc, A Little Dreamer


Capítulo 12
Futuro


Notas iniciais do capítulo

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Música do capítulo: Cafuné - Pedro Salomão



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Quando Nina acordou novamente, o sol estava prestes a se pôr. Permaneceu alguns minutos na cama, ou seriam horas, não saberia dizer. Não tinha nada que a animasse sair do canto quente e confortável. Viveu realidade demais naquele sábado turbulento. Dormir era o mais próximo que tinha de sumir desse mundo miserável, pelo menos por algumas horas.

Suas divagações foram interrompidas por um barulho vindo da sala de estar. Os olhos verdes rapidamente entraram em alerta, pois se lembrava de ter batido a porta na cara do advogado intrometido e passado a tranca, para que ele não pudesse interrogá-la, como se Nina tivesse no tribunal, julgada pelo juiz na corte.

Patético.

Antes que fosse obrigada a levantar da cama e averiguar, o intruso passou em frente à porta do seu quarto, provavelmente indo ao banheiro logo ao lado.

Dona Graça, sua querida mãe. Novamente. E no mesmo mês.

Nina segurou um xingamento e cobriu a cabeça. Qual o significado de morar só, se sua mãe parecia passar mais tempo em seu apartamento que na própria casa? Sabia que a história da mãe ter uma cópia da chave não seria coisa boa.

— Vai dormir o dia todo, Nina? Tem nada para fazer, não é mesmo? Vida boa...

Ouvir a velha ladainha da mãe lhe despertava uma raiva descomunal. Odiava a forma que a menosprezava e rebaixava seus feitos. Na cabeça de Dona Graça, só ela era trabalhadora e dava duro na vida, enquanto o restante da humanidade vivia de sombra e água fresca. Isso a enervava. E muito.

— Boa tarde para a senhora também, mamãe — respondeu irônica. Tirou o cobertor do rosto e resolvera tomar um banho para se livrar de vez daquele mal estar. Graças ao calmante, as angústias lhe deram um tempo, mas sentia a cabeça pesar pelo tanto de horas que se manteve desligada. — O que faz aqui, afinal? Achei que meu aniversário fosse semana que vem.

Nina permaneceu sentada na cama, aguardando a mãe liberar o banheiro. Quando finalmente o fez, Dona Graça não estava nem um pouco disposta a deixá-la em paz tão cedo. Invadiu o quarto, indo direto à janela escancarar as cortinas. Sorte que estava escurecendo, senão Nina receberia todo aquele sol de vez no rosto sonolento.

— Seu amigo me ligou. E que amigo, hein? — deu uma pausa. — É o pai daquele garotinho fofo que estava na sua porta um dia desses? Essas coisas você não me conta.

Em outra ocasião, Nina teria revirado os olhos. Mas eles estavam arregalados com o que tinham acabado de presenciar.

— Como é que é?!

Dona Graça olhou a escrivaninha abarrotada da filha, retorcendo a boca.

— O pobrezinho estava preocupado com essas suas crises neuróticas, e me atendeu pelo seu celular. Eu quem devia fazer as perguntas por aqui, mocinha! — cruzou os braços, fitando-a de forma sugestiva. — O que seu celular estava fazendo na mão dele? Você passou a noite com esse rapaz? Não estou te julgando, é só que...

— Para, mãe! Só para! Pelo amor de Deus! — Nina respirou fundo, tentando se acalmar, em vão. — Você não pode simplesmente sentir um pouco de empatia por mim? Tive uma semana horrorosa, fui assediada, sofri um assalto com tiros ontem, passei por uma crise de ansiedade daquelas, e tudo que a senhora quer saber é se estou fazendo sexo com um cara que mal conheço?! É difícil perguntar como estou? Por que a vida de todo mundo te interessa, menos a minha? Que saco!

Nina jogou os cobertores de lado e deu um pulo da cama. Sentia-se exausta emocionalmente depois daquela explosão; por experiência própria, discutir com a mãe não a levaria a nada. No final, quem sairia machucada da briga seria sempre a ruiva, o elo mais fraco da relação.

— Nina...

— Depois a senhora me pergunta por que saí daquela droga de casa!

Tudo que Dona Graça ouviu em seguida foi o estrondo da porta do banheiro sendo fechada com força. A vontade de Nina era de quebrar a casa inteira, tamanha raiva que sentia dentro de si naquele instante. Odiava aquela situação, mais ainda Hugo Torres. Por que não podia voltar a ignorá-la como fizera quando se conheceram no corredor? Por que começar a ser altruísta logo agora? Se ao menos tivesse feito algum esforço para conhecê-la, saberia que tudo que Nina não precisava naquele momento era da mãe.

A culpa podia até não ser inteiramente dele, mas ela precisava descarregar aquele ódio em algo. Ou alguém.

Atirou as roupas no chão e entrou debaixo do jato quente, os músculos tensos gritando em agradecimento. Desejava que não só a sujeira e o suor descessem pelo ralo, mas também suas dores. Sentia-se um pouco ofegante e torceu para que a crise não voltasse, pelo menos não hoje. Tentou se acalmar e pensar em coisas felizes; seus livros, talvez. Precisava voltar a escrever com urgência.

Dona Graça não estava mais no quarto quando voltara. Ainda não era uma vitória, pois sabia que a mãe não retornaria para casa à noite, temerosa com a violência urbana. A relação entre as duas sempre foi turbulenta; raros eram os momentos em que se entendiam. Não havia pedido de desculpa depois das discussões. Cada uma que juntasse seus pedaços e os levassem consigo, como se nada tivesse acontecido.

Vestiu um conjunto de moletom e desembaraçou a cabeleira ruiva. Sua barriga protestava de fome; teria que enfrentar a mãe novamente mais cedo ou mais tarde, não podia evitá-la para sempre.

A TV estava ligada no noticiário das dezenove horas. Nina passou toda dura pela mãe, indo preparar um sanduíche, mas foi interceptada pela voz doce que conhecia desde que nascera.

— Não sabia do assalto, filha. Sinto muito. Você não me conta nada da sua vida, como quer que eu adivinhe o que se passa por aqui?

Nina preferiu permanecer na bancada da cozinha ao invés de sentar ao lado da mãe, no sofá. Mantinha-se mais segura dessa forma.

— Você não me dá a oportunidade de dizer, mãe. Até hoje acha que minha ansiedade não passa de pura invenção da minha cabeça.

Dona Graça a ignorou.

— Quem sabe o que se passa na sua cabeça, Nina? Você é muito complicada. Se não me disser as coisas, nunca vou saber de nada.

Pressentindo a nova onda de discussão que se formaria ali, inspirou fundo mais uma vez e deixou para lá. Não aguentaria outra provação emocional. Terminou de comer apenas com o som da TV ligada, nenhuma das duas ousou dizer mais nada.

Antes de retornar ao quarto, porém, Nina murmurou:

— Se me ama como diz, faz um favor e pega minhas coisas na casa do vizinho. Mas garanta que ele não venha me procurar depois. E não, não estou me relacionando com ele, de forma alguma. Quero distância daquele homem.

♦♦♦

Helena achou estranha a fila que se formara na calçada do outro lado da rua. Era plena quarta à noite, e ela arrastava Guga pelo braço sem muita paciência, equilibrada em seus saltos. Mesmo àquela hora, o clima não esfriara. Maldita cidade litorânea, que mais parecia o inferno na Terra.

Mama, o que essas pessoas estão fazendo? — Guga perguntou, apontando para as pessoas e quase atravessando seu caminho no processo.

Ela o puxou para o lado, impaciente, sem tirar os olhos da multidão.

— Quem sabe, menino. Anda logo.

— Mas minhas pernas estão doendo.

Helena revirou os olhos e praguejou.

— Se falasse menos, elas não doeriam.

Guga abriu e fechou a boca, mas nada disse. Na mente infantil, o que a mãe lhe disse não fazia sentido. Ele falava com a boca, não com as pernas. Iria perguntar ao papa o que aquilo significava. A morena, por outro lado, agradeceu aos céus o silêncio do garoto. Enfim, descobriu o paradeiro do irmão. Pobre realmente era uma pessoa sem sorte, mas não ela esta noite. Tinha conseguido um encontro com Gregório, mas Hugo não precisava saber a verdade. Para ele, um bico extra no restaurante bastava. Sua sorte era que tinha o hábito de se arrumar, independente do evento; o irmão não notaria a diferença.

Deu boa noite ao porteiro sem nem ao menos olhar em seu rosto. Sentia, no entanto, a cobiça do homem em seu corpo. Mais um porco nojento solto por aí. Ao sair no terceiro andar do prédio do irmão, deparou-se com um rosto conhecido. Antes que pudesse falar algo, porém, Guga puxou o braço gorducho do seu aperto e saiu correndo em direção à mulher.

— Tia Nina!

Nina mal teve tempo de digerir o que estava acontecendo, quando o garotinho agarrou-lhe as pernas cobertas pelo jeans. Por pouco não perdeu o equilíbrio. Temeu encontrar o vizinho no elevador, mas ficou confusa com quem viu: a mulher que a ajudara no dia do assédio. Que mundo pequeno, pensou.

— Ei, garotinho — respondeu sem graça, bagunçando o cabelo loiro de cuia.

— Vamos brincar hoje, tia Nina? Diz que sim, por favor! — Ele sacudia-lhe as pernas, os olhos azuis pidões sem desviar dos seus. Era incrível o modo como repetia cada sílaba, sem errar as concordâncias das palavras.

Por pouco, a ruiva não cedeu aos seus encantos. Não entendia a influência que aquele projeto de gente tinha sobre ela. Crianças lhe eram um pé no saco. Não estava muito animada para sair também, ainda mais depois dos últimos acontecimentos. Se pudesse, se trancaria no quarto e só sairia de lá na próxima encarnação. Uma mais feliz e positiva que essa, de preferência.

— Hoje não posso. — O rosto infantil murchou um pouco, e seu coração se apertou no processo. Crianças não deveriam sentir tristeza, era a melhor fase da vida delas, a única talvez para terem o gostinho da felicidade genuína. — Mas prometo que outro dia eu brinco, sim.

O sorriso sincero e maior que a boca moldurava o rostinho gorducho mais uma vez, e Nina não pôde deixar de sorrir de volta.

— Que mundo pequeno esse, hein... Marina, né? — Helena se pronunciou finalmente, só então a ruiva se recordara de que não estavam a sós. — Você é vizinha do Hugo?

Nina assentiu, sem muita emoção. Queria dizer que infelizmente sim, mas não sabia o grau de intimidade entre os dois. Olhando com atenção, ela se parecia um tanto com o advogado; os cabelos negros levemente ondulados e armados, os olhos igualmente escuros e os traços angulosos do rosto. Ambos tinham presença, não eram o tipo de pessoa que passava despercebida por aí. No caso de Helena, não era somente a beleza que despertava o interesse das pessoas; a forma como se vestia também. As roupas com certeza chegavam primeiro que a dona delas.

A ruiva franziu o cenho. Não teve a oportunidade de responder, pois a porta da frente foi aberta no instante seguinte.

— Que demora! Achei até que teria de ir buscá-lo — a voz grossa e odiosa de quem ela menos queria ouvir disse, fitando Helena de forma significativa.

Guga era o único que não notava o clima pesado. Era apenas uma criança inocente no lugar errado, na hora errada e com as pessoas mais erradas ainda. Passou por cima da rabugem do tio e correu para abraçá-lo como fez com a ruiva. Hugo rapidamente o colocou para dentro depois que se despediu de Nina, balançando as mãozinhas no ar e lhe mandando um beijo.

Era sua deixa para se mandar. Não entendia a reunião no corredor, tampouco queria ficar ali e ver o desfecho dela. Tratou de sair de lá, evitando olhar diretamente para Hugo, mas Helena a impediu, segurando-lhe pelo braço.

— Vou descer com você. Completei minha missão por aqui.

Hugo fitou Nina com interesse. Não o via desde a manhã de sábado, depois que acordara no apartamento dele. Dona Graça pegou suas coisas na mão dele, como a filha pedira, sem mais delongas. Nina agradeceu silenciosamente pela mãe não retomar o assunto constrangedor de que os dois tinham um caso. Nem que precisasse vê-lo tão cedo depois disso.

— Boa noite, Marina. Não cumprimenta mais os vizinhos? Não sabia que conhecia minha irmã adorável.

Nina mordeu os lábios e soltou um suspiro. Estava fora de sua zona de conforto, aquele excesso de atenção a incomodava profundamente.

Precisava tomar um pouco de ar fresco.

Helena não podia ser irmã daquele homem, parecia ser uma pessoa tão incrível. Mas se o fosse, não poderia ser a vaca da mãe do pequeno Guga. A que o largava por aí sem ao menos se importar com o bem estar da criança. Ela a ajudou, se preocupara mais que muitos que a conheciam!

Sua cabeça estava prestes a explodir. Tinha que dar logo o fora dali.

— Estava boa até você aparecer.

Nina foi direto para o elevador e apertou o botão para chamá-lo. Pôde ouvir a sonora gargalhada rouca às suas costas. Helena permaneceu em silêncio, interessada na pequena discussão que se iniciara ali.

— Olha só quem resolveu colocar as garras de fora — Hugo continuou. Nina bufou e o achou o maior imbecil do mundo. — Cuidado com as novas companhias, Marina. Quem anda com porcos, farelo come.

A ruiva não sabia se sentia raiva do deboche em sua voz ou se ria do ditado tosco que acabara de escutar. Já estava na hora daquele circo acabar. Encarou os números dos andares em cima da porta, batendo o pé no chão.

— Obrigada pelo alerta. Passarei o mais longe possível de você.

O elevador finalmente deu as caras e Nina praticamente correu para dentro da caixa de aço. Sabia que Helena a seguia de perto, pois escutava o barulho irritante dos seus saltos em contato com o piso. Apertou o botão para que as portas metálicas se fechassem depressa, mas ainda assim deu tempo de Hugo jogar-lhe um beijo no ar, sorrindo malicioso em seguida.

A ruiva virou o rosto, o semblante fechado, e se deparou com o meio sorriso de Helena. Xingou mentalmente. Malditos genes. Os dois tinham o mesmo sorriso cafajeste. Aquela mulher era a versão de saias do advogado, como não notara isso na delegacia? Talvez pelo baque que levou naquele dia.

— Uau — Helena quebrou o silêncio. — O que foi isso entre vocês? Deu um fora nele ou algo assim? Nunca vi meu irmão tratar alguém dessa maneira, exceto eu, claro.

Nina segurou o impulso de rir. Rir não, gargalhar. E com vontade. Como se Hugo fosse dar ibope a alguém como ela. As Priscilas da vida deviam fazer mais o tipo dele, como a maioria dos homens com seu porte e beleza física, não garotas franzinas e sem atrativos como a ruiva. Não que se importasse, porém. Com outros caras, sim. Mas Hugo Torres? Pela primeira vez na vida, agradeceu por não ser agradável aos olhares masculinos.

— Antes fosse. Teria sido mais fácil, acho. Se não se importa, não gostaria de falar sobre isso. Seu irmão me dá nos nervos.

— Bem, isso eu entendo perfeitamente! — concordou de imediato. O elevador chegou ao térreo e as duas saíram, lado a lado. Helena mudou bruscamente de assunto. — Você está bem com o que aconteceu no ônibus?

Sabia que não era uma pergunta muito delicada, mas queria saber. Marina parecia ser uma mulher tão frágil, sentia necessidade de ajudá-la. Nina, no entanto, a encarou, desconfiada. Talvez Helena fosse uma pessoa de veneta como o próprio irmão, devia ser algo de família. Como podia tratar o filho daquela forma e ser tão compreensiva com ela ao mesmo tempo?

— Estou viva — respondeu, querendo se livrar logo da companhia.

Helena percebeu a esquiva da ruiva e achou melhor não insistir. Logo estavam do lado de fora do prédio, no largo. Nina estava pronta para pedir um táxi, pois estava insegura em sair de ônibus àquela hora, quando Helena parou de repente, chamando sua atenção.

— Vem cá, você sabe o que é aquele alvoroço ali? — a morena apontou com a cabeça o outro lado da rua, e Nina seguiu a direção do olhar. — É emprego?

Com a crise que o país estava sofrendo, vaga de emprego arrastava tanta gente quanto trio elétrico no carnaval de Salvador. Ou até mais.

— Não — respondeu, sem desviar os olhos da fila. — Uma cigana.

Helena soltou um muxoxo.

— Que besteira. As pessoas ainda gastam dinheiro com isso? — sacudiu a cabeça, em desprezo. — Quanta tolice. Enfim, foi um prazer revê-la, Marina! — Helena a abraçou e Nina se sentiu desconfortável. Não era muito chegada a interações físicas, ainda mais em público. Sem saber bem o que fazer, deu alguns tapinhas nas costas da morena, aliviada quando ela se afastou, sem notar seu desconforto. — Até qualquer dia.

Ela acenou e partiu, embrenhando-se nas luzes dos postes de iluminação. A elegância e classe em pessoa, travestida de roupas vulgares e promíscuas. Essa era Helena Torres.

Nina voltou a fitar a fila, curiosa. Tolice. Realmente o era. Mas por que algo a puxava para lá? Julia já tinha lhe convidado, e Jacque provavelmente o fora. Seu próprio pai frequentava uma. Que mal faria experimentar? O máximo que perderia seria seu amado dinheiro. Mediu o tamanho da fila e checou o relógio de pulso. Estava adiantada para se encontrar com Jacque no cinema, restava-lhe tempo de sobra para fazer esse pequeno desvio de percurso.

Seus pés caminharam antes mesmo que ela pudesse tomar uma decisão. Era sua maior loucura em anos, e de certa forma a fez se sentir bem. A ansiedade boa e certa estava lá, as borboletas batendo as asas animadas, seus poros agraciados com um pouco de vida novamente. Até a desanimação tomar conta mais uma vez e jogar água em seus planos.

O que estava fazendo?!

Ia dar meia volta e chamar o táxi, mas parou bruscamente ao ver Hugo sair do prédio com Guga montado em seus ombros. Os dois estavam presos em uma conversa calorosa, o sorriso nunca abandonando seus rostos. Guga batia palmas e apontava para frente, enquanto o tio concordava com a cabeça, sem desviar os olhos do que o pequeno dizia, as mãos presas nas pernas curtas do sobrinho. A relação entre os dois parecia ser sincera, Hugo aparentava ser um bom pai para aquela criança, que provavelmente não tinha um. E nem mãe.

Balançou a cabeça e tratou de ser encolher entre as pessoas da fila. Não queria ter de enfrentá-los mais uma vez, e no fundo achou que pudesse ser um sinal para se consultar com a cigana.

Quando sua vez finalmente chegou, sua ansiedade dera lugar ao medo. O que faria se escutasse que mais coisas ruins estavam a caminho? Se não houvesse felicidade em seu futuro? Que a vida se resumiria a angústia que vivia? Era tarde demais para sair dali. Apertou a alça da bolsa no ombro ossudo e tratou de regular a respiração. Um rapaz que parecia ser mais novo que ela, com algumas espinhas no rosto e mais magro também, a encaminhou até a mesa da cigana logo depois de ela ter feito o pagamento.

Nina quis saber como ele se sentia sobre sua magreza excessiva, se tinha vergonha do corpo como ela tinha do dela, mas seus pensamentos foram interrompidos pela velha senhora parda vestida de branco atrás de uma mesa. Sentiu um arrepio subir pela espinha, mas o ignorou. Ela se apresentou e pediu para que Nina se sentasse. Em seguida, entregou-lhe um baralho de tarô, de modo que a ruiva o embaralhasse e o devolvesse. Já vira aquelas cartas antes e tinha curiosidade em como lê-las. No entanto, nunca mergulhou a fundo no assunto.

A cigana pediu para que Nina retirasse algumas cartas e organizou-as na mesa. Explicou o que significavam rapidamente, ao mesmo tempo em que lia a personalidade da garota em cada uma delas. Era realmente impressionante.

— Vejo tristeza em seus olhos — disse a senhora em voz baixa, sem tirar os olhos dela. — Há uma nuvem que me impede de te enxergar de verdade. Quanta dor em seu coração, menina. Isso está lhe corroendo de dentro para fora, encobrindo suas qualidades. Não deixe que se espalhe e tome conta de você, ou poderá ser tarde demais.

Nina engoliu em seco.

— Como posso combater isso? — indagou trêmula, tentando aquecer as mãos frias na blusa de algodão.

A cigana tocou em uma das cartas.

— O seis de Copas. A força está dentro de você. O arcano conselheiro pede que retorne ao passado, a resposta está nele.

— Como uma regressão?

— Não é para tanto, mas precisará de ajuda.

— De quem? — Nina quis saber, confusa.

— As cartas não citam nomes, querida — a senhora lhe explicou com calma. — Compreender o passado é evitar cometer os mesmos erros no futuro. Não ignore a história, ela tem seu devido valor e peso.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas! Como estão? Este capítulo foi uma lufada de ar fresco depois da tempestade que passamos no último, não é mesmo? Quem aí quis rir/matar o Hugo junto com a Nina? E esse final aí, quem será que pode ajudá-la a sair desse buraco que ela se meteu? Finalmente Helena e Nina foram devidamente apresentadas! O que acham da relação entre as duas? Mandem suas apostas nos comentários, vou adorar ler (e responder!) cada mensagem. ♥

Ps.: estou bem triste por NINGUÉM ter comentado no último capítulo. Teve mais de 40 acessos nele, e ninguém pôde gastar um tempinho para deixar um feedback da leitura? :'(
Desse jeito vou desanimar e parar de postar aqui no site, continuar apenas pelo Wattpad. :(
Espero que vocês se motivem mais com esse aqui!
Beijos e até semana que vem. ;)
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