E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 28
Capítulo vinte e sete




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Hermione sentia-se idiota. Seu corpo estava machucado, fora ferida por puro prazer do Comensal e agora, lamentava ter sido tão impulsiva. Isso era a função de Harry ou Rony, atacar sem pensar. Nunca fora desse jeito, criava milhares de hipóteses antes de agir, e isso os salvara muitas vezes.

— Divagando minha pequena sangue-ruim? — Nott a observava, escorado na porta.

— Onde estamos? — Questionou com um fio de voz, fraca demais para sequer pensar em aliviar a garganta.

O homem aproximou-se, os braços continuavam cruzados sobre o peito.

— E o que faz você pensar, sangue-ruim, que eu te contaria?

— Se vai me matar, por que não? — Estava sendo petulante, não sabia se era o certo a se fazer, mas não baixaria o rosto diante daquela situação.

Nott pareceu gostar, e inclinou-se, quase tocando-a com a ponta do nariz comprido. Seu hálito era forte, nada agradável, e fazia Hermione querer vomitar. A mão pálida e calejada segurou o ombro de Hermione, como se quisesse enfatizar a quem pertencia o poder naquela situação.

— Sabe onde estamos!

— A ilha...

Ele sacudiu a cabeça, afirmando.

— Agora me explique, por que acha que quero mata-la? — Parecia realmente interessado, como se aquele ideia jamais tivesse passado por sua cabeça.

— Não é óbvio!?

Nott gargalhou, como se aquilo fosse uma piada entre os dois.

— Esqueceu-se, Hermione, de que sou um Comensal da Morte e gosto de me divertir antes de matar. — Um arrepio passou pelo corpo de Hermione e a memória de Belatriz lhe aterrorizou. — Vejo que já é familiarizada com tortura, mas fique calma, não serei tão gentil quanto ela foi!

Seja forte, seja forte!

A porta se fechou quando Nott passou por ela, e Hermione deixou que uma única lágrima escorresse por sua bochecha. Estava amarrada, braços e pernas imobilizados, não tinha escapatória.

Seu pensamento voou para Theo, queria ao menos ter tido a oportunidade de se despedir, sem mentiras ou medos, apenas os dois. Ainda não entendia como foi capaz de se apaixonar tão rapidamente, em questão de dias seu coração já não lhe pertencia mais. O quão estupida foi por demorar a demonstrar os sentimentos!

Harry e Rony nem sequer sabiam o que estava acontecendo, mas a essa altura, Draco já devia ter contado. Ao menos era o que imaginava. Torcia para que o mapa que deixara sobre a mesa de sua sala fosse encontrado, e que entendessem o que queria dizer.

A sala estava escura, as cortinas grossas não deixariam que nenhum sinal de luz aparecesse, não tinha noção de horário ou dia em que estava.

Sozinha, tentava esvaziar a mente, relaxar. Tentava solucionar aquele problema, como podia se soltar? Não conseguia pensar em nada.

Quando Nott voltou, precisou piscar até que se acostumasse com a luz que entrou pela porta que, fechou-se poucos segundos depois.

É dia, afinal!

— Desculpe-me pela demora, precisava resolver alguns problemas! — Arregaçou as mangas, e Hermione notou a marca negra vibrando em seu pulso. — O que acha de começarmos?

Engoliu em seco.

Movimentando a varinha com precisão, Nott incendiou a lareira e as velas, que rapidamente, iluminaram a sala.

— Terei a chance de me defender? — Perguntou, já sabendo a resposta.

Nott não respondeu. Caminhava pela sala com a coluna perfeitamente ereta, as mãos unidas seguravam a varinha em suas costas. Divagava. A cada passo o chão rangia, deixando claro o quão velha era aquela casa, mas não parecia fazer diferença, todo o esplendor vitoriano continuava ali, sobrecarregando o momento de mistério e tensão.

— Sabe ao menos o motivo para eu tê-la trazido aqui? — Perguntou, parando por breves segundos para obter a resposta. Hermione negou com a cabeça e então voltou a andar, não sorria. — Depois do Natal... Ou será do ano novo?

Ele não parecia tão certo, e a expressão de insanidade passou rapidamente pelo seu rosto.

— Não importa! Um auror descuidado deixou um exemplar do Profeta Diário cair perto da minha cela. No momento pensei apenas que finalmente teria algo para passar o tempo. — Olhou para Hermione e aproximou-se em passos duros, até segurá-la pelos ombros e inclinar a cadeira. — Imagine minha surpresa quando vejo uma fotografia do meu filho ao lado de Hermione Granger, a sangue ruim amiga do Potter.

Hermione mantinha o nariz empinado, mantendo o olhar indiferente.

— Então você fugiu para...?

— Para que Theodore não manche o nome da família. Desde os primórdios nenhum Nott se relacionou com mestiços ou sangues-ruim! — Disse com raiva, apertando os ombros de Hermione. — Não posso deixa-lo sujar tudo o que minha família construiu!

Sem saber o que dizer, Hermione mordeu os lábios. Era a culpada por tudo aquilo, se não tivesse voltado, nada disso teria acontecido.

E continuaria com sua vida medíocre na França.

— E você vai me matar para que eu não manche seu maldito nome. — Concluiu.

— Exatamente! — Pousou a cadeira novamente e afastou-se. — Mas quero me divertir antes, afinal, temos tempo de sobra.

E antes que Hermione pudesse dialogar, ou proferir qualquer coisa, Nott a acertou com um feitiço cortante, e viu sob sua calça uma mancha vermelha tomar grandes proporções. Guinchou e comprimiu os lábios, tornando-os uma linha fina e perfeitamente retilínea.

— Não parece ter doído tanto. Vou tentar de novo! — E sadicamente acertou-a novamente, dessa vez no braço. Arrancou um grito de Hermione e sorriu, satisfeito por finalmente tê-la ferido. — Quero tentar algo que li pouco antes da guerra!

Pegou uma cadeira e arrastou-a para perto de Hermione, onde sentou-se e encarou profundamente seus olhos castanhos. Sacudiu a varinha e murmurou o tal feitiço.

Hermione no segundo seguinte abriu os olhos e Nott os viu passar do castanho para pretos, estava dando certo.

...O...

O lugar em que pisava era sem dúvida familiar, os contornos dos móveis através da neblina branca e densa lhe aqueceram momentaneamente o coração. A sala comunal da Grifinória. Sentia tanta falta daquele lugar.

Vacilante, andou com cuidado para não esbarrar em nenhum dos móveis baixos. Em frente a janela, um vulto chamava atenção.

— Quem é você? — Perguntou, mas não obteve resposta. — O que está fazendo aqui?

Aproximou-se um pouco, tocou-lhe o ombro e virou-o.

Era a figura de Neville, os olhos vermelhos como sangue, de seu pescoço pingava um líquido consistente e grosso.

— Foi você quem buscou por tudo isso. — Hermione virou-se assustada.

Ao pé da escada estavam seus amigos, tinham a mesma aparência de Neville que repentinamente segurou-a pelos ombros, enquanto a frase se repetia.

Foi você quem buscou por tudo isso.

Com força acertou uma cotovelada em Neville, e correu para fora, quase arrancando o quadro das dobradiças. Corria enquanto via corpos espalhados, aquela era Hogwarts depois da guerra.

Hermione tateou a roupa, mas estava sem a varinha. Sentiu o pavor lhe consumir.

— Alguém? — Gritou.

O salão principal estava em ruínas. Remo e Tonks estavam ali, deitados, inconscientes. Limpou as lágrimas que começavam a cair, e continuou andando, precisava encontrar alguém, qualquer um.

— Herm... — A voz estava fraca, mas chamava-a.

Então correu, tentando ouvir de onde vinha, e desejou não ter chegado ali. Era Theodore, ferido entre tantos outros, destacava-se pela pele mais pálida do que sempre fora, o sangue escorria pela sua testa, umedecendo o cabelo negro como ébano.

— Theo! — Ajoelhou-se e acariciou seu rosto, as mãos trêmulas buscavam senti-lo. — O que aconteceu?

O rapaz sorriu com esforço, e lentamente movimentou o braço até conseguir tocá-la.

— Eu não podia deixar que ele lhe machucasse. — Tossiu. — Pelo o menos está segura!

Sua mão caiu, e esboçou um último sorriso, aquele que deixava Hermione simplesmente paralisada e sem ar.

— Theo, por favor!

Ouviu dolorosamente o último suspiro, debruçou-se sobre o corpo de Theo e chorou.

Seus olhos ardiam, e ainda podia sentir as lágrimas escorrendo.

— Muito bem sangue-ruim, como se sente? — Estava de volta à ilha dos Nott, a tortura se tornara psicológica, e muito eficaz.

Não responderia tão cedo, não conseguia controlar o choro, e soluçou por Harry, Gina, Rony e por Theodore. Repetia mentalmente que tudo havia sido um sonho, fruto da sua imaginação controlada por um Comensal, mas nada era real.

— Não é real, n-não é re-real! — Choramingava, ignorando completamente as risadas de Nott.


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Notas finais do capítulo

Tenso, não é!?
Então, sei que demorei, mas eu estive muito ansiosa para os N.I.E.M.s e estava sem cabeça para qualquer coisa. Agora que passou esse terrível final de semana, voltei.
Espero que tenham gostado, e me digam o que estão esperando para o próximo!
Até



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