No Universo de Anna escrita por Red Queen


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E aí meus lindos leitores?!?!
Espero que estejam gostando! Fico super feliz se eu estiver agradando, melhor se a Anna está... haha
Boa Leitura!



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Capítulo 5 - OP

“Então agora você vai fazer parte da classe trabalhadora? Estou orgulhoso de você Anna Joseph!”, Thomas diz com ar brincalhão. Mas eu não estava em um bom dia para brincadeiras.

“Não se orgulhe. Em menos de uma semana vou convencer os meus pais a mudarem de ideia”, digo triunfante. Mas no fundo sei que vai ser uma tarefa difícil. Não impossível, só quase. Eles colocaram nas suas cabeças que estavam me ajudando a amadurecer se eu entrasse nesse estágio.

‘Quando mais cedo você entrar no mercado de trabalho, melhor vai ser o seu currículo’, eu digo imitando o tom de voz da minha mãe. Me poupe!. Desde quando fazer um estágio ridículo vai me ajudar no vestibular? “Mas acho que consigo convencer eles de que eu não preciso fazer isso”

“Assim espero. Me orgulhe. Quero aproveitar as férias com vocês”, Thomas fala enquanto olho para o círculo que tínhamos formado no pátio da escola, “Espero que ninguém invente novamente de viajar para a Suíça ou Noruega...”, ele diz nos lançando um olhar de reprovação.

“Se eu tiver outra oportunidade de voltar para a Noruega, me perdoe amigo... Mas eu VOLTO”, a Marina diz rindo e metendo o último pedaço do croissant que ela comia na boca.

Damos gargalhadas. Todos estávamos animados para as férias, mas ainda faltava duas semanas. Parece pouco, mas semanas de prova não se passam, elas se arrastam. Como se estivesse fazendo tudo mais devagar, como se também quisesse férias. Mas se essa minha teoria estiver certa, é injusto ela estar mais devagar. Nós também estamos cansados.

Todos nós estávamos alegrinhos, alegrinhos. Mas eu sabia por que aqueles sorrisos desesperados. O medo das provas. Hoje é segunda, e o início das provas. Quarta vai ser a prova de geografia e sociologia. E quinta história. A prova de química já passou, foi ontem, na segunda.

Eu não estava precisando recuperar nota, mas estava de olho no primeiro lugar da sala. Sei que parece futilidade ou besteira, mas para mim era muito importante. Provar pra mim que eu conseguia aquilo.

Acho que seria uma forma de aliviar o meu interior. Sempre escuto aquela vozinha cruel que faz questão de sussurrar no meu ouvido, ‘Porque sonha tão alto? Não passa de sonhos... Você nunca vai realiza-los, nunca vão deixar de ser míseros sonhos. Quanto mais altos, maior a queda”.

Eu sempre dou ouvidos pra ela. Me fazendo duvidar de tudo que eu sonho pra mim um dia. Talvez eu devesse a mandar ir pra merda. Só que eu às vezes acredito no que ela fala.

“Tchau, estou indo pra OP. Afinal de contas, não sou uma pessoa decidida como vocês!”, digo sorridente. Levanto de chão e bato na minha calça jeans para tirar os resquícios de areia ou poeira que ficaram nela enquanto eu estava sentada no chão.

Todos confirmaram com a cabeça felizes por não terem o mesmo problema que eu. A INDECISÃO. E fico aliviada por eles. Não há nada pior do que você não saber o quê ama ou o que quer para a sua vida.

Marina quer fazer radiologia, ela decidiu isso no primeiro ano quando fomos para uma feira de profissões e viu a barraquinha de radiologia. Thomas nunca teve duvida que o quê realmente quer fazer é direito. Fernanda sonha em passar em psicologia (acho uma carreira interessante, mas, prefiro neurologista). O Biel quer cursar biologia. E a Micaela arquitetura, ela desenha muito bem, diversas vezes ela me ajuda a mudar os móveis de lugar quando estou enjoada da mesma decoração repetitiva, mas claro que sem perder a essência de galáxia (ainda não expliquei como é o meu quarto mas... em breve dou uma explicação rápida). E tem o Davi que sempre que queria ser engenheiro civil, mas quando conheceu a engenharia ambiental não teve dúvidas que queria fazer aquela. Enfim sobra eu, que não sabe nem o que gosto.

São muitas opções, pra mim é quase impossível escolher só uma. Mas no fim vou ter que escolher. E espero do fundo do meu coração que eu saiba fazer a escolha certa.

Me despedi de todos e subi as escadas.

O OP (Orientação Profissional) é na hora do intervalo, e o seu objetivo é dar um rumo aos alunos que ainda estão indecisos na questão da escolha do seu curso. No caso, eu estou.

Entro na sala da OP, que estava com as cadeiras em forma de círculo para os debates e trocas de ideias que ocorrem sempre. A sala já estava com quase todos os alunos que normalmente comparecem.

Sento em uma cadeira no meio do circulo para ter uma melhor visão do projetor.

A Milena, a psicóloga que nos acompanha, já estava no centro do circulo distribuindo o teste da semana. Ela veio até mim e entregou uma folha cheia de frases ao lado de quadrinhos.

“Bom dia gente. Essa folhinha que estou entregando à todos é a tarefinha de casa”, ela diz rindo, mas ninguém além dela ri, “Quero que façam seriamente. Isso é muito importante, é um teste de autoconhecimento. Como tenho falado à semanas, apenas quando nos conhecemos verdadeiramente é que podemos tomar a decisão de nossa careira profissional. Por isso venho sempre batendo nessa mesma tecla.”

Ela nos olha esperando alguma reação.

A porta da sala se abre com um Rafael sorridente entrando.

“Bom dia Milena, desculpe o atraso”, ele diz enquanto fecha a porta.

“Tudo bem rafa.”, ela diz feliz por alguém retribuir o sorriso que ela sempre dá à todos.

O Rafael observa o mapeamento da sala: quem tá sentado em qual lugar. Quando ele ver uma cadeira livre ao meu lado ele caminha em direção à ela.

“Temos apenas 25 minutos. Infelizmente o tempo é pouco, mas temos encontros 3 vezes por semana, algo que acredito eu compensa. Vamos lá. A tarefa de hoje é fazer duplas, e cada um vai falar um pouco de si mesmo para o outro. Vocês devem anotar o quê julgarem importante. Ok..... Podem começar, vocês tem o resto da aula pra isso”

Entro em desespero quando escuto a palavra DUPLA. Nenhum amigo meu fazia OP, o que me deixava caladona e antissocial, não que eu seja... Apenas sou tímida quando estou longe de pessoas que eu goste.

Olho ao meu redor.

Escuto o barulho de cadeiras se arrastando enquanto as pessoas se juntam para as duplas.

Sinto uma mão pegar no meu ombro. Meu coração dispara de susto quando viro escuto.

“Oi Anna, posso ser a sua dupla?”

Ainda meio abobada com a situação só confirmo com cabeça. Ele sorri e alinha a sua cadeira na frente da minha.

Ele senta e me observa. Só agora noto que estava em pé com cara de otária.

“ Então o que acha que é pra conversamos?”, ele diz esfregado as mão uma contra a outra.

“Acho que do que gostamos, interesses, o que esperamos em uma carreira. Coisas desse tipo”, digo olhando para a folha do meu caderno em branco.

“Tipo aquelas baboseiras que falamos em um encontro?”

Franzo o cenho, “Acho que sim”, digo, “Só que voltado para a universidade e não para o lado amoroso”

“ É uma pena, adoraria ter um encontro com você” , ele diz com um sorriso cheio de dentes.

“Uma pena que não seja”, digo sarcástica. Com uma cara de nojo para deixar bem exposto os meus sentimentos por ele.

“Não seja por isso. Podemos sair qualquer dia”, ele diz. Vejo uma pontada de esperança emanar do seu tom. Acho que não fui muito clara na minha resposta anterior... Imagine se eu fosse simpática com todo mundo...

“Rafael, não estou brincando. Realmente não estou interessada. E eu começo”, digo no fim com um tom sério e até um pouco zangado e apontando para a folha dele, pra que ele notasse que devia começara anotar.

Ele parece meio sem jeito e pega uma caneta com a tampa mordiscada.

“Vou falar tudo para que no final não tenha problema no seu relatório. Meu nome é Anna, tenho 16 anos. Gosto de muitas coisas. Seriados, livros, filmes, tecnologia, dormir”, digo rindo da última observação, “Mais especificamente acho melhor ir de tópico em tópico para você conseguir captar um pouco as minhas afinidades. Seriados: Sherlock é um dos meus favoritos, How I met your mother também amo muito, The vampire diaries, The originals, friends, The Big Bang Theory eu simplesmente amo! Pretty little liars, Once upon a time e modern family. São muitos eu sei, mas esses são os principais. Ah! E Game of Thrones, claro. Em relação à filmes eu não tenho um favorito sabe? Amo os da Marvel, todos sem exceção, na verdade... amo mais alguns do que outros. Gosto de O hobbit e o Senhor dos anéis. Todos os do Harry Potter e das crônicas de Nárnia. Amo a Era do Gelo e simplesmente AMO Como treinar o seu dragão o filme, não sou muito fã dos livros do Como treinar o seu dragão, achei a escrita deles meio cansativa. E simplesmente sou apaixonada pelo filme da noiva cadáver”, dou uma pausa para tomar folego porque estava falando tudo muito rápido, “Ah! E considero o Charlies Chaplin um gênio! E por favor não me faça escolher entre um livro favorito... amo quase todos os que leio. Amo finais felizes mas acho a rainha vermelha do Alice no país das maravilhas glamorosa. Amo a minha Sunny que é pugzinha mais linda desse mundo. E adoro tudo do Sherlock Holmes, desde seus filmes, seriados à seus contos e romances. Amo observar o céu, lua, mar e nuvens. Me encanto. Quando eu era pequena queria ser astrônoma...”

“Não quer mais?”, o Rafael fala provando que estava prestando um pingo de atenção no que eu falava.

“Não”, digo áspera. Não é que eu esteja sendo grossa é que a astronomia ainda é um assunto delicado pra mim e eu pretendia passar por cima dela sem muitos detalhes naquele trabalho em dupla, “ Voltando ao que interessa. Eu queria ser astrônoma mas desisti na nona série. Agora não sei mais o que escolher”

“Desistiu?”, ele diz arqueando as sobrancelhas e se inclinado pra frente enquanto colocava seu peso na mesa.

Ignoro e continuo, “Estou em dúvida entre várias opções. Medicina, direito, engenharia civil, aeroespacial ou mecânica. Gosto muito de computadores...”

“Desistiu?”, ele diz mais alto. Como se esse tempo todo eu estivesse falando com as paredes. Olho para o papel dele que ainda estava em branco. Nenhuma palavrinha!

“ Qual é cara? Eu tô falando com as paredes? E sim! Desisti! Algum problema? Não é da sua conta”, digo elevando o meu tom de voz.

“Foi mal zangadinha.”, ele diz levantando as mão como se eu fosse uma policial que estivesse verificando se ele estava armado.

“Como eu estava dizendo, ainda não tomei uma decisão. Gosto de aviões e navios, amo mexer em programas de computador. E acho que é isso. É o quê você precisa saber.”, falo olhando para a minha cadeira.

Ele me encara e sorri.

“Então acho que é a minha vez. Meu nome é Rafael, tenho 16 anos e gosto de futebol, tenho um gata chamada Felícia. Não assisto seriado, não tenho paciência para acompanhar temporadas mais temporadas para saber o final. Não gosto de ler. Nada de filme favorito, talvez seja o Exterminador do futuro, sei lá. Objeto favorito: meu vídeo game e meu celular. E ainda não sei o quê fazer.”

Espero ele continuar, mas acho que ele acabou. Fiquei uma fera! Como assim eu falei uma tonelada de coisas e ele acaba o seu depoimento com poucas especificações?

Anoto o que lembro do depoimento. Se eu estivesse de bom humor, até faria algumas perguntas para deixar minhas observações mais completas mas eu não estava em um bom dia. Sem mencionar que aquele Rafael se mostrou um tremendo chato.

1 – Video game e celular.

2 – Gata felícia.

3 – Futebol.

4 – Não se decidiu na escolha profissional.

Ele tenta ler o quê eu estava escrevendo. Mas eu já tinha terminado.

“Só isso?”, ele fala quando me levanto.

“Claro querido. Você não foi muito claro nas suas explicações.”, digo com um sorriso irritante no rosto.

Dou um tchau e entrego o papel para a psicóloga e saiu da sala.

Já tinha tocado para a próxima aula. Seria português. Mas eu não estava com nem um pouco de humor para uma aula...


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Notas finais do capítulo

O quê acharam?
Esse capítulo era pra ser mais longo, mas tive uns probleminhas aqui porém posto isso no próximo capítulo.
Beijinhos!



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