A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 25
Capítulo 25




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Três meses depois...

Uma grande mudança aconteceu na vida de todos os alunos ao longo dos meses. Demetria viajava com frequência para se apresentar e sempre trazia novidades para Margareth; Marcus e os rapazes concluíram a escrita do roteiro, Bryana foi convidada a dar aulas em outra escola e assim todos levavam suas vidas.

O sol já brilhava desde cedo trazendo animo para a escola. Os outros alunos de outras áreas artísticas caminhavam fervorosamente. Comentavam sobre os planejamentos para suas carreiras. Toda aquela energia contagiava Margareth de uma forma impressionante. Era hora de permitir que os seus fofuchos fossem livres e decidisse qual era o melhor caminho a ser seguido.

Margareth aguardava a chegada de seus alunos.

Bryana foi a primeira a chegar, mas estava com cara de poucos amigos. A música em seu fone era alta demais, mas Margareth não queria estressar a jovem. Era cedo demais para lhe dar bronca.

Não demorou para que a sala começasse a ganhar mais vida e movimentação. Todos pareciam bem alegres e empolgados. Era daquele jeito que Margareth gostava de ver a sua sala. Seus alunos lhe traziam inspiração e motivos para sorrir.

— Bom dia! — cumprimentou ela sorridente — Vejo o quanto estão empolgados pela aula de hoje. Vamos nos alongar primeiro, acordar cada uma das nossas articulações. Garanto que o nosso dia será bem proveitoso.

Enquanto cada um dos alunos se posicionava, Margareth foi até o rádio e o ligou. Músicas instrumentais os relaxavam por completo. As primeiras notas de um piano soavam tristes. Todos prestavam atenção na respiração, em como cada um dos seus órgãos recebiam o ar que entrava e saia de seus corpos. Os rostos que antes eram carregados de expressões fortes logo se suavizaram. Parecia que dormiam em pé. A professora não precisou dizer nenhuma palavra, pois começaram a externar os seus sentimentos.

Movimentos circulares, jogadas de pernas, braços se contorcendo, tudo fazia parte de um único propósito: expressar-se. Seu coração se alegrava diante da dedicação e esforço de cada um de seus alunos. Estavam confiantes do que faziam durante aquela música, acreditavam no que poderiam fazer com os seus corpos. Sem interromper os movimentos executados, Margareth escolheu duplas para a performance. A intenção era que eles representassem alguma dança, movimentos de filmes famosos. Ia desde “Cantando na Chuva” até “Ela dança, eu danço”. O entusiasmo contagiava todos. Sorriam, gargalhavam como nunca.

Um dia ela sentiria saudade de toda aquela bagunça, das incontáveis vezes em que queria chorar e desistir, mas que com um incentivo de seus alunos tudo foi capaz de suportar e esquecer. Estar diante de todos eles preenchia a sua alma de gratidão.

Margareth esperou que todos os alunos realizassem os seus exercícios antes de dar a noticia mais importante do dia. Conter a ansiedade se tornava difícil. Pensou nas mais diferentes formas de contar-lhes as boas novas. Enquanto cada um deles se arrumavam, ela se pôs a observá-los com amor. O tempo foi o melhor aliado para que eles se tornassem pessoas maravilhosas, em sua bagagem traziam histórias interessantes, metas que foram alcançadas com sucesso.

— Meus amores eu tenho uma novidade para contar. — murmurou ela empolgada.

— Qual é a novidade Margareth? — Perguntou Demétria nervosa.

A mulher sorriu maquiavélica. Gostava de deixar os seus alunos apreensivos por noticias. Sabia o quanto cada um daqueles jovens poderiam se empolgar com a novidade.

—Em primeiro lugar quero agradecer a todos vocês pelo bom desempenho durante as aulas e ensaios que tivemos ao longo dos meses que passamos juntos. Cada um de vocês ajudaram a levar o nome dessa escola pelo mundo a fora. Mesmo eu sendo chata e insistente nos ensaios é porque me preocupo muito. Quero sempre o melhor para todos, quanto para o publico quanto a vocês que sonham comigo. — Ela deu uma olhada em cada um dos rostos que ali estavam presentes. Seu coração se enchia de alegria — Os nossos patrocinadores estarão pagando a viagem de vocês para o Brasil.

— Brasil? — Indagou Bryana.

— Sim, querida. É uma grande oportunidade de conhecermos um pouco mais sobre a cultura daquele país tropical. Será bom para todos.

— Aposto que sim, Margareth. — Disse Amy se levantando — Pessoal essa viagem é uma conquista de todos nós... Juntos como alunos demos um passo importante. Pode não ser o país que todos desejam visitar, mas temos que ser gratos. É a nossa conquista.

Margareth se enchia de orgulho ao ouvir Amy falar. Mesmo com tantos problemas em casa ela não se deixava abater quando estava na escola de artes. Ela se realizava durante as aulas. A cada dia a maturidade lhe acompanhava fielmente. Não apenas Amy evoluía assim como todos os alunos. Helena, Demetria, Bryana, Marcus, Patrick dentre tantos alunos eles conseguiam se destacar.

— Quando será a data de embarque?

— Está marcada daqui a vinte dias. Acredito que seja o tempo suficiente para que todos possam se organizar tranquilamente. — Explicou Margareth. — Estão dispensados. Até a próxima aula, queridos.

A sala foi ficando vazia restando apenas Margareth. Ela observava cada uma das fotos espalhadas pela sala. Era por causa daqueles alunos fieis que ela ainda continuava no ramo artístico, eles a incentivava a nunca parar mesmo diante das dificuldades. Seria eternamente grata a disposição e dedicação deles.

Agora uma nova jornada estava se iniciando na vida de artistas maravilhosos. Será que eles estão preparados para os obstáculos que estão por vir?

Pelos corredores agitados da escola alunos saiam empolgados, mas Amy estava parada diante do que via. Era como se estivesse vivendo em um pesadelo. A raiva tomou conta de seu corpo, pois seus punhos estavam cerrados. Um calor crescente a dominava. Tudo ao seu redor girava como se ela a qualquer momento fosse desmaiar.

Como se nada tivesse acontecido anteriormente, ele se aproximou. Seu sorriso cínico a enojava.

— Lembrou que ainda existe uma escola de artes? — bradou Amy.

— Amy, não fica com raiva de mim. Eu sei que errei demais com você e que te abandonei num momento muito importante, mas ninguém entende pelo que tive que passar. — Patrick se aproximou tocando os braços de Amy, mas ela se esquivava — Não seja tão cruel.

Ela estava indignada.

— Não sou cruel como você. — ela o olhou em desdém — Nunca me importo em ser abandonada pelas pessoas, mas desde que respeitem a minha arte e isso você não fez.

Patrick gargalhou.

— Eu sei que o babaca do Marcus te ajudou em tudo, então porque não baixa a bola Amy? Isso é virou fumaça, ficou no passado. — Patrick se tornou ameaçador para ela. Seus olhos eram frios — Entenda que nem tudo é como você deseja, sua vida é sem graça, e tudo o que possui é essa escola... — Marcus impediu que ele continuasse a falar prendendo-o na parede.

— O que pensa que está fazendo? Chega de agir como uma criança, Patrick.

— O bobo apaixonado chegou para defender a donzela. Cuidado Marcus, ela consegue ser pior do que você. Machuca o coração das pessoas e depois se faz de coitadinha. — disse Patrick irônico tentando provocá-lo cada vez mais — Só voltei para saber como estava as coisas por aqui, mas vejo que nada mudou. A Amy continua sendo a mesma boba sonhadora...

Não contendo mais a raiva, Marcus deu um soco no rosto de Patrick. Saiu a passos largos sendo seguido por Amy que ainda estava chocada pelo o que havia acontecido. Não teve tempo de pensar duas vezes, não queria saber de Patrick.A atitude de Marcus a deixou fora de si.

— Marcus, fala comigo. — pedia ela.

— Desculpa, tive que sair antes que acabasse fazendo o pior.

— Eu não me importo com o que algumas pessoas falam Marcus. Sei que não gosto de machucar as pessoas, mas não gosto que elas me machuquem. — seu olhar era suplicante — O que é que todo mundo sabe a seu respeito que eu não sei? Por que todos vivem a dizer que sente algo por mim?

Marcus passou a mão pelo rosto nervoso.

— Eu queria te dizer a verdade Amy, mas não consigo. Me desculpe por não ser sincero nesse momento, mas é tão difícil falar sobre essa guerra constante que acontece em meus sentimentos.

Amy sentia uma corrente elétrica tomar conta de seu corpo. Sua respiração ofegante denunciava que ela não estava bem. Suas mãos tocavam o corpo de Marcus como se fosse uma escultura valiosa. Tudo estava tão confuso em sua mente. Desconhecia a origem de tais pensamentos. Não queria que Marcus saísse de perto dela. A sensação de se sentir segura ao lado de Marcus era fascinante. Delicadamente percorreu sua mão no braço dele que mantinha o olhar fixo em cada movimento que Amy fazia. Ela o mantinha em seu controle, lentamente puxou-o mais para si com ele tocando a sua testa. O hálito gelado ao tocar sua face a fazia fechar os olhos.

Como num sonho, Amy pousou seus lábios ao de Marcus, mas logo se afastou ao pensar no erro que iria cometer. Não faria o mesmo jogo que Bryana fizera, ela não era daquele jeito.

— Amy? Está tudo bem? — Indagou ele preocupado.

— Não... — sua voz falhou hesitante — Só preciso ir para casa.

— Tem certeza?

— Tenho — disse ela caminhando, mas logo parou como quem estivesse esquecendo algo.

Marcus foi pego de surpresa ao ter que deixar sua bolsa no chão para manter em seus braços a garota que era responsável pelos pensamentos desordenados. Um beijo urgente tomou conta deles. As batidas dos corações estavam fora do normal, a respiração ofegante, tudo ao redor parecia colaborar com o que acontecia entre eles. Ao interromper o beijo, Marcus estava desnorteado, nunca recebera um beijo com tanto desejo.

— Talvez agora eu me sinta melhor.

Marcus foi diretamente para casa. Ainda sentia as borboletas fazerem festa em seu estomago. Fora surpreendido mais uma vez por Amy. Enquanto ele tentava lhe dizer tudo o que sentia num impulso ela o beijou. Inesperado. O que havia acontecido para que ela agisse assim? Não importava a resposta, pois Marcus gostou de tê-la em seus braços por alguns segundos. Se existia mesmo um paraíso à sua espera, tinha nome e endereço.

*********

A semana passava lentamente e a vida seguia tranquilamente para alguns. Mas para Margareth ainda havia muitas coisas a serem decididas. Não antes de dar uma festa em sua casa. Margareth decidiu dar um baile de máscaras, afinal era hora de todos os seus alunos terem um momento de paz. Contratou uma equipe especializada para deixar a sua casa envolvente com o tema. Era quase um pré-halloween.

Enquanto a equipe tomava conta da decoração, ela fez questão de ligar para cada um dos alunos e pediu também para que cada um deles passassem a mensagem para os outros colegas.

A decoração havia ficado melhor do que Margareth tinha imaginado. Em pouco tempo sua casa estaria repleta de jovens talentosos. Tinha que estar pronta para recepcioná-los. Enquanto os últimos detalhes eram acertados, ela se ausentou par tomar um banho e se produzir.

A casa estava bem iluminada, a música tocava no último volume. Uma densa fumaça deixava a pista de dança com aspecto sombrio. Os poucos convidados que ali estavam deixavam se levar pela música inebriante. Margareth se fantasiou de enfermeira. Seus cabelos longos e claros caiam pelas laterais de seu corpo. Deslumbrante. Seus convidados a esperavam ansiosos demais. Enquanto Margareth não comparecia os jovens se moviam lentamente ao ouvirem a música. Foram recebidos com amor e alegria. A noite era deles. O céu era o limite para tanta diversão.

Os olhos azuis de Marcus brilhavam com intensidade ao localizar Amy em meio aquelas pessoas. Ela parecia tímida, coisa que ela não era. Um sorriso doce apareceu em seu rosto fazendo com que o coração dele batesse aceleradamente. Como disfarçar o seu encantamento? Não tinha jeito. Tudo começou a ficar abafado quando viu que ela caminhava em direção ao grupo.

— A Amy está vindo para cá. O que eu faço? — perguntou ele desesperado.

Bruno e Gregory se entreolharam e tiveram a mesma ideia.

— Seja você mesmo, amiga! — exclamou Bruno com a voz feminina — Respira fundo e se joga.

Eles riram, mas o nervosismo de Marcus era notável.

— Olá rapazes! — cumprimentou Amy segurando a barra do vestido ao se aproximar do grupo — Alguém viu a Demi, desde que cheguei procuro por ela.

Gregory pigarreou ao notar a expressão abobalhada de Marcus.

— Ela ainda não chegou. Teve um pequeno problema com a fantasia, mas o Leo logo estará aqui com ela.

— Nós vamos buscar bebida, mas voltamos já — murmurou Gregory.

Marcus esperou que eles se afastassem antes de falar qualquer coisa, pois poderia falar o que não devia.

— Você está linda, Amy! — elogiou Marcus. Era um bom jeito de começar.

— Me sinto diferente.

— Ser diferente é bom...

Marcus estava convencido de que viu algo diferente no olhar de Amy. Ao mesmo tempo em que ela parecia querer fugir de perto dele algo a mantinha por perto. Depois do beijo que ela lhe dera se tornou difícil não pensar no que sentia por ela. Mesmo que o seu relacionamento com Bryana estivesse fluindo, sabia que não poderia enganar o seu coração. Não era justo com a garota. Não queria que ela fosse vitima do seu passo de cafajeste.

Como se fosse um furacão, Bryana passou correndo entre eles. Não querendo ouvir a conversa do casal, Amy deu alguns passos para o lado. Sentia suas mãos tremerem de raiva. Nunca sentiu tanta vontade de bater em Bryana como naquele momento. Por que ela estava agindo assim? Marcus e ela eram apenas amigos e nada mais.

— Amor? Ainda bem que eu te achei. — disse Bryana ignorando a presença de Amy.

— Oi — respondeu simplesmente.

— O DJ vai tocar a nossa música. Quero dançar com você.

Marcus foi praticamente arrastado por Bryana até a pista de dança. Não ter Demetria ao seu lado tornava tudo mais chato,. Ela preferiu manter o foco em outras coisas, afinal ninguém lhe pertencia, não havia relacionamento que comprovasse. Sorriu leve ao ver todas as pessoas felizes, dançando e conversando como se o mundo fosse acabar naquela noite.

Ela por sua vez preferiu se sentar, queria apreciar aquela noite maravilhosa. Não queria ficar sozinha, mas contemplara a felicidade dos outro lhe fazia bem.

Para Margareth era diferente, pois ao ver a jovem sentada fez questão de aproximar-se.

— Por que está triste, querida? — perguntou Margareth sentando-se ao seu lado.

Ela baixou a cabeça.

— Não estou triste. Só estou pensando...

— Em que? — insistiu a mulher.

— Daqui a algum tempo muitos de nós deixaremos a escola de artes, começaremos a construir as nossas vidas, podendo ou não ser no ramo artístico. Sempre tive as melhores inspirações e conselhos vindos de um lugar mágico. — ela se emocionava com as próprias palavras — De pessoas que mudaram o meu mundo e sempre estiveram ali para me apoiar. Não quero pensar que um dia deixarei de ser sua aluna.

Margareth a abraçou de lado.

— Amy, você nunca deixará de ser minha aluna. — a mulher sorriu confiante — Durante todos esses anos, eu tive uma amiga, conselheira e filha. Minha escola sempre estará de portas abertas para recebê-la. Só não pense nisso agora. Ainda temos tempo para aproveitar a companhia uma da outra. — tentando mudar de assunto — Por que você não canta uma música para os convidados?

Amy arregalou os olhos assustada.

— Eu não sei! Nunca canto em público, mas acho que pode ser um bom começo. Não é a mesma coisa que atuar, mas pelo menos estarei no palco. — ela riu.

Os olhos de Margareth brilhavam diante do orgulho que sentia de Amy. Havia muitos motivos pelos quais Amy se destacou durante toda essa jornada. Sua simplicidade e sinceridade afloraram de forma notória.

O som das cordas do violão foi o suficiente para Amy sentir seu coração bater com mais força. Ainda estava de costas, procurava encontrar a coragem necessária para soltar a primeira frase da música. Era diferente das vezes que vestia uma personagem por completo, quase não havia reclamações, mas naquele momento era apenas ela. Amy e o seu coração que bate desesperado. Virou-se encarando a sua platéia.

Sua voz doce e rouca ecoava pelo jardim. Todos estavam encantados com a sua voz. O que era para ser apenas uma canção, logo pediram bis e cantou mais algumas até não poder mais ficar ali. Cantar exigia um preparo necessário que ela ainda desconhecia.

Ao sair de perto dos músicos, Bruno e Gregory se aproximaram.

— Caramba! — exclamou Bruno impressionado — Sua voz é linda. Por que nunca disse que sabia cantar?

— Não sou tão corajosa como pareço. É diferente quando uso um personagem para falar com o público, cantar se torna mais pessoal. — explicou ela.

— Você tem que produzir um CD com a gravadora do meu pai. — sugeriu Bruno — Ou pelo menos fazer uma visita e entender como funciona. Seu talento não pode ser desperdiçado.

Horas e mais horas de festa passaram despercebidas. Ninguém se importou com o horário ou com o que cansaço que começava a surgir em cada um dos convidados. Em nenhum momento foram importunados por alguma brincadeira desagradável. E assim mais uma festa havia entrado na lembrança de todos os artistas da noite.

********

Dois dias se passaram e a tão aguardada viagem para o Brasil se aproximava. Só falavam a respeito dessa viagem e nada mais. A ansiedade já era mais que esperada por cada um dos jovens.

Antes mesmo de ter a chance de realizar a tão esperada viagem para o Brasil, Amy desejava visitar o seu pai. Não queria sair de seu país sem ao menos poder sentir-se envolvida nos braços de quem ela tanto amava. A necessidade de rever o seu pai falava alto e forte. Diante de vários motivos ela tivera que deixar as visitas por um tempo, mas sempre se lembrava do quanto tinha que estar ao lado dele, mesmo nas dificuldades.

Já passava um pouco mais das três da tarde. Um vento frio começava a tomar conta de toda a cidade. Amy olhava pela janela de seu quarto, pessoas indo de um lado para o outro. Famílias unidas e felizes lhe traziam a esperança de que tudo poderia ser diferente dali em diante.

Mesmo estando sozinha em casa, Amy se sentia vazia. Sentia falta do calor de um abraço afetuoso, de palavras amigas e sinceras vindas de algum membro familiar.

Seu celular começou a tocar em cima da cama. Tranquilamente ela o pegou em mãos. Era Marcus para a sua surpresa.

— Estou começando a achar que você não consegue ficar sem me ver — Brincou ela irônica.

Ele fingiu estar surpresa.

— Nossa! Você esta ficando convencida demais Amy Jones.

— Estou aprendendo com você. — ela riu fraco.

— Garota esperta. Está sozinha em casa?

—Estou. Por quê?

— Vim te visitar e não quero ficar do lado de fora. Está ventando muito. — Respondeu ele com a voz afetada fazendo-a rir sem parar.

Amy foi para o outro andar abrir a porta para Marcus. A jovem ainda não conseguia parar de rir. Ela só poderia ter algum problema.

— Para de rir, querida. — Pediu ele carinhosamente.

— É um pouco difícil quando quem causou o estrago está diante de mim.

— Ah então eu vou embora. Não sou nenhum palhaço para ficar fazendo o povo rir.

— Tudo bem...

— Estou brincando, Amy. Gosto de te ver alegre.

— Fique à vontade — disse ela dando-lhe passagem. — A que devo essa visita ilustre?

— Pensei que poderíamos passar o dia juntos. Seria legal.

— Ótima ideia, mas hoje você terá a honra de conhecer alguém muito importante...

Amy fora interrompida pela risada exagerada de Bernard. Ela não sabia se pedia para Marcus se esconder ou se simplesmente encararia a situação. Notando a agitação na jovem, Marcus segurou-lhe uma das mãos.

— Você é guerreira, lembre-se sempre.

Ela assentiu.

A risada cada vez mais ia ficando alta e clara. A porta da frente fora aberta num baque ensurdecedor. Os jovens se assustaram.

— Eu disse que a patroa não ia estar em casa... — Comentava Bernard animado ao lado de outra mulher.

Amy se petrificou ao presenciar aquela cena. Sua mãe não merecia ser traída. Já que Bernard queria permanecer naquela casa pelo menos agisse com respeito à sua mãe.

— Já está trazendo clientes para casa? Essa mocinha está ficando esperta. — Bernard começou a gargalhar — É uma pena que ela não sirva para nada. Se eu fosse você rapaz, ficaria longe dessa imunda.

— Vai pro inferno, Bernard. Esqueça que eu existo. — Vociferou Amy.

Bernard se aproximou ainda mais da jovem.

— No dia que eu for para o inferno eu te levarei.

Marcus não ia permitir que aquele homem falassem bobagens à Amy.

—Senhor, por favor, o que pensará a senhorita que o acompanha? — Marcus tentava chamar a atenção de Bernard antes que ele pudesse encostar aquela mão imunda em Amy.

Bernard o fuzilou, mas logo deixou de lado toda a confusão, assim indo para o outro cômodo da casa com a sua convidada da noite.

Marcus sentiu o seu coração se comprimir ao presenciar algumas das atrocidades que Amy passava. Sua vontade era a de ir atrás daquele canalha e socar-lhe até não aguentar mais.

—Vem, Amy. Vamos sair daqui. — disse ele com urgência.

— Preciso pegar a minha bolsa.

— Eu pago tudo por hoje. Não quero te ver perto desse crápula. Onde deseja ir?

— Queria te levar para conhecer o meu pai... Depois de ter me ajudado tanto acho que está na hora.

— Como desejar!

Durante uma boa parte do trajeto Amy permanecera calada. Olhava para as casas, prédios e vegetação que iam ficando para trás. Sentia-se mal por Marcus ter conhecido parte das maldades de Bernard. O que ele poderia estar pensando naquele exato momento?

— Amy? — chamava ele — Preciso que se anime, tudo bem? Não precisa ficar se culpando pelo o que aconteceu.

— Estávamos tão felizes antes daquele imbecil chegar — Amy esbravejava com os punhos cerrados — Não aguento mais aquele homem.

Marcus temendo que ela pudesse sentir vontade de jogar toda a raiva para fora, aproximou-se ainda mais puxando-a para si. Sem ter como fugir daquele carinho, ela permitiu que ao menos as suas lágrimas se esvaíssem. Sentia-se estranhamente bem por estar nos braços dele. A atenção e cuidado que tinha por ela se tornavam maiores de tudo o que poderia ter vivenciado na sua vida toda.

— Obrigado por existir na minha vida, Marcus. Não sei o que seria de mim nesse momento.

— Fica tranquila. Sempre estarei onde você precisar.

O caminho até a penitenciaria foi silencioso. Marcus faria tudo o que pudesse para saber o que ela tanto pensava. Notou o quanto a sua respiração estava acelerada. Com os olhos fechados Amy tentava se acalmar, mesmo que demorasse a conseguir.

Em pouco tempo o carro estava sendo estacionado na entrada da penitenciaria.

— Esqueça tudo Amy. Seu pai merece ver o teu sorriso.

— Ele merece mais do que isso!

Ao saírem do carro o guarda os acompanhou até fazer o registro. Amy estava acostumada com o procedimento, pois ela tivera que pedir para Marcus ficar calmo.

O segurança os acompanhou até a sala de visitas. Desta vez permitiram que os dois entrassem juntos. Era a confiança que Amy precisava naquele dia tão complicado.

— Pai! — exclamou Amy saudosa — Eu sinto tantas saudades. Não agüento mais essa distância.

— Hey estrelinha, vai ficar tudo bem. — Raymond voltou a atenção para o rapaz que via tudo em silêncio — Quem é você?

— Olá Raymond, eu sou o Marcus — cumprimentou Marcus.

— É um prazer conhecê-lo. Então você é o filho do Hilbert? São parecidos. Fico feliz por minha filha ser bem cuidada por todos vocês. — desabafava Raymond emocionado — Fico menos preocupado com o seu bem estar.

— A Amy vale ouro. O senhor deve sentir orgulho da filha que tem. Meus pais já estão cuidando de tudo para tirar o senhor daqui.

Os olhos castanhos de Raymond brilharam ao se imaginar longe daquele lugar.

— Serei eternamente por tudo o que estão fazendo. Sei que não é fácil, mas não custa nada tentar. — ele cruzou as mãos em cima da mesa.

— Vocês merecem ser felizes. Talvez seja um dos meus motivos seja fazer a Amy sorrir sempre, principalmente ajudá-la em tirar o pai daqui.

Raymond entendeu a proposta de Marcus. Não sabia do que ele seria capaz de fazer, mas estava gostando de seu comportamento com Amy. Percebeu o quanto ele estava sendo atencioso, insistia em saber como ela estava. Todos aqueles gestos mostravam o quão forte era o sentimento dele por sua filha.

— Assim como pedi ao seu pai, quero que seja a sombra dessa garota. Enquanto estiverem juntos cuide dela como se fosse um tesouro raro.

— Assim farei Raymond.

Daquele dia em diante o coração de Amy passou a bater ainda mais exclusivamente para Amy. Atenderia ao pedido de Raymond em manter a sua filha longe de todo tipo de confusão. Manteria a sua palavra viva.


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