Laissez-aller escrita por Eckl


Capítulo 9
Dia Seguinte I


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira parte do que está acontecendo com as personagens depois do ocorrido na festa e na manhã seguinte. Apesar de o título ser "Dia Seguinte", não é exatamente um retrato do dia seguinte à house party, mas dos dias que se seguem. Nessa parte, Jorge e Alícia serão os focos. Cada parte será focada em dois personagens e seus respectivos pares ou grupos.



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Cada toque fazia navegar ondas e mais ondas de arrepios da nuca até o calcanhar. No caminho, tripulantes de prazer pulavam do navio toda hora e nadavam por toda parte do corpo do jovem. Ele entrelaçara corpo e alma naquele ato que parecia o disparate do século e naquele garoto que era um desacerto épico. Ele sentia que tudo ali estava o guiando para um grande descompasso, mas era tudo tão gostoso. Ele possivelmente não teria escolhido de cara estar naquele local, porém estava onde deveria estar. Ele tremia a cada beijo e ofegava a cada passeio úmido que a língua do outro fazia por seu pescoço. E ele o abraçava. Tão apertado como que para que o outro nunca saísse dali. Tão junto de si, por que assim ele podia sentir que não estava sozinho. Aquele poderia ser o erro mais fatal que ele poderia cometer, todavia, naquela hora, parecia o melhor acerto de todos. Ele queria ser o dono do eterno, queria ser o dono de tudo, mas queria, especialmente naquele momento, mais que tudo, ser o dono de Jaime.

Ele se flagrara pela milésima vez naquele dia remontando todas as ínfimas pecinhas para rever mentalmente os detalhes do que acontecera na manhã seguinte à festa de Davi e tudo o guiava a um único pensamento e a uma única vontade. Todavia ele não cederia a nenhum deles. Não. Em seu mundinho surreal, ele é um deus e deuses não sentem desejos por inferiores. E todos são inferiores. Um ou outro que ele mesmo escolhia era interessante. Contudo lá ia sua mente rebelde divagar a respeito de um alguém que não devia. Ele balançava forte a cabeça para que os pensamentos indevidos fossem dissipados, mas não eram. As reminiscências vinham com força e ele se excitava. Sem esforço nem estímulo físico, ele ofegava e suava apenas com as imagens daquela noite. E nem fora a primeira vez, pois desta, apenas flashes de memórias restavam. Era a segunda, durante a manhã, quando ele tentou fugir do que ocorrera, que havia se imprimido tão forte que ele mal conseguia fazer alguma coisa sem lembrar-se de alguns dos episódios que ele vivera com o outro.

— Pelo amor de todos os deuses que existem! O que tá acontecendo comigo? – Jorge se perguntava enquanto fitava o grande espelho enfrente às pias do banheiro da escola. Ele queria que alguma coisa o fizesse esquecer tudo aquilo, mas nada conseguia. O garoto bateu no espelho, socou a pia, abriu a torneira e chutou uma porta. Só não jogou água no rosto para não borrar o pó e o delineador que usava. E o tormento continuou por todas as aulas. Jorge não conseguia se concentrar em nada, apenas em todas as carícias trocadas com Jaime. As mandíbulas dos professores se mexiam e nenhum som saía, apenas gemidos e eram gemidos dele mesmo. Foi ai que ele decidiu que ali não era um bom lugar para se estar, até porque Jaime estudava na mesma e ver o outro não o ajudaria em nada em sua missão de esquecimento.

Em casa, Jorge se ocupou bastante com a mesma tarefa para aliviar a tensão a cada vinte minutos. À noite, depois do jantar, tentou se focar em como separar Daniel e Mário ou em como fazer da vida de sua empregada um inferno, todavia não conseguiu resistir. Pegou o telefone, abriu o aplicativo de mensagens e digitou o que passou o dia inteiro querendo. “Minha casa. Agora.” A resposta foi quase instantânea. “Tô chegando.”

Em outra parte da cidade, Alícia passeava por uma loja de presentes a procura de um bicho de pelúcia para customizar. Achou um panda muito fofo que segurava um cupcake, cuja forminha mostrava I’m always with you!” em uma fonte caprichada. Nem foi preciso a tal da customização, estava perfeito. Marcelina adora pandas e Alícia adora Marcelina. Ela preencheu um cartão e pediu para que fosse entregue no endereço da amiga com um singelo buquê de margaridas e uma caixa circular de chocolates. Minutos mais tarde, seu celular vibra em sinal do recebimento de uma mensagem, que dizia “Estou esperando.” Logo mais, no fim da tarde, a morena estacionou sua scooter na casa dos Guerra e encontrar a amiga na cozinha, preparando alguma coisa.

— Fazendo lanches, Lina?

— Lícia! – Marcelina parou o que estava fazendo e foi abraçar a outra. – Que demora! Você disse que chegaria mais cedo. O que houve?

— Tive uns probleminhas bobos na Capricho para resolver. Mas já tá tudo certo. O que é isso que você tá fazendo? Tá com um cheiro bom. – A mais velha aspirou o ar.

— Espera. Eu estou cheirando bem ou as panquecas? – Marcelina perguntou já voltando para a bancada onde preparava a massa para as panquecas.

— Falei do que você está fazendo, mas deixa eu conferir mais de perto. – A morena se aproximou da amiga, abraçou-a de leve pela cintura, colou seu corpo no da outra e a cheirou na nuca. Ambas se arrepiaram. – É. Bem como eu imaginei. Você cheira melhor do que qualquer outra coisa ou pessoa nesse mundo.

— Para de tirar casquinha e vem me ajudar. – Marcelina pediu sem virar para encarar a amiga, caso contrário revelaria seu extenso rubor. Ambas fizeram as tais panquecas, mas não as comeram, pois, apesar do cheiro maravilhoso, o sabor estava horrível. Então elas pediram pizzas, depois Alícia ajudou a amiga com o dever de casa e ambas se perderam no tempo. Falaram sobre os garotos que Marcelina rejeitava, o que deixou Alícia feliz. Falaram sobra as garotas que Alícia rejeitava, o que, estranhamente, fez aparecer um alívio em Marcelina. Falaram mal do Paulo e depois falaram bem. Falaram sobre Carmem e Adriano serem um casal fofo e sobre Daniel e Mário serem mais fofos ainda. Falaram, falaram e falaram mais um pouco. E daí ficou tarde demais para Alícia ir para casa sozinha, então elas tomaram banho e dormiram ambas na mesma cama novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram, coisas fofas? I hope so! O que acharam? Deem-me suas impressões para que eu continue com o trabalho. Alguma sugestão? Se sim, é só deixar nos comentários. Agradeço quem acompanha a fic. Sério, eu fico muito feliz por ter pessoas realmente lendo o que eu escrevo. Muito obrigado mesmo, gente! Adoro vocês pra caramba!

Não esqueçam de darem uma lidinha nas minhas outras fics. Deem uma olhadinha. Não custa nada. Estou escrevendo uma que envolve músicas e universos ficcionais. É minha proposta de fic interativa e preciso que pessoas comentem para que eu possa dar prosseguimento. Se chama "Universes & Songs". Deem uma olhadinha lá, sério. Por mim. por favorzinho, seus lindos!

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