E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 27
Capítulo vinte e seis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630273/chapter/27

Hermione piscou diante da luminosidade que aumentara gradativamente a cada segundo que passava. Não dormira naquela noite. Assim que Theo pegou no sono, simplesmente sentou-se na cama e ficou observando a fresta na cortina que movia-se com a brisa noturna, como se fosse impossível desviar o olhar — mesmo que por poucos segundos.

Por um breve momento seus olhos focaram no homem ao lado, as costas nuas exibia todas as cicatrizes adquiridas ao longo dos anos de tortura com seu pai. Comensal da morte que aguardava-a dali algumas horas.

Agradeceu Mérlin por não ter de explicar a Theodore sobre o que Draco falava ou o motivo de toda aquela situação. Soube no momento em que Theo a beijou que aquela história havia sido varrida para baixo do tapete, e por algum tempo não sairia dali.

Quando o primeiro pássaro cantou do lado de fora, passou as mãos no rosto, buscando clarear a mente perturbada. E para tentar relaxar, ou ocupar a cabeça, lançou as pernas para fora da cama e levantou-se, deixando o frio do assoalho lhe arrepiar a pele.

De cima do abajur tirou a peça de roupa íntima lilás e vestiu-a, do chão o blusão de lã de Theodore. Amava o perfume do homem, era amadeirado, mas com um leve toque doce e selvagem.

Na noite anterior simplesmente entregou-se de corpo e alma, se caso não o fizesse estaria mentindo para si. Gostava de Theodore mais do que podia ou conseguia explicar, nenhuma palavra parecia ser o suficiente para descrever o aperto que sentia no peito a cada vez que repetia aquela mentira para ele.

Theodore não merecia aquilo.

Puxou o cabelo para cima e prendeu-o com um elástico qualquer. Sob a luz do sol que ainda nascia, terminou de escrever uma nova mentira para o rapaz, e dobrou o pergaminho ao meio, deixando-o sobre seu travesseiro para que fosse lido.

Fechou a porta da frente com a consciência pesando toneladas, lutando contra as lágrimas que enchiam seus olhos. Não tinha certeza o motivo de tê-las ali, prestes a molhar seu rosto, podia ser por Theo e todas as mentiras, e então apegou-se nisso. Tentou desde o inicio não pensar no pior, voltaria invicta, com Nott preso por algum feitiço que lançaria no calor do momento. Mas agora, quando tinha poucas horas antes do encontro, já não sentia-se tão confiante. Algo daria errado e sentia isso nos ossos, continuaria com o planejado, não importava o que acontecesse.

Aparatou no Ministério, que possuía apenas alguns bruxos em seu interior, guardas. No elevador deixou que sua cabeça pendesse para trás e encostasse por poucos minutos na parede fria.

Era estranho ver um departamento inteiro vazio, seus passos produziam eco e começou a ouvir sua respiração que parecia percorrer toda a sala, soprando memorandos. No silêncio enlouquecedor, posicionou o mapa e tudo que encontrara sobre os Nott em cima da mesa longa, na esperança de que se houvesse qualquer problema, alguém encontrasse aquela única pista.

Depois disso, usou a lareira e murmurou com firmeza o local desejado. A casa dos seus pais. Tinha algum tempo e queria pensar com mais clareza, e sabia que lá encontraria a paz necessária. Fazia tempo que não pisava ali, as investigações pediam para que se afastasse, e foi o que fez até então.

Sentou-se no terceiro degrau da escada e fixou o olhar nas fotografias espalhadas pela casa. Paredes, sobre a lareira e móveis, em porta-retratos coloridos e — alguns — artesanais.

Passaram-se minutos, e depois horas. Lançou um olhar rápido e vago para o relógio pendurado na parede.

Estava na hora.

E novamente, sentia-se pesando uma tonelada, seus ombros doíam e antes de sair parou momentaneamente atrás do sofá, o qual seus pais estavam sentados quando lançou o feitiço da memória. Eles morreram sem lembrar de Hermione, da filha única.

No fim da rua, aparatou.

A casa sombria parecia ainda mais assustadora. Aquela torre única na lateral se sobressaía por trás das árvores e o corvo que voou para longe repentinamente deu o toque de suspense à situação toda. Parecia um filme de terror, sentiu o coração palpitar com um pouco mais de velocidade e pensou que se não o controlasse, Nott escutaria seu nervosismo.

Tocou a varinha presa ao coldre em sua perna e deu com relutância o primeiro passo, que seguiu firme como a sua vontade de acabar com aquilo tudo de uma vez. Estava pronta. Derrotou Voldemort, isso seria ­— e precisava ser — mais fácil.

A porta rangeu, delatando-a. Soltou a respiração que prendia e entrou na casa, sentindo o assoalho sob seus pés menos firme do que esperava, parecia estar em seu estado líquido.

Devia ser o nervosismo, criando alucinações.

Depois de mais alguns passos notou que não podia ser coisa da sua cabeça, seus pés haviam afundado alguns centímetros e já não conseguia levantá-los com tanta facilidade.

— Apareça! — Gritou, erguendo a perna o máximo que conseguia, mas estava grudada como uma mosca na teia de uma aranha. Na teia de Nott. — Vamos, sei que está aqui!

No fim do corredor, saindo da mesma sala em que Harry e Rony se banharam na chuva venenosa, Nott sorria como um psicopata. Gostava do que via.

— Achei que não viesse, mas é um Grifinória de coragem, afinal! — Escorou-se com tranquilidade na parede, e deixou os braços cruzados sobre o peito. Se fosse há algumas décadas atrás, o movimento podia parecer até mesmo atraente.

Hermione ignorando o comentário, já com as pernas submersas na armadilha, tentou capturar a varinha e falhou miseravelmente. Amaldiçoou-se por não estar preparada, com a varinha em punho.

— Agora que está desarmada, o que acha de conversarmos? — Sugeriu com graciosidade, como se fossem amigos de longa data.

— Claro, e agora peço que me escute. — Soou sarcástica e fria como uma estaca de gelo. — Solte-me e lute com honra, seu covarde. Apenas uma vez na vida, honre...

Nott a acertou com um feitiço simples.

— Blá, blá, blá. — Fingiu sonolência. — Garota irritante!

Virou-se com elegância, movimentando a mão como se falasse com alguém.

__~__

Hermione acordou, seus olhos não abriram-se e permaneceu assim por um longo tempo. Na sua cabeça, milhares de bombas explodiam, sentia-se como se estivesse de ressaca, mas não havia ingerido uma gota sequer. A luz que brincava com suas pálpebras incomodava. Se assim já estava ruim, preferia ficar na escuridão, sem saber o que acontecia.

A verdade era que não queria saber, morreria e disso tinha certeza. Mas morreria lutando, como o orgulho ordenava que fizesse. Ouviu passos e tentou se mexer, mas estava... Presa? Sacudiu os pulsos, e arranhou a pele sensível nas cordas que prendiam-na na cadeira.

Droga!

Os pés amarrados nas pernas da cadeira lhe deixaram ainda mais desesperada, e começou a sacudiu o corpo inquietamente.

— Pensei que teria de acordá-la!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, demorei um pouco, mas espero que tenha valido a pena. O que esperam para o próximo capítulo?? Hermione presa e a disposição do Nott!! O que acham??
Até breve



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E de repente..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.