Infinite escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 10
Casa de Chás


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, como estão vocês? É, eu não costumo falar com vocês nas notas, mas estou tentando mudar isso. Tenham uma boa leitura!



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– Rapaz! Que sorte que eu dei, hein!

– Essa sorte tem nome, Ty: Kaline Bogard.

– É, tem razão.

Ty? Como o Combatente Johnson da Divisão 8 virou Ty? Ah, se tem uma coisa que merece ser lida na mente do Liam, é...

– Ah, Ty, - Liam me puxa para perto dele - nem apresentei. Essa daqui é Amanda Cole...

– A primeira infinite – digo, antes dele.

– Ah, sim, a novata. Senhorita, prazer em conhecê-la. Sou Tyler Johnson, grande amigo do Liam.

– E da Kaline – completa Liam.

– Já entendi. Colegas de trabalho.

– É. Agora você também é uma colega de trabalho, minha jovem.

– Amy, eu conheci Tyler no Festplace. Kaline me apresentou.

– Apesar disso, é a primeira vez que trabalharemos juntos.

– Senhores, que tal mantermos o foco?

A sugestão veio do Evans, embora eu estivesse quase tendo essa ideia. Liam indica que nos sentemos ao redor do novo computador. Dessa vez, a imagem é com certeza o salão de treinamento.

– Combatentes, primeiro quero dizer que é uma honra ser seu comandante hoje. Eu sou um dos combatentes mais antigos da 7, por isso estou acostumado com o salão. Basicamente, é um terreno irregular coberto de areia, e com várias rochas que servem de esconderijos. Existem quatro portões, um em cada canto. Cada equipe sairá de um deles. O jogo vai ser um típico caça à bandeira. As equipes estarão dispostas assim. – Liam toca a holografia, e os portões ganham cores. No canto à esquerda do portão azul, está o portão verde. No canto à direita, o portão vermelho. No outro extremo, o portão amarelo. – Extremos são inimigos, então a 8B é nossa inimiga. O objetivo é chegar ao portão inimigo, pegar a bandeira azul e atravessar nosso portão de volta. Bom, claro que a defesa do nosso portão faz parte. Eu escolhi quatro rochas para fazer o caminho. Cada um vai ter uma posição. Eu ficarei na rocha mais próxima do portão amarelo. Depois de mim, Cole. Depois, Evans. Em seguida, Butterfield e Johnson, na pedra próxima ao nosso portão. Vocês dois são a defesa. Vão atirar em quem for. Johnson vai ser o responsável por atravessar o portão com a nossa bandeira. Ah, regra: Tanto aqui quanto na missão, quero armadura máxima. A armadura é muito importante. Pode ser a diferença entre voltar ou não. Estamos entendidos?

– Sim, comandante – todos nós respondemos juntos. E eu estou muito orgulhosa.

Já com armaduras, recebemos as armas, semelhantes às que usaremos. Liam nos leva até a pequena sala que fica depois do portão. Bem no meio, está a bandeira inimiga: um cetro dourado. À frente, o portão, feito de um material que só permite a visão de dentro para fora. Podemos ver o simulador, as pedras e todos os portões, mas não dá para ver através dos portões. Cada portão é cercado por uma faixa luminosa de sua cor. Acima do nosso portão, há um quadrado de vidro, com números azuis que diminuem a cada segundo: uma contagem regressiva. Liam repassa o que faremos.

– Johnson e Butterfield, assim que o portão abrir, atirem com tudo no portão amarelo. Os outros, sigam abaixados para seus pontos. Aproveitem o tempo inicial para chegar lá. O tempo diminui. Tyler e Butterfield se preparam para atirar, e nós, para correr abaixados. Aos poucos, chega a zero.

O portão se abre. Ty e Butterfield atiram sem parar. Liam, Evans e eu corremos abaixados. Tento chegar na terceira pedra, mas elas são mais afastadas do que eu pensava. Quando chego na segunda, já estou cheia de bolinhas grudadas. Ao contrário de mim, Liam foi mais rápido e está na quarta.

– Você tem que ir, Cole.

– É impossível. Eu vou paralisar antes de chegar lá.

Olho para Liam. Ele já está fazendo sinal para que eu vá. Mas não dá. Não assim. Vou ter que dar um jeito. E já sei qual vai ser.

– Só um minuto, Evans.

– Sabe que não temos um minuto, não sabe? – O tom de Evans é preocupado, mas compreensivo. - Faça o que precisa.

Fecho os olhos e me concentro na mente dos amarelos. Penetro de tal forma que, logo, eles começam a enxergar uma Amy perto do portão verde segurando um cetro azul. Todos eles atiram no que apenas eles estão vendo. Aproveito e chego à terceira pedra sem nenhum tiro. A batalha verde e vermelha está ainda mais intensa. Liam acabou de derrubar um amarelo de trás de sua pedra. Ele se prepara para ir ao portão amarelo.

“Não. Tem um amarelo atrás daquela pedra. Vá no meu sinal”. Com um pouco de esforço, faço o amarelo dormir. “Agora”.

Liam vai ao portão. Percebo sua surpresa ao ver o amarelo adormecido. Ele pega o cetro e volta, recebendo alguns tiros. Enquanto a atenção está nele, tento confundir os amarelos. Quando Liam chega à quarta pedra, tenho uma ideia.

“Jogue. Ele vai chegar aqui mais rápido, e os amarelos não esperam por isso”.

Liam faz o que peço. Arremessa o cetro. Assim que pego, vou em direção à segunda pedra, esperando ser mais rápida do que o raciocínio deles, mas recebo vários tiros, e quase chegando, caio paralisada.

“Evans”!

O combatente estava distraído, atirando nos amarelos de trás da pedra. Mas, ao ouvir meu pensamento, ele nem se dá ao luxo de estranhar. Pega o cetro e corre à primeira pedra. Mas os amarelos estão adiantados! Um deles está prestes a atravessar o portão amarelo com um cetro dourado. Rapidamente o confundo, invertendo o mapa em sua cabeça. Agora, ele acredita estar em frente ao portão azul, e dá meia volta. Os amarelos levam as mãos à cabeça, desesperados, enquanto Evans entrega o cetro a Tyler. Assim que ele atravessa o portão, todo o simulador é preenchido de luz azul. Sinto meus movimentos voltarem, enquanto os meninos comemoram. Todos aplaudem, mesmo que os amarelos façam isso a contragosto. Liam me ajuda a levantar.

– Se fosse de verdade, você estaria morta.

– Se fosse de verdade, teríamos vencido.

– Você realmente não se importa em morrer?

– Se for pela missão, não senhor, Comandante.

O medo começa a tomar conta de mim. Medo? Não... Estou apavorada. Não sei o que vamos enfrentar. Tento me tranquilizar pelo pensamento de que, até onde pude perceber, os humanos não podem nos ferir, a não ser que nos capturem. Tudo o que eu preciso é não ser capturada. Tenho medo do desconhecido. Mas talvez eu o conheça: humanos. Conheço os humanos, mas não como estão agora.

– Está pronta?

Respiro fundo. Sei que nunca estarei pronta. Mesmo assim, respondo positivamente meu comandante, enquanto ele configura a esfera onde estou.

– Estou.

– Vou fingir que acredito. Amy... Eu quero agradecer a você.

– Por ser teimosa?

– Na verdade, sim. Não tinha notado que sua ajuda pode ser muito importante para nós. Não teríamos vencido sem você na simulação. Você consegue perceber muito mais do que qualquer um. Só tente... Não morrer dessa vez.

– Prometo que vou me esforçar.

Liam beija minha testa, e se afasta da esfera. Eu aperto o botão de fechar. Ao meu lado, está a poderosa arma de dois modos. Nos ejetores aos lados, os outros combatentes com seus braceletes azuis. Tyler Johnson está à minha direita.

– Confio em você, novata. – Me surpreendo quando a voz dele é projetada em minha esfera, apesar de saber que isso é possível. O comandante pode se comunicar com todos, e entre nós, podemos nos comunicar se quisermos. A comunicação é controlada por um painel acima do principal.

– Obrigada. – Respondo.

– Divisão 7B. – A voz de Liam. Ele está no ejetor à minha esquerda. – Acabou de começar a contagem regressiva para a ejeção.

A contagem aparece no canto superior direito da minha visão da esfera. Quando chega a zero, começamos a cair. Eu me assusto, mas logo me acostumo. Pouco depois, saímos no céu aberto. Fico um pouco atrapalhada, mas consigo controlar bem a esfera.

– Ativar modo invisível.

Liam me mostrou mais cedo como ativar a invisibilidade, e faço isso apertando um botão. Percebo o vidro das outras esferas ficando azul, mas sei que se eu sair da minha esfera agora, não enxergarei nada. Ao redor, podemos ver pontos de outras cores – as outras divisões. Liam toma a frente das esferas azuis, e nos conduz para a Base 742, ao sul da Casa de Chás. Passamos por ela para chegar lá. Devagar, estacionamos no terraço. Liam sai da sua esfera, e nós fazemos o mesmo.

– Talvez tenhamos que abandoná-las, se chegarmos a um ponto muito crítico. Se isso acontecer, vamos ter que pedir reforço de transporte. Agora, vamos.

Liam nos conduz ao alçapão que leva à parte inferior da base. Descemos, e descubro que se trata de uma antiga loja de jogos. E no Japão, isso é algo extremamente incrível. Mas não temos tempo para admirar.

– Ele é um excelente comandante, não é mesmo?

– Com certeza, Tyler. Não duvido que ele seja escolhido se surgir uma vaga.

Liam nos conduz com cuidado para fora da loja e em direção ao jardim que cerca a Casa de Chás. Nos escondemos nele, e observamos o gramado, onde alguns humanos circulam.

– É, combatentes... A brincadeira acabou aqui. Precisamos adormecer todos antes de entrar. E temos que agir rápido, para que não nos localizem. Podem começar.

Liam começa a atirar nos humanos. Nada demais, um tiro em cada um. Ciente de que é apenas um sonífero, atiro também. Alguns humanos veem os outros cair e olham em nossa direção, mas são abatidos logo depois.

– Amy, os outros lados?

– Todos já foram abatidos – respondo.

– Ótimo. – Liam pega um minúsculo retângulo de vidro, do tamanho de um celular, e deve ser isso mesmo. Ele checa as horas – Dez segundos para entrarmos.

Liam faz a contagem regressiva, enquanto minha mente vaga pelo lugar, tentando descobrir algo relevante.

– Há humanos lá – digo. E descubro ainda mais. Eles parecem estar nos esperando. E parecem estar confiantes. – Tem alguma coisa errada.

– Amy, quatro segundos. Temos que entrar. Um, zero... Amy?

– Não! Não podemos. Eles têm armas de fogo.

– Nossa armadura é imune a balas.

– Não, quero dizer fogo. Literalmente.

Projeto em Liam a imagem. Um dos humanos tem lembranças dos testes. As armas projetam nuvens de fogo.

– Céus. Avise Kaline.

– Não dá mais. Ela já entrou. Todos já entraram. Droga!

– Amy? Por favor, me diga que...

– Foram atacados. – As imagens penetram em minha cabeça. Chego a sentir a dor deles. Todos no chão agonizando em fogo. - Meu Deus... Eu poderia ter evitado.

– Não pense no que passou. Concentre-se. Temos que fazer alguma coisa.

Continuo penetrando. Espero o momento certo.

– Eles estão dispersos. Temos que aproveitar.

– Tudo bem. Mudem para o modo bala.

– O quê? – Pergunto. – Liam, não podemos...

– Devemos, Amy. Eles apelaram, estamos sozinhos. Johnson, Evans e Butterfield, entrem comigo. Matem todos. Depois eu vou entrar no laboratório e instalar as bombas, e vocês ajudam os feridos e levam para o jardim.

– Tem extintores – digo. – Usem. O que eu faço?

– Preciso de você aqui. Sabe disso. Comunique-se comigo. - Penso em argumentar, mas sei que isso só vai nos fazer perder tempo. Liam me entrega o celular. – E peça o reforço. Vamos!

Liam e os outros garotos passam pela grama, sobem as escadas e atiram. Os humanos caem aos montes, e estão longe demais para que o fogo das armas chegue aos garotos. Enquanto isso, mando uma mensagem de voz para a sala de controle.

– Sala de controle, aqui é a combatente Amanda Cole, Divisão 7B. Precisamos de reforço de transporte urgente.

Volto minha concentração para eles. Os três apagam o fogo dos infinites, e Liam procura pelo alçapão que leva ao laboratório.

“Atrás do biombo perto da porta por onde entrou. Tem humanos lá”.

“Quantos”?

“Apenas quatro. Posso adormecê-los”.

“Faça isso”.

Os humanos adormecem. Liam desce a escada vertical e mata os humanos um a um. Não entendo o motivo disso, mas não é hora de questionar. Ele começa a instalar as bombas. No andar superior, Os meninos arrastam os feridos para o jardim. Justo quando os três estão no jardim, um humano começa a se mexer. Ele tem apenas um tiro no braço esquerdo, e parece estar muito bem. Ele se arrasta para trás do biombo. E, por algum motivo, ele não adormece quando eu mando.

Céus, ele vai matar Liam.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Do capítulo? Da história? Conversem comigo, eu gosto de papo kkkk
Estamos nos encaminhando para a reta final (calma, calma, falta muito ainda rsrsrs). Ainda teremos uma grande batalha final. Preparados?
Falando em batalha final, quero que vocês escolham: Paz ou guerra entre infinites e humanos?



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