No Universo de Anna escrita por Red Queen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie! Eu espero que gostem desse primeiro capítulo. Pretendo postar logo o próximo.
BOA LEITURA!



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Dedico este livro ao meu amado Pai, que sempre foi o melhor amigo, conselheiro e confidente que existe ou que já existiu nesse mundo!

***

CAPÍTULO 1 - O PUB

Falta menos de um mês para as férias chegarem. E devo admitir que estou ansiosa. Tenho um grande problema: quando eu quero uma coisa, eu tenho que ser uma das melhores ou até mesmo a melhor. Eu queria ser a primeira da classe. O quê não é nada fácil já que estou na turma avançada. Mas esse foi um dos meus objetivos na lista de ano novo. Ainda não o cumpri... O problema é que na turma avançada não é só você que deseja ter um papel com o nome ‘Honra ao mérito” e um troféu que você terá de retornar à coordenação no final do semestre, TODOS querem ser o PRIMEIRO. A maioria se esforça para ter um boa nota, alguns até recorrem para anotar as fórmulas na cadeira de prova.

Enfim, eu queria ser a primeira da classe pelo menos uma vez! E eu sabia que nesse semestre eu já havia fracassado... As provas finais estavam chegando para que finalmente se chegasse as férias do meio do ano.

Mas o meu desastre amoroso começou no meio do ano passado! Espera... porque não estou contanto na ordem dos fatos?

Ok, foi um erro mas.... não vou recomeçar essa agenda apenas pra falar tudo na ordem. Estou escrevendo aqui para tentar ver a solução dos meus problemas então... Vai ficar assim mesmo.

Tudo começou nas férias passadas. Não... Foi antes...

Tecnicamente sim, começou nas férias passadas. Mas algo em um passado distante interferiu nos acontecimentos das férias.

Eu estava no começo do primeiro ano. E me apaixonei! Não aquela paixãozinha que em menos de uma semana se esquece. Mas sim, aquela que faz o seu coração disparar, que você perde o fôlego quando ver ele passar, fazemos planos de casamento (filhos, como seria a festa, as madrinhas, o vestido de casamento, a lua de mel...), apesar de saber que esses planos nunca iram acontecer. Mas viver isso na minha mente já é o suficiente. (Fico me toda envergonhada quando lembro dessa parte sombria do meu passado.... Eu era uma boba)

Como pode ver, um típico amor platônico. Certa vez pesquisei no meu livro de filosofia no capítulo de amor o quê era um amor platônico. E lá dizia:

“Amor platônico também pode ser um amor impossível, difícil ou que não é correspondido. Muitas vezes uma pessoa tem um amor platônico e nunca tenta sair dessa fase porque tem medo de se machucar ou medo de verificar que as suas fantasias e expectativas não correspondem à realidade.

O termo amor "platonicus" foi usado pela primeira vez pelo filósofo neoplatônico florentino Marsilio Ficino no século XV, como um sinônimo de amor socrático. As duas expressões dizem respeito a um amor focado na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, e não no seu aspeto físico. A expressão viu o seu conceito mudar graças à obra de Sr. William Davenant, "Platonic Lovers" (Amantes Platônicos - 1636), onde o poeta inglês se refere ao amor como é retratado no Simpósio de Platão, que afirma que o amor é a raiz de todas as virtudes e da verdade.”

Meu caro Platão, sempre procurando respostas para tudo, inclusive para as do amor. Posso não ser uma filosofa ou física, nem mesmo a melhor estudante, mas não são poucas as vezes que tiro conclusões inteligentes e uma que cheguei é que o amor não tem respostas. Porque respostas são baseadas em verdades e não em sentimentos. Quebra a razão, e não à nada mais verdadeiro e puro que o amor, logo apesar do amor ser baseados em fatos e ações, o amor não pode ser explicado. Essa minha tese já foi quebrada com uma simples frase que ele me disse (sim, ele. Só vou escrever aqui o nome dele quando for extremamente necessário).

Então era amor platônico que eu sentia, um amor puro e verdadeiro que não ser pode ser concretizado. Jurei várias vezes que iria tentar falar com ele, mas ao longo dos meses percebi como ele era um idiota. Conclusão: as vezes o amor platônico não dura, já que idealizamos a pessoa amada, mas quando a conhecemos de verdade... ela é uma pessoa no final de tudo. Uma pessoa com defeitos e com certo encanto quando não se rompe a casca do não conhecer. Porque as pessoas não são perfeitas. Até os artistas que as vezes julgamos serem lindos e tal, tem problemas e defeitos que talvez nos deixariam decepcionadas. Mas... eles são pessoas!

Ok, isso tá ficando chato. Voltando para a história.

Então eu constatei que era uma paixão platônica e não um amor platônico. O nome dele era Filipe. Era dois anos mais velho. Olhos azuis, cabelos pretos, sarado. Tudo de bom. Mas não era amor. Acho que eu só procurava alguém para jogar o meu amor.

Agora vamos voltar para onde eu parei. Onde as coisas criam um rumo.

Foi nas férias passadas. Faltava menos de vinte dias para que elas acabassem.

Eu e Micaela fomos assistir um filme que estava em cartaz faz séculos, mas como ele era um dos mais procurados e não encontrávamos coragem para enfrentar as filas. Apenas quando o “A esperança – parte 1” estava quase pra sair de cartaz fomos assistir.

Nunca tinha visto uma confusão tão grande pra assistir esse filme. Fizemos um grupo no Whatsapp para combinar com cinco amigos quando seria o dia, a hora e o shopping. Mas parece que todo dia existia um problema com cada um. ‘Minha mãe não deixou eu ir hoje’, ‘Tenho dentista’, ‘A cabelereira me pediu pra passar hoje no salão dela’.

O único que podia ir todos os dias era o meu amigo Thomas e a Micaela. Mas era a maior complicação pra gente conseguir se comunicar com o Thomas. Pelo seguinte fato: ele sempre combina as coisas de última hora, como se tivéssemos um motorista particular ao nosso dispor.

Eu já estava irritada com aquela situação do cinema, nunca dava certo. Normalmente o povo some nas férias, toma chá de sumisso e evaporam.

Hoje vou para a sessão das 14:30 no Shopping Mares, quem quiser, pode vir. Me dá um toque se alguém for. Tchau seus otários! Nam... todas férias é o mesmo problema!

A Micaela me ligou dizendo que iria me encontrar no Shopping. Entramos na sala que já estava lotada, e procuramos os nossos assentos, que eram horríveis já que não compramos os ingressos pela internet então só sobraram os lugares porcarias pra gente. Ficamos em uns assentos do canto direito da sala (meu pescoço ficou dolorido de tanto ficar virado tentando achar uma boa posição para visualizar a tela). Nunca pensei que um filme que está a mais de um mês em cartaz, ainda era tão procurado.

O Thomas me ligou uma 15:45, enquanto ainda estava no meio do filme. Quando escutei o celular vibrando, eu atendi e as pessoas das poltronas ao meu redor me olhavam com cara feia ou com ar de repreensão. Me encolhi feito uma geleia no pote quando atendi o celular.

“Cadê você?”, ele perguntou com uma voz baixa enquanto eu escutava no fundo da ligação o mesmo áudio que estava passando no filme. Mas não liguei o fato à pessoa de imediato.

“No meio do filme. Fala logo! O povo tá me olhando feio aqui”

“Em Qual fileira você está?”. Apenas quando me toquei que ele estava na sala do cinema é que levei um susto.

“Você é louco? Já está no meio do filme!”, eu falo aumentando a voz. Força do apto.

“Eu já assisti esse filme. Só vim pra fazer companhia à você. Então, qual fileira você está?”

“J4 e a Micaela está no J5”

“A Micaela está aí?”, ele pergunta surpreso.

“Cala a boca e vem logo”

Desligo o telefone.

E é óbvio que não havia lugar pra ele sentar. Sorte dele que nossos acentos eram ao lado das escadas, que foi onde ele assistiu o restinho do filme.

Quando saímos combinamos que iríamos assistir a Parte 2 na pré-estreia. Acho que a parte 1 foi o filme que eu mais gostei da franquia dos Jogos Vorazes...

Caminhamos até a praça de alimentação onde dividimos uma pizza de calabresa.

“E aí? O quê vocês estão fazendo nas férias?”, pergunto.

“Eu hiberno”, Thomas informa, “E nas poucas horas que fico acordado, como e jogo vídeo game”

“Bem produtivo”, falo rindo.

Ele sorri e balança a cabeça olhando para os pratos vazios que estavam na mesa.

“Daqui a dois dias eu vou viajar em um cruzeiro”

“O quê? Como assim? Desde quando”, pergunto surpresa. Essa de viajar em um cruzeiro da Micaela era nova pra mim. A gente passou as férias todas conversando no telefone e ela não tinha me falado nada.

“Meus pais me contaram hoje, vamos passar oito dias viajando em um cruzeiro que tem destino nas ilhas do Caribe”

“Nossa, que legal”

EU NÃO ACHEI NADA LEGAL. Nem um pouqinho.

A Micaela era a única das minhas amigas que eu conseguia manter contato diário nas férias. O Máximo que eu conseguia com as outras era uma longa conversa no grupo do Whatsapp, não que a Micaela fosse a minha única melhor amiga. Mas era a única que não virava um fantasmas durante as férias. Tem o João claro, mas estou me referindo aos meus amigos de escola.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo Thomas que estava exigindo um presente das Bahamas. Eles entraram em uma briga que envolvia sarcasmo e cobranças de antigos presentes de viagens, nada com muita relevância para se escrever aqui.

Ok... Se a Micaela vai viajar, a minha única companhia vai ser o João e a minha cadelinha Sunny. E talvez um pouco da companhia do Thomas também. Mas muito mais a da João já que ele mora logo embaixo de mim. Literalmente. Eu moro no décimo nono e ele décimo oitavo.

Eu Talvez eu consiga arrancar a Marina e a Fernanda de casa se eu envolver comida... Um sorvete após um passeio de bicicleta? YES, sacada de mestre!

“E quando você vai embarcar no navio?”, interrompo o Thomas que estava relembrando a caneta que ele trouce para ela na sua última viagem para o Chile. O presente que ele me deu dessa viagem foi um ursinho que segurava um coração que estava escrito ‘Vi isso e lembrei de você’ (escrito em espanhol, claro).

“Nessa segunda”, então faltava dois dias para que ela partisse...

“Que tal a gente ir naquele restaurante que faz pouco tempo que foi inaugurado?”, o Thomas pergunta com um brilho nos olhos. Acho que talvez seja a vontade de fazer uma coisa errada pela primeira vez na vida leva à alguns a mesma adrenalina de pular de um penhasco. O Thomas consegue pular de uma conversa sobre cruzeiros para restaurantes tão rápido...

“Tá louco? Aquilo é um bar! Vai barrar a gente quando colocarmos o pé na calçada, e ainda como cortesia vai ligar para os nossos pais”, a Micaela diz séria.

“Desencana garota. Acho que eu não tenho noção de perigo?”

“Sinceramente acho que não”, ela diz fazendo uma carreta. O quê ficou bem fofinha com as ondinhas de seus cabelos cacheados cor de caramelo.

Qual o problema desses dois? Só vivem brigando.

“Então qual a sua ideia para o fim da noite?”, Thomas pergunta deixando de lado o seu ar brincalhão

“Que tal comermos a pizza e voltarmos para casa?”

“Sem graça esse seu programa, exatamente como você”, ele diz encarando a Micaela com um olhar que raramente eu o via fazendo.

“Claro, até porque você tem tanta graça. Vai pra um circo garoto.”, a Micaeli estava a ponto de gritar.

“Vamos parar, né?”, eu falo, “E a Micaela tem razão, quer que a gente se ferre Thomas? Aquilo é um bar para maiores”

“O que vocês acham que tem lá? Strippes ou algo assim?”

“Sim!”, eu e a Micaela falamos ao mesmo tempo.

“Pois vocês duas estão enganadas. O máximo que tem ali é um coquetel de fruta com álcool”

“E como é que você sabe disso sabichão?”, a Micaeli pergunta com sarcasmo.

“Porque eu já fui lá”, ele responde e ele parece não entender as nossas expressões.

“O quê? Você tá mentindo, como conseguiu passar pela segurança? Não precisa de carteira de identidade?”

“Sim precisa”

“Então?”, a Micaela perguntou com impaciência.

“Mas eu não precisei de nenhuma carteira de identidade falsa.”

“Até porque você não tem uma! Então como?”

“Tem certas vantagens quando o seu Tio é o dono do bar”

Após o Thomas nos explicar bem direitinho tudo, ele me convenceu a ir. Mais dez minutos para convencer a Micaela que era seguro. Ela nos fez prometer que iríamos embora às dez e meia.

O Bar era perto do Shopping, uns quinze minutos à pé. Sorte minha que minha mãe não fez muitas perguntas quando eu pedi pra dormir na casa da Micaela.

Ouvimos umas batidas de som quando ainda faltava umas duas ruas para se chegar no Bar.

E acho que bar é uma palavra forte, aquilo ali estava mais para uma casa de show noturna. E realmente o Thomas não mentiu, lá não tinha strippes ou algo do tipo. Mas dava pra ouvir a música de longe.

“É sempre barulhento assim?”, pergunto enquanto caminhávamos em direção ao bar.

“Não normalmente. É que vai ter um show. Na verdade, a ideia inicial era colocar um DJ que é mais barato e pratico que uma banda. Mas meu tio viu que quando se tinha bandas aumentava o movimento no local. E hoje é a segunda apresentação de uma banda que ele contratou, todos dizem que os caras se garantem. Nunca vi eles tocando”, o Thomas fala sorrindo.

“Então vamos assistir hoje um show?”

“Não. Vamos embora às dez e meia como a Vossa majestade ali exigiu.”, ele diz olhando para a Micaela que nos acompanhava um pouco atrás de nós “A banda só começa a tocar onze e meia”

“Entendi”, digo enquanto dobrávamos na rua do bar.

Não era nada discreto tenho que admitir. Tinha uns leds enormes iluminado a entrada e uma fila relativamente grande.

Fomos em direção à fila.

“Pra onde vocês estão indo?”, Thomas pergunta sem entender. Como se pra entrar em um bar houvesse algum mistério.

“Pra entrada? Não vamos furar a fila”, eu falo meio que sem entender o espanto dele.

“Somos especiais. Vamos entrar pela área vip”

“E tem uma área vip?”, eu pergunto radiante. A Micaela não parecia se convencer do que ele falava.

Ela avançou pra cima dele e puxou o seu colarinho meio que amassando muito a abertura dos botões

“Se o dono desse bar não for o seu tio, e tiver nos fazendo de otárias. Agradeço a Deus aqueles três meses de Jiu-jitsu. Não haverá mais vestígios do que existe embaixo das suas calças”, ela ameaça.

“Me larga.”, ele diz recuando, “ Faço questão de apresentar o meu tio pra vocês. Me sigam, vamos para a área vip”

O seguimos para uma entrada que havia por trás da rua que tinha o bar, e a tal área vip tinha escrito na porta ‘Entrada de serviço’. Óbvio que a tal área vip era mentira, mas pelo menos entramos no bar.

“Bela área vip, Thomas”, a Miacela diz com um tom sarcástico chegando a emanar raiva.

“Não enche. Estamos aqui não estamos?”, ele diz.

Sim, estamos aqui. Onde o desastre da minha vida começou.

Conseguimos uma mesinha alta perto do bar. O nome do bar era Pub, o quê me lembrou muito How I met your Mother (um dos meus seriados favoritos). O Thomas pegou uns refrigerantes e pedimos umas batatas fritas. O ambiente era legal. O bar tinha várias luzes que simulavam uma baladinha, na pista de dança um globo de luz. As pessoas pareciam mais agitadas a cada minutos que passava. Enquanto o show não começava, uma seleção de músicas de estilos variados tocava nas caixas de som. Que quase me deixaram surda.

E sim, era verdade. O tio do Thomas era o dono do bar. Pareceu feliz em nos ver ali. Foi simpático e nos deu um cartão para que consumíssemos à vontade (acho que ele foi tão generoso devido ele saber que os produtos mais caros eram as bebidas alcoolicas, e óbvio que ele sabia que não podemos consumir).

Jogamos conversa fora até umas dez horas. Vi no cardápio que podíamos optar por coquetéis de fruta com ou sem álcool. Perguntei se alguém mais queria, e a Micaela aceitou. O Thomas pediu uma cerveja, mas eu disse que se ele quisesse ele que fosse buscar. O Thomas não pode beber cervejas...

Sentei em um banquinho alto e pedi dois coquetéis de morango sem álcool. O barmen pediu para esperar uns dez minutinhos já que tinha alguns pedidos na frente. Eu concordei e comecei a mexer no meu celular (é isso que faço quando fico sem jeito ou sem nada pra fazer).

Verifiquei o Whatsapp e constatei algumas mensagens no grupo da turma da escola e alguns vídeos idiotas que alguns pervertidos mandaram pra lá.

Coloquei o celular no balcão e comecei a pensar nos meus problemas. Tenho um caráter autodestrutivo o que não ajuda nada. Será que eu devia mesmo escolher medicina de uma vez? Minha irmã fez e ama o que faz... Mas eu não sou minha irmã. E se eu fizer e odiar? Mas eu amo biologia. Meus pais me incentivam muito e chegam a insistir nessa história: “Porque não medicina. É uma profissão tão bonita!”. Afasto esse pensamento da minha cabeça. No final, acho que não vou conseguir decidi entre apenas uma. Existem mais de seis mil cursos para escolher apenas um, acho que chega a ser uma tortura ter que escolher só um. Eu não gosto só de uma coisa ou matéria ou seriado ou livro. É a mesma coisa de pedir pra escolher uma única comida para se comer todo o dia durante o resto da sua vida!

Eu estava entrando tão dentro de mim que não tinha escutado quando um rapaz falou comigo.

“Seu celular está tocando”, ele diz olhando o meu iphone com a tela acessa. Uma foto enorme minha e do meu primo está estampada na tela.

Pego o meu celular e desligo.

“Não vai atender?”, ele pergunta com um meio sorriso.

“Não, é que não vai dar pra ele escutar nada...”, reparo que estava contando porque não tinha atendido o celular para um estranho (o verdadeiro motivo de eu não atender a ligação era que o Pedro (meu primo) iria escutar a música alta e perguntar onde eu estava, ou até mesmo ligar pra minha mãe que acha que estou na casa da Micaela (que iria se meter em uma encrenca também)

“Não é da sua conta!”, digo com cara feia para aquele intrometido de araque.

“Tudo bem, calma”, ele diz. Reparo que ele senta no banco alto que estava ao meu lado, “Posso te pagar um drinque?”

“Não pode”, digo séria. Será que a minha simpatia não o fez reparar que eu não queria papo?

“Que pena... Porque?”, será que ele estava flertando comigo?

“Porque já paguei o meu”, respondo com um ar triunfante. Acho que me superei na resposta, porque bati palminhas imaginarias pra mim.

Olhei de canto de olho pra ele quando ele se virou de lado pra falar com uma loira peituda.

Me encantei na verdade quando o olhei com mais atenção apenas os poucos segundos que deu até ele se virar novamente pra mim. Tinha um cabelo lisinhos e loiro escuro ou castanho muito claro (qual a diferença?), olhos castanhos e bem branquinho. Tinha ar de menino, mas tenho certeza que era maior de idade devido estar no bar. Era alto e estava bem vestido. Certamente um filhinho de papai, um playboyzinho que curte as maiores baladas da cidade e todos os dias fica com uma mulher diferente. Teria me encantado pela sua pessoa se não tivesse se mostrado tão metido com a ligação. Mas não pela conclusão que tirei da pessoa que ele era.

“Qual o seu nome?”, ele pergunta.

“Ângela”, minto, não vou dizer o meu nome para um estranho.... e se for um serial Killer?

“O meu é Harry”, ele diz meio que fingindo timidez, um cara daquele não pode ser tímido...

“Nunca conheci um Harry” , digo meio que surpresa comigo mesma por ter tido isso.

“Nunca ouviu falar de Harry Potter?”

“DÃÔ, eu rio, “Óbvio, me refiro à pessoas de verdade. Não é um nome muito comum aqui no Brasil”

“Você tem razão, aqui não é”, ele diz sorrindo pra si mesmo como se ele e seu amigo invisível tivessem uma piada interna, “Pipoca ou chiclete?”

“O quê?”

“Quer pipoca? Ou chiclete”

“Não obrigada”, e onde você vai achar pipoca aqui?”

“É só pedir pro barmen...”

Acho que fiz uma cara meio que de retardada porque ele riu quando levantei. Aquele banquinho estava acabando com o meu bumbum.

“Já que falou de Harry Potter... você gosta?”

“Tá brincando? Eu adoro!”

“De qual casa você é?”, pergunto

“Grifinória, Casa onde habita os corações indômitos. Ousadia e sangue-frio e nobreza. Destacam os alunos da grifinória dos demais. E você?”

“Covirnal. A casa dos que têm a mente sempre alerta, Onde os homens de grande espírito e saber sempre encontrarão seus iguais”, digo feliz ao perceber que ele talvez tenha lido os livros. E fico feliz por ter decorado o poema do chapéu seletor. Se não eu teria feito papel de otária ali.

Mas só porque ele também gostava de Harry Potter não quer dizer que a minha primeira impressão de ele ser um mal educado tinha saído.

“Está aqui senhorita”, o Barmen trouxe dois copos com um conteúdo rosa claro, “São vinte e quatro reais, Moça”.

“Deixa que eu pago”, Harry levanta da cadeira e puxa a carteira do bolço. Mas fui mais rápida dou o cartão para o barmen.

Sorrio vitoriosa. Harry levanta as mão para o ar como se desse por vencido.

“Tchau”, digo dando as costas para ele.

“Espera, Ângela”, quase que o repreendo por me chamar de Ângela, até lembrar que tinha dito que esse era o meu nome, “Posso te levar pra casa após o show ou bater um papo depois”

“ Desculpa, mas eu não te conheço. Você pode ser um assassino em série!”, digo pra aliviar o ar pesado que a conversa tomou. “Mas também porque já vou embora, dez e meia... Desculpa.”

Bebo um pouco do coquetel pelo canudinho pra tentar achar um modo pra fugir dali.

Um rapaz baixinho se aproximou de nós.

“Harry temos que ir. As pessoas querem bater fotos e temos que preparar as coisas antes de começar. BORA!”, o rapaz se afasta rindo e balançando a cabeça. Parecia animado para tirar as famosas fotos. Será que o Harry era o fotografo contratado pra fazer as fotos do local?

“Espera. Não sai daqui!”, ele sai correndo e eu o perco em meio à multidão. Olho pra mesa que a Micaela e o Thomas estavam. Pareciam não estar discutindo, achei estranho eles não reclamarem da minha demora.

Fui até a mesa que eles estavam e deixei os drinques.

“Aleluia! Foram plantar os morangos? Que demora!”, a Micaela fala rindo.

“Muito engraçado. Tinha clientes na frente sabia disso?”

Deixo o meu coquetel na mesa e volto para o lugar que Harry pediu pra esperar. Porque eu estava fazendo isso? Olho para o relógio, já eram 22:35! Eu tinha que ir embora. Porque a Micaela não reclamou das horas? Talvez ainda não tenha olhado para o relógio...

O Harry volta com uma câmera polaroid, aquelas que batem a foto e imprimem na hora. Sempre achei elas bonitinhas... mas são muito caras....

Naquela hora tive certeza que ele era fotografo. Mas o quê um playboy fotografo estaria fazendo em uma festa? Parei de pensar nisso me prometendo que tiraria conclusões mais tarde quando chegasse na casa da Micaela.

“Posso tirar uma foto com você?”, ele pergunta se abaixando um pouco pra se aproximar do meu rosto.

“Claro, não vejo problema nenhum”, digo meio que assustada com a atitude dele. Pra que diabos ele queria uma foto comigo?

Ele dá a câmera para um homem que estava atrás dele. Parece que se conheciam, sei lá. Esse homem tinha o cabelo longo e meio ondulado, e tinha um brinco na orelha. Talvez seja amiga do Harry.

“Momentos bons podem ser imortalizados e eternos, basta bater uma foto.”

Ele coloca o braço no meu ombro e dá um grande sorriso. Eu faço o mesmo olhando para a câmera. Três flash, um atrás do outro me cegam. As três cópias saem uma após outra.

Depois mais quatro pessoas se juntam ao nosso redor e mais dois flash se seguem.

Não entendi na hora oque seria aquele aglomerado de pessoas ao nosso redor. Apenas vários meses depois eu entenderia muita coisa. E faria da minha vida um inferno. E não estou exagerando.

“Pois é. Acho realmente que você não me conhece”

“Porque eu o conheceria?”, pergunto seria.

O que eu sabia dele era que o seu nome era Harry, gostava de fotos e Harry Potter... ah! E era da casa da grifinória ( sabendo da sua casa já se sabe muito da sua personalidade)

Eu ia dizer isso à ele até ouvir um grito.

“Vamos Anna, já é tarde!”

“Anna?”, ele diz surpreso. Na verdade parecia perplexo.

Sinto minha bochechas corarem e meus olhos se enxerem de lágrimas (não por tristeza, mas por vergonha). Poxa o rapaz tinha sido muito legal, um pouco metido no começo mas... ele conseguiu se superar um pouco ao longo dos dez minutos que conversamos.

“Vamos Harry! Temos que aquecer”, escuto uma voz atrás de mim dizendo isso. Talvez seja o mesmo cara que bateu a foto.

“Tenho que ir. Foi um prazer te conhecer Harry”, digo já andando na direção dos meus amigos.

“Espera, fica com uma cópia. Pra que você não se esqueça como conheceu um Harry no Brasil ”, ele pega a câmera e percebo uma escrita no seu metal enquanto ele escolhia as fotos. Tinha o nome Harry W gravado na lamina.

“Aqui está”, ele me dá uma foto em que estava só nos dois, parecíamos um casal naquela fotografia, eu estava feliz , e nem sequer tinha reparado que estava no curto tempo que passamos juntos. Estava preocupada demais em está na defensiva para conseguir curtir o momento. E o Harry... bem... saiu muito bonito na foto.

“Foi uma prazer te conhecer... Anna.”

Minha primeira vez em um bar.

Aquilo me caiu como uma bomba. Eu tinha sido a garota mais tapata e ridícula durante aquela noite. Como pude pensar que ele fosse um serial killer ou assassino em série? Seriais Killers tem estilo, não andam por aí em Pubs procurando suas vítimas. Acho que só estava assustada pelo fato de um cara gatinho se interessar por mim. Isso me assusta um pouco, pode soar estranho mas... é a mais pura verdade.

“Igualmente, Harry”, eu digo sorrindo. Ele sorri e aparecer uma covinha no seu no canto direito

Dou uma última olhada para ele. Me esquecendo do papel idiota que fiz e dou um suspiro que levei um susto ao escutar.

Aquela noite ficou na minha cabeça por mais de uma semana. Acabando com as minhas férias. Afinal como eu tinha conseguido sair da proeza de acha-lo mal educado para eu sair a mal educada?

Lição final: Se conhecer um estranho no bar, diga logo que não vai dizer o seu nome, e NUNCA der um nome falso!

Mas aquela não foi a última vez que o vi. Mas isso fica pra depois, devo contar na ordem se não vou confundir a sua cabeça.

Eu precisava de resposta mas iria me preocupar com isso depois. Talvez tentasse acha-las antes de dormir. Procurar ele no facebook ou twitter. Sei que talvez ele fosse o fotografo do evento já que ele tinha aquela câmera... tudo bem! Eu sei que uma pessoa possuir uma câmera não à faz um fotografo assim como eu ter uma sapatilha não me faz uma bailarina mas era uma das poucas pistas que tenho. Quantos prováveis fotógrafos chamados Harry W existem no Brasil?

Eu estava com esse interesse todo não por querer encontra-lo, mas só por curiosidade mesmos.

Eu não considerei todas as probabilidades daquela noite. Mas porque consideraria? Eu nunca mais o veria e aquela foto era a única lembrança que eu teria daquela noite. E pra mim, naquele momento, era mais que o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Então??? O quê acharam??????Eu gostaria muito de saber a opinião de vocês, sinceramente. Isso me incentiva muito. E talvez quem sabe, alguém aí se identifica e tal. Isso é muito importante. Comentem! Digam o quê acharam da Anna, o quê esperam. Ou simplesmente seja aquele fantasminha que tudo lê e tudo acompanha. Beijinhos, Red Queen!



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