Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 46
Dulce - 23




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:- Não me faça mal. – ela soltou lágrimas por pouco tempo e seu pescoço foi esmagado pelas mãos dele, seu ar ia embora a cada segundo. – Por tudo que lhe é mais sagrado. – implorou com a voz falha com o pouco de ar que ainda tinha.

Ele não falou nada e pior apertou mais o seu pescoço por alguns segundos que pareceu século para a humilhada empregada até soltar o seu pescoço, mas ainda a prensava contra a parede sem tocar apenas com a presença. Pouco a pouco o ar voltava a circular normalmente.

:- Tem que tomar cuidado com as suas traições por que pode cruzar o caminho de uma pessoa ruim e puft. – ele falou a última palavra soprando unindo os dedos depois abrindo mostrando o gesto. – Você morre.

Olívia ficou mais aterrorizada com as palavras dele do que outra coisa, ela estava refugiada na casa do patrão desde que colocaram fogo em sua casa, ela tinha perdido tudo. E sabia que ele viria atrás dela, mais cedo ou mais tarde.

Quando Alfonso além do olhar frio tirou do seu jeans também um revolver ela sentiu pânico, ele a mataria.

:- Perdão, Alfonso, perdão. Não me faça nada, eu prometo devolver todo o seu dinheiro, mas não me mate. – ela caiu de joelhos abraçando as penas dele e implorando. Alfonso demorou para acreditar na cena que presenciava como ela era ridícula, para não insultar pior, era miserável.

Ele se abaixou e puxou o cabelo com força para que desgrudasse dele, ela já chorava novamente e tudo o que ele sentiu foi nojo.

:- Faça algo que não fez antes, um favor para si mesma, me diga algo importante. Por que essa casa tem esse sistema de segurança, o que Eugênio esconde aqui?

:- Eu não sei de nada. Eu juro. – ela abriu os olhos e ficou mais assustada.

Ele se irritou com a sua resposta e com o revolver apontado para a testa dela engatinhou a arma.

:- Eu não tenho mais paciência para os seus joguinhos, Olívia. – ele negou com a cabeça. Se não me disser, eu vou descobrir por mal, mas agora eu tenho que me vingar de você.

:- Não! Não! Não! Não faça isso... Eugênio quer segurança, ele tem esse sistema para se proteger. – ela desatou a falar nervosa, tinha a testa transpirando e estava apavorada, não conhecia Alfonso, mas ele poderia matar se quisesse.

:- Se proteger de que?

:- Dos seus negócios. Eu não posso falar muito, por que não sei exatamente o que ele faz. Apenas sei que são negócios.

:- Tem negócios com Rodrigo?

:- Sim.

Alfonso apertou os olhos, Eugênio só tinha cara de bom moço.

:- Fala mais! – Alfonso falou num tom irritado e Olívia não podia parar de olhar para o seu rosto trancado. E conforme Olívia ficou calada. – FALA MAIS! CONTINUA A FALAR! OLÍVIA NÃO FAÇA PERDER A CABEÇA.

:- Eu não posso falar, eu posso mostrar. – ela falou com os olhos fechados.

Só então Alfonso se convenceu, soltou o cabelo dela e se levantou esperando que ela também o fizesse. Olívia o viu de pé com o revolver longe e agradeceu, tinha pensado rápido e feito a sua escolha, não tinha nada mais o que fazer.

O que conseguiu lucrar com Alfonso tinha feito, o que conseguiu lucrar com Eugênio o fez e tinha escolhido o seu lado também, escolheu o seu patrão. Quando Alfonso lhe propôs instalar as câmeras ela logo viu uma vantagem clara, não gostava de como Angelique sua patroa a tratava, Eugênio era o único que a respeitava e estava envolvida uma ótima grana, lógico que aceitou.

Porém, Eugênio depois de se separar de Angelique percebeu as câmeras e exigiu explicações dela, acabou confessando tudo. Ele fez uma proposta melhor, e ela aceitou, até Alfonso descobrir tudo, Eugênio tinha prometido protege-la, porém ele mentiu.

Perdeu tudo.

Alfonso transformou tudo em cinzas e da forma em que se encontrava também tiraria a sua vida, ela tinha que zelar por ela mesma, sabia que Alfonso descobriria tudo, que fosse agora então, assim que ele se distraísse ela fugiria.

Com esse pensamento ela se levantou.

:- Me siga por favor.

E ele foi seguindo ela, saíram da cozinha, lugar por onde ele a abordou e foram até a sala, com uma chave ela abriu a porta do armário de casacos que ficava debaixo da escada, algo bem comum em casas americanas ou em países que enfrentam invernos rigorosos, era mais prático.

De lá Olívia tirou todos os casacos pesados, todos de Eugênio, diversos sobretudos foram jogados no chão, não importava mais nada e Alfonso esperava apenas observando. Entrou no armário e ligando uma luz, apertou um botão quase invisível por ser pequeno e discreto e então o som discreto surgiu no tenso ambiente entre os dois.

E a empregada subiu uma alavanca novamente discreta que surgiu após o som parar, e uma porta foi aberta. Numa espécie de elevador apertado e neutro.

:- Aí está a sua verdade. – Olivia voltou a falar mostrando o elevador. – Entre e descubra, com os seus olhos e suas interpretações.

Sem pensar duas vezes e faminto pela verdade Alfonso logo entrou no armário e em seguida no elevador, naquele espaço não caberia mais de uma pessoa e mesmo que coubesse os dois saberiam que ela não estaria ali.

Os olhares se reencontraram, o dele firme e o dela ansioso.

Ela apertou o botão para que o elevador voltasse a funcionar, e Alfonso desapareceu da vista de Olivia assim como ela desapareceria do caminho dele. Enquanto ele estava subindo para algum lugar, ela já tinha caminhado pela casa pensando na sua rota de fuga.

De todo o tempo no qual ela trabalhou para Eugênio, mesmo descobrindo coisas erradas que não se encaixava com o patrão, ela nunca tinha entrado naquele elevador, nem mesmo quando a curiosidade tentava dominar sua ambição por descobrir algo que lhe rendesse dinheiro. Ela sempre escutou os seus pressentimentos, e o maior deles, é o de nunca entrar no elevador e descobrir onde ele levaria.

De certa forma, ela estava certa e quem realmente deveria entrar ali pela primeira vez, além de Eugênio, era Alfonso.

Ele se lembrou da primeira vez que tinha entrado ali, quando ele e Dulce saíram da prisão e fizeram sua primeira aparição, no noivado de Angelique e Eugênio, um reencontro marcante para os quatro.

O elevador parou, o som da porta reabrindo também se dissipou, Alfonso deu quatro passos, mas parou. O seu corpo bloqueou e ele sentiu uma dor de cabeça terrível, tão forte que ele gemeu de dor e se abaixou chocando uma perna no chão enquanto a outra ainda tentava sustentar o corpo.

O revolver que tinha em uma das mãos foi jogado, e sentiu uma pontada mais forte em sua cabeça, sentindo seu cérebro trabalhando a todo o vapor correndo contra o tempo tentando se recuperar.

Isso por que quando ele foi preso entrou num processo de adaptação e também restruturação, quando se deixou ser movido pela sua vingança e somando os anos de prisão, as coisas ruins que aconteceram, morte de seus pais, a traição da namorada, o ódio que o irmão sentia por ele, a traição do melhor amigo, a condenação pela morte de seu professor.

Alfonso entrou num processo de autoproteção, num fim do primeiro mês de cadeia, o presidiário teve um surto, ninguém se importou com ele. Com as suas lágrimas de sofrimento, de raiva, gritava os nomes dos causadores de seu sofrimento e estava tão desesperado e desiludido que naquele momento pensava em se matar.

Alicate, naquela noite estava encarregado da tarefa de passar pano no chão, ele já tinha cumprido a sua tarefa, porém como não tinha muito o que fazer, decidiu refazer o seu trabalho, ele terminando o último corredor quando escutou os gritos. Nenhum outro presidiário se importou com os surtos de Alfonso, eles já tinham passado por esse processo, já estavam tão acostumados que com o sem gritos era o mesmo. Fazia parte desse processo de perder a humanidade.

Diferente dos outros antes que algo de ruim acontecesse, Alicate entrou na sela que era de Alfonso e simplesmente após passar o pano na sela e ver que Alfonso estranhou a presença dele, assim como um bebé que faz birra ficou observando, Alicate se sentou e começou a contar sua história.

Após escutar tudo e Alicate ir embora, Alfonso só pensava em se vingar e como já estava no processo de perder sua misericórdia. O seu cérebro entendeu naquele instante que ele precisava se proteger e então à medida que Alfonso focava na vingança, parte de suas lembranças foram bloqueadas para que não voltasse a sofrer e focasse no seu objetivo.

Ele perdeu algumas lembranças, do professor, dos pais, da namorada e do amigo.

Até agora.

Que voltou a encontrar essas lembranças. Alfonso arregalou os olhos como se vissem essas lembranças na sua frente, momentos com os seus pais, eles o levando num parque de diversões, caminhada na margem da praia, os aniversários, as histórias e os beijos antes de dormir, os sorrisos e lágrimas. Quando Felipe deu a sua primeira aula, quando o colocou para fazer trabalho com os seus futuros amigos e inimigos, quando ele o elogiou, quando o ameaçou, quando ele o provocava. Se lembrou da primeira vez que viu Angelique, das conversas, dos planos, das viagens a namoro, das brigas, do ciúme.

De todas as lembranças antes bloqueadas e que voltaram com força total torturando Alfonso, uma ficou mais evidente, uma viagem que fez com Eugênio.

O pai de Eugênio tinha uma casa na Escócia, lá ele tinha uma outra vida uma mulher, essa vida do pai Eugênio não era muito ligado, ele só decidiu visita-lo por que não estava a fim de ficar na cidade e queria viajar, convenceu Alfonso de passar quatro dias por lá.

Logo na primeira noite os dois amigos jovens foram para uma casa noturna ver como eram as festas de lá, lógico encontraram garotas, o mais engraçado para Alfonso foi quando Eugênio mais bêbado dos dois disse que o jogo de sedução, era como na natureza, uma vez da caça e outra do caçador. Os homens sempre tinham que ser o caçador por serem os machos alfas. Alfonso se lembrou de rir, porque por mais que Eugênio tivesse seus rolos com as mulheres por aí, ele fazia a linha do que as mulheres chamavam de romântico.

E a outra lembrança foi quando o pai de Eugênio os convidam para sair com ele para a floresta que não ficava longe da casa, com um grupo de homens entre jovens e mais velhos. Eugênio explicou que o pai escocês lhe ensinou uma prática, caçar.

Aquele grupo de homens todos juntos e reunidos ali, estavam caçando, antes era uma necessidade, depois tornou-se restrito a época especificas, como questão de sobrevivência dos animais. O maior perdido era Alfonso no meio deles, Eugênio no começo explicava as atitudes, mas depois esqueceu do mundo por ficar tão concentrado. Após ser um dos únicos a conseguir caçar um veado, Eugênio falou com felicidade negra em seus olhos.

Antes de matar a sua presa, tem que olhar diretamente nos olhos dela, para que ela saiba que você é o seu caçador.

Seu caçador.

Saber quem é o seu caçador.

Ele tinha acabado de descobrir quem era o seu.

O seu ex melhor amigo, rival, Eugênio Siller.

Alfonso sentindo ainda o seu corpo se recuperar das lembranças olhou para a sala em que estava encarando a realidade.

O lugar era pequeno, deveria ficar num lugar da casa que ninguém tem acesso a não ser Eugênio, era uma sala escondida projetada para ser discreta, ficava entre o primeiro e segundo andar da casa de Eugênio, sua única entrada era pelo elevador.

De um lado havia um armário com porta de vidros onde estavam expostas diversas armas, de diversos tamanhos. Do outro lado um painel grande que tomava conta de toda a parede, onde tinha colado notícias e fotos de todos esses anos. Alfonso teve que se levantar para olhar aquilo de perto.

Era inacreditável.

Ali era uma estrutura de psicopata. Eugênio era um psicopata.

Havia notícias da morte de Felipe, do julgamento, de quando ele e Dulce foram presos, fotos antigas e imagens dele e Dulce atuais após a liberdade. Alfonso olhava aquilo desacreditado e começou a dar ouvidos e ações para a sua curiosidade começou a fuçar tudo.

Leu o que conseguiu e fuçou no computador dali e tentou encontrar pistas e revelações.

Alfonso não conseguiu apurar muito, até por que escutou um estrondo lá embaixo e provavelmente era a polícia. Pode notar que Eugênio também os vigiava, alguns dos funcionários temporários que o hotel tinha, eram empregados de Eugênio, por isso conseguia entregar os bilhetes, por isso sabia os passos de Dulce e ele, o sistema de seu computador era extremamente complicado de se infiltrar ele teria que contratar algum profissional, melhor capacitado que ele.

E numa gaveta escondida, encontrou diversas fotos antigas, uma lhe chamou a atenção. Estavam os quatros, juntos e sorridentes, por que tinham saído juntos numa das festas da faculdade. Se perguntou por que Eugênio tinha guardado aquilo, até que apareceu em baixo outra foto, a cópia de que Alfonso via, porém com maior explicação.

A cara de Dulce estava marcada com um X enorme e vermelho, a cara de Alfonso também, ele puxou a foto para ver melhor e outras subiram ligadas uma na outra, apareceram várias pessoas desconhecidas com o mesmo X na cara. Até que as últimas fotos apareceram e uma delas estava Felipe com o seu X escrito “O começo de tudo” e a última não menos surpreendente Rodrigo, Eugênio e Gonzalo sorrindo escrito “Jogo dos caçadores”.

Alfonso não sabia o que pensar direito, tinha uma dor de cabeça terrível, e olhando para a sala inteira, era tudo tão inesperado para ele. Qual era a ligação entre o seu irmão e Eugênio exatamente?

:- Eugênio é você que esta aí em cima? - Alfonso escutou alguém gritando, tinham descoberto o elevador.

Voltando para as ações começou a buscar algo que o ajudasse a descobrir algo útil e prático, conseguiu recuperar um e-mail de Rodrigo lido na noite anterior antes de Eugênio sumir.

Não conseguiu ler o conteúdo mesmo assim descobriu de onde foi enviado. Um hotel de luxo em Los Angeles. Tinha uma pista de onde levaram Dulce, ele tinha que encontrar um plano para resgatá-la antes que o x marcado na foto dela tenha o mesmo significado que o de Felipe. E tinha que encontrar Eugênio, o caçador, tinha muito que revelar para ele.

Assim como dizem, um dia da caça e outro do caçador, dessa vez a presa seria Eugênio.

‘●’

:- Oi, como vai? - como sempre em seu primeiro contato, ela tinha suavidade e cordialidade.

A mulher olhou para a outra estranhando a sua presença queria ficar sozinha afundada na sua tristeza.

:- Olá. – ainda assim foi educada.

:- Cerveja? - ela ofereceu sem se deixar abalar pelo desanimo e a postura fechada da senhora.

Demorou para que finalmente cedesse, mas ela por fim decidiu aceitar a bebida oferecida. Mesmo que não admitisse, ela precisava. E só depois de um gole longo ela voltou a escutar a voz da gentil senhora de cabelos louros escuros.

:- Dia difícil?

:- Na verdade sim. – Dulce soube naquele momento que ela tinha caído na armadilha, agora só era saber como arrancar as informações que ela queria.

:- Precisa de um ombro amigo ou uma orelha para alugar? Eu sou ótima nisso em dar conselhos é o que dizem minhas netas. – soltou um sorriso ainda fechado fazendo o rosto montado enrugar como se fosse verdadeiro, um espetacular disfarce.

:- Não nos conhecemos para que eu conte dos meus problemas.

:- Veja bem, aqui não é um lugar para pessoas tristes, já estão te olhando feio. – ela mostrou algumas pessoas que trabalhavam no lugar – Se quer desabafar, não é melhor fazer com um desconhecido? Afinal, ele não te conhece não vai poupar sinceridade e por estar fora de sua vida, tem um outro campo de visão, e sabe o que é o melhor?

:- Não. – respondeu balançada.

:- Nunca mais vamos nos ver na vida. Olha que maravilha. – incentivando Dulce, pressionou suavemente, sabia que não precisaria ter muita técnica para conseguir o que queria, era só saber o que falar. E conseguiu o que queria.

:- Eu não quero saber o seu nome, nada sobre você, não quero ter nenhum vínculo contigo. – Ela foi clara depois de um tempo pensando e bebendo cerveja. – Eu me chamo Alma.

:- Oi Alma. – Dulce a cumprimentou.

Após um suspiro, Alma voltou a falar.

:- Eu sempre acreditei que sou uma mulher forte, os únicos momentos que eu neguei isso, é aqui. – ela olhou ao redor, assim como Dulce – Quando eu descobri esse lugar, pensava ter descoberto o paraíso, claro, no começo era. Entretanto, com o tempo fui conhecendo o verdadeiro inferno que é ser viciada em jogos de azar.

:- Todos nós que estamos aqui, somos viciados Alma. – Dulce ainda tentou conforta-la.

:- Eu sei, mas é diferente. Todos aqui têm uma base forte, eu tenho tanto tempo dessa casa que sei a história de cada um. Eu fui à única que sofre mais, eu fui à única que me descontrolei que acabei com a minha família. Com o meu filho.

No começo de sua fala, Dulce ficou por um momento apreensiva Alma estava correta, ela conhecia todos ali. A única pessoa que ela não conhecia era ela, no caso, Alessandra. Porém, ela estava tão triste e desiludida que não percebeu esse detalhe.

:- As pessoas aqui têm um controlador e uma pessoa que as bancam, é uma falsa sensação de liberdade, as mesmas pessoas que lhe dão dinheiro são as mesmas que tomam. Eu não tenho isso, eu perdi o meu dinheiro de verdade, eu perdi o dinheiro do meu filho. E o pior de tudo, eu não consigo parar de jogar. – Alma até tinha lágrimas nos olhos, uma expressão desolada que apesar de tudo não comovia Dulce.

Pelo menos não intimamente, por que o seu rosto tinha uma expressão preocupava e comovida com a história.

:- Eu perdi o meu marido, minha dignidade, minha sanidade, eu perdi tudo. Menos uma coisa. – ela mostrou um dedo para marcar sua fala. – O amor e o cuidado do meu filho. Independente de tudo que eu faça, ele é dedicado a mim.

Dulce concordou como Alessandra e como ela. Se Eugênio amava verdadeira e puramente alguma mulher nessa vida, essa mulher era a mãe. Uma voz ridiculamente esperançosa dizia que Eugênio não amava Angelique como ele pensava ou dizia, e sim amava a mãe que era a única mulher importante e vital na vida dele.

:- Eu só queria parar com esse vício assim não dava mais preocupação para o meu Eugênio. Como eu posso ajudar alguém que precisa, estando doente? - Alma começava a falar coisa que Dulce não entendia.

:- Não entendo Alma, você está doente?

:- Sim. Eu sou uma viciada em jogos de azar há anos e anos. Só hoje eu apostei 50 mil pesos, ganhei 200 mil e perdi 500. – ela suspirou. – Fora a dívida que eu tenho. Eu não suporto mais essa vida, mas eu não consigo me livrar dela.

:- Não posso te aconselhar, afinal estou aqui também, não em sua situação como você mesma disse eu tenho minha neta me controlando, ela consegui equilibrar meu dinheiro e também o meu jogo. Mesmo sabendo que é como jogar sabendo que você vai perder ou ganhar, você joga. – Dulce inventou logo uma estória e se deu bem por que Alma balançou a cabeça afirmando, como se entendesse.

:- O meu problema maior é o dilema entre me ajudar ou ajudar Eugênio.

:- Por que o seu filho precisa de ajuda? - Dulce estava curiosa e ansiosa pela resposta de Alma.

Ela esperou tomar o resto de sua cerveja e logo pediu mais bebida. Alma lembrou de muitos momentos em família, muitos mesmo.

:- Por minha culpa, Eugênio ficou doente e desde então eu cuido dele.

:- Por que não leva ela para fazer algum tratamento, tomar remédio, não sei buscar algum especialista. – Dulce deu os ombros, por que não entendia, nunca soube de nenhuma doença de Eugênio.

:- Eu já fiz isso, não adianta. Ele sofre de uma doença psicológica, toma remédios fortes e antes ele tinha o amor da vida ao seu lado, hoje ele não tem mais Angelique, ele piorou. Está envolvido por uma mulher traiçoeira. A vida dele está uma loucura, está pressionado, isso não é nada bom.

:- O que ele tem exatamente Alma? – perguntou ignorando forçadamente o “traiçoeira”, por se referir a ela.

:- Sofre de dupla personalidade.

Isso foi uma revelação surpreendente para Dulce, nunca desconfiou de nada. Eugênio nunca demostrou nenhum indício. Ela viveu durante muito tempo ao seu lado, nunca soube de nenhuma história assim. Era um verdadeiro segredo guardado.

:- Uau. Isso deve ser mal.

:- Pior, passamos a vida inteira escondendo isso, tivemos muito trabalho, são pouquíssimas pessoas que sabem disso. Sempre soube que em algum momento essa bomba estouraria, eu só tinha medo do que poderia acontecer e quais eram as consequências disso.

:- De qualquer maneira ele deve ter algum médico, entre em contato, não sei. Não consigo imaginar algo tão ruim que possa ter acontecido.

:- Eu não consegui suportar essa barra, eu me entreguei ultimamente ainda mais ao jogo, Eugênio me incentivou a isso até pagou minha viagem para Vegas, fiquei afastada. Foi o pior que poderia ter acontecido, ele ficou sozinho tomou atitudes que não deveriam ser tomadas, se juntou com pessoas ruins.

:- O que ele fez de tão ruim, Alma?

:- Ele deixou de tomar os seus remédios, se afundou numa depressão e loucura profunda desde que Angelique saiu de sua vida se entregou a uma mulher que deveria ser afastada, ele firmou laços com o seu amigo de infância. Rodrigo. – Alma já estava bêbada se lhe perguntassem qual o número da sua conta no banco e a senha, ela lhe entregava e ainda o cartão de brinde. Dulce só queria saber uma coisa, o que Eugênio fez que preocupava e deixava Alma assim tão mal.

:- E tudo isso levou ele a fazer o que?

:- A se entregar a sua outra personalidade. – Alma falou envergonhada por ter abandonado o filho quando ele precisava mais dela e bem baixo ela revelou o que mais Dulce desejava saber desde sua temporada na prisão. – Ele se entregou a caça.

Ao ouvir a palavra caça Dulce já ficou gelada, logo seu cérebro deduziu tudo, mas não conseguia acreditar no que estava obvio.

:- Você não vai entender nada, mas ele se transformou num caçador. Assim como quando era criança, quando brincava com o pai, com ele aprendeu a caçar. E sempre foi sua brincadeira favorita, - Alma deixou de olhar a bebida para olhar Dulce com lagrimas escorrendo pelo velho rosto, Dulce teve que se controlar por que sua vontade também era de chorar sentia o coração partido e como se feridas fossem abertas. – Ele voltou a caçar.

:- Eugênio é um caçador? - Dulce perguntou com uma voz tremula se dando conta de muitas coisas.

:- Isso meu filho se entregou a sua loucura e foi por culpa minha. – Alma começou a chorar e não entendia que tinha dado a Dulce uma informação que ela sempre buscou, e abraçou a mulher que ela pensava ser desconhecida.

Dulce se deixou ser abraçada por que ainda estava assimilando tudo. Era muito para ela. O cara que ela era apaixonada era o mesmo que ela mais odiava. Eugênio era caçador.

Ele usou ela desde sempre, como ela tinha sido burra, tudo estava na cara. Enquanto o ódio e a surpresa ainda dominavam Dulce, ela não notou que um jovem entrou no lugar secreto, onde jogadores perdiam e ganhavam em jogos de azar entregando sua liberdade a máquina.

Esse jovem seguia Dulce há um tempo, desconfiou quando viu a funcionária da Universidade sair duas vezes de lá. Uma olhada rápida nas câmeras de segurança e mandaram seguir as duas. A primeira não deu em nada, mas a segunda estava na sua frente.

:- Senhor? - ele pegou o celular e logo foi atendido. – Não vai acreditar no que eu estou vendo.

Brevemente o empregado contou tudo o que via e Eugênio do outro lado da linha, escutava tudo atento enquanto via as imagens de segurança da Universidade, enquanto via Clotilde nas imagens, ou melhor, dizendo Dulce ele tinha descoberto tudo. E da forma que tinha visto sua mãe da última vez, não era estranho supor que Dulce sabia de tudo agora.

:- Ok. Continue o seu trabalho, eu quero um relatório mais completo quando ela sair daí. Vigie ambas. – Eugênio desligou.

De uma gaveta tirou uma foto antiga onde tinha ele e Dulce e negando com a cabeça rasgou a foto onde ela aparecia, ele amaçou.

Dulce pagaria o preço alto de sua descoberta.

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