No Universo de Anna escrita por Red Queen


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura meus amados leitores!
Espero que gostem ^.^



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Não acredito que errei no gabarito. Como eu sou burra!

E ainda o fiscal não quer troca-lo por um novo. “Estamos treinando vocês para os vestibulares da vida, e vocês só tem direito a um gabarito”

Ótimo... menos uma questão certinha.

Mas é culpa minha, claro que é. Eu estava tribulando uma nave espacial enquanto preenchia aquele gabarito.

‘ Terra chamando Anna. Responda sua besta!’

Saio da sala de prova querendo me matar. A prova em si estava fácil, mas aquele avizinho “Outros conteúdos podem ser cobrados” sempre tira o meu dez. Penso como se saiu o Rafael: Será que foi bem? Espero que tire uma boa nota. Tadinho ele se esforçou tanto...

Tudo bem... ele estudou na véspera: E daí?

Foi ficar feliz se ele tirar uma boa nota.

Quando saiu de perto das salas que ainda estavam tendo prova e me direciono para o pátio escuto uma voz.

“Anna!”, sinto dois braços me envolvendo por trás, “Cara como eu te amo!”

Tendo me ver livre daqueles braços, mas não consigo. Sei que a voz é familiar mas.... não consigo lembrar.

A pessoa me abraça ainda mais forte e beija a minha orelha. Sinto toda a pressão que estava nos meus peitos saírem.

Viro e vejo o Rafael.

“Acho que vou me dar bem, Anna. Sério. Tudo que você disse caiu. Eu tenho muito que te agradecer. Você pode ter me livrado de uma recuperação!”, ele diz parecendo quase não acreditar na possibilidade de tirar uma boa nota.

Segundo o João, a probabilidade de um aluno regular tirar uma boa nota com um bom professor é de quase 70%! Dependendo do grau de interesse do aluno... Mas eu me enquadro na classe de boa professora. Então............................ Também é mérito meu!

“Que ótimo! Fico muito feliz por você Rafael. Mesmo”, digo. Mas a verdade é que eu ainda estava bolada com a história do gabarito.

“E como foi a sua prova? Aposto que não vai tirar um 10 vai ser um 11!”, ele diz animado. Mas aquilo me cai como uma bomba. Que foi jogada dentro do meu coração e espirou pedacinhos para todo canto.

“Acho que não”, digo rindo para tentar me forçar a esquecer essa história.

Meus olhos estavam entreaberto por causa do sol. E o Rafael começou a soar por que estava de casaco. Um casaquinho na sala com ar condicionado é bem útil mas, ali, no meio do pátio, com o sol fervendo, fica meio desconfortável.

“Claro que vai!”, ele diz me dando um soquinho de leve no ombro, “Você é a garota mais inteligente que eu já conheci. E olha que conheci várias.”

Essa informação não ajudou nada.

O fato é que para mim uma questão é muito. Pelo simples fato de eu querer tirar um 10. Eu errei só uma. Tudo bem. Mas tirar um 9 doía mais que um sete.

“O Quê aconteceu?”, ele diz pegando na minha mão.

Ele me conduz para um e me obriga a sentar. Não pude deixar de notar como as pessoas nos olhavam durante poucos segundos que estávamos de mãos dadas.

“Tudo bem.”, digo e me viro pra ele cruzando as pernas, “Errei uma questão ao marcar o gabarito”, ele abre a pouca para falar alguma coisa mas eu o fuzilo com os olhos e continuo, “Sei o quê vai dizer: é só uma questão. Mas um 10 é muito importante pra mim. MUITO”

Ele espera alguns segundos para ver se eu ia dizer mais alguma coisa. Mas não digo nenhuma palavra a mais.

“Qual foi a questão?”, ele pergunta olhando para as árvores ao nosso redor.

“11”, respondo tentando não surtar.

“Você acha que tiraria 10 se tivesse marcado corretamente”

“Tenho certeza”

“Então ela não é importante. Se você sabe que tiraria 10, então parabéns: você tirou dez. Aquilo é importante só para o colégio saber qual sua nota. Mas você sabe todo o assunto. Você sabe que sabe e eu também sei! O quê estou tentando dizer é que se você acertou na prova, você fez seu papel. Tirou 10, apesar de não aparecer no boletim ou que oficialmente não seja. Aquela nota que está escrita na folha é só para os outros verem. Então e daí que nota aparece lá? Não é suficiente você saber que tirou um 10 que não está escrito?”

NÃÃÃÃÃÃÃÃO

NÃO É SUFICIENTE!

Mas claro que não disse isso pra ele. Uma tentativa para ele parar de tentar me dizer textos motivacionais.

“Você tem razão, Rafael. Não importa. É só uma nota idiota.”, balanço a cabeça, “ Sei que fui bem. Então não vou me importar”

“Essa é a minha garota!”, ele diz levantando do banco com um pulo.

Eu estava me segurando para não gritar ou chorar ali mesmo no pátio. Iria parecer um bebê gigante fazendo birra por que a mãe não comprou o brinquedo que ele tanto queria.

Queria fazer um protesto na frente da diretoria exigindo o meu direito de uma segunda via de gabarito. Mas meus direitos dessa vez não estavam ao meu favor...

Vejo a Fernanda e o Thomas perto de um canto conversando animados. Fico louca pra ir conversar com eles, mas é muita falta de educação deixar o Rafael sozinho no pátio para eu ir conversar com alguns amigos.

Por um tempinho ficou aquele silencio constrangedor.

“ Seus amigos estão bem ali”, ele diz apontando para o canto que estava a Fernanda e o Thomas e que agora estava também a Marina e Micaela, “Não quer ir falar com eles? Eu tenho que resolver uns lances aí.”

“ Tudo bem. Boa sorte.”, aceno com a mão e nos distanciamos.

“Você me deve uma monitória de literatura!”, a Fernanda diz assim que eu me aproximo deles.

“Desculpa, mas, nem a pau eu fico aqui a tarde. Até o João ficou chateado ontem porque acabei esquecendo da aula de matemática que ele ia me dá à tarde. Tudo por causa dessa monitoria de ontem. Pelo menos estudei mais aqui do que estudaria se estivesse em casa.”

“Também né Anna? Qual namorado não ficaria chateado se fosse esquecido?”, o Thomas diz e logo em seguida veio as gargalhadas de todos. Menos a minha. O Thomas é um saco as vezes, na verdade, ele é mais vezes um saco do que legal.

“O João não é meu namorado! E eu não fiz isso de propósito, tá legal? Poxa! Quantas vezes eu vou ter que repetir isso?”, falo e não deixo de lado a raiva para que o Thomas se toque. E todos os que riram também.

Pode não parecer. Mas eu sou muito tímida. Na verdade, até demais.

E sempre que o João e os meus amigos se encontram é sempre um show de horrores. Eles não economizam esforços para me fazer passar vergonha. Sempre jogam piadinhas sobre o meu relacionamento com João. A única que me entende de verdade é a Micaela. Ela sabe que eu e o João não passa de amizade. Uma linda e pura amizade de criança. E daí que ele é meu melhor amigo? Desde quando todo amigos de sexos diferentes tem que ser namorados?

“Então Fernanda não. Me desculpe. Mas posso te ligar à noite para explicar suas dúvida”, digo tentando esquecer o pequeno comentário do Thomas.

“Sério? Obrigada Anna! Você vai me salvar. Vou te recompensar, eu juro!”, ela me abraça.

“Ei! Eu também quero se for assim. Estou precisando mesmo, Anninha. Por favor. Me liga. De preferencia às sete e meia”

“Seu caso é outro Thomas. Caso de preguiça aguda. Vai ler o livro que logo você não vai mais ter dificuldade. Mania chata de querer nota boa fácil!”, digo irritada.

“Calma Anna.”, ele diz rindo. Mas pelo modo como o sorrisinho dele sumiu, tenho certeza que notou que realmente estou com raiva. E não ajuda nada eu estar a ponto de fazer um protesto em frente a coordenação por causa do gabarito.

Thomas é um caso sério. Ele não sabe o momento de parar com a brincadeira. E ele parece não notar. Nem quando mandamos uma indireta pra ele. Ele só percebe com DIRETAS mesmo.

O sinal toca e vou conversando com a Micaela. Pelo o quê ela me disse, parece que também foi bem. Só não em sociologia.

Entramos na nossa sala e espero o professor de química chegar.

A Micaela está sentada logo atrás de mim e parece meio agitada.

“Você e o João? Está tudo bem agora né?” , ela diz sorrindo e se inclinando para a frente.

“ Tá sim. Eu tive até a aula” , digo rindo comigo mesma, “O João é o melhor amigo que alguém poderia ter”

“É sim.”, ela sorri por alguns instantes e continua, “E as férias? Ansiosa?”

“Nem me fale... Não sei se rezo para elas demorarem ou para chegarem logo.”

“Ainda o lance do estágio?”, o rosto dela cria uma ruquinha de preocupação. E fico feliz por estar dividindo aquilo com ela.

“Pois é. Minha mãe é osso duro de roer. Cismou com esse estágio”

Desde que minha mãe me informou que eu teria que trabalhar no planetário eu tenho feito de tudo para que ela esquecesse essa ideia.

De tudo. Não estou exagerando. Sempre limpo a sujeira que a Sunny faz. Arrumo o meu quarto. Evito dormir tarde. Lavo a minha louça. Coloco a roupa suja no cesto pra lavar. Cozinho algum doce para agrada-la.

Atitudes de uma filha exemplar. Claro que eu iria fazer isso só até ela dizer que não precisava mais eu fazer estágio....Mas esse momento ainda não tinha ocorrido.

Eu não pensei que seria tão difícil. Mas está sendo. Espero que a tarefa de convencer a minha mãe dure só até a próxima sexta, porque se não...EU TÔ FRITA.

Olho ao redor e procuro ver o Biel, mas nem sinal dele.

Observação: O nome dele não é Biel, ok? É Gabriel, mas todo mundo chama ele assim então peguei a mania.

O professor de química entra na sala e diz um bom dia nada animado. Coloca a sua mala de mão na mesa e começa a escrever no quadro a palavra Ph.

“Cadê o Biel?”, sussurro para a Micaela.

“É mesmo! Não vi ele hoje...”, a Micaela olhando ao seu redor.

“Fernanda, cadê o Biel?”, pergunto tentando falar o mais baixo possível. Se é que isso é possível com várias cadeiras nos separando.

“Ele só fez a prova e foi embora. Tinha que fazer uns exames e tal”, ela responde.

A Fernanda faz prova na mesma sala que o Biel então eles tem mais contado quando tem prova, isso é quando ele só vem pra escola fazer a prova...

O Professor pede silencio e começa a revisar todo o conteúdo do primeiro semestre. Como a prova de química foi na segunda, o Professor Linhares não tem por que fazer revisão ou dar matéria nova. Eu queria mesmo que ele passasse um filme...

Tento prestar o máximo de atenção possível no que ele falava. Porque afinal, o ENEM está aí. E nele não tem roteiro nem nada não. É tudo! Todo conhecimento que pegamos é como uma pérola que adquirimos e colocamos em um saco gigante. O saco gigante é todo o nosso conhecimento. E o saco de alguns estão mais cheios do que de outros...

Eu estou pegando o mal do Rafael de fazer metáforas?

Quando tocou para o recreio eu enviei uma mensagem para o Biel perguntando como foi o exame. Mas ele ainda não respondeu.

Passei o recreio pensando no estágio e como seria isso. Acho que tenho que me conformar com essa porcaria de estágio. Abri meus olhos pra realidade. Minha mãe enfiou isso na cabeça então nem adianta. Mas como em Jogos Vorazes a esperança é a única mais forte que o medo. O medo de trabalhar....

Olhando pra tela do meu celular agora esperando uma resposta do Biel e olhando a foto dele naquela bolinha que fica logo ao lado do nome. Lembro da noite que teve a festa da irmã dele, à um ano e meio atrás. Nas férias de julho do ano passado. Nas mesma férias que eu conheci o Harry W. Que só conheci mesmo, por que ele simplesmente evaporou. Nunca mais o vi.

Enfim, aquela festa da irmã do Biel ficou na minha cabeça por semanas. Não mais que o Harry W ficou... Mas mesmo assim, me marcou muito.

Não sabia que três palavrinhas podiam abalar tanto uma amizade. Mas elas abalara...


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Notas finais do capítulo

Então???
Comentem! Não sejam tímidos meus fantasminhas!