E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 2
Capítulo um




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A manhã começara branca e gélida na França, era inicio de dezembro e a neve já tomara conta de todas as ruas, jardins e telhados. Durante o anoitecer a branquidão formava uma bela paisagem com todas as luzes da cidade.

Hermione ainda não acordara, mas suas feições contorcidas mostravam que isso mudaria logo. Suas unhas foram cravadas com força no colchão, as pernas inquietas empurraram as cobertas grossas para o chão, seu corpo parecia arder em chamas, até que um grito forte e estridente escapou pela sua garganta, acordando-a.

Sete anos se passaram desde que Hermione partira de Londres, sete anos que não via seus amigos e sete anos que trabalha para o Ministério da Magia, enviando longos relatórios toda a semana. Não voltara para sua cidade natal desde então, sentia-se uma nova pessoa, uma nova Hermione em Paris, era agora uma mulher adulta com vinte e quatro primaveras completas. Fizera poucas amizades e se aperfeiçoara em alguns ramos da magia.

E mesmo depois de sete anos desde o fim da guerra os pesadelos ainda lhe atormentavam, parecia sentir tudo novamente. A tortura que sofrera na Mansão Malfoy ainda era bastante vívida em seu sono, sempre que acordava, seu primeiro movimento era tocar o xingamento gravado a ferro em seu pulso. Sempre seria uma sangue-ruim, como dizia a marca, mas tinha orgulho disso.

Sentou-se na cama, sentindo seu corpo arrepiar-se pelo contato da temperatura baixa com o suor que ensopava sua roupa. Puxou o ar, buscando normalizar sua respiração, afastou da testa uma mecha de seu cabelo, levemente úmido e bagunçado. Suspirou tão fundo quanto seus pulmões deixavam, e jogou as pernas para fora da cama, tocando o assoalho frio com os pés.

Encaminhou-se para o banheiro, como fazia todas as manhãs, para livrar-se do suor e relaxar os músculos tensos. A água quente fez seu trabalho com perfeição, quando se enrolou na toalha felpuda já sentia-se renovada daquele noite de pesadelos e assombrações.

De frente para o roupeiro analisava a melhor opção para aquele dia, girou nos calcanhares e espiou pela janela, abrindo apenas uma fresta na cortina. O sol ainda demoraria a chegar ao topo, mas faria um dia lindo. Capturou o que tinha de mais confortável, enrolando no pescoço o famoso cachecol escarlate e vermelho. Calçou um par de botas, confortáveis e quentes.

Assim que saiu de seu quarto já sentiu o aroma de café, sua vó sempre acordava cedo, e insistia em preparar a maior parte das refeições.

— Bom dia, vó! — Exclamou enquanto entrava na cozinha, apoiando-se na bancada que as separava.

— Oh, Hermione querida, pensei que não levantaria nunca! —A senhora de cabelos brancos olhou a neta por cima do ombro. — Acho que ouvi barulho de asas batendo. Olhe no quintal!

Hermione beijou-a na bochecha e marchou para o quintal, com um biscoito quebradiço na mão. A coruja era de Harry, negra como seus cabelos, e com os olhos azuis mais vibrantes que já vira. Entregou-lhe algumas migalhas e deixou-a bicar a palma da sua mão, para só então pegar os envelopes. A ave, orgulhosa de si abriu as asas languidamente e alçou voo novamente.

Hermione entrou novamente, abrindo o envelope perfeitamente selado.

— O que diz aí? — Sua avó perguntou, enquanto lia distraidamente a carta em suas mãos.

— Bem, eles querem que eu vá passar as festas em Londres e fique para a noite em comemoração ao fim da guerra, mas isso é só em fevereiro...

— Quero que vá esse ano! — Hermione riu e negou com a cabeça e antes que pudesse falar, a idosa seguiu com o discurso. — Não me venha com desculpas bobas, já faz muito tempo e você não tem motivos para negar, e tenho dito. Não ouse me desobedecer, mocinha!

Hermione riu e guardou a carta no envelope. Levantou-se rapidamente, e despertou a curiosidade de sua avó. Sacudiu o envelope e respondeu:

— Vou avisá-los! — Seguiu para o quarto. — Dia vinte e três de dezembro, Hermione Granger está de volta!

Passou algum tempo escrevendo, e quando finalmente terminou, escreveu outra, agora destinada ao Ministério da Magia, avisando que compareceria na comemoração em fevereiro, e que claro, iria passar no departamento para o qual trabalhava. Voltou para o quintal, na mão os envelopes, parou perto da fonte e assoviou com força, elevou e olhar para o céu e aguardou. Uma grande coruja das torres apareceu de trás das copas de algumas árvores e pousou no seu ombro, apertando com força sua pele. Já não sentia mais o desconforto com o peso da ave, ou das unhas cravadas em sua pele.

— Entregue para Harry Potter, e para Kingsley Shacklebolt! — Entregou-lhe os dois envelopes e observou-a partir, batendo as penas levemente em sua bochecha. E ainda olhando para o céu gritou: — Vó, a senhora tem algum plano para hoje?

Durante a tarde, saiu, faria as compras de Natal. Escreveu uma breve lista com o nome dos amigos e saiu bem agasalhada, sua avó recusara o convite, recitando com veemência de que sairia com suas amigas na próxima semana, e só então faria as compras de Natal.

O centro de Paris estava lotado, algumas das lojas em liquidação tinham filas em frente à porta, e outras estavam abarrotadas de pessoas. Criou coragem e entrou numa perfumaria, e esmagando-se entre outros clientes, escolheu o presente de Gina. Riscou o nome da amiga da lista e seguiu para o próximo.

No fim do dia, quando seus pés já estavam doloridos, e o peso das sacolas começavam a lhe cansar os braços, concluiu que já estava preparada o suficiente para presentear os amigos e sua avó. Sendo o último, bem escondido entre as tantas sacolas coloridas. Antes de voltar parou em uma cafeteria local, e pediu uma bebida para se aquecer, o vento recomeçara a uivar por entre as folhas das árvores, e o frio retornara sem piedade.

Quando terminou, recolheu as sacolas e deixou o dinheiro sobre a mesa. Saiu do lugar sentindo-se congelada, mas mesmo sentindo seu corpo inteiramente arrepiado sempre amaria o inverno. A época do ano em que podia buscar lenha para a lareira, sentar-se em frente ao fogo para assistir a dança das chamas e ouvir o crepitar da madeira. A época do ano mais pura e bela, a neve depositada sobre as ruas e árvores deixava a visão de Paris ainda mais extraordinária, e tornava-se ainda melhor quando o sol derramava seus feixes de luz. Aproveitou por um momento mais aquela sensação e aparatou quando ninguém mais a observava.


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Notas finais do capítulo

Hey, voltei com um mais um capítulo e espero que tenham gostado. O que estão esperando do próximo?



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