Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 30
Dulce - 14




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Dulce

:- Me desculpe mais a senhora não pode entrar na sala do senhor Herrera. – a voz dela não só me irritava mais, como me fazia ter vontade de ir com minhas mãos em seu pescoço com o único pensamento de apertá-lo até ela ficar sem ar. Talvez eu fizesse um favor à humanidade.

:- Saia da minha frente, Joana! – disse curta e grossa vendo a insolente em pé ante a porta trancada de Alfonso, eu sabia que ele escutava tudo de lá de dentro.

Ela em sua fidelidade cega ao patrão abriu os braços e bloqueio ainda mais a porta, o que me fez perder o pingo de paciência que me restava.

:- Vou ser clara e falar apenas uma vez. – apontei o dedo no rosto dela a olhando nos olhos, sem me importar com quem quer que aparecesse e presenciasse o meu ataque de fúria. – Você vai sair da minha frente ou eu te demito de uma vez por todas, não me interessa se você trabalha para Alfonso. Sabe que se eu quiser você fica na rua da amargura. Agora se poupe de uma vida miserável e garanta o seu emprego.

Ela pareceu pensar por um momento e hesitar indecisa sobre escolher o seu emprego ou sua lealdade a Poncho, no instante em que ela abaixou os braços em sinal de reflexo puro, eu me aproveitei. A empurrei para fora do meu caminho e quando estava caída no chão, apertei o botão para destravar a porta, onde poucos sabiam dessa existência.

Não deixei a insolente me impedir de entrar, eu caminhei e empurrei a porta a trancando por dentro, para que ela não me atrapalhasse não seria abusada a ponto de arriscar seu emprego.

Alfonso me escutaria por mal agora, já que me evitava de todas as maneiras possíveis descaradamente, no hotel eu nunca vi ele com tantas mulheres, não que eu me importasse e tivesse o vigiando, apenas via a cada vez que saia do meu quarto ou ele fazia questão de mostrar.

:- Logo você volta? – escutei sua voz.

Estava de costas para mim, de frente a sua janela totalmente de social e falava no celular.

:- Tudo bem, quando voltar eu vou precisar de você. Tchau. – ele desligou a ligação e continuou de costas ignorando minha presença.

:- Você vai me escutar agora Alfonso!

:- Não tenho nada para escutar de você Dulce! – devolveu no mesmo tom grosso que o meu.

:- Você pode está fazendo o que quiser da sua vida, tratar como se eu não existisse, pensar o que quiser de mim. Eu não me importo, podemos deixar de ser parceiros, mas você precisa me escutar tenho algo importante a dizer.

:- Vai me contar que se cansou de Eugênio? Tarde demais para isso não acha?

Escroto. Imbecil. Ele falava num tom comigo como se eu não tivesse sido nada em sua vida, como se nós não tivesse tido nada. Como se a partir do momento que eu propus a ter segredos ele não tivesse concordado. Ainda continuava com uma inveja incubada por Eugênio, por que tudo era ele para Alfonso, posso até ter pensado em acabar tudo com Eugênio para convencer Poncho a voltar para nossa vingança. Mas, eu simplesmente não conseguia, estava me divertindo muito com o loiro finalmente desfrutando de uma relação idealizada.

Tudo o que esse idiota estava me fazendo era justamente ao contrário. Obviamente eu estava desestabilizada com a ausência dele na minha vida, criamos um vínculo que ia muito além de nosso sexo, tínhamos uma história juntos. Uma vingança planejada particular. E ele jogou tudo fora.

:- Por que sempre tem que incluir Eugênio na conversa, Alfonso?

:- Por que ele aparece.

:- Devia parar com essa sua inferioridade. – alfinetei.

E deu certo por que ele se virou para me encarar, ao menos consegui alguma reação a mais dele, que não era totalmente indiferente a minha pessoa como ultimamente agia.

:- Você que não sabe escolher.

:- Angelique parece que não também afinal de contas ela também escolheu Eugênio.

Terminei de falar e escutei os passos e vi-o vindo na minha direção, uma mão foi certeira no meu pescoço o apertando.

:- Quando você descobrir o que é o verdadeiro Eugênio, não vai falar essas mentiras, ele só está com você para me atingir. Por que eu tive Angelique de novo e ele está se vingando de mim.

Ele ter mencionado sua relação novamente com Angelique me deu nos nervos, tanto que foi minha vez de subir as mãos e apertar o seu pescoço assim como ele fazia, ficamos apertando o pescoço do outro vendo cada um ficar sem ar, punindo. Foi ao mesmo tempo em que soltamos nossas mãos e o ar voltou para nossos pulmões ali havia ressentimento. Havia o cheiro ainda da minha traição.

Será que ele voltou com seu caso a Angelique? Eu não vi mais ela se aproximar de Eugênio na Universidade desde o último dia que nos vimos. Odiava o fato de não saber o que Poncho estava fazendo da vida dele dessa forma. Ainda mais com essa vaca.

:- Pode até ser que ele esteja fazendo isso, mas eu não me importo. Estou apenas me divertindo. – fui sincera, eu não largaria mão de Eugênio tão fácil eu vivi anos desejando esse momento de tê-lo.

Alfonso apertou os olhos na minha frente reprovando o que tinha acabado de falar.

:- Está sendo totalmente sincera? Então o que faz aqui? Se ele é o que você realmente quer, não importa para você a vingança o seu desejo em ter ele é maior que tudo. Tudo. Eu, a destruição de Angelique, a sua vingança, o caçador...

Ele deixou no ar. Chegando justamente no ponto do qual eu queria.

:- Eu vim até aqui falar justamente sobre ele. Ou melhor ela.

Poncho apenas cruzou os braços na minha frente me encarando com desdém como se não se importasse com minhas palavras.

:- Sim. Alfonso eu sei quem é o caçador, ele é na verdade uma mulher, uma caçadora. Maite é a caçadora, Alfonso.

Ele fez uma expressão da qual eu estivesse falando o maior absurdo para ele.

:- Está louca, veio aqui para tirar uma com minha cara? Por que se foi isso pode sair dessa sala e voltar para os braços daquele filha da puta do seu amante. – ele apontou para a porta ignorando tudo o que eu tinha acabado de falar.

Eu passei minhas mãos no rosto tentando conter minha raiva diante da ignorância dele, não seria possível ele defender aquela vagabunda. Só poderia está enfeitiçado, ela o tinha amarrado pelas pernas direto por que não estava em seu juízo perfeito.

:- Pelo menos pense com clareza, ou melhor com racionalidade, Alfonso. Podemos está separados nessa, pode está me odiando pelo o que eu fiz com você. Mas, veja o que está claro essa mulher surgiu do nada, sabe de muitos fatos, nos ofereceu ajuda e não pediu nada em troca, diz apenas que deseja encontrar o assassino de Felipe. Quando na verdade ela é o caçador. Poncho me olhava desacreditado escutando tudo o que eu dizia.

:- Ela foi a primeira a encontrar Nicole, a encontrar os falsos policiais, ela conhece as pessoas do nosso hotel, ela tem homens trabalhando a sua disposição, ela esconde tantos mistérios. Tem uma ficção por você. – eu comecei a ficar nervosa ao falar vendo que Poncho não acreditava em mim.

:- Não digas um absurdo desses sobre Maite, Dulce. – ele soltou fazendo uma careta como se sentisse nojo de mim.

:- SERÁ QUE DA PARA VOCÊ ENXERGAR O QUE ESTÁ DIANTE DE SEUS OLHOS. ELA NÃO É CONFIÁVEL.

:- NÃO! NÃO! VOCÊ QUE NÃO É CONFIÁVEL. – ele gritou também comigo, no meu desespero de o fazer ver quem era a verdadeira identidade de Maite. Se aproximou novamente e não tirava a cara de nojo. – SERÁ QUE DA PARA VOCÊ PERCEBER QUE NÃO ESTAMOS MAIS JUNTOS NESSA VINGANÇA.

:- NÃO É POSSÍVEL QUE VOCÊ POSSA ESTÁ TÃO CEGO. – ironizei.

:- EU CONFIO NELA PLENAMENTE. – ele me cortou estava tão alterado com a acusação que eu fazia a Maite que até cuspia. – VOCÊ NÃO SABE DO PASSADO DELA, VOCÊ NÃO A CONHECE COMO EU, SE DESCONFIA DELA DEVE DESCONFIAR TAMBÉM DE MIM.

:- EU TENHO MOTIVOS PARA ISSO? – quando eu fui perceber tinha saído.

Ele não respondeu a minha pergunta e só ficou me olhando de perto, me deixou tão nervosa que fez a discussão tomar outro rumo, apenas queria que ele enxergasse que Maite não presta.

:- O que estou querendo te dizer é que ela me confessou tudo.

:- Ela se passou pelo caçador e te escreveu um bilhete que me fez ir atrás de você e te flagrar com Eugênio e daí? – Poncho jogou o que eu queria dizer na minha cara, não com essas palavras o que ela fez foi sujo. Entretanto como ele sabia? – Ela me contou o que fez depois. Você é uma burra, Dulce, estava tão preocupada com o seu joguinho de ter dois homens aos seus pés que não nota nas armadilhas que está caindo. – ele me olhou negando a cabeça.

:- Você já sabia de tudo?

:- Ela me contou já lhe disse, depois saiu para viajar.

Fiquei recuada Maite me fez acreditar que ela era a caçadora, por quê? Para eu fazer esse papel ridículo a Alfonso? Será que ela contou mais algo para ele?

:- Maite te traiu também, ela sabia mais tempo que eu estava com Eugênio.

:- Eu não me importo com isso. Sei que posso confiar nela.

:- Não podemos confiar em ninguém, Alfonso. – disse me lembrando justamente o que ela me disse, apareceu na minha vida apenas para me infernizar.

:- Pode até ser que eu possa me arrepender depois, mas eu confio em Maite. Ela já me deu provas suficientes para isso, já lhe disse Dulce, você não a conhece como eu, temos uma ligação. Uma verdadeira parceria. Se Maite algum dia me enfiar uma faca, será no meu peito e não nas minhas costas como você.

Ao inferno esses dois também, a parti daquele momento eu desistia dele, assim como ele fez comigo.

:- Espero que esteja preparado para aguentar muitas facadas então, se conhece tão bem essa mulher, sabe que ela é imprevisível. Pode até não ser a caçadora, mas se ela se passou por uma, pode ter feito isso mais vezes brincando conosco. – Não importava o passado que os dois deviam ter juntos, eu sabia que algo em Maite não é confiável.

:- Eu vou te fazer uma pergunta fundamental para toda essa acusação. Por que ela faria isso?

:- Não sei me diga você que a conhece tão bem.

:- Ela não tem motivos para isso. – ele desviou o olhar, me indicando que escondia algo.

:- Será? Então confie nela tanto quanto confiava em Angelique. Posso apostar que ela vai retribuir da mesma forma que sua ex namoradinha.

:- Você me feriu mais que Angelique, Dulce. – ele me disse ignorando o que eu falei. – Eu não sei como pude confiar em você, pude cair no seu jogo, EU ME PRIVEI POR VOCÊ.

Não entendia o que ele queria dizer, estava além de louco era bipolar agora?

:- Do que fala?

:- De Angelique. Eu me aproximei dela, talvez eu poderia mudar as coisas. Ela me fazia esquecer de quem eu sou agora. – ele falava desconexo, me deixando confusa.

:- Você esta querendo dizer que queria ela de volta? – quem estava exaltada agora era eu. – Como pode ser tão otário.

:- OTÁRIO EU FUI DE TER DADO OUVIDOS A VOCÊ! EU PERDI A OPORTUNIDADE DE TER UM FILHO POR SUA CULPA.

Eu fiquei em choque com a sua declaração. Eu tinha escutado bem? Ele perdeu um filho. Como assim?

:- Como é? – a minha voz saiu até baixa tamanho o meu espanto.

:- Isso mesmo. – ele tinha os olhos bem abertos e começou a andar por sua sala. – Eu tenho um filho e por sua culpa eu me afastei dele.

:- Que história é essa? – por mais baixo que meu tom de voz estivesse eu o mantinha firme e até sombrio.

:- Eu não te contei nada por que isso não era da sua conta, vivia metida nas suas investigações em sua vida. Eu no fundo sempre soube que quando tudo acabasse ou em qualquer momento isso aconteceria, nos acabaríamos com tudo. - ele me olhou. - E nesse momento eu teria o que? Nada! Por isso eu precisava criar raízes, ter ligação para uma nova vida. Por isso criei essa agência. Fez pouco tempo que eu descobri que tinha um filho.

:- Um filho de quem? Como você teve um filho? – começava a ficar impaciente por ele não falar nada que prestasse.

:- Ela foi me visitar. Foi uma única vez, ela ainda mexia tanto comigo, mas eu ainda estava com tanto ódio dela que tudo foi brutal por que tinha entendido que ela estava ali não por mim. Mas, para ferir ele. Talvez a vingança tenha começado dali.

:- Sem rodeios, Alfonso seja claro.

:- Enzo é meu filho. – ele me disse e eu acho que tinha até parado de respirar.

Inevitavelmente me lembrei da primeira vez em que vimos Enzo, de quando nós o observamos no parque do quanto Poncho ficou estranho ao ver o menino. Isso explicava como Poncho e Angelique estavam tão ligados. Eu até poderia sentir ódio só de imaginar Poncho tendo um filho com aquela mulher, mas não tive por que isso era um blefe.

:- É mentira. – eu soltei.

:- Não, não é. Enzo é meu filho as datas batem, ele não é filho de Eugênio e Angelique e o menino convivíamos juntos. – Poncho me revelou.

Como ele poderia ter me condenado pelo meu caso e minha vontade de ter Eugênio se ele tinha esses encontros com Angelique? Como? Eu poderia não ser um poço de confiança, mas Alfonso era hipócrita.

:- Ela está mentindo. – disse segura e ele me encarou confuso. – Está te envolvendo novamente Alfonso, está te enganando.

:- Do que esta falando Dulce?

:- Acha realmente que eu ficaria tão tranquila se soubesse de algo assim?

:- Claro que não, tanto que por esse motivo também não lhe revelei minha paternidade.

:- Posso até ter sido a mulher que te feriu mais, Alfonso. Mas, ao menos você ainda tem que descobrir muito sobre Angelique e até mesmo Maite.

:- Do que você agora está falando?

:- Maite não te contou que eu e ela descobrimos onde morava Don Giovanni?

:- Sim.

:- Fui até lá conversar com ele, foi uma conversa bem interessante, claro que eu só revelei para Maite o que ele tinha me contado sobre Angelique ter mentido o seu depoimento, mas ele me revelou ainda mais e vejo que agora estou recolhendo os frutos daquela árvore madura. – eu tinha que o torturar um pouco.

:- O que ele revelou?

Eu até tive vontade de rir, por que tudo era muito irônico e como esse jogo dava voltas eu estava por cima agora.

:- Sempre disse que Angelique era uma vagabunda, tanto eu quanto você e até Eugênio sabíamos que ela já tinha tido vários namorados, óbvio que antes de minha amizade com ela acabar eu sabia de todos os seus casos, até ela começar a namorar você. – deu os ombros. – Bem, depois que fomos presos parece que a relação entre Eugênio e Angelique não foi das melhores eles terminaram uma vez.

:- Sim, foi nessa época que ela me visitou na prisão.

:- Hm. Pode ter sido, Don Giovanni ainda morava com Angelique nessa época me disse que ela ficou tão magoada com Eugênio que ficou com alguns caras naquele tempo, você pode ter sido mais um deles.

:- Está querendo dizer que... – ele estava ligando os fatos.

:- Estou afirmando que ela está te enganando esse tempo todo, você também foi burro, Alfonso. – encarei ele que estava com um olhar maligno sobre mim.

Tentada ao pior sabendo da impulsividade dele, eu joguei o fósforo final para que a fogueira realmente ficasse maior. Fascinada com a ideia de que Alfonso fosse atrás de Angelique para tomar satisfações, agora seria minha palavra contra a dela.

Aquela vaca tinha algo para esconder e eu revelaria um de seus segredos.

:- Se lembra que comentei com você há muito tempo atrás que você se parecia um cara da universidade? Na verdade, não tinham nada a ver fisicamente, era algo de atitude de gesto mesmo, até algumas manias esquisitas vocês tinham parecidas. – eu comecei a refrescar a memória de Alfonso. – Era um nerd que estudava Sistemas de Informação, apaixonado por números assim como você. – Dei os ombros.

Poncho colocando a mão na cintura olhou para baixo pensando calado de repente ele levantou a cabeça e me olhou assustado, eu soube que ele se lembrou de quem eu falava.

:- Lembra que comentou que viu algo familiar em Enzo, quando estávamos no parque? Então, você não viu você mesmo Alfonso, você viu algo semelhante a você. A você e a Eddy Villard. O verdadeiro pai de Enzo. – revelei.

E foram segundos que eu vi Alfonso na minha frente por que ele logo foi atrás de sua mesa e pegou suas chaves do carro e saiu feito um louco por sua sala. Eu poderia ter sido encurralada aquele noite, ele poderia não falar mais comigo, poderia ter descoberto que Maite estava jogando comigo me fazendo acreditar que era a caçadora.

Mas, nada se comparava imaginar Angelique sendo desmascarada por Alfonso eu tinha que fazer algo para dar uma lição àquela mulher e já sabia o que faria. Olhei para onde antes Poncho estava parado na minha frente parece que eu não fui à mulher quem o mais machucou, a expressão de Alfonso quando saiu daqui foi de um pai que perdia seu filho.

‘– ● –’

:- Você é o próximo Alfonso. – ele chegou caminhando devagar na sela, Alfonso já sabia quem era desde antes ele entrar. Alicate estava cada vez mais debilitado, tossia esquisito e com frequência sentia tontura e cansaço.

:- Eu não vou ter nenhum policial para me acompanhar? Posso fazer alguma besteira aqui dentro. – Ele foi sarcástico tentando brincar com o seu velho amigo, só de olhar para ele dava para ver que não estava nada bem.

:- Cuidado, menino, você pode ser preso. – o senhor disse para depois tossir e finalmente sentar em sua cama que ultimamente ficava cada vez mais dura ou era suas dores nas costas que estavam piores.

:- Não perde esse senso de humor, Alicate! – Poncho passou por ele e lhe deu um suave tapa nas costas.

Antes de sair da sua sela apenas escutou.

:- É ele que me mantém vivo por aqui.

Alfonso tinha ironizado, mas em seu trajeto até a sala da enfermaria da penitenciaria ele foi acompanhado por policiais, naquele mês estavam fazendo exames nos presos para saber como estava a saúde de cada um. Isso faria parte de um relatório que seria enviado ao governo.

Era como uma medida de controle para saber se todos os presos estavam sendo tratados bem.

Alfonso teve vontade de rir de seu pensamento, se alguém soubesse dessa conclusão pensaria que ele estava falando de um hotel ou hospital em vez de uma prisão.

Cumprimentou o policial de frente a sala antes de entrar quando chegou na sala da enfermeira Lola, ele abriu um sorriso era uma das poucas mulheres que trabalhavam naquela prisão ele gostava de implicar com ela. Justamente por ela ter um bom humor e ser tão delicada para está num lugar como aquele.

Porém, ele estranhou não ver a enfermeira em seu posto, talvez ela estivesse na outra sala de enfermagem do outro lado do prédio, fez uma careta de preguiça só de imaginar que teria que andar até lá. Nesse andar da prisão onde ele estava com Alicate, estavam os presos mais influentes esses poderiam andar por esse andar, saindo de suas selas sem que policiais os acompanhassem a todo o momento. Além do mais haviam câmeras por toda a parte ninguém cometeria nenhuma tentativa de fuga. Mas, para chegar na outra sala de enfermagem ele teria que ser acompanhado.

Se Lola não estava aqui por que diabo Alicate não avisou ou até mesmo o policial que está de guarda na porta?

Quando Alfonso pensou em sair dali a procura de Lola escutou um barulho se virou para os fundos onde havia outras portas que dava acesso aos remédios e a maca, enfim os equipamentos de socorro.

Decido ver o que causava aquele barulho ele abriu a porta e pensando ser Lola, colocou um sorriso no rosto já pronto para implicar com ela.

:- Lolita, Cheguei cariño! – ele abriu a porta branca e depois murchou o seu sorriso ficando parado na porta, aquela não era Lola passava longe ao contrário da enfermeira que era gorda, ruiva de cabelos curtos e cacheados, a mulher que estava de costas para ele era magra alta e de cabelos longos e morenos.

Ela virou também para ver quem tinha aberto a porta, na velocidade na qual virou o cabelo longo escondeu grande parte de seu rosto, fazendo com que sua identidade fosse escondida. Pensava que encontraria o que buscava a tempo de qualquer um entrasse ali e a flagrasse, não pensava que a enfermeira voltasse tão rápido tanto que esperou o tempo necessário para entrar ali sem que ninguém visse.

Mesmo o guarda que além de se distrair fácil parecia dormir de olhos abertos.

Ela sabia disso por que não era a primeira vez que entrava ali, conhecia aquela cadeia tanto quanto qualquer preso, tinha mais benefícios que as outras visitantes. Não era qualquer um que conseguir chegar nesse andar, claro que seu vínculo com David servia para isso.

Dessa vez ela estava no fundo do poço teve que ter muito auto controle para não demonstrar qualquer emoção na sua revista para entrar na cadeia. Ela tinha que saber alguma notícia de sua busca, estava num ponto de desespero. E quando encontrou David e lhe disse que ninguém sabia de nada, foi a deixa para ela decidir fazer algo por ela.

Colocar um ponto final em seu sofrimento de uma vez por todas, ninguém sentiria sua falta e ela menos de alguém que habita esse mundo cruel, então tudo o que tinha que fazer era esperar o seu caminho ficar e ela entraria na enfermaria.

:- Quem é você? – Alfonso perguntou vendo os olhos desesperados da mulher desconhecida para ele.

A pergunta dele fez ela se lembrar do por que estava ali, então apertou o pequeno pote que tinha nas mãos. O ato não passou despercebido aos olhos de Alfonso que via não só as mãos mais o corpo da mulher tremer todo, parecia ter convulsões.

Mesmo de longe ele viu aquele pote em suas mãos ele se lembrou das palavras de Lola quando numa conversa ela explicou para ele o que cada remédio fazia, O que diferencia o antídoto do veneno é a dose, Alfonso. Ela lhe explicou isso quando ele era novato, era uma forma dele se defender caso algum preso quisesse brigar com ele.

E toda a cena que ele via diante de si retratava a verdadeira intenção daquela mulher, a forma como ela segurava o pote, os outros caídos no chão, como o seu corpo tremia e o desespero em seus olhos. Ela queria se matar.

:- Escute. – ele deu um passo para frente o que a fez recuar dois e ficar encostada na parede, era um sinal claro de que não o queria por perto por isso ele recuou como ela. – Fique calma eu não vou fazer nenhum mal a você.

Levantou as mãos num sinal de calma e de que não tinha realmente a intenção de machucá-la ou menos condená-la afinal de contas, ele mesmo já pensou em tirar a própria vida. Mas, se suicidar? Aquela mulher tão bonita isso ele não deixaria.

:- Não se aproxime de mim. – ela disse o encarando agora com raiva.

:- Eu vou ficar aqui. – Ele concordou prontamente com ela. – Escute, não sei por qual razão você tem para desejar o que tanto quer nesse momento fazer, mas seja qual for não vale a pena. Quer dizer, você tem outros caminhos que pode seguir.

:- Você não sabe da vida miserável que eu tenho.

:- Entretanto eu posso imaginar?! Eu também estou tendo uma vida miserável, veja só o lugar onde eu estou? – ele deu meia volta com o corpo indicando não só a sala de enfermagem e sim a prisão em si. – Uma vida miserável é uma vida sem liberdade.

:- Uma vida miserável é uma da qual não encontramos razão para vivê-la. – ela rebateu.

:- Você está certa, mas você não precisa acabar com ela se pode encontrar um outro rumo.

:- Você não sabe pelo o que eu passei. – ela negou e Alfonso viu a morena ficar menos tensa, mas ainda assim alerta a qualquer atitude dele.

:- Não. – mais uma vez ele concordou com ela. – Mas, eu tenho certeza que você apenas está agindo por um impulso maior que você, que na verdade não quer fazer o que tem vontade agora.

:- Quem você acha que é, o psicólogo dessa prisão? – ela perguntou, mas viu que ele estava vestido como qualquer presidiário com um uniforme laranja surrado.

:- Não sou ninguém. Mas, sei que você não tem a necessidade de tomar todos esses comprimidos por que é apenas uma vontade desesperada de acabar com todo o seu sofrimento. Mas, eu posso te mostrar um outro rumo.

Com suas palavras a mulher tomou uma postura totalmente diferente, relaxou por completo seu corpo até deixou o pote com os remédios cair no chão e fez uma cara de tristeza antes de sussurrar.

:- Adolfo.

Nem a mulher nem Alfonso tiveram tempo de mais nada por que escutaram a porta da sala ser aberta com a enfermeira chegando.

:- Mas, quem deixou essa porta aberta?! – Lola perguntou sozinha.

Antes que ela se virasse Alfonso na outra sala caminhou até onde estava a mulher e começou a apanhar os remédios que ela tinha derrubado um pouco irritado pela interrupção de Lola e sussurrou para a mulher que também tomou um susto.

:- Se esconda!

Foi o que ela fez num instante Alfonso se abaixou para pegar os remédios e no outro a mulher já tinha sumido então Lola entrou na sala e o encontrou ali.

:- Ah então foi você Alfonso! – ela sorriu ao vê-lo. – Eu pensei que tivesse ficado louca e tinha deixado a porta aberta, escute só tenho que reclamar desse guarda que colocaram aqui. Acredita que ele dorme de olhos abertos?

A enfermeira continuou conversando com Alfonso até mesmo quando os exames que ele tinha que fazer começaram ainda que ele estivesse falando também sua cabeça estava na mulher que tinha encontrado ali. Ela tinha sumido. Depois de quase uma hora e meia ele saiu da sala de enfermagem ao passar pelo guarda comprovou que mesmo com os olhos abertos ele não tinha nenhuma reação ao que passasse de frente a ele.

Quando chegou em sua sela não encontrou Alicate ali deitado descansando como ultimamente, talvez ele devesse está em seu banho de sol, encontrou alguém bem diferente de seu companheiro de sela.

Uma mulher com uma silhueta que causava calafrios em seu corpo só de imaginar de colocar em prática o que ele estava fantasiando. Claro que não pensou nisso quando a encontrou a momentos atrás, mas agora isso foi inevitável.

:- Não foi difícil encontrar sua sela. – Ela foi a primeira a falar. – O difícil foi ficar aqui esperando depois que o senhor simpático, de nome, Alicate foi embora.

:- Como conseguiu sair daquela sala sem que ninguém notasse? – ele perguntou surpreso.

:- Tenho os meus segredos. – ela continuava séria desde que colocou os olhos nela.

:- Ok.

:- Estou aqui para saber qual é esse outro rumo que supostamente você daria para a minha “vida”. – fez aspas com o dedo totalmente indiferente a tudo, sem se importar dele ter presenciado aquela cena na sala de Lola.

:- Antes de tudo acredito que você é uma mulher sincera?

:- Talvez.

:- Bem, para poder dar um outro rumo para a sua vida eu preciso saber da sua história.

Ela ficou calada observando aquele homem. Ele era muito seguro de si, não o tinha visto aqui antes deveria ser por que ela não visitava muito David desde que foi preso, sempre foi uma mulher solitária em sua busca incansável, porém aquele homem tinha salvado a vida dela por que se ele não aparecesse ela teria se suicidado.

Talvez ela devesse dividir o peso que carregava em suas costas há anos.

:- Eu conto. – ela caminhou até a cama de baixo e se sentou, olhou para ele e com a mão deu um tapa para que ele se sentasse do seu lado. – Mas, você vai ter que contar a sua primeiro.

Ele deu um meio sorriso se surpreendendo com a mulher que estava diante de si, realmente uma mulher como aquela não deveria deixar de viver. Assim que ele foi se sentar com ela soube que era arriscado contar sua história, mesmo assim quis correr esse risco.

:- Antes que eu conte qualquer coisa, tenho duas dúvidas que devem ser esclarecidas.

:- Quais?

:- Por que me chamou de Adolfo?

:- Por que você me lembrou por um momento o meu irmão mais velho. – ela foi sincera e depois engoliu saliva estava compartilhando com um desconhecido muita intimidade que há anos ela não fazia. E da última vez não deu muito certo...

:- Bom eu sou em realidade Herrera. Alfonso Herrera. – ele mostrou a mão para ela se apresentando, quase sorriu pela semelhança com o nome do irmão dela.

:- Maite Perroni. – ela apertou a mão dele.

Depois das apresentações Alfonso começou a contar toda a sua história o que o fez está ali para depois Maite contar a sua história de vida também, era tudo ilógico por que tudo era diferente, mas ao mesmo tempo igual. Tinham vidas miseráveis, com a diferença de que ela tinha a liberdade de ir e vir e ele não.

Por vezes Maite se lembrou de Adolfo seu irmão que já não estava mais vivo, ele era quem ela se espelhava, mas logo essa admiração por Alfonso foi embora para dar lugar ao desejo, aquele era um homem deliciosamente bonito. Alguém do que naquele instante não só nascia uma amizade como também a fidelidade de Maite a Alfonso, afinal de contas ele salvou sua vida, lhe propôs um outro rumo.

Eles partilhavam de uma ligação e agora de um sentimento.

O da vingança.

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