Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 21
Extra — Ayume férias!


Notas iniciais do capítulo

Hoje aconteceu algo super raro! O.O
Eu acordei de bom e cheia de vontade de escrever! Nem sequer me lembro de isso já ter acontecido antes...
E fiquei tão animada escrevendo outras estórias aleatórias aqui que, por pouco, quase me esqueço de postar Gêmeos no Divã hoje. ^^'
Em fim, quero dedicar este capítulo à minha amiga Hanna porque o personagem Lucian Reis/Lorde Zucker/Luciano (chamem-no como quiserem ^^) só existe graças a ela, então é isso aí Hanna esse capítulo é para você!



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Andando apressada em meio ás pessoas uma menina muito magra e pequena, que poderia facilmente passar-se por uma boneca em tamanho real, parecia procurar por alguém.

Ela estava usando um vestido que em si não tinha apenas uma cor, possuía grandes mangas rosa-escura bufantes, que se juntavam em um delicado, porém elegante, bolero, estas por sua vez eram finalizadas por um, relativamente longo, pano branco.

Uma espécie de “sobretudo” preto com linhas rosa-escuro próxima a bainha dele havia sido costurado por baixo do bolero, o vestido em si era de um tom pálido de rosa, com pequenos babados brancos no decote reto quadrado que combinava com a faixa a lhe apertar a cintura, e acabava-se a altura dos joelhos em babados rosa escuro.

Para completar o look havia uma minúscula cartolinha branca com um laço rosa, presa de lado em sua cabeça por uma fita cor de rosa amarrada ao redor de seu queixo e outra fita negra amarrada em seu pescoço.

E calçava botas negras de cano alto que lhe alcançavam até pouco abaixo dos joelhos deixando-se entrever a meia calça branca que usava por baixo.

Mas nada, absolutamente nada havia sido tão caro ou difícil de encontrar — nem mesmo as lentes de contato que deixavam seus olhos verdes — quanto a peruca de cabelos dourados que lhe caiam em cascata pelas costas até alcançarem as botas, mas embora as roupas daquela pequena “bonequinha viva” que perambulava por ali pudessem parecer chamativas e exageradas a primeira vista elas passavam facilmente despercebidas em meio aquela multidão tão peculiar

Era o cosplay mais trabalhoso que Ayume já havia feito, não que ela já tivesse feito muitos — apenas o de Haruhi por dois anos seguidos — mas mesmo assim...

Olhando de um lado para o outro a pequena oriental tentou, sem sucesso, avistar a prima.

Ela tinha dito para ela não se afastar, por que Verônica nunca a ouvia?!

Mas, pelo menos, ela com certeza não havia ido longe, não com aqueles sapatos de salto alto que estava usando — Ayume havia dito a ela que usasse, pelo menos, tênis, porque ficariam andando o dia todo, mas, de novo, ela não a havia escutado.

—Por favor. — chamou parando uma garota que usava uma camisa do Another e carregava várias sacolas — Você viu por aqui uma garota loira? Ela não está fazendo nenhum cosplayer, está usando uma blusa totalmente transparente, shorts curtos, meia calça arrastão e sapatos de salto...

E provavelmente está olhando para todo mundo como se fossem malucos.

Não. — A garota lhe respondeu — Desculpe.

—Ah sim. — Ayume deu um passo para trás — Obrigada mesmo assim.

E seguiu procurando a prima.

Francamente, ela não passara quase duas horas e meia se arrumando no vestiário — isso sem falar nos quase quatro meses de trabalho que ela e a mãe tiveram para achar os tecidos, a peruca e os sapatos para o pai confeccionar aquelas roupas — para ter seu cosplayer perfeito só para depois ficar andando em busca da prima perdida.

Seus pés estavam doendo, e, de tanto andar, ela estava começando a suar, logo precisaria retocar a maquiagem... O que era mais uma razão para ela encontrar logo Verônica: ela estava com toda a sua maquiagem na bolsa!

Parou por um segundo, pensando um pouco isso era até engraçado, ela nunca se maquiava ou usava roupas que não fossem “um completo suicídio social”, com dizia Verônica, e justamente no único dia do ano em que ela fazia isso ― pois Ayume nunca tinha dinheiro para comprar o ingresso para os dias de evento ― Verônica sumia com toda a sua maquiagem na bolsa.

Eu bem que a vi de olho comprido para a minha maquiagem mesmo... — pensou consigo mesma— Ela até disse “Essas maquiagens são melhores que as minhas! Que desperdício, você nem as usa! Aposto que nem sabe como usá-las...!”

Ela não estava realmente pensando a sério, Verônica não faria algo como aquilo, e ela também havia calado a boca quando vira que Ayume sabia se maquiar melhor do que ela... Por dois segundos, depois começou a tagarelar sem parar sobre como Ayume ficava bonita quando se maquiava e reclamar porque ela nunca fazia isso.

Mas é claro que ela sabia se maquiar, havia passado seis meses treinando em casa com tutorias da internet para aprender, afinal fazer cosplayer não era brincadeira, ela só não o fazia diariamente porque era muito trabalhoso — além de que ela não via qualquer utilidade para perder tanto tempo passando pó na cara todo santo dia.

—Com licença. — chamou parando agora um homem que fazia cosplay do Goku — Você viu passar por aqui uma garota loira? Ela é um pouco mais alta que eu, não está fazendo cosplayer nenhum, está carregando uma bolsa gigante e usando uma blusa azul transparente...

E obviamente completamente perdida aqui.

—Não. — respondeu Goku — Foi mal.

—Ok, desculpa o incomodo. — desculpou-se já indo embora.

―Espera! ― ele a chamou ― Posso tirar uma foto com você?

Ayume sorriu.

―Mas é claro.

Minutos depois retornou á sua busca, ela até podia gritar para ver se Verônica respondia... Mas Verônica achava que era “mico” quando alguém chamava os outros aos berros em público, então se a chamasse ela provavelmente fingiria que não era com ela e se afastaria, isto é, se conseguisse ouvi-la com aquela música alta que tocava ali...

—Da próxima vez. — disse a si mesma — Eu venho sozinha mesmo.

De qualquer forma ela estava andando sozinha, não estava?

Suspirou, era realmente problemático.

—Ei, ei! — alguém a chamou pondo a mão em seu ombro — Podemos tirar uma foto sua? Você é a Alice do país das maravilhas, não é?

Quem a chamava era uma garota vestida de Kagome Higurashi, acompanhada de um garoto que usava uma touca do Stitch e carregava uma câmera fotográfica.

Ela não era a Alice, ela era o Monstro do Encanto dos Monstros de Gosick, e embora quase ninguém parecesse reconhecê-la muitos queriam tirar sua foto, mas não tinha tempo para explicar isso agora.

—Ah. — sorriu — Claro, por que não?

E com tantas pessoas a parando o tempo todo para tirarem fotos, ficava ainda mais complicado procurar Verônica — mas em sua defesa, a peruca e os tecidos haviam custado realmente caro, nada mais natural do que aproveitá-los um pouquinho! — e o pior... É que estava tão ocupada procurando Verônica que ainda nem tinha comprado nada, porque Verônica também estava com sua carteira na bolsa!

Que problemático, desse jeito ela já estaria toda destrambelhada até a hora do concurso de cosplayers, e havia dado tanto trabalho montar aquele look de monster charmant.

E, como se não bastasse, agora seus olhos, pouco acostumados às lentes de contato, estavam querendo começar a lacrimejar.

—Por favor. — ela chamou tocando de leve um garoto que comprava alguns mangás — Você viu passar por aqui uma garota loira? Estava carregando uma bolsa grande e usando uma blusa azul transparente...

—Eu vi.  — disse alguém atrás dela, e Ayume rapidamente se virou — Ela está usando sapatos de salto e shorts curtos, não é?

Quem falava com ela era um garoto magro e alto com olhos absurdamente azuis que carregava uma mochila nas costas e estava vestido de Capitão América.

—Você a viu mesmo? — animou-se — Onde ela está?

O Capitão América apontou.

—Estava perto das salas de karaokê quando a vi agora a pouco. — respondeu — Parecia com algum problema e eu tentei me aproximar, mas ela me olhou como se eu fosse maluco e disse que estava tudo bem, depois foi embora andando rápido.

Era definitivamente Verônica.

—Ok, então eu vou lá pegar ela... — mas foi parando lentamente de falar quando se deu conta de que ainda não sabia onde eram as salas de karaokê — Hum... Onde são mesmo essas salas?

O Capitão América riu.

—Vamos. — ele chamou — Eu te levo.

—Obrigada. — agradeceu o seguindo.

—Ei. — O Capitão América a chamou depois de algumas passadas — Posso te perguntar uma coisa?

Ayume ergueu as mãos.

—Verônica não é desse meio, por isso ela está tão confusa aqui. — já foi logo se explicando — Eu nem a devia ter trazido, só a trouxe porque realmente não queria vir sozinha.

—Ah entendi. — ele sorriu para ela — Mas não era isso que eu ia perguntar.

Por baixo de toda a maquiagem que tinha passado Ayume se sentiu corar.

—Não? Caramba eu... O que... O que você queria perguntar?

Ele parou a sua frente e abriu os braços.

—Eu pareço estranho nessa roupa?

Ayume piscou surpresa.

—O que?

—Eu sei. — ele sorriu e levou uma mão à cabeça — É engraçado alguém perguntar se está vestido estranho em um lugar como esse.

Virou-se e voltou a mostrar a direção.

—Então por que perguntou? — perguntou quando voltou a acompanhá-lo.

—É que eu não acho que eu fico muito bem de Capitão América, pra começo de conversa eu queria vir de Homem Aranha... — ele respondeu.

—E por que não veio?

—Ah. — ele riu de leve — É que eu só consegui convencer Igor na última hora a me deixar vir, e ai tudo o que conseguimos encontrar assim tão em cima da hora foi essa roupa de Capitão América, porque eu tinha “que cobrir meu rosto a qualquer custo”...

—Por que tinha que cobrir seu rosto?

Ele parou.

—Hum... Foi mais ou menos aqui que eu vi sua amiga.

Ayume também parou e olhou a volta, mas não conseguia avistar Verônica em canto nenhum por ali também.

Mas... Olhando por certo ângulo era até engraçado.

—O que? — o Capitão América perguntou se aproximando — Do que está rindo?

—Da irônica. — respondeu. — De nós duas Verônica é considerada aquela que tem “melhores habilidades sociais”, porque ela é bem popular e está sempre saindo, enquanto eu prefiro ficar em casa vendo séries e animes... E agora sou eu que a estou procurando, porque ela se perdeu em um ambiente onde não conseguirá se socializar de jeito nenhum. — riu — Mas afinal pra que eu iria sair de casa para falar com meus amigos se posso fazer isso online?

Ele sorriu.

—Grande parte dos que estão aqui concordariam com você.

—E também. — Ayume continuou — Qual a graça de sair? Faz sol do lado de fora, e é cansativo...

—Uma amiga me disse exatamente isso uma vez! — ele riu.

Ayume cruzou os braços.

—Eu só estou dizendo...Verônica?!

Ela olhou para o lado, podia jurar que havia visto, pelo canto dos olhos, um rastro loiro oxigenado vestido de azul passar, mas já havia sumido, ela ainda tentou procurá-la se metendo pelo beco entre os dois stands por onde achou que tinha visto Verônica passar... Mas nada.

—Eu podia jurar...

O Capitão América estava novamente atrás dela, e tocou-lhe o ombro.

—Ei. — chamou — Eu sei que não é uma boa hora agora, mas posso tirar uma foto sua?

—Hã? — virou-se — Uma foto minha... Não sei... — fez-se de pensativa.

—Por favor! — o Capitão América juntou as mãos — Não é todos os dias que se vê uma perfeita boneca ganhar vida bem diante de seus olhos, deixe-me registrar esse momento!

—Uma... Perfeita boneca. — Ayume corou, mas conseguiu disfarçar com uma risada, que bom que estava usando todo aquele pó na cara... — Você quer mesmo tanto assim tirar uma foto minha?

Até agora sempre a chamaram de menino, anãzinha, pequena, baixinha, magrela... Mas boneca? Essa com certeza era a primeira vez.

—Por favor? — ele piscou.

Aquele cara... Ele realmente tinha os olhos muito azuis, sempre que olhava para seu rosto, Ayume não conseguia desviar o olhar dos olhos dele, eles eram azuis demais.

Tudo bem eu deixo. — mas ergueu o indicador — Só que com uma condição.

Ele sorriu de lado.

—Qual?

Ayume apontou.

—Me diga, pelo amor de Deus, onde você comprou essas lentes!

O garoto sorriu novamente.

—Acredite ou não... Não estou usando lentes.

Ayume arregalou os olhos.

—Mentira!

—Verdade!

—Mas não é humanamente possível alguém ter olhos tão azuis assim!

—Bem, mas eu os tenho. — Ele riu. — Posso tirar sua foto agora?

Mas ela afastou-se erguendo as mãos.

—Espera, espera, espera! — repetiu sem parar — É sério mesmo que esses são seus olhos mesmo?

Ele riu, mas acenou com a cabeça.

—Ninguém nunca acredita de primeira... Muitas vezes não acreditam de segunda também.

—Meu Deus! — levou as mãos à boca — Eu não sabia que existiam realmente pessoas com olhos naturalmente assim! Seus olhos são absurdos de tão azuis!

—Eu sei. — ele riu, certamente já acostumado com a surpresa das pessoas com a cor de seus olhos — E a foto?

—Então eu tenho outra condição! — Ayume impôs já recuperada.

—Hum... — ele cruzou os braços — E qual seria?

Ayume segurou o queixo com uma “expressão legal”.

—Me diga que personagem estou representando aqui.

Aquela expressão de paisagem de novo...

Suspirou.

Mesmo no mundo dos animes e mangás, o anime que ela estava representando não era muito popular.

—Você é... — ele ia chutar sem sombra de dúvida — Uma espécie de versão feminina do chapeleiro maluco, não é?

Ayume cruzou os braços em forma de “X”.

—Errado. — respondeu. — Então, como dizia nosso trato, nada de fotos!

E piscando um olho ela mostrou a ele um “V” de vitória.

Ele juntou as palmas das mãos.

—Não seja má. — pediu — Só uma foto, sim? É para uma amiga.

—Uma amiga é?

—Sim. — confirmou — É que nós temos essa brincadeira, sabe? Sempre que um de nós encontra algo interessante tiramos uma foto e enviamos ao outro.

Ayume sorriu com as mãos nos quadris, ela e seu amigo virtual Lorde Zucker também tinham essa mesma brincadeira entre si.

—É? E qual o nome dela?

Nessa hora o Capitão América pareceu um tanto envergonhado, e levando uma mão a nuca e olhando para os próprios pés ele respondeu sem jeito:

—Pois é... Na verdade o nome mesmo dela eu não sei. — confessou. — É meio constrangedor, porque nós já nos falamos há quase um ano, mas eu nunca soube o verdadeiro nome dela, conheço-a apenas pelo seu Nick de “Japonese Doll”, nunca nem vi o rosto dela, porque ela só usa imagens de animes na foto do perfil... — Ele riu ainda constrangido e nem sequer se deu conta dos olhos arregalados de Ayume. — Só que eu também não posso reclamar né? Porque também nunca mostrei meu rosto ou disse meu nome a ela, de forma que ela só me conhece por...

—Lorde Zucker. — ela o interrompeu.

O Capitão América parou em choque por um segundo.

—Sim, mas como você...? — e, de repente, ele compreendeu — Ah meu Deus! Japonese Doll é você?!

Ayume confirmou com um aceno ansioso, sem conseguir acreditar que realmente, entre todos os otakus e geeks em todas as convenções do mundo havia encontrado justamente Lorde Zucker! Seu amigo virtual!

—É você mesmo? — piscou sem acreditar.

Ele sorriu, parecendo tão atordoado quanto ela.

—Sou.

A boca da japa abriu-se num circulo.

—Ah meu D...!

Sua frase foi interrompida no momento em que Lorde Zucker deu um passo à frente e a abraçou.

—Não dá pra acreditar! — ele exclamou extremamente contente enquanto a apertava — Japonese Doll é mesmo você! — e riu de pura alegria sem consegui soltá-la — E você não estava brincando quando escolheu esse Nick, não é? Você é praticamente uma Japonese Doll em carne e osso de verdade!

—Não se deixe enganar! — ela riu, retribuindo ao abraço de forma desajeitada — Isso tudo aqui é só maquiagem... Agora me solte, está amassando a roupa.

Ele riu soltando-a e cruzou os braços.

—“Nunca confie em uma mulher de maquiagem”, foi o que você me disse certa vez, não?

Ayume ajeitou a peruca e logo depois imitou seus gestos, também cruzando os braços.

—Parece que você aprendeu direitinho.

O sorriso de LordeZucker suavizou-se um pouco.

—Você não faz idéia do quanto eu queria te conhecer. — afirmou.

—Eu também. — Ela estendeu a mão. — Ayume.

Ele apertou sua mão.

—Luciano.

Soltando as mãos ela ainda o olhava sem acreditar, com um sorriso besta grudado na cara.

—Então todo esse tempo nós estivemos na mesma cidade?

—Não exatamente, na verdade eu só estou me mudando recentemente para cá. — ele respondeu.

—Então que coincidência! — Ayume exclamou contente, mas agora o estava olhando como se esperasse alguma coisa — Então...?

—O que?

—Seu rosto. — ela gesticulou — Você não vai me mostrar?

Luciano recuou um passo.

—Mostrar meu rosto?

—É. — Ayume o olhou de forma confusa. — Não combinamos que um só veria o rosto do outro quando nos conhecêssemos pessoalmente?

—É, mas é que eu nunca achei que isso fosse mesmo acontecer...! Digo... — engoliu em seco — Eu ainda não vi seu rosto também.

Ela o olhou descrente, cruzando os braços novamente.

—Eu estou aqui na sua frente agora. — afirmou — E não me venha com a desculpa de que eu vou precisar de um banquinho pra te olhar cara a cara.

Luciano olhava de um lado para o outro parecendo procurar desesperadamente por alguma desculpa.

—Não é isso... — ele voltou a encará-la quando, repentinamente, algo lhe ocorreu — É que você está maquiada!

—O que?

—Nunca confie numa mulher maquiada. — ele repetiu — Foi o que você me disse.

Ayume franziu o cenho.

—Então hoje à noite eu te envio uma foto minha sem maquiagem. — descartou o seu argumento sem rodeios — Ou... Será que tem alguma razão para você querer tanto assim esconder o seu rosto?

Ele já havia comentado isso antes, não é?

Que havia conseguido permissão para ir ao evento, mas para isso tinha que cobrir o rosto a qualquer custo.

Novamente Luciano engoliu em seco.

—Tudo bem, eu vou mostrá-lo, mas só porque é você. — concordou relutante — Mas, por favor, me prometa que não vai gritar.

Gritar? Mas por que ela gritaria só de ver o rosto dele?

Todo aquele mistério só fazia atiçar ainda mais a curiosidade de Ayume.

Afinal o que é que ele tinha debaixo da máscara?!

Luciano levou as mãos ao rosto e retirou a máscara... Debaixo dela estava o rosto do garoto mais lindo que Ayume já havia visto na vida, pelo menos no mundo real ao invés de em algum anime.

Luciano sorriu sem jeito mexendo nos cabelos loiros amassados depois de tanto tempo usando a máscara do Capitão América.

—E então?

Ela inclinou a cabeça levemente de lado.

— Você é loiro natural? — mas antes que ele pudesse responder, passou a mão pelo queixo e disse pensativa: — Se o que diz sobre os olhos serem de verdade for verdade mesmo, então você provavelmente é loiro natural também...

—Você ainda tá cismada com os meus olhos? — perguntou meio desconcertado, aquela não era bem a reação que ele esperava.

Ayume voltou a observá-lo

—Não entendi.

—O que?

Ela ainda estava o encarando.

—Você estava tão relutante em me mostrar seu rosto... Então eu achei que você tivesse algum complexo por causa de alguma marca de nascença ou cicatriz nele, mas não, você tem um rosto até bem bonito. — afirmou com absurda honestidade, e completou: — E esse é um comentário vindo de alguém que até hoje só se sentiu atraída por personagens de animes. O que?

Perguntou quando viu a maneira que ele a olhava.

—Você... Realmente não sabe quem eu sou? — ele perguntou, parecendo meio pasmo.

Ayume franziu o cenho.

—Você é Lorde Zucker, meu amigo.

Luciano piscou.

—Está dizendo que realmente não reconhece meu rosto?

—Não. Eu deveria? — ela o olhou com um pouco mais de atenção

Um sorriso brilhante abriu-se no rosto de Luciano.

—Você é mesmo fantástica, não é?

—O que?

A “menina boneca” ergueu os olhos de forma confusa, e só então percebeu como Luciano estava agora perigosamente próximo dela, se inclinando em sua direção e segurando levemente seu queixo para mantê-la olhando para ele e, antes que ela pudesse se dar conta do que realmente estava acontecendo, ele a beijou.

Surpresa, Ayume ficou tão sem reação que nem lhe ocorreu empurrá-lo, apenas arregalar os olhos em choque.

Mas o que diabos ele estava fazendo?!

—Ayume? — Verônica chamou de algum ponto atrás dela.

Rapidamente Luciano afastou-se dela e lhe deu as costas para recolocar a máscara de Capitão América.

Ayume virou-se.

—Verônica?!

Droga...! Droga! Droga! Droga! Ela tinha se esquecido de que estava procurando a prima!

Verônica cruzou os braços com um sorriso sabido.

—Então é pra isso que você vem a esses eventos.

Ayume corou.

—Não é nada disso!

—E pensar que eu estava andando por aqui que nem uma barata tonta te procurando, enquanto você...

—Já te disse que não é nada disso! — protestou indo em sua direção. — E onde você estava?

—Te procurando, eu já disse. — respondeu com pouco caso. — Mas fico surpresa que tenha notado minha ausência, já que parecia tão ocupada...

—Você não devia ter nem se separado de mim, só pra inicio de conversa. — Ayume desconversou puxando-a para longe dali — Vamos, eu tenho menos de uma hora para me inscrever no próximo concurso de cosplayers e ainda tenho que retocar a maquiagem!

—Ah, com certeza...

—Dá pra parar?! — Ayume virou-se irritada, mas então a olhou de forma incerta por um segundo — Você... Não vai contar o que viu. Vai?

Verônica olhou-a como se ela fosse retardada — quer dizer, não que ela já não a olhasse assim sempre.

—Claro que não. — respondeu estalando a língua — Se eu conto os seus irmãos nunca mais te deixam vir numa convenção dessas, e ai onde mais alguém como você vai arranjar um namorado?

—Eu já disse que não é nada...! — mas, desistiu suspirando — Quer saber? Deixa.

De qualquer forma ela já tinha prometido que não contaria, então que pensasse o que bem quisesse.

♠. ♣. ♥. ♦

Ayume abriu os olhos devagar... Um sonho?

Bocejou. Tinha sonhado com aquele dia de novo, que coisa chata.

Sentou-se no sofá coçando o olho direito... Ah que saudade daquela fase mágica quando se dormia no sofá e acordava na cama... Besteira, ela nunca havia passado por essa fase, — não que lembrasse, pelo menos — sempre dormiu na cama de cima do beliche então ninguém a levava para a cama, por mais leve ela que fosse.

—Ah, você acordou. — ouviu Santhiago comentar, e, para completar disse: — Você capotou às cinco da manhã. Fracote.

Ayume olhou para o chão, onde o irmão mais velho, que dividia com ela as mesmas feições orientais, estava esparramado em um colchão de solteiro inflável.

Fazia agora cinco dias que os pais e o mais novo dos irmãos haviam viajado e nesse curto espaço de tempo uma sombra escura de barba já lhe cobrira o maxilar e círculos escuros haviam aparecido debaixo de seus olhos — eram os primeiros estágios da chamada “fase zumbi” deles —, os cabelos lisos e escuros que geralmente lhe caiam até os ombros estavam presos em um frouxo e torto rabo de cavalo por um elástico, mas várias mechas escapavam do elástico, esse era um problema de se ter os cabelos lisos demais: não importa de que forma você tente prendê-lo o cabelo sempre vai escorregar.

O que era apenas mais uma razão para Ayume sempre manter os seus tão curtos.

—Você capotou às sete da noite. — Ayume devolveu.

Santhiago desviou os olhos vidrados da televisão para lhe encarar e sorrir.

—Mas antes disso eu já estava acordado a mais de vinte horas.

Sem uma réplica adequada — afinal ela só ficara acordada por dezessete horas antes de capotar — Ayume desviou o olhar para o segundo irmão.

Guilherme dormia a sono alto com baba escorrendo do canto da boca, os óculos tortos na cara e uma mão ainda enfiada num pacote de doritos, a cabeça próxima ao pé da mesinha de centro — que os três haviam empurrado para o mais no canto possível — uma canela sobre o colchão de ar de Santhiago e o outro pé sobre o sofá de Ayume.

—E esse ai capotou que horas?

—Deve ter quase uma hora. — Santhiago respondeu sem prestar muita atenção, já com os olhos vidrados na televisão novamente.

Mais magro e pálido que o irmão mais velho, Guilherme ameaçava cada dia mais se tornar mais alto que Santhiago, ele também dividia com os irmãos as mesmas feições orientais e também havia uma sombra escura de barba cobrindo-lhe o maxilar e olheiras debaixo dos olhos, mas em contrapartida Guilherme sempre aparava os cabelos curtos, exceto pela franja, que ele gostava de pentear de lado e descolorir as pontas até deixá-las brancas — obviamente a franja não estava penteada de lado agora, e sim simplesmente espalhada pelo rosto.

—Devíamos tirar os óculos dele. — Ayume comentou — Se Guilherme quebrar outro óculos por ficar dormindo com eles mamãe vai ficar uma fera.

—Problema dele não meu. — Santhiago respondeu.

Desinteressada Ayume desviou os olhos para a televisão e não gostou do que viu.

—The Waking Dead. — pronunciou — Tira daí, zumbis são chatos.

—E o que você sugere que eu coloque? — Santhiago respondeu sem lhe dar maior atenção.

—Sobrenatural. — respondeu sem pestanejar.

—Só porque você tem uma queda pelo Dean. — a provocou.

—Não tenho. — colocou-se de pé num pulo — Só gosto de ver a forma como ele mata os monstros.

Santhiago a olhou de canto.

—Psicopata.

Ayume cruzou os braços e girou os olhos.

—Você vai colocar ou não?

—Vou. — ele respondeu — Mas só depois que acabar esse episódio.

—Quero ver o episódio em que eles conhecem o Castiel. — avisou.

E virou-se já se preparando para a difícil tarefa que tinha a frente: atravessar a sala.

Em poucos dias a sala havia se tornado numa verdadeira zona de guerra, havia embalagens e restos de doritos, ruffles e biscoitos espalhados a deriva, juntamente com latas e garrafas de refrigerantes variados, além de caixas de pizza e, aqui e ali, um ou outro prato que antes contivera miojo.

♠. ♣. ♥. ♦

Naquela noite Japonese Doll enviou uma mensagem ao Lorde Zucker:

Eu não imaginava que vc fosse um play boy ¬¬’

Ao que ele respondeu menos de um minuto depois:

É q vc estava realmente fofa lá. ^^’

Ayume suspirou e digitou:

Isso ñ é desculpa seu Casa nova.

Dessa vez ele levou um pouco mais de tempo para responder:

Ok.

Desculpe.

+ vc estava mesmo fofa.

Vermelha e constrangida ela apressou-se a responder:

Vc só me viu de maquiagem.

E enviou junto a foto sem maquiagem de si mesma que ela havia prometido.

Foram quase dez minutos de espera até ele finalmente responder... Com meia dúzia de “carinhas chorando de rir”, e logo em seguida:

Desculpe, desculpe, + bem q vc avisou p/ ñ confiar em mulher com maquiagem.

Ayume cerrou os dentes e respondeu:

Idiota.

E ele respondeu:

+ mesmo sem maquiagem vc continua fofa.

Ela repetiu:

Idiota.

Ao que ele voltou a responder com meia dúzia de carinhas “chorando de rir”.

Ayume sorriu, na verdade ela não estava realmente zangada com ele.

Pelo menos, no fim Verônica acabou não contando nada para os irmãos de Ayume... Mas sim para os gêmeos, o que era praticamente a mesma coisa, porque quando queriam eles dois podiam ser quase tão psicóticos quanto os irmãos dela.

Desde o dia que Verônica contou a eles sobre o incidente aqueles dois não a deixaram mais em paz, e só piorou alguns dias depois quando ela, acidentalmente, descobriu na sala de espera da Dra. Frank e — por pura burrice — deixou escapar que Lorde Zucker/Luciano era, na verdade, um ator popular juvenil chamado Lucian Reis — o que explicava toda a hesitação dele em lhe mostrar o rosto.

Naquele dia os dois ficaram tão revoltados que a Dra. Frank teve que sair do consultório para vir buscá-los na sala de espera.

Assim que a porta fechou Ayume se pôs a digitar para Lorde Zucker — mesmo que agora ela soubesse o nome dele, não conseguia se desacostumar de chamá-lo assim — e enviar uma mensagem:

Vi uma foto interessante sua numa revista, vc ficou mt bem

Ele acabou visualizando e respondendo só quase duas horas — durante as quais ela ficou, em sua maior parte, lendo fanfics pelo celular — depois:

Então vc descobriu

Achei mesmo q ñ iria demorar

Ayume arqueou uma sobrancelha ao responder:

Minha prima é sua fã

Alguns minutos depois ele perguntou:

A do evento?

Ayume confirmou:

Isso

Imediatamente, e obviamente alarmado, ele perguntou:

Vc ñ contou a ela q era eu q estava lá, contou?!

Ayume girou os olhos antes de responder:

Claro q ñ.

Do canto da sala seu primo — ou melhor, primo dês eu pai — Adam, que trabalhava como assistente da Dra. Frank, — daí a razão de Ayume ter conseguido um desconto tão grande ao fazer os gêmeos começarem a se consultarem ali — disfarçava em olhá-la de forma divertida, aparentemente ele achava engraçado ver as reações e expressões da prima enquanto digitava no celular.

Ayume ignorou-o quando a resposta de Lorde Zucker chegou:

+ vc ñ contou pra ninguém, né?

Ela evitou propositalmente a todo custo o olhar divertido de Adam ao digitar:

Talvez?

Novamente alarmado a sua resposta foi quase imediata:

Pra qm vc contou criatura d Deus?! O.O’

Ayume respirou fundo.

Meus amigos.

Ela mal conseguiu acreditar no quão rápido ele digitou a resposta:

E d qntos amigos estamos falando?!

Só de maldade Ayume demorou um pouco a responder, e um sorrisinho surgiu no rosto dela só de imaginá-lo entrando em pânico achando que ela estava demorando a responder por estar contando nos dedos para quantas pessoas ela já havia contado e então, depois de quase três minutos inteiros, ela finalmente respondeu:

2

Um áudio de trinta segundos foi recebido — o primeiro que ela recebia dele — com ele reclamando sobre qual a necessidade de fazer isso com ele e chamando-a de psicopata mirin que quase o matou do coração.

Logo depois, um pouco mais calmo, ele escreveu:

São os gêmeos dos quais vc sempre me fala?

Ayume sorriu.

São

Dessa vez ele parecia um pouco mais tranqüilo quando respondeu:

Ah... Então acho que ñ é tão grave assim

+ Igor provavelmente vai qrer tr uma palavrinha com vcs.

Ayume, no entanto, não leu essas ultimas mensagens, porque se assustou com os gêmeos já saindo de sua consulta e psicóticos como só eles — e os irmãos dela — podiam ser, eles logo tentaram lhe tomar o celular para saber com quem estava falando, de forma que teve que sair correndo dali o mais rápido possível.

♠. ♣. ♥. ♦

Ayume havia preferido ficar comendo na cozinha porque realmente não gostava de The Walking Dead, mas parou quando ouviu Guilherme chamá-la da sala, dos três ele era o que definitivamente dormia menos.

—Que é? — respondeu logo após engolir.

—Já que você está ai na cozinha, faz um pouco de miojo pra mim também.

De boca cheia ela respondeu:

—Se está com fome venha preparar você mesmo!

E continuou comendo enquanto ouvia os irmãos na sala debatendo sobre que horas seriam aquela e se as pizzaria já estariam abertas.

O tal “Igor” a quem Lorde Zucker havia se referido — por duas vezes — era seu agente Igor Quinto, e sim, ele quis mesmo ter uma palavrinha com Ayume e os gêmeos, tanto que os três foram convidados por ele a ir ao apartamento de Lucian Reis, onde conheceram uma calopsita — era assim que se falava? — no mínimo bizarra — longa história — e foram quase subornados para manter em sigilo o fato de que Lucian Reis tinha gostos tão “peculiares” e sua presença naquele evento.

Ao que parece suas fãs teriam um grande choque se descobrissem.

Mas, pelo menos, tudo aquilo estava resolvido e já havia acabado.

...

Ou pelo menos... Era o que Ayume pensava.

Mas mal sabia ela que, naquele exato momento, certo garoto de capuz que ouvia nos fones de ouvido “Tirk and Treak” de Rin e Len Kagamine, vinha descendo a ladeira na qual ela morava.

O rapaz, de olhos absurdamente azuis, parou com as mãos dentro do bolso canguro de seu moletom e olhou para a casa que lhe pareceu familiar, havia sido ali que eles a deixaram daquela vez, não é?

Aproximou-se e se pôs a bater palmas em frente ao portão até alguém vir atendê-lo.

Era um homem descalço de roupão de banho com metade da barba feita, e espuma entre os cabelos loiro escuros, que o olhou desconfiado pela porta entre aberta do outro lado do pátio.

—Mas já há essa hora? — ele reclamou se aproximando e deixando pegadas molhadas pelo caminho — Desde quando entregam pizza tão cedo?

Luciano — Lucian Reis era apenas seu nome profissional, e naquele momento, ele estava de folga — afastou-se um passo erguendo as mãos.

—Não, desculpe, acho que você se enganou, eu não sou o entregador de pizza.

O homem, que devia ter pouco mais de trinta anos, parou do outro lado das grades, com as mãos enfiadas nos bolsos do roupão.

—Ah, me desculpe então, em que posso ajudar?

—Estou procurando por Ayume. — respondeu.

Quem seria aquela pessoa? Ele não parecia ter idade para ser o pai dela.

O homem o olhou confuso.

—Você está procurando Ayume?

—Estou... — respondeu hesitante.

—Ayume Felix?

—Ela nunca me disse o sobrenome... — respondeu constrangido.

—Uma baixinha e magrela. — ele o interrompeu fazendo um gesto com a mão para indicara altura dela — Tem olhos puxados e cabelos iguais aos de um menino.

—É! — confirmou sorrindo — Essa mesma!

O homem agarrou as grades com ambas as mãos.

—Mas você é um garoto, não é?

—Sou. — respondeu, agora quem estava confuso era ele.

—E está procurando Ayume?! — os olhos do homem se arregalaram.

—Hã... Estou.

—Você?!

—É.

―Aqui em casa!

―Pois é...

—Um garoto!

—Isso. — e olhou, de forma desconfortável, de um lado para o outro — Ela está?

Piscando o homem largou as grades, voltou a enfiar as mãos nos bolsos, encolheu os ombros e respondeu:

—Desculpa, ela mora no andar de cima. — e com o dedo indicador apontou para o teto.

No andar de...?

Luciano franziu o cenho e se afastou alguns passos até o outro lado da ladeira estreita para ter uma visão completa da casa, e só então percebeu: eram duas casas, uma em cima da outra.

E agora ele estava reparando também que logo ao lado da casa de baixo havia um portão branco que dava a um estreito corredor onde havia uma escada que levava à casa de cima.

—Você pode até gritar para chamá-la, mas duvido que eles vão te ouvir. — o homem o avisou.

Luciano o olhou.

—Então como...?

—Venha aqui. — o homem o chamou abrindo o portão — Vou deixar você entrar, ai você bate direto na porta, que tem mais chance deles te ouvirem.

Quando Luciano entrou no pátio da casa de baixo ele percebeu o segundo portão branco, que também dava acesso ao corredor onde estava a escada que levava à segunda casa, e fazia um ângulo de 90° com o primeiro.

O homem abriu este segundo portão para ele.

—É só subir treze degraus e bater na porta, não tem erro. — indicou sorrindo.

Luciano deu um primeiro passo hesitante, e fez a pergunta típica àqueles que estão pela primeira vez em um ambiente estranho:

—Não tem cachorro. Tem?

O homem riu.

—Não, mas se eu fosse você não seria com isso que estaria preocupado.

Luciano virou-se.

—O que você quer dizer com...?

Mas ele já estava acenando e lhe dando as costas.

Luciano fitou as escadas.

Muito bem, suba treze degraus e bata na porta, não tem erro.

♠. ♣. ♥. ♦

Ayume jogou de qualquer jeito seu prato e colher dentro da pia quando Santhiago começou a chamá-la:

—Ayume eu já vou dar play no episódio aqui!

—Espera! — ela exasperou-se — Já estou indo!

Mas bem quando ia começar a correr para sala alguém começou a bater na porta.

Aquela era uma péssima hora para Adam decidir aparecer.

—Adam agora não é hora. — respondeu.

Por ordem de seus pais Adam aparecia ali pelo menos duas ou três vezes por dia, “para chegar se ainda estavam vivos”.

—É o Adam? — Guilherme gritou da sala — Ele deve ter vindo ver de novo se ainda estamos vivos!

—Adam, nós...! — mas quando abriu a porta não viu o primo de pé do outro lado.

E sim, para sua eterna surpresa, Lorde Zucker/Luciano/Lucian Reis, não importa como o chamasse, o ponto é que ele estava ali!

—O que...? — Ayume engasgou-se — Como você chegou aqui?!

—Eu peguei um ônibus. — respondeu simplesmente. — Ainda bem que consegui acertar o caminho, mesmo só tendo vindo aqui uma vez, naquela vez que Igor e eu viemos te deixar em casa.

—Não, eu não me refiro a isso. — Ela o empurrou de lado e olhou lá para baixo, tentando ver se o portão havia ficado destrancado.

—E também o cara legal da casa de baixo me deixou subir aqui. — ele completou.

—Adam...! — Ayume trincou os dentes — Mas mudando de assunto, por que você está aqui?!

—Ah. — ele a olhou como um cachorrinho que caiu do caminhão da mudança — Você não responde minhas mensagens há dias, então fiquei preocupado.

—Meu celular...! — com um lapso ela tentou procurar pelo celular em seus bolsos, mas então se deu conta de que não tinha bolsos — Desculpe, ele deve ter descarregado há dias e eu esqueci completamente dele.

—Ayume! — Guilherme gritou — O que o Adam quer?

Ao que Luciano, curioso, colocou a cabeça para dentro.

—É um dos seus irmãos?

—É sim. — Ayume colocou a mão em seu peito e tentou empurrá-lo — Agora vá embora antes que eles o vejam...!

—Ayume! — dessa vez era Santhiago a chamando — Vem logo que eu já vou dar play! Se o Adam quiser assistir convida ele também!

Luciano olhou para Ayume.

—Assistir o que?

—Sobrenatural, mas...!

—Eu adoro essa série!

E com um sorriso brilhante ele entrou na casa e, sem cerimônia, dirigiu-se pelo corredor ao local de origem das vozes.


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Notas finais do capítulo

E para aqueles que não conseguiram imaginar o cosplaye de Ayume olha aqui para vocês um link de uma pessoa usando esse mesmo cosplaye:
http://orig08.deviantart.net/e449/f/2012/079/6/3/victorique_monstre_charmant_by_prynya-d4tftss.jpg
Então por hoje é só pessoal, até daqui a quinze dias... Eu espero né, amanhã já vou começar a ir pra aula então adeus tempo livre! O.O'



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