E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 24
Capítulo vinte e três




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Theodore acordou cedo, o sol recém começava a surgir no horizonte, mas sentia-se revigorado. Virou-se na cama delicadamente, não queria acordar Hermione, e ficou observando-a com atenção. As costas estavam nuas e a pele morena parecia brilhar com a luz fraca da manhã, estava parcialmente coberta e o cabelo castanho espalhara-se por todo o travesseiro. A pele alva parecia implorar para ser tocada, e Theo não resistiu. Percorreu toda a espinha de Hermione como mais singelo toque e sentiu-a arrepiar sob sua mão.

Na noite passada haviam se entregado de uma maneira que ainda não havia idealizado, sempre que se beijavam sabia que não poderia passar daquilo. Controlava-se. Mas naquela noite, Hermione pareceu-lhe pela primeira vez tão entregue aos sentimentos que deixou de lado a pouca razão que tinha.

Afastou o cabelo castanho e beijou a nuca da garota, o perfume era natural e havia uma leveza de suor e soube que tinha culpa naquilo. Hermione mexeu-se preguiçosamente, virando o corpo para Theo enquanto trazia o lençol preso ao corpo.

— Bom dia. — Disse com a voz baixa enquanto sorria minimamente.

Theo limitou-se a responder, segurou-a nos braços e juntou seus lábios.

— Agora vou ter um bom dia! — Hermione riu do comentário e aconchegou-se um pouco mais perto do rapaz. E analisando-a, comentou divertido: — O que acha de recuperarmos as forças?

Estavam famintos, esqueceram-se completamente do jantar. Theodore levantou-se e vestiu tranquilamente uma calça, enquanto Hermione observava atentamente cada movimento. As costas de Theo eram como um chamariz, não conseguia desviar o olhar, havia tanta coisa ali.

— Está gostando? — O rapaz inclinou-se e beijou-a com força, como se buscasse por entre os lábios o ar necessário para viver. — Vou descer e preparar alguma coisa. Vista isso!

Hermione pegou no ar a peça de roupa que Theo jogou-lhe, a camisa social que usava na noite anterior, extremamente amassada. Vestiu-a e buscou no chão suas roupas, mas sentia falta de andar livre das calças justas, e deixou suas pernas respirarem livres. Não precisa ter vergonha de Theodore.

Desceu as escadas rapidamente, sentindo o assoalho frio contra seus pés.

O rapaz usava a varinha para terminar de preparar o suco de abóbora enquanto as torradas flutuavam em sequencia para dentro de um prato. O aroma do café da manhã faria qualquer estomago dançar incansavelmente. E Hermione aproximou-se de Theo, abraçando-o por trás. Na ponta dos pés beijou-lhe a bochecha.

— Adoro quando cozinha. — Comentou, lambendo os lábios.

Theo virou-se e tirou-a do chão com um abraço, enquanto juntava rapidamente seus lábios. Sorriam. Queria dizer alguma coisa para Hermione, comentar o quão feliz estava e beijá-la por mais algumas horas.

— Belas pernas! — Hermione virou-se assustada e Theodore a colocou para trás do seu corpo, protegendo-a do olhar curioso de Blás. — Como estão?

— Bem. — Theo falou rapidamente, sentindo as mãos de Hermione tocando suas costas. Conseguia imaginá-la ruborizada. — Pensei que não voltaria tão cedo!

Blásio, ao contrário do que Hermione queria, sentou-se de frente para a bancada e serviu-se de suco. Não parecia constrangido com toda aquela situação. Theodore puxou-a lentamente até que pudesse sentar-se do outro lado da bancada de mármore para não ser vista seminua pelo amigo.

— Já amanheceu e eu precisava voltar para casa. — Disse, mordiscando uma torrada que passara do ponto. — Achei que uma noite sozinhos seria o suficiente, mas se quiserem o restante da manhã eu posso voltar mais tarde...

Hermione apressou-se em negar, fingindo estar despreocupada com o rumo do assunto. Theodore começou a rir e maneou a cabeça em concordância, e Blásio riu sem controle algum, fazendo com que as bochechas da garota tornassem-se tão vermelhas quanto o cachecol da Grifinória.

— Parece que deixei sua namorada constrangida! — Comentou divertidamente.

— Não somos namorados. — Theodore e Hermione falaram juntos, em perfeita sincronia. Olharam-se risonhos.

— Certo. Vou deixa-los, minha cama está esperando. — Blásio praticamente correu para o andar de cima. E não pode ouvir as risadas do casal.

— Por que sempre acham que somos um casal? — Hermione pensou consigo, mas perguntou em voz alta, ainda observava o final da escada pela qual Blásio subira com pressa.

Theodore remexeu-se desconfortável ao seu lado.

— Porque parecemos um. — Soltou o copo de suco. — E talvez devêssemos ser!

Foi a vez de Hermione ficar desconfortável, encarou-o sem jeito e baixou o olhar. Franziu os lábios até deixa-los numa linha fina e perfeitamente reta. Não tinha certeza de que queria unir-se dessa forma com alguém, até então, estava certa de que voltaria para França. Durante a noite anterior pensou muito, observou Theo adormecer e não conseguia imaginar-se deixando-o.

— Ei, podemos continuar como estamos se preferir. — Levantou o rosto de Hermione e mergulhou na expressão em seus olhos. — Agora me conte exatamente o que aconteceu com o seu pulso!

Hermione queria agradecê-lo por não insistir no assunto, não saberia como respondê-lo. Levantou o braço e observou a faixa branca que cobria não só uma cicatriz como muitos segredos. Pulou para fora do banquinho e tocou o chão novamente com os pés descalços. Queria um lugar silencioso e que se precisasse, pudesse desabafar sem problema algum. Theodore entendeu e levantou-se, entrelaçando seus dedos carinhosamente.

Entraram no escritório e o rapaz fechou a porta, certificando-se para que Blásio não pudesse ouvi-los caso descesse. Hermione ficou por um momento observando uma prateleira com livros, e Theo escorou-se na mesa, aproveitando o momento para dar uma olhada mais detalhada em Hermione. Seguia vestindo apenas sua camisa social branca, tão amassada quanto um pergaminho velho, mas parecia confortável daquele jeito. Linda.

— Pode me ajudar? — Hermione já estava perto o suficiente e Theo ajudou-a a desenrolar o tecido do pulso. Os dizeres ofensivos ficaram à mostra, as letras continuavam em vermelho vívido, e Theodore preferiu não tocar, parecia doer. — Essa cicatriz foi feita na guerra, acho que já lhe contei sobre. Tenho pesadelos com isso toda a noite, acordo gritando, como naquele dia.

Theodore assentiu e cruzou os braços sobre o peito levemente estufado.

— Há épocas em que os pesadelos se tornam terríveis, é como se todas as sensações se multiplicassem e tudo fica incontrolável. A marca dói e eu acabo não dormindo, porque simplesmente não aguento aquele maldito... — Suspirou. — Draco criou uma poção que ameniza tanto a dor quanto os pesadelos, ontem fui encontra-lo.

— Então você está melhor agora? — Hermione concordou com a cabeça, ainda observando o pulso. — Por que não contou antes?

Hermione ajeitou os ombros e levantou o olhar, queria ter coragem necessária para encará-lo, mas parecia complicado demais. Guardara um segredo que julgava ser o mais tenebroso, nem seus amigos sabiam sobre, exceto Draco que lhe ajudara durante esses sete anos que ficou fora.

— Harry e Rony não sabem. — Amaldiçoou-se por começar daquela maneira. — Eu não queria que me vissem como uma garota perturbada. São apenas pesadelos, lembranças ruins e isso todos temos.

— Mas com você é diferente, não é? — Questionou.

A garota aproximou-se e assentiu novamente. Theo, ainda escorado na mesa, puxou-a para mais perto até que pudesse abraça-la e amassou o tecido da camisa entre os dedos.

— Fico feliz que tenha me contado. De verdade!


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Notas finais do capítulo

Hey, hey, hey! Theodore sabe dos segredos da Hermione, e agora? Será que ele vai contar os dele??
Até logo



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