POV Nico

No sábado, acordei com a Lolie em cima de mim e me atacando com uma almofada. Era isso que eu gostava nela. O beijo da Thalia podia ser, uou, MUITO bom, mas a Lollie era incrível.

Conheci ela quando eu estava andando de skate no parque. Eu me lembro que eu tinha sentado em um banco de pedra. De tantos bancos espalhados pelo parque, de tantos outro lugares que eu poderia ter me sentado... Eu escolhi aquele banco porque, em frente a ele, ficava uma árvore magnífica, o tronco retorcido, os galhos cobertos por flores. Bem, e também porque eu vi uma garota muito bonita sentada em baixo dessa arvore, lendo um livro. Ela tinha cabelos castanhos, que estavam presos por uma faixa. Usava uma jardineira jeans e all stars. Eu lembro que fiquei olhando a menina por algum tempo, fingindo estar concentrado na musica que tocava nos meus fones de ouvido. Ela olhou por cima do livro algumas vezes, e em todas eu desviei o olhar, só para voltar a observá-la assim quem ela voltava a atenção para o livro.

Depois daquela tarde, eu passei a ir mais vezes àquele parque. Em todas elas, eu me sentava naquele mesmo banco, na esperança de ver a menina do livro de novo. Até que, um dia, ela apareceu. Ela se sentou do meu lado enquanto eu olhava para a árvore. Disse que seu nome era Loretta, mas pediu que a chamasse de Lolie. E então, passamos a nos encontrar no parque, praticamente todas as tardes, até que eu tomei coragem e a chamei para sair. Na primeira vez, levei-a apenas a um restaurante, mas a partir daí, sair com Lolie se tornou praticamente uma programação fixa. Íamos a restaurantes, shopping, pista de patinação... Tudo menos baladas, que ela odiava por causa da agitação, mas eu gostava. Essa era a parte mais incrível de tudo. Nós saímos durante quase seis meses, como amigos, até que certo dia, naquele mesmo parque, ela me beijou. Eu não pedi ela em namoro, mas ela era meio que isso, já que eu não ficava com outras garotas.

Voltando, Lolie estava em cima de mim, sentada na minha barriga. Ela começou a gritar e me bater mais forte com a almofada.

"Vamos, fantasminha, acorde! Você é um dorminhoco, já são 9:30!"

"Nossa, como eu sou dorminhoco, ein..." eu disse, ainda sonolento, enquanto virava a cabeça para o lado e fechava os olhos novamente.

"Nada disso, Nicolas!" Ela sabia que eu odiava ser chamado assim. Ela vivia fazendo isso pra me irritar, mesmo sabendo que o meu nome é SÓ NICO.

Ela me puxou do chão e saiu me arrastando até a cozinha. Sentei numa das cadeiras que ali estavam, enquanto ela pegava leite e canecas pra nós. Ela me entregou uma xícara de café com leite, e eu tomei um gole.

"Nico, eu tenho uma surpresa pra você", ela contou, enquanto sentava no meu colo, de frente pra mim. "Só que tem um problema... Como eu vim com você, e você não pode ver pra onde vamos, eu vou ter que dirigir."

O meu carro era meu xodó, mas a Lolie fez um biquinho tão lindo que eu acabei me convencendo a emprestar o carro.

"Eba! Obrigado, meu lindo!" ela exclamou, enchendo meu rosto de beijos.

"Que horas nós vamos?"

"Agora mesmo, baby!" Ela se animou. "Já está tudo pronto, eu inclusive já coloquei as nossas mochilas no carro. Vai lá buscar uma roupa pra você se trocar!"

Só então eu notei que a chave do carro não estava no meu bolso. Ela chacoalhava a chave no meu nariz, com ar de satisfação.

"Folgada!" Eu fui na direção dela pra pegar a chave, mas logo o ataque virou um beijo.

"Agora, vai logo, antes que as coisas acabem estragando." ela disse, enquanto se afastava de mim e voltava a beber seu leite.

Peguei a chave da mão dela e fui pro carro.

Peguei uma bermuda e uma blusa qualquer, e coloquei os mesmos tênis que eu estava no outro dia. Me troquei rapidamente e escovei os dentes. Lolie já estava pronta, então quando eu voltei do banheiro, a gente foi direto pro carro.

"Nós não deveríamos avisar alguém que estamos saindo?"

"Não se preocupe, meu emo, já deixei um bilhete na mesa." ela respondeu enquanto me guiava até o carro.

Chegando no carro, ela tirou uma faixa do bolso e me mandou virar, enquanto cobria meus olhos. Já disse que odeio surpresas? É, eu odeio. Sentei-me no banco de passageiro, muito a contragosto, e entreguei as chaves pra Lolie. Enquanto ela dirigia vagarosamente, eu fica tentando adivinhar pra onde íamos, só pelos sons. Eu fiquei tentando arrancar alguma coisa dela, mas sabia que não conseguiria. Foi mais ou menos assim:

Eu: Você não vai me falar nada mesmo?

Lolie: Não.

Eu: Nadinha?

Lolie: Que saco, Nico, já disse que não!

Eu: Loretta, por favor, você sabe que eu odeio surpresas!

Lolie: Acabou a discussão, não vou mais responder. Você vai ter que esperar pra saber. Já estamos chegando!

É, ela era dura na queda. Depois de trinta minutos de completo silencio, ela estacionou o carro e desceu. Foi até a minha porta, abriu e me tirou do carro. Andamos um pouco e então eu comecei a escutar ondas. Ela tirou minha faixa e eu confirmei minhas suspeitas: estávamos em Coney Island.

Ela apontou pra um quiosque e nos sentamos do lado dele, enquanto um cara trouxe uma toalha e estendeu no chão, colocando uma cesta de pique-nique em cima.

Nós ficamos a manhã inteira sentados sobre a toalha, conversando e comendo - e trocando beijos, obviamente -, enquanto sabe-se lá o que acontecia na casa da Annabeth, mas não importava. Eu preferia mil vezes ficar ali, escutando as ondas do mar ao lado de Lolie do que ficar na confusão da casa da Annabeth.

Em certo momento, meu celular tocou e eu olhei no identificador: Bianca, minha irmã. Fazia tanto tempo que eu não a via, desde que ela se mudou pra Los Angeles. Atendi com um sorriso no rosto.

Bianca: Oi, Nico! Tenho uma novidade!

Eu: Que saudade, irmãzinha!

Bianca: Eu sou mais velha que você!

Nico: Tá bom! Já tivemos essa discussão outras vezes, eu não vou parar de te chamar assim!

Bianca: Tá, agora cala a boca e me deixa falar. O que eu quero dizer é que eu estou no aeroporto. Chego em NY em cinco horas.