E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 1
Prólogo




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Fazia pouco tempo que a primavera havia começado, fazia também pouco tempo que a Segunda Guerra Bruxa finalmente terminara. Mais precisamente, três meses. E fazia ainda, poucos minutos que Hermione anunciara para os amigos que viajaria para a França. E quando questionada sobre, respondeu apenas que precisava de um tempo longe da loucura que a sua vida se tornara, aguardara apenas o fim dos depoimentos para dar a noticia que surpreendeu a todos.

Juntaram-se todos sobre a cama de Harry, para conversar naquela última noite juntos.

— Você não está realmente pensando em nos deixar, está? — Gina perguntara, cruzando as pernas, a coluna reta o suficiente para lhe dar alguns centímetros a mais do que realmente tinha.

Hermione abraçou as pernas, e a vontade de olhar para os próprios pés se fez presente instantaneamente.

— Hermione? — Era Rony quem falava agora, ao lado da irmã, parecia ainda mais surpreso.

— Eu preciso ir! Nada está se ajeitando para mim e já acertei todos os detalhes possíveis. — Observava seu pijama, temendo ser julgada pelos amigos. — Vou ficar na casa da minha avó, ela perdeu uma filha e eu uma mãe, vai ser bom para nós duas!

Hermione alguns dias depois da guerra descobriu que seus pais haviam sido mortos. E mesmo depois de todos os julgamentos, o assassino nunca foi encontrado, muitos Comensais foram sentenciados à Azkaban, mas o sentimento de impunidade seguia atormentado Hermione. Durante a última sessão, manteve a compostura, mas quando esta se deu por finalizada sem uma resposta, descontrolou-se a ponto de não enxergar por onde andava. Foi nesse dia que Draco Malfoy a consolou da sua maneira, desconcertado e indelicado. Tornando-se um amigo.

— Mas podemos te ajudar a superar, aqui! — A ruiva insistiu, e antes que Hermione pudesse responder, Molly gritou chamando os filhos no andar de baixo.

Sozinha com Harry, sentiu-se um pouco mais confortável com a situação, mas ainda sim, não conseguia encará-lo, parecia trair a confiança de seu melhor amigo.

— Não vou conseguir te fazer mudar de ideia, não é? — A voz do rapaz preencheu o quarto.

Hermione negou com a cabeça, e pela primeira vez, olhou para Harry.

— Tem certeza de que pode fazer isso sozinha? — Insistiu. Não esperava perder sua melhor amiga depois da guerra, sabia claramente de que nada mudaria, mas a distância seria um problema.

Hermione respirou fundo.

— Eu preciso!

— Vou com você até o Ministério! — Ele ajeitava os óculos que insistiam em cair para a ponta do seu nariz. — Preciso saber que vai ficar bem.

— Não esperaria nada diferente!

Como se precisasse daquilo mais do que nunca, saiu da sua posição de insegurança e abraçou Harry com força, sempre fora como um irmão, protetor e preocupado. E agora estavam ali, prestes a se separar por um longo período, mas sabiam com certeza que a amizade não seria abalada, não depois de tanto tempo unidos.

— Vá descansar!

Hermione tentou descansar como Harry pedira, mas estava num misto de sentimentos que não conseguiu dormir um segundo sequer. Desde a guerra dormir tinha sido sua mais nova batalha, ao fechar os olhos todas as lembranças se tornavam longos pesadelos, acordava normalmente com um grito que fugia pela sua garganta, o suor também se tornara diário, encharcando suas roupas até nos últimos dias de inverno. Viu, portanto, quando sol começou a nascer entre tons de rosa e laranja por trás das colinas.

A primavera já havia chegado, mas a temperatura ainda estava propicia para roupas mais quentinhas. Ainda ajeitava o típico cachecol escarlate e dourado no pescoço, quando acordou Gina.

— Vai se despedir ou prefere dormir? — Perguntou para a ruiva que não conseguira abrir os olhos, muito menos levantar-se.

— Vou me despedir... — Respirou fundo, Hermione estava sentada na beirada da cama, esperando-a acordar. — Faça uma boa viagem, Mione!

Riu baixinho e acariciou a cabeça da amiga.

Algumas batidinhas na porta lhe despertaram para o horário, ainda antes de sair, viu Gina colocar o travesseiro por cima do rosto. Sentiria falta da amiga.

Arrastando as malas pesadas, desceu as escadas e encontrou a família Weasley reunida em volta da mesa de café da manhã, sentiria muita falta daquilo, de cada um. Molly olhou para a garota parada, já fazia parte da família há muito, e agora, se despediria de Hermione como se despediu de Gui ou de Carlinhos.

— Oh, nem posso acreditar que vai se mudar! — Abraçou Hermione, chamando a atenção da mesa toda.

— Quando saímos de casa, você não chorou! —Acusou George. Fred que mastigava apenas acenou com a cabeça, concordando com o gêmeo.

— Vocês se mudaram, mas fazem todas as refeições aqui, não é como se eu tivesse perdido vocês. — Molly respondeu, servindo Hermione.

Arthur notou quando Fred sinalizou silenciosamente para o irmão, olhando em seguida para Hermione. Bebericou o café e riu.

— Falem logo, Hermione não vai ficar aqui até o fim do dia!

George sorriu e levantou-se, puxando a cadeira da garota para mais perto do irmão.

— Trouxemos um presente de despedida para você!

— Ficamos muito chateados quando disse que se mudaria, portanto... Aproveite! — George entregou uma pequena caixinha branca com um “W” grande e laranja estampado na tampa.

— Poção do amor? — Hermione questionou, observando os frascos em tons de rosa dispostos dentro da caixa.

— Você sabe... — Continuou George, animado.

— Paris é a cidade do amor! — Fred completou o raciocínio do irmão. — Mande-nos alguma carta se precisar de mais!

Hermione corou e guardou a caixinha dentro da sua bolsa enfeitiçada para aumentar o espaço, bastante útil e simples.

Assim que chegaram ao Ministério da Magia foram encaminhados para o gabinete do Ministro, Kingsley, o qual não deixara Hermione partir antes de lhe oferecer um cargo à distância, que claramente, foi bem aceito pela garota. O trabalho seria enviado semanalmente por corujas ministeriais e Hermione só teria de voltar em caso de reuniões que exigissem sua presença, que de acordo com o novo Ministro, seria bastante raro.

Deixado acertado todos os detalhes, Hermione encarou a lareira, um misto de sentimentos fez seus batimentos acelerarem um pouco mais. A mão de Harry pousou no seu ombro, apertando-o carinhosamente.

— Sabe que não precisa ir.

— Na verdade, preciso sim!

Virou-se e abraçou o amigo com força, já sentia saudade antes mesmo de ir. Rony preferira despedir-se ainda na Toca, disse que era sentimentalismo demais para alguém com a sensibilidade de uma colher de chá.

— Vou enviar cartas, Harry! — Sorriu uma última vez para o amigo e encaixou-se dentro das chamas verdes, deixando o pó de flu derramar-se junto de suas palavras claras.

Quando se viu finalmente fora das chamas e sentiu no ar o aroma adocicado de biscoitos, soube que uma nova vida começava.


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Notas finais do capítulo

Olá caros leitores,
Essa fanfic é um projeto novo e acredito que um pouco diferente de tudo que já escrevi, tem sido como uma nova aventura e gostaria de compartilhá-la com vocês. Espero que gostem e acompanhem!
Até o próximo.



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