E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 23
Capítulo vinte e dois




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Hermione passara o restante do dia no Ministério, organizando dados e riscando mapas. Secou um tinteiro de tanto que escreveu em pergaminhos. Assinou alguns documentos e ajeitou outros em pastas, deixando o escritório ajeitado dentro do possível. No fim da tarde tinha uma prateleira com caixas de casos já solucionados em ordem alfabética. E então, quando terminava sua pesquisa sobre os Nott, lembrou-se dos arquivos mortos.

Capturou a caixa com a etiqueta “L-P”. Tinha de ter algo sobre os Nott ali dentro. Sentou-se na mesa de reuniões e começou a folhear as pastas amarelas, precisa encontrar algo, estava sem nada. Apenas aquela fútil ideia sobre a ilha bruxa.

A porta abriu e não conteve o guincho.

— Desculpe, estou atrapalhando? — Era uma bruxa alta, magra e de cabelos curtos e extremamente pretos. Lembrou-se de tê-la visto durante o ataque na floresta. E quando Hermione negou, aproximou-se lentamente. — Eu queria... Eu preciso falar com alguém sobre a missão. Acho. Eu acordei hoje em um lugar e não me lembro de ter ido ou do modo que cheguei lá!

— Sente-se, por favor! — Hermione pediu assim que notou a expressão aterrorizada da garota. — Como se chama?

— Alisha.

— Agora, Alisha, conte do que se lembra. — Hermione já segurava uma pena.

A garota mexia ansiosamente nos dedos, entrelaçando-os e soltando-os. Não sabia como começar, mas respirou fundo:

— Tenho a plena consciência de que ontem eu saí do Ministério e peguei o caminho mais longo para casa, eu queria caminhar. Vi minha casa no fim da rua e depois eu acordei no meio de uma praça, não tinha ninguém comigo.

— Acho que você foi afetada pela maldição Imperio. — Hermione concluiu, não tinha certeza, mas era a melhor resposta que tinha. — Sabe de alguém que poderia fazer isso com você?

— Ninguém que eu consiga pensar. — Sussurrou. — E tinha uma frase na minha cabeça, dizia que eu devia lhe contar algo.

Hermione semicerrou os olhos, se antes estava na dúvida, agora tinha certeza. Pediu com um movimento de cabeça para que prosseguisse.

— Alguém quer que você vá sozinha até a casa dos Nott, daqui uma semana, às nove horas da noite. — Concluiu. — Mas peço que não vá, por favor. É algo perigoso. Uma armadilha!

— Eu acho melhor você ir para casa e tomar cuidado, não conte para ninguém, eu tomarei as devidas providencias. — Levantou-se e abriu a porta sugestivamente. Assim que a garota passou, trancou-se novamente.

A pasta que analisara antes não continha muitas informações, somente confirmava sua suspeita sobre a ilha, mas fora isso, era um grande vácuo. Sabia que corria perigo, mas era sua única chance de conseguir algo, e precisava arriscar. Não contaria para Harry, Rony, Draco ou Theodore. Eles a impediriam. Dessa vez, estava por conta própria e mentiria para o bem de todos.

Seu estômago roncou cruelmente e então jogou a bolsa no ombro e pegou o elevador no fim do corredor, precisava voltar para casa. Tinha prometido isso a Theo. O átrio estava vazio, apenas meia dúzia de bruxos passavam por lá e rapidamente desapareciam pelas chamas verdes. Aparatou para a casa de Theo, agradecendo a neve alta por congelar seus pés, aliviando a dor dos sapatos.

Entrou na casa sem bater, sabia que estaria aberta. Tirou os sapatos e deixou-os ao lado do tapete. A casa estava escura.

— Theo? — Não recebeu resposta, e tratou de segurar a varinha. — Nott?

Uma figura apareceu de repente e a luz da sua varinha o iluminou antes que fosse azarado. Theo sorria timidamente enquanto limpava as mãos no pano de prato.

— Você chegou, pensei que teria de usar aquele galeão. — Hermione notou que vestia uma camisa social, havia puxado as mangas até o cotovelo e exalava um perfume extasiante. — Preparei o jantar!

— Alguma ocasião especial? Eu não sei se estou vestida...

Mas foi interrompida pelo toque de seus lábios, e deixou-se levar pelo momento. Theo foi rápido, queria apenas tê-la mais perto, e logo puxou-a até a cozinha iluminada por velas.

— Sei que não é muito romântico, mas queria um tempo a sós com você. Acho que merecemos.

— Na verdade, Theo, é muito romântico.

O rapaz sorriu, não queria decepcioná-la, e não teve muito tempo para preparar a casa ou o jantar. Estava nervoso, e não se lembrou da última vez que sentiu-se daquela maneira, limpou as mãos soadas no prato de prato novamente e puxou a cadeira para que Hermione pudesse sentar-se. Ajeitou-a de frente para a mesa e foi até o forno buscar o jantar. Havia caprichado nos temperos e especiarias de acordo com o livro de receitas, mas esperava que o sabor estivesse tão bom quanto o cheiro. O prato da noite era pato assado com batatas recheadas. Serviu os dois pratos e abriu o vinho, enquanto Hermione observava toda a cena com calma, tentando absorver cada detalhe.

— Eu espero que goste. — E realmente esperava, explodia em expectativa quando Hermione cortou uma fatia da carne. Não podia desviar o olhar, se o assado estivesse ruim estragaria a noite.

— Theo isso está delicioso!

Suspirou aliviado e por fim tocou os talheres.

— Como foi seu dia? — Hermione perguntou, estava interessada em qualquer coisa que pudesse fazê-la esquecer-se da dormência no pulso.

— Não fiz nada durante a manhã, Draco passou a tarde comigo e com Blás e depois o levou para beber. Acho que essa noite teremos a casa vazia. — Comentou e riu rapidamente. — Gostei de ver você e Blás conversando, ainda ontem achei que não conseguiriam suportar a presença um do outro.

— Ele é divertido, gosto dele. — Deu de ombros. — Harry e Rony estão distantes, sei que deveria ser tudo como antes, mas sete anos longe mudaram alguma coisa. E o Blás é um amigo novo, não sei exatamente o que significa.

— Como se sente no meio de tantos Sonserinos? Blás, Draco, eu.

Hermione riu, não tinha pensando nisso ainda, parecia tão natural conviver com eles que até esquecera-se da separação das casas. Nunca imaginou que viveria com Sonserinos, Draco tornara-se seu amigo, mas era o único, até agora.

— Vocês são melhores do que eu imaginava. — Mordiscou um pedacinho da carne. — Diferentes do que eu conhecia, você em especial.

— Eu?

Hermione corou, falara demais e culpou a terceira taça de vinho que bebericava durante aquela conversa. Sabia que Theo não deixaria aquele assunto acabar, terminou o vinho e tomou a coragem necessária para completar seu pensamento.

— Você é inteligente, divertido, espontâneo. E tenho que admitir, o seu charme realmente me conquistou.

Theodore sorria maliciosamente,

— Já que sou muito charmoso, será que consegue resistir a um beijo? — Hermione olhou para cima, como se pensasse numa resposta, e quando voltou a olhá-lo, assentiu.

Sentados quase lado a lado, inclinaram-se minimamente e seus lábios já juntavam-se numa dança íntima. Os narizes brigavam por espaço, mas nenhum dos dois ligava para o roçar constante, estavam concentrados nos movimentos apurados das suas bocas. Hermione sentia as rachaduras causadas pelo frio nos lábios de Theodore, pareciam tão perfeitas, até mesmo a aspereza lhe deixava extasiada.

Hermione passou a ser beijada por toda a extensão do pescoço, e arfou quando pulou para o colo de Theodore num movimento rápido e perfeitamente calculado. As mãos do rapaz começaram a explorar suas curvas, lentamente, como se tentasse memorizar os detalhes.

— Theo... — Hermione puxou-o pelo colarinho da camisa e selou seus lábios novamente. E com os dedos longos e finos começou a buscar os botões da camisa, passando a mão pelo peito do rapaz.

Theodore buscou e segurou a mão de Hermione sobre seu peito, separou seus lábios e respirou fundo, sorriu comedido e encostou suas testas. Movimentou-se e Hermione levantou-se, ajeitando a roupa no corpo. Theo ofereceu-lhe a mão, e quando tocaram-se, guiou-a pelas escadas, até o segundo andar. Seu quarto.

Em pé, de frente para cama, trocaram olhares em expectativa. E Hermione foi quem deu o primeiro passo. Como um felino em ataque, aproximou-se de Theodore e desabotoou a camisa, lentamente, puxando a peça de roupa branca pelos braços do rapaz. Parou para observá-lo. Uma das cicatrizes se estendia por cima do ombro e não conteve-se, tocou a marca e arrastou o braço até que estivesse abraçando-o. As costas de Theo eram como um mapa, cheia de traçados indefinidos, e estava adorando explorá-lo.

Quando separou-se do abraço, foi a vez de Theo. Desenrolou o cachecol suavemente, e capturou a barra do blusão de lã, puxando-o para cima até vê-la apenas com uma camiseta sem mangas. O olhar pousou no pulso enfaixado e pegou-o com delicadeza.

— O que...? — Hermione o beijou rapidamente. Não queria e nem precisava estragar o momento contando sobre sua marca.

— Depois! — Prometeu. Decidira que contaria para Theo sobre os pesadelos e o que significavam, mas não era hora.

Theo beijou-a e despiu-a no minuto seguinte, passando a mão calejada pela barriga de Hermione, sentindo-a contrair-se sob seu toque. Estava apaixonado, até aquele momento não tivera a confirmação dos seus sentimentos, mas agora, olhando para Hermione e sentindo-a tão perto, não conseguia pensar em tê-la longe. Pensar em não poder tocá-la, lhe deixava louco. E bruscamente, segurou-a nos braços. Ouvindo uma leve risada surpresa.

Juntos e intimamente, descobriram um sentimento pronto para ser explorado.


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Notas finais do capítulo

Hey, eu queria aliviar a tensão da história, e acho que esse capítulo foi perfeito. Ah, tem gente que já descobriu o maior "mistério" da fanfic. Alguém mais arrisca??
Até



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