Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 45
Dulce - 22




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Ele estava contraditoriamente desorientado ainda que soubesse onde estava, ele tinha perdido grande parte de sua sensatez a cada hora que passava sem ela. Desde que ela foi sequestrada, não se sentia assim desde que tinha tido uma crise na prisão quando Alicate o ajudou.

Vez ou outra ele tinha surtos, ainda mais quando mesmo com todos seus homens mais experientes e talentosos trabalhando no caso, não tinham resultados relevantes. Ele resolveu se distrair um pouco, cuidar da sua outra vingança menor, estava sentado na sua moto, já tinha modificado a placa e também pintado ela para uma cor vermelha. Não queria identificações no momento.

Estava fumando seu cigarro enquanto vigiava de longe, não se importou de que pessoas o vissem, sabia que ela não era querida na vizinhança conforme teve informações de seus homens que trabalhavam nesse caso, desde que a seguiram do interior até aqui. Assim que capaz das pessoas até gostarem do show que ele estava preparando. Teve vontade de sorrir, pena que estava entediado pela demora.

Mas, parece até que a empregada escutou seus pensamentos por que foi naquele momento que ela saiu de sua casa, já uniformizada. Estava tão distraída que sequer notou a presença dele longe daí, a vigiando. Ele foi seguindo ela com os olhos até lembrou da arma que ele tinha guardada na cintura, hábito que adquiriu a pouco tempo, andar armado, não seria necessário usar o objeto letal hoje, ele tinha outros planos para assustar a empregada que por sinal a seguiu com os olhos até que desapareceu de sua vista, bem era a hora do show.

Ele tragou o cigarro com gosto, já desfrutando da sensação.

Desceu de sua moto e levou consigo o galão, colocou o capacete e foi caminhando, desde que chegou pouquíssimas pessoas passaram na rua, ninguém que realmente tivesse interesse num motoqueiro parado. A única pessoa que o reparou ali foi um garoto de aparentes, 6 anos, que brincava sozinho na rua com suas bolinhas de gude. Ele ignorava os gritos de sua madrinha que o chamava para ir para casa, afinal a rua era um lugar perigoso. Ela tinha razão, especialmente um cara surtado como Alfonso Herrera.

Ele caminhou justamente em direção do garoto e se abaixou para ficar na mesma altura que ele.

:- Hei garoto! Quer ganhar 500 pesos? – A abordagem foi direta, não tinha tempo para ser desperdiçado.

O garoto mesmo desconfiado, encarou o cara de capacete e por um momento se lembrou do seu desenho japonês favorito e logo confiou.

:- Quero. Como eu faço?

:- É o seguinte. Eu tenho que fazer um trabalho aqui, cuidar de uma pessoa muito má. Sabe a mulher que mora ali. – ele apontou a casa.

:- Sim é a chata da Olívia. Ninguém aqui gosta dela. – o menino fez cara de repúdio e nem viu quando Alfonso sorriu por atrás do capacete.

:- Então, eu vim cuidar dela. Lhe dar uma lição. Eu preciso de dois favores seus.

:- É só dizer. – o menino estava claramente interessado no dinheiro.

:- Você não me viu aqui, de nenhuma maneira, não me conhece, não sabe quem eu sou, nunca escutou minha voz. Nada. Entendido?

:- Entendido.

:- Ótimo. E agora eu preciso que faça outro favor, fique aqui na rua durante uns 10 ou 15 minutos e depois comece a gritar, alertando os que estão em casa e ligue para que os ajudem. Certo?

:- Certo. Mas, o que você vai fazer? – o garoto ficou confuso. – E cadê o meu dinheiro.

Alfonso não respondeu apenas se esforçou e tirou sua carteira de seu bolso, tirou as notas e entregou para o garoto.

:- Aqui está, conte se quiser. – entregou as notas e ficou olhando o menino olhar o dinheiro para logo guarda-lo. – Temos um acordo garoto? – ele mostrou a mão e o menino olhou para ele antes de pegar e selar tudo. Se sentia participando de uma missão de super herói e ainda tinha ganhado dinheiro com isso. – Temos.

:- Ah só mais uma coisa. – Alfonso voltou a falar. – Se você voltar atrás no nosso acordo, eu vou ter que voltar aqui e tomar o seu dinheiro e se contar que me viu aqui, vou fazer pior está entendido.

O menino sentiu a ameaça, mas não sabia o perigo que estava correndo, Alfonso estava num nível de surto que não pouparia sequer uma criança mesmo que lhe lembrasse Enzo, seu quase filho.

Em sua cabeça se o garoto falasse algo faria o mesmo com a casa dele, com o que faria agora com de Olívia.

:- Eu prometo que nunca falarei nada a ninguém, ranger preto. – o menino jurou e só então Poncho se levantou tirando as luvas pretas de seu bolso e as colocando, como pode, enquanto levava o galão de gasolina.

Se deu conta que estava todo vestido de preto, que ironia. Sem dificuldades ele entrou na casa de Olívia, arrombou a porta com um chute e começou a cantarolar alguma música que ele gostava enquanto jogava gasolina por todos os lados, era uma casa pequena e humilde num lugar onde as pessoas passavam mais tempo fora do que em casa, por que ou trabalhavam para sobreviver ou não tinham como se sustentar.

Saiu da casa e na entrada jogou o resto da gasolina. Inclusive o galão.

Voltou para a calçada e viu o garoto ali atento observando a tudo, olhou para os lados, nada não tinha ninguém à vista e se tivesse ele daria um jeito de queimar o arquivo depois.

De frente novamente para a entrada da casa de Olívia agora toda molhada e com um cheiro insuportável de gasolina ele tinha que ser rápido, então tirou um cigarro do bolso e uma caixa de fósforo, seria como nas antigas acendeu o seu cigarro abriu o capacete e logo jogou o resto do pequeno fogo que ali havia na entrada da casa.

Foi simples, uma pequena explosão algumas faíscas e logo o fogo começou. E agora sim ele sorriu, o show tinha começado, pena que ele não veria até o final. Começou a andar para a sua moto não sem antes abaixar o capacete tirando o cigarro da boca, viu o garoto assustado com o que tinha presenciado, mas ele não se afastava.

Isso mostrava que ele esperaria o tempo que foi lhe dito.

Alfonso sentou em sua moto levantou o capacete deu mais uma tragada e jogou o cigarro fora pisando em cima, vendo as cinzas espalhadas no chão, assim como as cinzas que começavam a surgi da casa em chamas de Olívia.

Ligou a moto e saiu dali, viu que o garoto finalmente começou a fazer o alarde e as poucas pessoas que estavam em casa começaram a sair. Na avenida já, ele corria a toda velocidade gostando do perigo, depois de tanto tempo se sentindo mal e de mãos atadas com o desaparecimento de Dulce, ele se sentiu melhor ao ver a casa de Olívia em chamas.

Ao menos isso.

‘●’

Estava nervoso não poderia negar, talvez nunca esteve tão perto do que tanto queria como agora até transpirar ele estava, estava apenas aguardando o sinal para que finalmente pudesse cumprir o seu trabalho.

E naqueles instantes esperando pensou em muitas coisas, Alfonso, claro estava na cabeça dele. Talvez não havia pessoa nesse mundo que odiasse mais Gonzalo do que ele, e agora se tudo desse certo. Teria Gonzalo nas mãos e o levaria para o lugar dele, na prisão.

Dalton pensou nas pessoas que esse cara fez mal, em quantas vidas ele destruiu, famílias que até hoje se recuperam da dor da perda de um ente querido. Então ele tinha a chance de tomar a honra dessas pessoas de volta, vingar elas, mesmo. Que foram vítimas dos seus pecados.

Haviam montado todo um cerco policial, ainda bem que esse caso ele conseguiu pegar e estava como um dos comandantes apesar de ser melhor investigador, seguiu uma das melhores pistas de Gonzalo e finalmente chegou a esse lugar. Uma favela perto de uma linha antiga de trem desativada.

Quem diria um dos maiores traficantes, literalmente podre de rico, num lugar como esse. Era uma favela conhecida por altos índices de violência, isso lembrava uma história que quando criança ele escutou, da avó.

A sua avó lhe contou como funcionava um formigueiro por dentro, desde pequeno sempre foi um curioso nato, havia a rainha e grande resto eram as operárias. Formigas são conhecidas por serem motivadas, organizadas e serem produtivas. Cada uma sabia o seu lugar, isso se encaixava muito na história de Gonzalo, não deveria ser atoa que o apelido Príncipe foi dado a ele.

Ele veio se refugiar no lado mais esquecido do formigueiro, que policial acharia que um dos maiores traficantes internacionais de drogas ficaria escondido num lugar como esse? Com a mania de grandeza que hoje existe. Não mesmo.

Até ele com sua equipe chegar aqui, haviam muitos policiais a paisana, eles corriam um grande risco, afinal estavam em zona do inimigo, eles conheciam ali como as palmas das mãos, eles não. E existiam muitas chances de dar errado e Gonzalo escapar, claro que as formigas operárias o protegeria com a própria vida se preciso.

Então não tinha tempo para pensar em mais nada, havia chegado o sinal do outro comandante a paisana e era hora de agir, tinha que dar certo. O policial mentalizou enquanto corria com a arma apontada, já preparado para o pior.

:- Polícia! Polícia! Perdeu, perdeu. – os que estavam na frente começaram a gritar, alertando de última hora.

Então começou a confusão, os moradores que estavam nas ruas começaram a correr, os comerciantes a fechar lojas. Era difícil identificar quem era usuário, de traficante, de morador, mas Dalton não estava ali para aquela operação. Ele queria apenas pegar Gonzalo.

Corria no meio dos outros buscando constantemente, logo a troca de tiros começo e ele teve que se esconder atrás de um muro. Fechou os olhos amaldiçoando a precipitação, deveria ter cercado melhor a área, mas se eles tivessem feito isso poderiam ter sido pegos. Porra! Pensou. Tentou lembrar de como era o lugar, das várias entradas e saídas e tentou se localizar.

Gonzalo foi visto pela última vez num barraco, bem perto da onde ele estava se quisesse pega-lo tinha que ir agora e ser rápido. Então confiando no colete e toda a proteção que tinha ele se levantou e foi mesmo ficando no meio do confronto entre traficantes e policiais.

Começou a correr entre as casas grudadas uma na outra, era tudo muito estreito e tinha que ficar atento para não se perder ou cair numa armadilha feita pelos traficantes. No meio do caminho esbarrou em moradores que estavam extremamente assustados com toda a tensa situação.

Ele não parou apenas gritou com eles para que se protegessem imediatamente, quando ele estava perto chegou na casa e viu três homens saindo dela, deu dois tiros certeiros em dois traficantes e a terceira pessoa era quem ele mais queria, Gonzalo. Se lembrou da mania de grandeza e logo viu que mesmo que ele estivesse num lugar como aquele Gonzalo não mudava.

Estava vestido totalmente fora de acordo com a favela que o abrigava, terno, camisa listrada, óculos, tudo muito caro coisas que não se encontram em lugares como esses.

Gonzalo imediatamente o reconheceu, e assim como Dalton estava armado, deu dois tiros que o policial desviou imediatamente se escondendo, estou mais três sendo dados e quando ele foi dar o seu primeiro notou que ali na entrada da casa só havia os dois traficantes caídos, ainda vivos, mas sem armas.

Foi até lá imediatamente e procurou pelos lados Gonzalo, foi o encontrar correndo bem longe. E claro o policial foi atrás ele estava fazendo o caminho totalmente oposto da onde os policiais estavam, sabiam o que estavam fazendo, era tudo por dentro da favela.

Gonzalo levava uma vantagem por ter saído primeiro, mas Dalton estava focado e era bem treinado, mas percebeu logo tudo. O Príncipe, estava correndo em direção dos trens abandonados ainda nas linhas desativadas, e de longe havia um carro estacionado.

Era uma rota de fuga.

Então começou a correr ainda mais para alcançar o traficante, que logo percebendo a intenção do policial atirou para trás, e uma troca de tiros recomeçou, nenhum foi acertado e os outros traficantes que esperam por Gonzalo no carro se dando conta da situação ligaram o carro e vieram na direção dele em alta velocidade.

Tudo foi muito rápido abriram a porta e numa arrancada sem parar deram a volta onde deixando Gonzalo na frente, Tony viu Gonzalo voltar sua corrida e pular no carro em movimento, parecia uma cena de filme ensaiada foi tudo perfeitamente bem sucedido. Enquanto Gonzalo entrava no carro, atiraram em Dalton que caiu.

O carro então arrancou e se distanciou cada vez mais do corpo do policial caído no chão.

Ele ainda levantou o rosto para tentar algo, deu alguns tiros inúteis, e o que viu foi apenas um sorriso de um Gonzalo ofegante e claro uma provocação, ele mostrou o dedo do meio enquanto Tony conseguia ler os lábios deles, claramente “Otário”!

Dalton ficou extremamente irritado, tanto que socou o chão que estava e se ficou todo sujo de terra, se esforçou para se sentar e de sua barriga tirou a bala que o parou, acertaram num lugar que o incomodou tanto que o fez cair, estava protegido pelo colete a prova de balas, mas tinha perdido.

Novamente perdeu para o Príncipe, mesmo estando tão perto naquele instante, Tony Dalton um dos melhores policiais de seu distrito fez uma promessa, agora não era nem pelas pessoas machucadas pelo traficante, nem por Poncho, pela polícia que o buscava constantemente. Agora era por ele, numa questão de honra.

Jurou pegar Gonzalo e colocá-lo atrás das grades.

‘●’

Sentia os seus olhos queimarem, pelas lágrimas que desciam incontroláveis, numa tentativa de proteger os seus olhos de alguma forma, era inútil por que a tortura continuava.

Sentia as bochechas tremerem constantes e mesmo que não quisesse admitir tremulo estava era o seu corpo inteiro, diante da situação que se encontrava. Sentia dor, frio, cansaço e principalmente medo.

Apertaram mais o seu cabelo e forçaram sua cabeça a empurrando, imediatamente arregalou os olhos, aumentou o seu medo e agradeceu por não verem que ela sentia tudo isso.

:- Está gostando do passeio? - escutou ele gritando apesar do barulho que a rondava, o vento estava tão forte que parecia agulha furando o seu rosto quando batia em sua pele exposta, cortante.

Com todos os músculos que eu lembrava do meu corpo contraídos e focando numa preze para salvar ela mesma. E pareceu funcionar pelo menos por enquanto, brutalmente foi puxada para dentro novamente, se esforçou para tentar se levantar já que tinha o corpo todo amarrado bem apertado numa grossa corda.

A chutaram certeiro no seu estômago. Ela conseguiu sentir novamente algum sabor em sua boca mesmo que fosse ruim e que seu rosto estivesse de alguma forma dormente, dessa vez foi sangue que veio junto com a falta de oxigênio até mesmo pelo lugar que se encontravam.

:- Você está muito calada. – falou enquanto fechava a porta e o frio parou de algum jeito e ela escutou alguns risos dos outros que estavam ali somente assistindo.

Dulce não falou nada, não tinha vontade sequer de abrir a boca. Ela não conseguia explicar o que estava acontecendo com ela mesma. Num momento ela está chegando em seu hotel e em outro estão a torturando, dentro de um avião que estava viajando para algum lugar que ela não fazia nenhuma ideia de onde seja.

Foi dopada e quando acordou deu de cara com o sorriso irônico de Rodrigo, um dos colegas de trabalho de Eugênio. Ele tinha um olhar maldoso algo que só se acentuou cada vez que a via sofrer em suas mãos, foi ele que a puxou e deixou a sua cabeça para fora do avião sem proteção alguma.

:- Estou apenas sem palavras para o tratamento que estou recebendo. – conseguiu cuspir as palavras, ela não queria nem abrir os olhos.

Ele riu a olhando, ela realmente não perdia o seu humor.

:- Você é surpreendente, Dulce.

Ela olhou na direção dele por segundos e em seguida revirou os olhos, ela estava falando literalmente, ainda mais pelo chute que recebeu.

:- Para onde vocês estão me levando?

:- Não seja curiosa.

:- Se é para me matar por que não fizeram de uma vez.

Ele se abaixou e a encarava sem o sorriso ou a graça que tinha há poucos instantes. Dulce não ficava por baixo, ela também o encarava segura do que tinha dito, mesmo estando a mercê do que eles quisessem fazer com ela tinha que insistir e descobrir algo.

:- Nós vamos fazer isso. – ele disse sério afirmando, fazendo com que Dulce temessem as palavras ameaçadoras. – Só iremos nos divertir, antes de finalmente tirar sua vida e desaparecer com mais uma intrometida que sabe demais.

:- Mesmo que isso aconteça, vai ter outra pessoa que vai descobrir tudo o que vocês fazem, são várias pessoas atrás de vocês, polícia, Maite e até Poncho.

Rodrigo soltou um riso antes de falar.

:- Você tem noção de quanto tempo estamos nessa? Há quanto tempo fazemos o que fazemos? – ele soltou outro riso e o olhar de surtado apareceu novamente e Dulce se não sentisse tanta dor se afastaria, mas além de tudo sentia dor no corpo inteiro. – Antes mesmo de Felipe morrer, ele era um de nossos chefes, - olhou para os outros que estavam ali – e desde sempre a polícia está atrás de nós. E nunca aconteceu nada. Nunca. Se as pessoas descobrem algo, nós as eliminamos ou as ameaçamos, você não tem noção de quantos policias estão em nosso esquema também.

Os outros traficantes que estavam observando riram e Dulce apenas escutava as revelações. Ela tinha noção que era uma máfia gigante que existia, quanto mais desenterrava algum segredo, outros precisavam ser revelados.

:- Se lembra do sequestro de sua sobrinha? – Dulce trancou o maxilar enquanto Rodrigo a encarava de lado. – Pensei em como faria tudo, pensei até em levar policiais de verdade, mas não deu certo e vocês ganharam seus pontos nessa história. Eu cansei de conversar, Dulce, vamos continuar nossas brincadeiras. – sorriu e andando pelo avião foi até uma mala e de lá tirou algo que fez Dulce ficar apreensiva.

Se lembrou de quando ele estava na sala da casa de Eugênio esperando ele chegar, ele esteve perto por tanto tempo e ela não desconfiou dele, não a história que ela tinha descoberto e que a fez ser sequestrada. Ela seria eliminada por que sabia demais, talvez a matassem e jogassem o seu corpo ali de cima, ela fechou os olhos por um instante e tentando afastar esse pessimismo. Se ela tivesse alguma chance tinha que se manter atenta.

:- Vamos jogar Dulce. – Rodrigo limpou a arma que tirou da mala e com um olhar e um balançar de cabeça, fez um sinal para os outros, Dulce respirou profundamente tentando se acalmar negando escutar a voz pessimista em sua cabeça dizendo que ela morreria agora. – O jogo é o seguinte, vou soltar a corda que prende você desde que a pegamos e nós vamos brincar um pouco. Caso, tente alguma gracinha todos aqui estão armados Dulce. Não queria ir para o inferno antes do tempo. – ele riu.

E logo Dulce foi levantada e soltaram a corda sentiu que o sangue preso em diversos locais de seu corpo agora poderia circular normalmente. Ela olhou para todos, aproximadamente sete homens e mais Rodrigo, todos armados. Não teria chance se agisse por impulso.

:- Ajoelha Dulce. – Rodrigo mandou e ela o fez lentamente. – Agora eu quero que pense em tudo, tudo que fez na sua vida, sabe como uma despedida mesmo. – Ela não queria pensar, porém foi traída por sua mente que começou com diversas lembranças desconexas.

:- Você está preparada para a morte? – Rodrigo perguntou e Dulce apenas engoliu saliva ele andava ao redor dela. – A única pena agora é que você não se despediu de ninguém, nenhum dos que você esta pensando ou se lembrando nesse momento. Será que eu seria muito mal em te matar agora e não deixar você se despedir de ninguém? – ele parou na sua frente com a arma sempre a mostra, e ele se ajoelhou. – Fecha os olhos.

Ela não queria fazer, estava com medo, então ele mostrou a arma novamente dizendo com gesto que ou ela faria o que ele mandou ou ela sofreria ainda mais as consequências.

:- Isso boneca. – Odiou escutar a voz dele tão próxima, ele chamava assim quando a queria provocar desde a Universidade, odiava o apelido e ainda mais vindo dele. – Pensa nas pessoas que você ama, que você quer se despedir.

Respirando rapidamente ela sentia uma agonia, outra vez sentiu um gosto ruim na boca só que dessa vez era um gosto ruim de morte, de desespero. Lutava contra si mesma para não ficar assim, não se sentir assim, mas era impossível. Rodrigo estava trazendo e transformando os seus medos em seus piores pesadelos, o pesadelo real da morte.

Sua cabeça logo a levou para a infância para a lembrança da sua mãe, como ela sentia falta dela, talvez agora pudesse a reencontrá-la, algum bom motivo enfim. Sua irmã e sua sobrinha ficaram presentes em seu pensamento e no seu coração que batia pesado.

E foi nesse momento que escutou o barulho da arma sendo engatilhada e logo o metal gelado foi encostado em sua testa.

O pânico começava a tomar conta de todo o seu corpo.

:- Agora eu vou pegar a sua mão, não faça nenhuma gracinha, sabe quantos homens armados estão aqui. Qualquer atitude sua, terminara na sua morte. Sei que você é perigosa e que pode ser tão bela como uma gata, ou melhor, como uma felina, eu tenho que te alertar que você não tem sete vidas. – fez referência aos homens que estavam ali com ela.

Dulce não falou nada imaginou, na verdade, se imaginou saindo dali e prometendo que de alguma forma a vida sumiria do corpo de Rodrigo, por ele ter sequestrado sua sobrinha, por ele ter feito ela passar por um inferno na prisão, por ele ter atormentado ela desde que ficou livre, por ele ter feito ela julgar os outros quando na realidade o culpado era ele, pelo o que ele fez. Por outro lado, uma parte de seu cérebro se imaginava longe daquela situação de perigo, uma voz desesperada gritava em sua cabeça que ela tinha que escapar dali, ela não poderia morrer. Mesmo que tivesse que pular do avião. Deixou ir essas imaginações sumirem assim como surgiu, não daria certo.

Rodrigo estava sorrindo, mas Dulce não viu, ele estava se divertindo muito. Ele pegou a mão dela e colocou a arma, era arriscado, só que ele queria correr esse risco.

:- Resolvi te dar uma morte digna, Dulce. Coloque a arma na boca e atire.

Ela tremeu só de escutar a voz dele, devagar foi levantando o braço e a mão com a arma, incerta, fechou mais os olhos e abriu a boca com a arma apontada tendo uma das piores sensações desde toda a sua vida. Queria chorar de agonia, mas não faria isso na frente dele.

:- O que você está esperando? Atire! – Rodrigo falou.

E Dulce sabia que não atiraria. Se ele tivesse que mata-la teria que fazer por ele mesmo.

:- Está pensando Dulce nas pessoas que você gosta? – ele perguntou. – Está se despedindo? Pense, Dulce, pense. Será que está pensando nele? Em Eugênio ou seria em... Alfonso? – ele foi sugestivo.

Dulce soltou um suspiro pesado e seus olhos tremeram, o coração disparou e a luta interna continuava. E se ela morresse agora, estaria pensando em Poncho.

‘●’


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