Cantiga de outro Verão escrita por DezzaRc, A Little Dreamer


Capítulo 13
Musa


Notas iniciais do capítulo

Aviso: este capítulo contém palavras de baixo calão.
Música do capítulo: A cada vento - Emicida.



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O cursor continuava piscando na tela em branco do notebook. Hugo coçou a testa, fitando a página do Word sem saber o que escrever. Um tenebroso bloqueio criativo lhe assolava, algo que as pessoas que trabalhavam com ideias mais temiam enfrentar. Não gostou do personagem que criara para a aula de Escrita Criativa, tampouco teve a oportunidade de discutir a respeito com a orientadora. Algo lhe dizia que estava perdendo tempo nas aulas, uma vez que estragara tudo com a professora. Porém, necessitava de ajuda com a escrita e, querendo ou não, as aulas de Marina eram tudo que seu dinheiro dava para pagar no momento.

Havia algumas opções de personagens de outros livros rascunhados, mas almejava novidade, algo que marcasse sua nova fase. Reviver personagens antigos era como chutar cachorro morto; não queria, e nem tinha, mão para eles mais. Hugo desejava embarcar em uma nova história e aportar em um novo desafio de escrita.

Encarar a página vazia não estava ajudando.

Tomou o último gole da Heineken já quente e mais amarga que o normal, levantando-se para jogar a garrafa fora. O quarto estava iluminado somente com a luz do monitor, pois Guga ressonava baixinho em sua cama, preso no décimo sono àquela hora da madrugada. Tinha de acordar cedo para a faculdade, não antes de deixar o sobrinho na creche no outro lado da cidade. Mas a insônia, sua amada companheira, decidiu o contrário.

Fechou a janela antes de deixar o cômodo, a noite esfriara de repente e não queria que o garoto ficasse doente. Depositou a garrafa ao lado do lixo da cozinha e apanhou o maço de cigarro sobre a bancada. O verso da caixa vermelha lhe saltou os olhos, a imagem de um enfermo estampada para assustar os usuários. Não era viciado, apegava-se ao artifício quando precisava relaxar. Já se livrara de vícios demais, o cigarro era tudo o que lhe restava e o manteria enquanto não encontrasse coisa melhor. Era um péssimo exemplo para Guga, mas ele era pequeno demais para entender as necessidades emocionais do tio.

Queria descer e dar uma volta fora do prédio para espairecer. Enfiou o maço no bolso da calça jeans e deixou o apartamento, a porta da saída aberta para o caso do sobrinho acordar e não encontrá-lo. Foi direto à escada de incêndio e sentou no degrau, estirando as pernas musculosas e acendendo um cigarro. Era o máximo de distância que poderia permanecer fora de casa. Às vezes, compreendia a irmã. Criar uma criança não era tarefa fácil, tampouco achou que o fosse. Elas não eram como adultos que poderiam ser ignorados num dia ruim, ainda que Helena o fizesse com frequência. Elas eram prioridades, suas vidas estavam acima da de quem as cuidavam, sempre.

Hugo nunca sonhou em ser pai, nem ao menos pensava na hipótese. Essa palavra, até pouco tempo, dava-lhe calafrios. Não possuía referências na vida para exercer o papel, tivera um doador de espermas ao invés de uma figura paterna. A verdade era que ninguém sabia ser pai, até que simplesmente o era. Hugo não se considerava um, embora o sobrinho lhe chamasse como tal. Entendia o peso da sua presença na vida do pequeno Guga, o quão significativo para a criança seria representar aquela pessoa. Mas não era seu pai. Um tio lhe soava distante, no entanto. Um bom amigo, talvez. O melhor amigo? Um dia, possivelmente.

Escutou passos abafados nas escadas e fitou com interesse quem subia. Assoprou uma baforada do cigarro, os olhos escuros presos na figura corada revelada sob as luzes vermelhas. Ergueu uma das sobrancelhas grossas, sem se mover um centímetro de onde estava sentado.

— O elevador quebrou novamente?

— Não. — A ruiva abanou a mão em frente ao rosto para dissipar a fumaça sufocante. — Não tinha lugar melhor para fumar esse veneno?

Hugo deu um sorriso torto antes de soltar uma nova lufada de ar, o que irritou ainda mais a vizinha.

— Por que não subiu pelo elevador?

— Não estava a fim — respondeu sem rodeios, ajeitando a alça fina da bolsa no ombro ossudo. — Quer fazer o favor de dar licença?

O advogado a ignorou.

Seus olhos cansados percorreram o corpo da ruiva, dando-se conta de como ela estava ótima esta noite. O all star de sempre, talvez sua marca registrada, assim como a calça jeans lhe abraçando as curvas tímidas, as pernas finas ainda mais esguias. Recordou-se e sorriu internamente de como pareciam bem desnudas quando Nina lhe atendeu em seu apartamento, o short minúsculo que pouco lhe dava asas a imaginação. Aquele suéter folgado, entretanto, bloqueava-lhe qualquer pensamento pervertido que pudesse ter. Os fios ruivos, por outro lado, roubavam toda atenção; era a cartela de tons do pôr do sol num dia quente de verão, iluminado e acetinado, até mesmo conseguia sentir a brisa fresca no final da tarde quando se moviam. Vinícius de Moraes escreveu sobre a garota na praia de Ipanema, mas Hugo poderia facilmente se inspirar na ruiva da escada de incêndio no prédio em que morava.

Naquele momento, nasceu a personagem que iria desenvolver para as aulas de Escrita Criativa de Marina Dias: uma mulher misteriosa que o surpreendia toda vez que se encontravam, cheia de camadas e com um passado obscuro no final delas. Sua vizinha escrevia com a alma, mas a garota da escada de incêndio irradiava sua essência através do canto. Um canto de verão, assim como seu cabelo nas cores do pôr do sol.

Hugo sorriu. Não um de seus sorrisos cínicos e zombeteiros. Um sorriso sincero, como há muito não sentia, com direito a covinhas e rugas ao redor dos olhos. Nina, que até então tentava não entrar em combustão espontânea tamanha raiva sentida pelo advogado prepotente, assustou-se com a intensidade daquele gesto. Nunca o achou tão parecido com Guga como naquele instante, e a sensação de reconhecimento despertou um sentimento bom dentro de si diante a expectativa de que ele pudesse ter algo agradável guardado em seu ser, tão puro quanto à doçura infantil do sobrinho.

Por breves segundos, quis descobrir o que seria.

Então ele se levantou, interrompendo seus devaneios, sem nunca desviar os olhos dela. Segurou-a pelos ombros e disse:

— Marina Dias, você é realmente espetacular!

Hugo aproximou-se rapidamente e depositou um beijo estalado em sua testa, pegando-a desprevenida. O cigarro pela metade queimava ao seu lado e Nina retorceu o nariz, não mais pela ação inesperada do advogado. Então o moreno se virou sem dizer mais nada, o sorriso carimbado no rosto anguloso e a mente explodindo num turbilhão de ideias prontas para serem exploradas.

A noite seria longa, e numa das formas que ele mais gostava que fosse.

♦♦♦

O sol nem mesmo tinha dado seus primeiros sinais de vida quando a música padrão do despertador soou retumbando nas paredes finas do apartamento. A vontade de Hugo era de jogar o aparelho longe, mas não tinha terminado de pagar as prestações da fatura do cartão de crédito, e nem pretendia repetir o custo tão cedo. Esfregou as mãos no rosto amassado e se espreguiçou antes de finalmente levantar. Guga não mexeu um dedo no processo e Hugo ressentiu ter de acordá-lo tão cedo. Se estivesse em sua própria casa, poderia dormir um pouco mais, mas não era o caso. Precisavam se apressar, ou ambos estariam atrasados para o longo dia que vinha pela frente.

Contornou a cama e acariciou a cabeleira loira do sobrinho, agitando-o de leve.

— Ei, campeão, está na hora de salvar o dia.

O garoto murmurou palavras inaudíveis sem abrir os olhos e Hugo sorriu.

— O mundo precisa de você, rapazinho. Vai deixá-lo mesmo na mão?

Guga abriu os olhos, sonolento, e deu um sorriso fraco, feliz por encontrar o tio ao invés da mãe. Não entendia porque não podia ficar ali para sempre, falta de vontade da sua parte que não era.

— Posso usar minha roupa do Homem Aranha?

— E você trouxe?

Ele assentiu com a cabeça.

— Então vamos tomar banho e vestir.

O loirinho não esperou o tio falar duas vezes antes de saltar da cama e dar um de seus gritinhos animados, além do sorriso radiante. Hugo sorriu de volta e o depositou no chão em seguida, que foi aos pulos até o banheiro. A espontaneidade do sobrinho ainda era uma incógnita para sua mente engessada, mas desejou no ínfimo que aquele brilho inocente não se apagasse tão cedo como o seu próprio na mesma idade. Ajudou o pequeno no banho ao mesmo tempo em que jogava uma água no corpo, e o deixou pronto no sofá, a TV ligada em um canal infantil. Para sua infelicidade, o porco rosa preencheu a tela e ele resmungou, aumentando o volume a contragosto. Amava aquela criaturinha, mas os grunhes irritantes de Peppa Pig e sua família, seja lá o que fossem, eram demais para ele.

Olhou a despensa e confirmou que precisava fazer mercado em breve. Logo as contas chegariam no final do mês, assim como o aluguel recente, e Hugo se preocupou. Fizera uma lista de prós e contras antes de se mudar. Sabia dos percalços que passaria bancando um apartamento sozinho, ainda mais com o estágio que não lhe pagava tão bem. Mas não aguentava mais as dificuldades de locomoção onde vivia, além das brigas constantes com Helena. Fora o fato de ser um homem solteiro de 25 anos e desejava viver como tal. Privacidade e paz de espírito era tudo que queria, e dividir o teto com a irmã não estava nos pré-requisitos básicos. Usaria suas economias nos próximos meses para complementar a renda, enquanto o contrato no fórum não terminasse e pudesse, enfim, mudar-se para o escritório de um dos seus mestres da universidade. As coisas finalmente estavam caminhando na direção certa. Não via logo a hora de se formar e ser contrato em tempo integral, assim ganharia mais que qualquer estágio ofereceria.

Preparou a vitamina de Guga e um café forte para si. Enquanto bebericava o líquido fumegante na bancada da cozinha, conferiu suas mensagens no smartphone. Por sorte, recuperou o número antigo e a lista de contatos. Leu sem interesse a conversa do grupo da federal, outros que participava e trivialidades de conhecidos no particular, comentando em algumas. Bufou ao abrir o número não salvo na lista e aparecer a foto dos peitos de uma morena bonita, junto com um texto que nem deu atenção. Perguntou-se como sempre obtinham seu número. Respondeu uma mulher por quem nutria interesse nas últimas semanas, e já ia deixar o telefone de lado quando apareceu uma nova notificação de mensagem. Um dos ex-vizinhos do antigo apartamento.

Clicou na foto e esperou que carregasse, tomando mais um gole de café. Por pouco não cuspiu tudo com o que viu.

— Mas que porra... — ele interrompeu sua fala e olhou o sobrinho, que estava distraído rindo da porca rosa, para seu alívio. — Não acredito.

Na legenda da foto, havia várias interrogações. Hugo não perdeu tempo e clicou no ícone para fazer uma chamada de voz. A pessoa não demorou em atender.

— Que droga é essa, cara?! Onde você arranjou essa foto?

— Sabia que não fazia ideia disso — Marcus zombou do outro lado da linha, incerto com a reação do amigo. — Falei pro Tavares, mas ele não acreditou em mim.

— Era só o que me faltava! — Hugo enfiou os dedos no cabelo, furioso. — Onde é essa casa de prostituição?

O advogado seguiu para o quarto, de modo que o sobrinho não pudesse escutá-lo.

— Mano, fica calmo. Ela deve ter uma explicação...

— Que explicação?! Helena nunca teve juízo naquela cabeça oca. Vai me explicar que resolveu virar prostituta para pagar as dívidas? E eu achando que aquela vadia trabalhava na merda de um restaurante, Marcus, não um prostíbulo!

— O Tavares a viu atendendo no restaurante semana passada.

— Marcus, você não tem ideia na merda que essa vagabunda se meteu agora. Por causa dela, eu posso perder o meu sobrinho. Já pensou se alguém a denuncia ao Conselho Tutelar? Não tenho condições alguma de assumir a guarda do Guga agora!

Marcus temeu pelo amigo.

— Sinto muito... Vou te mandar o endereço do lugar, mas veja lá o que vai fazer. Se não agir com cautela, será pior.

Hugo sentiu a espinha gelar só de pensar na possibilidade de perder a guarda do sobrinho por irresponsabilidade da irmã. Jamais a perdoaria se isso acontecesse, não gostava nem de imaginar. Em sua cabeça, se não mentalizasse a situação, ela teria menos chances de se tornar realidade. Era o que faria: empurraria aquele problema para um lugar bem longe de sua mente e fingiria que nunca pensou no assunto.

Guga não percebeu a súbita mudança de humor do tio. Hugo não gostava que ele estivesse a par dos problemas pessoais dos adultos... Algo que ele e Helena não eram poupados quando crianças. Podia escutar até hoje os gritos da falecida mãe discutindo com o homem que lhe doou espermas na cozinha, as lágrimas assustadas da irmã escondida no cobertor que dividia com ele, ambos espremidos em um berço velho sem a proteção nas laterais, que mal dava para se mexerem. Queria poder levantar e ajudar a mãe, ainda mais quando escutava as panelas baterem no chão e o choro abafado de Suzana. Tinha pouco mais da idade de Guga e se sentia responsável pela situação dela, ao mesmo tempo inútil, por não conseguir nem fazer Helena parar de chorar. Uma criança não deveria carregar um fardo tão pesado. Se dependesse dele, Guga nunca passaria por algo parecido.

A tagarelice do sobrinho ao menos o distraiu de seus problemas pelos longos minutos que se seguiram de percurso até a creche na comunidade. Não tinha orgulho do seu passado nem de onde morava. Se pudesse, apagaria todas aquelas memórias para sempre de sua mente. Não eram lembranças bonitas, muito menos lhe proporcionavam o sentimento de superação. Pelo contrário, só o recordava o quão fraco e dependente ele podia ser na vida.

Depois de descer do ônibus, ainda havia uma boa caminhada a pé, uma vez que o transporte público não entrava nem na metade do bairro, por medo da violência urbana e o tráfico de drogas na região. Algumas pessoas lhe cumprimentavam pelo caminho, outras ele acenava em troca. Para seu próprio bem, ser conhecido naquelas ruas foi algo que garantiu sua sobrevivência todos aqueles anos. Esperava com todas as suas forças que não precisasse compartilhar o manual com o sobrinho, iria tirá-lo dali antes mesmo que sua consciência da vida estivesse despertada.

Não se surpreendeu ao encontrar Marcus na porta da creche de Guga. Estava um pouco ofegante por conta das ladeiras e da roupa social quente que usava para trabalhar. O moreno jogou fora o cigarro assim que o viu, e Hugo revirou os olhos.

— Você sabe que vai para o inferno por fumar em uma creche, né?

— O que é um cigarrinho desses perto do que os pais dessas crianças fumam em casa, não é? — Marcus argumentou, dando de ombros. — Bom dia pra você também, mano. E aí, Galego? Tudo certo?

Guga apenas assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos da figura esquelética e tatuada em sua frente. Não compreendia aquele monte de desenhos estranhos no braço desnudo do rapaz, muito menos os rabiscos no rosto que subiam à cabeça raspada, fora as peças brilhantes espalhadas naquela região. Gostava mais do desenho na barriga do seu papa, mal via a hora de crescer para poder fazer igual o dele.

Hugo soltou a mão do sobrinho e depositou um beijo na cabeleira loira, alguns fios quase entrando em sua boca no processo. Deu um tapinha na mochila em suas costas para que o garoto seguisse em frente. Guga não pensou duas vezes antes de correr para junto dos amigos e acenar feliz ao chegar perto da tia da creche. O advogado acenou de volta e cumprimentou com a cabeça a senhora gorducha que olharia seu menino pelas próximas horas.

— Que bonito ver o papai Hugo em ação. Quem diria que aquele cara que fazia carreirinha viraria um engomadinho responsável como você — debochou, referindo-se à calça social e a blusa de botões que o amigo usava.

— Deixo o papel do amigo fodido pra você — Hugo respondeu, puxando um maço de cigarro do bolso da calça e refazendo seu caminho para o ponto de ônibus, com Marcus em seu encalço.

— Você nem me falou seu novo endereço... Amigo do cu, né? Vou assaltar seus novos amigos granfinos não, mano. Se bem me lembro, você fazia isso melhor que eu.

Hugo se virou de supetão e apertou o pescoço do moreno com força.

— Cala essa maldita boca! Não sou mais seu parceiro de roubo e não moro mais nesse lugar imundo.

Os olhos de Marcus brilharam em excitação, mesmo sem sentir o ar entrar em seus pulmões. Hugo podia até ser maior que ele e ter mais músculos, mas na luta à mão livre, ninguém o vencia. Apertou o pulso do advogado com toda sua força e o retorceu de modo que o retirasse de seu pescoço. Hugo praguejou de dor e puxou o braço com raiva.

— Ih... Ó, lá! Já tá se achando um deles. Tá fodendo com as patricinhas também e se candidatando ao papel do genro perfeito? Você tem uma carinha de gigolô que compra muitas tiazinhas... Daqui a pouco inventa de ser vereador também e se lembra das suas raízes odiosas. Esses caras só olham pra gente nessas horas.

Hugo o ignorou. Ao invés disso, acendeu um cigarro andando o mais depressa possível para sair dali. Entregou outro ao nem-tão-amigo antes de enfiar o maço no bolso da calça novamente. Odiava aquele lugar com todas as suas forças, mais ainda seus moradores. Podia sentir a respiração ofegar, um indicativo que deveria parar de fumar o quanto antes e voltar a praticar atividades físicas.

— Você não se estressava com tanta facilidade, Huguinho — Marcus continuou, apressando o passo também. — Já decidiu o que vai fazer com sua irmã? Helena não é burra, não, mano.

Seu maxilar travou com a menção daquele nome.

— Se não fosse burra, não seria pega por dois paspalhos que nem você e o Tavares.

— Você não tem medo que ela pegue a cria e caia fora, não? Mulher é porra louca, não dá pra confiar.

— Helena? — Hugo riu com gosto. — Tá mais fácil ela jogar a bomba com o Guga dentro e fugir depois disso, do que levar o garoto por vingança. Ela sabe que a primeira hipótese me machucaria mais, e de quebra se veria longe do filho. — Deu um trago no cigarro e colocou os óculos escuros. — Meu medo não é o que ela irá fazer com o garoto, e sim a justiça.

Seu humor melhorou drasticamente ao ver o seu ônibus já parado no ponto, sem dar tempo que Marcus dissesse mais uma das ladainhas que adorava lhe encher. Não ficaria mais um segundo naquele inferno que um dia chamou de lar.

— Se encontrar aquela vadia por aí, diga que quero falar com ela — Hugo gritou por sobre os ombros, jogando o cigarro fora e correndo até o veículo.

Não precisou aguardar muito para falar com a irmã, porém. Alguns minutos antes de seu expediente no fórum terminar e ele seguir para o workshop de Escrita Criativa, recebeu um telefonema em seu celular dizendo que Helena tinha sido baleada e estava internada no hospital público da cidade.

Talvez sua vida não estivesse tão nos eixos e caminhando para o lado certo como achava. Não mentalizar era mesmo uma besteira, ainda mais quando seu oponente era o destino.


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Notas finais do capítulo

Final tenso esse, hein? Coitado do Hugo, a vida também não ajuda! O que vocês acham que aconteceu com a Helena pra ela levar esse tiro? E o que Nina irá achar do sumiço do seu aluno favorito na aula (#sqn, hahaha)? Espero que vocês tenham conhecido um pouco mais do passado do Hugo nesse capítulo, algo que algumas de vocês queriam saber mais sobre. :)
Vai aí um spoiler: há alguns males que vem para o bem!
Sigam-me os bons no tumblr oficial da história (inclusive, avisei lá sobre a falta de postagem na semana passada, e ainda deixei um spoiler desse capítulo de hoje alguns dias atrás): http://cantigadeoutroverao.tumblr.com/ Vocês podem conversar comigo sobre o livro ou qualquer assunto que queiram por lá, tá bem? E pode enviar tudo por anônimo, inclusive, nem precisa ter conta!
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Vejo vocês em breve. ♥



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