Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 44
Poncho - 24




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Poncho

:- Uau. Mas, essa Dulce realmente sabe como jogar. – escutei Maite comentando enquanto olhava concentrava para o seu notebook.

Eu deixei de ler um contrato enorme para um futuro negócio da minha agência, envolvia um grande cliente faríamos uma campanha de nível nacional, para olhar para Maite que estava resolvendo os seus negócios ali na minha sala, não vi problema nenhum. E além do mais, ela precisava tanto de companhia quanto eu.

:- Do que está falando? - arrumei os óculos de leitura em meu rosto.

:- Sua companheira de vingança, fez uma grande jogada. – ela riu, mas continuava olhando para o seu note.

:- O que ela fez? - desisti de ler o meu contrato.

Maite finalmente se mexeu e atravessou a minha sala com o seu note em mãos para me mostrar.

:- Veja bem isso. – colocou o notebook na minha mesa de forma que os dois vissem a tela.

:- Do que se trata?

:- Bem, você sabe que faz um tempo atrás, quando você e Dulce ainda estavam juntos na vingança, me inspirei na atuação de Dulce como Clotilde e com o que ela descobriu sobre os desfalques da sua ex Universidade, eu logo encontrei uma forma de em algumas visitas, colocar o meu olho lá.

:- Está falando da vez que se fingiu de sócia para ajudar Eugênio com suas dívidas?

:- Isso. Queria saber como que uma Universidade estava falida, mas ainda estava de pé deveria ter uma explicação para isso. E eu consegui instalar um programa espião para verificar as modificações nas contas bancárias do Elite, algo que só Eugênio e os sócios tem acesso.

:- Hum continue explicando.

:- Já faz um tempo que Eugênio se associou a Rodrigo, como sabe, ele também tem o seu dedo podre no mundo das drogas, existe uma máfia sustentando, ou melhor, tapando os rombos que a administração de Eugênio trouxe.

:- Não, me admira os dois ficaram bem próximos nos últimos anos. Acha que podemos acusar Eugênio por conta disso?

:- Sem dúvida, por isso queria descobrir melhor essa história, mas o que eu quero realmente lhe dizer é isso, está vendo essas contas. – ela apontou para a tela do seu notebook. – Essa é uma conta majoritária, descobri que apenas Eugênio faz a movimentação dessa conta. Mas, se você observar que nesses últimos dias, houve um saque de 5 milhões.

:- Como isso aconteceu se Eugênio estava sequestrado? - eu me perguntei em voz alta desconfiado e principalmente curioso.

:- É aí que entra Dulce na história. Pelo que ficamos sabendo ela estava a frente nas negociações desse sequestro e pelo que eu andei averiguando foi pedido 1 milhão para cada dia que Eugênio passou desaparecido, vamos combinar foi pouco. Bom, Dulce pagou a liberdade de Eugênio com o seu próprio dinheiro. – Maite soltou uma risada. – é por isso que você gosta tanto dela.

:- Não começa com isso. Maite. – eu suspirei cansado tirando os meus óculos, nada fazia sentido.

:- Ok. Ok. É por isso que você odeia ama-la? Ou seria o contrário. – ela voltou a rir vendo que eu não estava gostando das suas palavras e do seu tom.

:- Por que ela fez isso? Quer dizer, não faz sentido. Você mesma disse que ela gosta de Eugênio.

:- E daí? Segundo ela a vingança continua sempre cheguei a duvidar se ela conseguiria seguir com isso, mas dessa vez eu tenho que me redimir ela fez uma ótima jogada, ousada. E quando Eugênio descobrir que a faxineira que ele mais gosta, pagou o próprio sequestro dele?

:- Como ela vai continuar com essa vingança se ela gosta dele? - eu perguntei ignorando o que ela falou.

:- Aff, Alfonso. – ela bufou revirando os olhos. – Está vendo? Queria que tivesse um espelho agora. Você está mais preocupado com Dulce, mesmo depois do que ela fez com você do que com a vingança. E nem adianta negar isso, uma prova é que Olívia voltou e você não fez nada para ir atrás dela. E está mais preocupado em saber por que Dulce roubou Eugênio?!

:- Eu tenho outros planos para Olívia, não se preocupe com a empregadinha estou esperando o momento certo para abordá-la. Assim ela vai falar tudo o que eu quero. – tinha uma vingancinha particular com Olívia ela não perdia por esperar. – Eu só quero entender por que Dulce é louca. – exclamei irritado.

:- Por que ela é, passou anos numa prisão, isso é o mínimo que aconteceria com ela. Fora que ela tem um dilema que a persegue e a corrói todos os dias e isso é como se fosse uma bomba que te destrói. É um questionamento, de um lado você tem a sua vingança e do outro o sentimento por quem você quer se vingar. Você tem que decidir e isso pode mudar completamente sua vida, você pode vencer ou perder. E nem tudo é 8 ou 80, nesse caminho você pode ser destruído também e nunca ficará satisfeito. – ela começou a falar e sabia que por um momento estava dizendo por ela mesma. – Dulce, deve pensar todos os dias de sua vida o que ela realmente quer, ficar com Eugênio ou se vingar dele e perdê-lo.

Fiz uma careta instantânea diante dessa possibilidade.

:- Você também tem o seu dilema, apesar de conseguir manter sua pose de durão. – ela me encarou. – Ou vai dizer que não pensou na possibilidade de perdoar Dulce apenas para tê-la novamente, e até esquecer a sua vingança. Ela se tornou muito importante para você, não é Alfonso? Já pensou que você e ela poderiam ter ficados juntos há muito tempo atrás, se ela não tivesse se apaixonado por Eugênio e você por Angelique.

:- Chega! Como esse papo furado, Maite. – eu falei irritado pelos raciocínios que o meu cérebro fazia a cada palavra dela dita, não estava me agradando em nada.

:- Eu sei que você já fez isso, por que eu também fiz. – ela abaixou o olhar e quando voltou eu me lembrei da primeira vez que eu a vi, a mesma aflição e desespero para ser salva.

:- Você está aqui até hoje e sabe das suas decisões. – eu comentei jogando o seu passado como prova de exemplo.

:- É diferente, eu ainda vou me vingar, algo que eu jurei há muito tempo atrás. Não, me sinto mais envolvida. Você sim.

:- Uma vez você me disse lá no passado, quando mal nos conhecíamos direto. Que essa dúvida fazia a nossa diferença com relação aos outros, atravessar ou não essa linha nos transformamos em monstros ou em continuar como humanos. – eu falei sério. – Mesmo que eu tivesse uma escolha agora, mesmo que você estiver certa com relação à Dulce. – por que eu odiava ter que admitir, porém eu cogitei essa possibilidade de ficar apenas Dulce e eu. Pensei comigo mesmo. – Isso não vai mais fazer diferença, por que eu já atravessei essa linha, eu já sou um monstro. Já fiz coisas das quais não me orgulharia no passado. Mas, aquele Alfonso está esquecido. E esse Alfonso, mesmo amando Dulce, só quer saber da vingança.

:- Então essa é sua escolha? - ela me perguntou e eu fiquei olhando um tempo aquela Maite que estava na minha frente como que fosse algo raro, como se visse uma estrela cadente, por que ela expressava sua humanidade ali, não era comum baixar a sua guarda. Ela estava com dúvidas tanto quanto eu, ela mais uma vez estava questionando a ela mesma, mesmo que falasse de Dulce e de mim.

:- Sim. – eu fui firme afirmando com a cabeça. – Assim como a sua decisão.

E essa foi a vez dela afirmar com a cabeça, sabia que ela estava me prevenindo de algo. Se eu escolhesse a vingança talvez perdesse Dulce para sempre, afinal ela gosta de Eugênio e se eu o destruísse, ela me odiaria por muito tempo.

E eu viveria assim como ela. Vazia.

:- Eu aprendi que o que as pessoas chamam de destino, realmente existe e é real. Temos a falsa ilusão de que escolhemos tudo o que acontece conosco, mas é mentira.

:- Do que você está falando agora?

:- Que sua decisão pode ser mudada. – ela deu os ombros e eu me senti mal. Por que não sabia se isso era uma coisa boa, me senti mal por que escutamos um barulho na porta no mesmo instante, que ela terminou de falar como se fosse bruxa.

:- Pode entrar. – eu falei.

A porta foi aberta e eu me deparei com a figura de Jack, e então eu realmente fiquei mal. A ponto de ficar com um gosto ruim na boca, aquilo não era um sinal bom, justamente ao contrário. Ele tinha uma expressão preocupada e quando ele ficava assim, eu receberia más notícias.

:- O que foi Jack? - Foi Maite que perguntou. Eu já tinha me levantado da minha cadeira e me apoiava na minha mesa.

Ele não a olhou e me encarava, engoliu saliva e abaixou a cabeça brevemente antes de começar a falar.

:- Eu falhei, me desculpem. Foi uma ação planejada, cerca de sete homens todos conhecidos nossos. Eles sabiam que ela estava sendo seguida, por isso conseguiram me desarmar e tinham mais carros.

:- O QUE ACONTECEU JACK, FALE DE UMA VEZ, SEM EXPLICAÇÕES ANTES. – eu gritei com ele irritado.

:- Sequestraram a Dulce senhor. – ele novamente abaixou a cabeça. – e foram os homens do seu irmão. Todos traficantes de drogas.

Maite já tinha se levantado e não sei como não vi ela dar a volta na mesa e já estar do meu lado, eu não conseguia enxergar nada além de Jack e repetir mentalmente todas as palavras deles.

Isso não estava acontecendo comigo.

Não. Eu não deixaria isso acontecer.

:- COMO ISSO ACONTECEU? – Eu perdi minha calma e bati as minhas mãos na minha mesa, sem me importar com o escândalo que estava fazendo.

:- Já lhe expliquei senhor. – ele se manteve.

:- COMO VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER, JACK. – dei a volta na mesa pelo lado oposto de Maite e fui na direção dele que se manteve imóvel. – VOCÊ ERA RESPONSÁVEL POR ELA. – gritei na sua cara.

:- Alfonso. – bem de longe eu escutava a voz de Maite, mas não lhe dava ouvidos. Tinha vontade de socar a cara de Jack até que sangrasse para descontar o que eu estava sentindo. – Alfonso, não brigue com ele. Não escutou como tudo aconteceu? Seja sensato.

:- NÃO ME IMPORTA MAITE. – Olhei para ela com os olhos arregalados, estava fervendo de raiva ao ponto de explodir feito uma verdadeira bomba. De agonia, de raiva.

Ela viu que eu descontaria em Jack, ele mesmo sentiu isso, mas não se mexeu. Porém, Maite foi mais rápida veio até onde estávamos e empurrou Jack ficando entre nós dois. Com uma força incrível para uma mulher ela conseguiu me parar e fazer com o que eu a escutasse que falava surpreendentemente calma. Enquanto eu beirava o desespero.

:- Não escutou o que ele disse, foi o seu irmão. Novamente, Alfonso. Olha para mim. – ela puxou o meu rosto brutalmente, eu já respirava violentamente. – Você não pode perder a cabeça, é isso que ele quer. Temos que ter a cabeça no lugar para livrar Dulce.

:- Ele fez isso para me atingir, sabe que ela é importante para mim. – eu falei encarando Maite apertando todos os músculos do meu rosto possíveis, e por um momento agradeci por ela ter uma mão me apertando e me forçando a encará-la, se não fosse isso eu seria capaz de cair, por que fiquei sem forças e sem rumo ao me dar conta da gravidade da situação. Eu perdi Dulce.

:- Exatamente isso. Nós vamos resgatá-la, mas para isso temos que ser tão frios e calculistas quando eles até mais. – ela viu que uma lágrima teimosa escorregou dos meus olhos e percebeu que eu não estava bem. – Jack. – ela o chamou sem deixar de me olhar.

:- Sim, Maite. – ele se prontificou.

:- Quero os melhores dos nossos homens nesse caso, quero todos sem desculpas, temos que achar Dulce o mais rápido possível antes que aconteça alguma coisa com ela. Não devem estar para brincadeiras. Em uma hora no máximo eu quero todos aqui, vamos ter uma reunião de emergência, definir nossa estratégia e seguir os rastros, entendido!

:- Sim, senhora.

:- Então vá imediatamente. – ela mandou. E ele foi.

Ela me guiou até a minha mesa e me fez sentar na cadeira, eu parecia perder as forças e ela pareceu notar isso.

:- Escute beba isso Poncho. É conhaque. Vai fazer você ficar melhor. – ela me deu um copo gordo e cheio de bebida. E eu tomei tudo o mais rápido que pude. – Eu já me senti assim antes, acredite, vai passar e eu estou aqui com você, por isso eu preciso que dê o seu melhor agora, precisamos achar Dulce e você não pode se descontrolar, sei que é difícil ser frio agora, mas é necessário.

:- Ele não vai machucá-la. Um fio de cabelo sequer dela. – eu falei mesmo escutando o que ela acabou de me dizer.

:- Não vai, nós vamos encontrá-la antes.

Ela confirmou, mesmo sem saber o que se passava na minha cabeça, fez bem me dar álcool minha cabeça funcionava melhor, mas agora era uma questão de pura e simplesmente urgência. Gonzalo passou um limite que eu não o perdoaria jamais. Se ele fizesse algum mal a Dulce, ele morreria.

Isso eu juro sobre o túmulo dos meus pais se necessário e em memória deles.

Eu mesmo mataria o meu irmão.

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