A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 26
Capítulo 26




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Como conter a ansiedade para a tão esperada viagem para o Brasil? Cada um deles não conseguiam acreditar que o dia havia chegado. Parecia um sonho. Margareth pediu para que os jovens aguardassem na frente da escola, pois uma van iria buscá-los e levá-los até o aeroporto. Não demorou para que todos estivessem reunidos, afinal estavam todos sendo muito pontuais.

Durante o caminho até o aeroporto os jovens cantavam músicas alegremente. Alguns com devida afinação outros apenas por diversão. Talvez apenas na intenção de afastar todo o nervosismo existente.

Ao chegarem ao aeroporto fizeram o check-in e aguardaram até que o vôo fosse anunciado. Todos estavam tranquilos, exceto Amy que sabia o quanto seria complicado não superar o medo de altura.

Preocupado, Marcus se aproximou.

— Amy, está tudo bem? Está pálida.

Ela não conseguia falar diante do nervosismo.

— Por quanto tempo ficaremos suspensos no ar?

— Apenas algumas horas, por quê? — não precisou que ela o lembrasse do seu medo de altura — Vai ficar tudo bem. Você vai ficar com a Margareth, tenho certeza de você nem perceberá todas essas horas passarem.

Depois de dez horas de viagem o avião estava pronto para pousar no aeroporto Congonhas. As pernas deles estavam doloridas e a coluna parecia que havia sido triturada. Por mais confortável que o avião fosse, dez horas sentados era um castigo imenso que estavam dispostos a passar para conhecer o Brasil, um país rico em cultura.

O primeiro choque que sentiram foi ao descer do avião. Eles sabiam que era verão no Brasil, porém nunca pensaram que seria tão quente. Esperavam algo mais ameno, como em New York. Tiraram a jaqueta antes mesmo de chegar ao final da escada de saída da aeronave. Acostumados a viverem em uma das metrópolis mais conhecidas do mundo, acharam o aeroporto menos movimentado do que eles esperavam. Pegaram suas malas e seguiram o grupo para finalmente conhecerem a famosa São Paulo.

Um guia foi responsável por mostrar aos visitantes alguns dos pontos turísticos mais importantes de São Paulo. A cada rua que passavam era como sair de sua zona de conforto, parecia uma cidade pacata em comparação com a loucura que é a Times Square, porém ao mesmo tempo se a vida e a correria dos moradores. Os sons eram estranhos, as conversas soavam exóticas em seus ouvidos. Acostumados a estudar espanhol, para eles, o português em nada se parecia com a outra língua latina.

Pessoas de todos os gêneros os olhavam curiosos quando conversavam entre si, se sentiam como alienígenas em outro planeta. O que não entendiam eram os casebres de madeira ou papelão e a quantidade de pessoas que moravam nas ruas. Nunca presenciaram aquilo antes, como poderiam viver em tais condições? Ajudaram como puderam, compraram alimentos para alguns que estavam sentados na calçada da Sé.

Após descansarem no hotel, resolveram jantar na Avenida Paulista e se impressionaram como ela parecia diferente! Durante o dia era cinzenta e cheia de pessoas que apenas estavam de passagem. O que era desanimador para um grupo de artistas. Tudo mudava à noite, a cidade pareceu viva e colorida com os letreiros. As ruas ficaram tomadas por pessoas conversando rindo, passeando de skate e bicicleta. Até o cheiro era diferente, rico, vindo dos restaurantes e bares. Eles se empolgaram de verdade ao verem artistas de rua, Amy animada decidiu dar dinheiro ao rapaz que dançava. Parecia que não havia saído de Nova York. Era tão familiar o mundo artístico e ao mesmo tempo diferente. Um grupo em vestes brancas faziam roda e entoavam uma música enquanto tocavam instrumentos nunca vistos antes. No meio da roda, dois rapazes faziam uma coreografia impressionante, parecia uma mistura de dança e luta. O guia explicou que era capoeira. Como eles queriam aprender aquilo!

A viagem para o Brasil não poderia ter sido melhor. Cada um dos lugares foi apreciado com muito carinho. A atenção dos brasileiros, a simpatia, a música e a culinária foram os pontos chaves. Estar em solo brasileiro foi incrível, mas a sensação de estar voltando para casa era melhor ainda.

**********

Três semanas depois...

O diretor Moores marcou uma apresentação de caráter emergencial com as principais alunas de Margareth. Olheiros iriam presenciar o grande espetáculo, tanto que ele fora encarregado de fazer todas as exigências durante os ensaios. Confiava no talento e na dedicação de cada uma daquelas meninas. Grande jogada de marketing ajudou na divulgação, videos e fotos eram postadas diariamente dos ensaios. Em menos de uma semana todos os ingressos havia sido vendidos. Enfiam, mais uma conquista.

O espetáculo falava a respeito das flores e de seus significados. Um espetáculo cujo o corpo e a expressão facial eram os elementos mais importante, não havia falas, exceto da narradora que agia como se tudo aquilo fosse um sonho. Um grande e belo sonho.

Os figurinos das garotas eram feitos em várias cores e com facilidade de cada uma delas serem removidas. Bastava realizarem um giro e uma das cores caia para que a nova flor pudesse crescer bela e forte.

Amy estava nervosa durante toda a apresentação de dança. Não conseguia suportar todas as provocações de Bryana. Sempre dava um jeito de empurrá-la durante a execução das coreografias. Queria continuar sorrindo como se nada estivesse acontecendo ali no palco. O público merecia o seu melhor, a sua dedicação e o seu amor pela dança.

A platéia estava toda envolvida pelo jogo de luzes, pela música e pelos movimentos realizados por cada uma daquelas garotas. Tudo ia muito bem. Bem até alguém colidir com o chão do palco. Para a surpresa de todos Amy parecia tranquila com o pequeno incidente. Ninguém esperava que aquilo pudesse acontecer logo com a aluna destaque de todos os eventos.

Tremendo, Amy logo se deixou conduzir pela melodia da musica. Mesmo ainda no chão, Amy começou a realizar uma bela performance final. Margareth que estava sentada ao lado de Marcus não conseguia conter a sua alegria ao ver tamanha responsabilidade e desempenho.

— Eu não acredito que essa babaca está se dando bem — Resmungava Bryana nas coxias.

— Seu plano não deu tão certo quanto esperava, Bryana. Você nunca vai conseguir superar a Amy em nada do que ela faz. — Zombava Demetria.

Bryana continuava de cara fechada.

Logo aplausos puderam ser ouvidos declarando o fim da apresentação. Uma a uma das garotas entraram no palco para agradecerem. Todos queriam ao menos uma foto com elas. Amy, Helena e Demetria eram as mais privilegiadas. Afinal, o maior e melhor tempo de execução das coreografias eram delas.

Margareth depois de despedir-se de seu público, conduziu suas meninas para o camarim. Olhava alegremente para cada um daqueles rostos formosos e orgulhosos.

— Meninas, eu estou muito feliz com o resultado da apresentação, do comportamento profissional que cada uma teve. Fico honrada por conseguir se um pedestal muito importante na realização dos sonhos de vocês. Mesmo com o pequeno acidente ocorrido Amy, você não deixou o espetáculo cair, continuou brilhando como sempre.

Amy sorria encantada.

— Sou imensamente feliz por saber me virar no palco depois de tantas aulas. Sou grata por tudo Margareth.

A batida na porta as interrompeu.

— Terminem de se trocar e estão dispensadas — Margareth avistou Marcus — Oi Marcus! Fique à vontade.

Bryana levantou-se correndo em direção a ele.

— Meu amor! Que bom que você veio.

Marcus se desvencilhava.

— Eu não poderia deixar de ver esse espetáculo. Vi o quanto se esforçaram.

— Você é tão fofo, Marcus! — Elogiava Bryana — E essa rosa é para quem?

Marcus olhou rapidamente para a rosa em sua mão. Uma bela rosa vermelha.

— Eu... eu... trouxe para a... a — Demetria o interrompeu.

— Fala logo! Quanta enrolação.

Todos riram.

— Trouxe para a Amy.

As garotas ali presentes comentavam entre si a atitude do rapaz. Não esperavam que ele pudesse ter um pensamento contraditório de sua realidade.

— Agradeço o seu gesto Marcus — Disse Amy sorrindo — A Bryana merece essa rosa essa noite. Talvez a única que ela possa ter em vida.

— Não entendo...

— Marcus, essa garota é capaz de fazer tudo para ter tudo aquilo que deseja, até mesmo derrubar as suas colegas de palco.

Bryana ruborizava de tanta raiva.

— Amy Jones cala a sua boca. Você não sabe do que está falando — Pedia Bryana.

Amy sorriu irônica. Não iria se igualar a aquela garota à sua frente.

— Um dia Bryana você irá tropeçar no seu próprio orgulho e, no entanto será tarde para tentar ser uma boa pessoa.

Dito isso Amy e Demetria se retiraram do camarim. Tinham de ir embora enquanto havia ônibus rodando pela cidade. A sensação de falar algo para desbancar Bryana dominava completamente a jovem. Se sentia mal em fazer Marcus parecer um tolo ao lhe oferecer uma rosa. Não poderia aceitar nada que viesse dele, Marcus não merecia se preocupar com ela.

— O que deu em você? — Perguntou Demetria quebrando o silêncio — Nunca foi de retrucar as provocações daquela jararaca.

Amy respirou fundo.

— Só estava cansada. A queda que levei no palco foi por culpa dela.

— Já desconfiava... E quanto à rosa que Marcus ia te dar? Por que fez aquilo?

— Eu ia aceitar, mas do espelho eu vi a reação da Bryana. Seu olhar era fulminante para comigo. Aproveitei o momento para desabafar um pouco. Desde que ela entrou na nossa turma, a minha vida virou de ponta cabeça. Uma hora a gente cansa de levar tanto esporro da vida. Só devolvi os sapos que vinha engolindo ao longo da minha jornada artística.

Logo o ônibus parou bem perto delas. Naquela hora da noite já não havia tanta movimentação nas ruas. Tinham de aproveitar o momento para chegarem em casa com tranquilidade. A rua oferecia riscos.

— Já pensou que talvez você esteja começando a demonstrar que gosta do Marcus? — Brincou Demetria.

— Ora, Demi. Todo mundo sabe que somos apenas amigos. Não tenho culpa se ele não soube escolher uma boa companhia. Ele terminou uma vez e depois decidiu retomar o namoro. Não entendo o que se passa na cabeça dele.

Ao chegar em casa, Amy guardou os seus pertences em seu devido lugar. Sua mãe e seu padrasto já dormiam e ela gostava de todo o silêncio que ali se instalava. Sentia-se livre para fazer o que desse na telha.Antes de querer aprontar algo precisava tomar um bom banho para relaxar. Queria esquecer todas as maldades de Bryana por um tempo. Só queria esquecer as confusões e nada mais.

Algo atingia a janela de Amy com força. Não poderia ser coisa da sua cabeça, loucura não era o seu forte. Abriu temerosa, queria saber quem era o louco que atrapalhava a sua noite.

— O que está fazendo aqui, Marcus? Pensei que estaria aproveitando a noite com a Bryana — Disse ela simplesmente.

— Bem que ela queria, mas a Bryana não merece essa noite.

— Ela vai ficar com raiva de mim cada vez mais.

Ele deu de ombros.

— Não pense assim, querida! Você saiu correndo de mim e me deixou mal com isso. — Marcus a puxou para um abraço.

Amy tentou resistir ao abraço do amigo, mas logo foi se rendendo. Marcus possuía o melhor abraço, fazia com que todas as suas armaduras caíssem sobre a terra. Por que ao mesmo tempo em que ela o queria longe também o queria por perto? Não poderia ser os seus sentimentos dominando-a novamente. Conseguira afastar Donnie de uma vez por todas de sua vida e finalmente Patrick soubera lhe dar o devido espaço.

— Marcus não faz isso. Estou cansada de sempre enfrentar a Bryana, não quero saber mais de problemas na minha vida.

Marcus a guiou para perto da cama.

— Sabe por que eu estou aqui? — Amy negou — Estou aqui porque terminei de uma vez por todas com a Bryana. Não dava mais. O ciúme e a inveja que ela sente por você me deixavam mal.

— Não era para ser assim Marcus. Mesmo com os problemas que ela tem não é justo. — murmurou ela colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Amy, isso não quer dizer que eu tenha que viver preso a ela.

— Tem certeza de que não vai ser problema?

— Tenho Amy, nunca tive tanta certeza em toda a minha vida. Sei que posso parecer um idiota em ferir os sentimentos dela, mas me sentia mal por fazê-la acreditar que o que eu sentia poderia ser o bastante. Mas não foi assim que funcionou. — Marcus tocou o rosto dela com cuidado.

Aquele pequeno gesto fez com que Amy recuasse um pouco.

— Parabéns pela apresentação de hoje.

Marcus despediu de Amy com um abraço caloroso e logo saiu.

Em mente ela agradecia por não ter ninguém acordado em casa, pois não teria ter que explicar a visita noturna de Marcus. Era bom que a amizade entre eles permanecesse mesmo depois do beijo. Ela respirou fundo como se um peso muito grande tivesse sido tirado de seus ombros. A vida continuava como deveria ser.


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