E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 3
Capítulo dois




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Hermione recém despachara as malas, os presentes e tudo que julgava ser mais do que podia carregar. A bolsinha enfeitiçada de anos atrás estava na sua mão, olhava-se no espelho já fazia algum tempo, desde que partira se tornara outra pessoa. Estava agora aflita, tinha medo de que seus amigos tivessem mudado tanto quanto ela. Não suportaria ver que a amizade de tantos anos estava abalada por uma decisão sua.

Suspirou.

— Vai dar tudo certo! — Sua avó entrou no quarto, olhando-a com um sorriso brincalhão. — Você sabe ir até esse Ministério? Quero dizer, não entendo como pode ser tão simples!

— Avisei o Ministro que voltaria, e ele cuidou do resto. — Explicou, ajeitando as luvas, passando a bolsa de uma mão para a outra. — Preciso ir.

— Sei disso querida, vá logo, reencontre seus amigos e aproveite! — Abraçou Hermione com força. — Vou lhe dar seu presente quando voltar!

Hermione riu.

— Só vai poder abrir o seu no natal, enfeiticei a caixa! — Piscou animada e abanou, despedindo-se.

O dia do lado de fora da casa estava nublado, mas assim mesmo alegre. Hermione estava tão ansiosa que mal podia controlar o sorriso nos lábios, riu sozinha, como uma criança que encontra doces escondidos. Caminhou então para o fim da rua, que dava para um bosque inabitado, com cuidado para ter certeza de que ninguém a observava. Não queria que sua avó precisasse pensar em explicações para dar aos vizinhos sobre sua neta que entrara no bosque e nunca mais voltara.

Kingsley fizera um acordo com o Ministério Francês, no meio das árvores, numa determinada marcação, haveria uma chave de portal aguardando-a.

Hermione tirou de dentro do bolso do casaco um pergaminho amassado e a varinha. No pergaminho um mapeamento simples da “concentração” de árvores, como descrito. Sacudiu a varinha para iluminar o caminho, e seguiu então as instruções, calculando cada passo para que não tropeçasse nas raízes expostas acima da terra macia e fofa.

— Dez metros para a direita a partir do carvalho inclinado perigosamente... — Leu no pergaminho e mirou a varinha em direção à árvore inclinada. A luz da varinha refletiu em algum objeto jogado no meio das folhas. — Finalmente!

Afastou as folhas alaranjadas e secas, até conseguir encontrar o objeto refletor. Era uma velha colher soterrada pelas folhas e pequenos galhos quebrados. E então, segurou-a.

Seu corpo rapidamente foi lançado ao ar, sentia-se sacolejar e ser sacudida de um lado para o outro, parecia tempo demais, e culpou-se por não ter pego um avião ou um trem, seria muito mais tranquilo. E sem turbulências.

Com os olhos fechados não notou quando enfim aproximava-se do chão, e só percebeu quando já era tarde demais. Seus pés tocaram a neve bruscamente, fazendo-a dar passos trôpegos e desengonçados até cair de bruços e dar um giro completo rolando pelo o chão. Parou e levantou a cabeça, mas com um grunhido frustrado abaixou-a novamente. Começara com o pé esquerdo.

— Precisa de ajuda? — A voz era grossa, suave e com um traço de humor.

Hermione apoiou-se nos cotovelos e buscou com o olhar a pessoa que lhe oferecia ajuda. Era um rapaz alto, magro, com cabelos negros e pele clara, os olhos tão escuros quanto as roupas que usava. Destacava-se muito bem na neve branca e fofa.

O rapaz, ainda desconhecido, ofereceu-lhe a mão e Hermione prontamente a segurou para levantar-se. Sorriu gentilmente e começou a limpar a neve da roupa e do cabelo, quando achou ser o suficiente olhou o rapaz, as mãos enterradas nos bolsos do casaco e o olhar fixo em seus movimentos.

— Quem é você e o que faz aqui, no meio do nada?

— Kinglsey me enviou para busca-la. — Explicou. — Vejo que não consegue viajar desse jeito, seria errado lhe oferecer uma passagem de trem na próxima vez?

— Na verdade, eu iria pedir isso! — Sorriu. — Mas ainda não me disse quem é.

O rapaz riu, como se a pergunta lhe divertisse. E Hermione não gostou nada daquele sorriso presunçoso.

— Ora Hermione, pensei que reconheceria um velho colega da escola!

Hermione o analisou, seus traços eram de certo modo familiares, mas não tinha certeza. Era sem dúvida um homem muito bonito. Um pouco mais alto do que Hermione, de feições joviais, cabelo extremamente negro e bagunçado pelo vento. Havia também um charme no seu sorriso que não podia ser descartado da discrição.

— Perdão, mas... — Não lembrava-se de ninguém assim, tinha certeza de que se o conhecesse teria comentado com Gina sobre.

— Pensei que prestasse atenção nos amigos de Draco Malfoy! — Hermione produziu uma careta, ainda não o reconhecera. — Vamos lá Granger, não mudei tanto assim.

E lá estava ele, com dezesseis anos na aula de poções soltando risadinhas ao lado de Draco Malfoy.

— Theodore Nott!

— Por um momento achei que teria de dar mais algumas pistas. — Ele ria divertidamente. — Vamos? Estou congelando e preciso te levar sã e salva até o Ministério, antes que seus amigos enviem todos os aurores atrás de mim!

— Por que fariam isso? — Perguntou ainda atônita por não tê-lo reconhecido. Estava muito diferente do que se lembrava.

— Acha que temos tempo para um café?

Hermione assentiu e acompanhou-o, aparatando quando tocou no braço do rapaz. Foi puxada para dentro de seu umbigo e sentiu o costumeiro mal estar após a aparatação. Apertou a mão que segurava Nott e piscou repetidamente.

— Você não é muito acostumada com isso não é? Transportes mágicos, quero dizer!

Hermione soltou-o e esboçou um sorriso tímido. Aparatar sempre lhe causou um desconforto, mas não tanto quanto a viagem por chave de portal, que era turbulência pura desde o primeiro segundo.

— Não quando sou pega de surpresa!

Notou então que já estavam no centro de Londres, onde pessoas corriam de um lado para o outro. Como sentira falta de tudo aquilo, as construções, as ruas e as cabines telefônicas tão vermelhas quanto sangue, abraçou-se e girou nos calcanhares, tentando acompanhar tudo o que acontecia à sua volta. Não entendia como conseguiu passar tanto tempo longe daquele lugar. Sua vida era ali!

Nott observava-a, e não conteve um sorriso. Nunca tivera muito contato com Hermione, talvez por ser um Sonserino ou por seu pai ser um Comensal da Morte, mas decididamente, gostaria detê-la conhecido antes. Ela ria sozinha, como se lembrasse de uma piada. A neve começava a cair novamente, fazendo com que trouxas apertassem-se dentro dos casacos.

— Granger?

— Como? — Ela parou de observar tudo como uma criança ansiosa e virou-se para ele, ainda tinha o maior sorriso do mundo no rosto.

Por um momento Nott parou e sorriu, movimentou a cabeça para um carro que passava ao lado.

— Vamos pedir um café, preciso te levar até o Ministério e lhe mostrar seu departamento!

Hermione assentiu e enlaçou seu braço ao de Theodore, como se o conhecesse há anos e já compartilhasse daquela intimidade. Talvez por estar ansiosa e animada demais nem notou o movimento que fizera, e como Nott não demonstrou relutância, começou a arrastá-lo pelas ruas. Descobriu durante a adolescência um café ótimo, esperava que o lugar aconchegante ainda estivesse lá.


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Notas finais do capítulo

Fiquei muito feliz com todos os comentários que recebi, portanto, aproveitei o tempo livre para postar mais um capítulo! Espero que gostem!!



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