Secrets escrita por Mila Kawaii


Capítulo 8
Flowers, and goodbye .




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Não sei quantas quadras eu estava de distância do Nathaniel, se caminharia muito até chegar até ele, apenas que não sairia sem vê-lo novamente, dizer adeus a primeira pessoa que estendeu-me sua mão.

Desde quando isto se tornou tão difícil para mim? Minhas pernas insistem em permanecer no mesmo lugar, nem um passo à frente. Ocorreu-me que o fato de não poder ter dito adeus aos meus pais, ter um minuto a mais sequer, fez com que eu tenha receio... Não havia como evitar, porém, neste momento cabe a mim escolher que rumo tudo tomará. Como olharei novamente para mim ao saber que fiz a escolha errada?

Penso em sussurrar em seu ouvido algo como um pedido de socorro, quando finalmente estiver ao lado de Nathaniel. Posso ouvir algo gritar em mim minha mente, para que eu pergunte a ele o que seria o certo a se fazer. Porém, sei que está decisão cabe somente a mim, que não dependo mais da autoridade de meus pais, portanto o dia em que dependerei somente de minha companhia se aproxima rapidamente, fazendo com que meus pesadelos estivessem perseguindo-me. A angustia de não poder errar, a pergunta que se minhas pernas aguentariam levantar após cair novamente, não posso envolver ele em minha vida, está que mal reconheço.

Ao ouvir o alto som das vozes ao meu redor, pessoas conversando animadamente, sei que este mundo não pertence mais a mim.

Apenas o fato de ter dito meu nome ao Nathaniel faz com que eu mentisse a ele. Sinto como se este corpo mal fosse meu, como se em minha mente clarões ocultassem as verdadeiras lembranças de minha vida. A família em que vivi, dias que nunca voltaram.

Respiro fundo sentindo o ar puro diante a mim, o pátio deste colégio é ao ar livre, belas arvores completam a paisagem, o verde das folhas sobre o chão, e a mistura de cores e tons, junto ao céu. Penso no quão relaxante é vir me deitar abaixo das árvores, sem ter nada em minha mente que me preocupasse, ou tirasse-me o sono. Lysandre apenas segue lealmente meus passos. Este que parece não se incomodar em me acompanhar, seus passos são firmes, sua expressão serena como se estivesse tendo um belo sonho. Vejo agora que tenho tantas perguntas sobre ele, sobre este mundo que se formou ao meu redor, a pouco dias tão desconhecido. Receio em seu a última a saber. Somente com o som posso afirmar sua presença ao meu lado. Todos o olham com curiosidade em seus rostos, sussurros que fazem permanecer o silencio. Me pergunto se esses olhares não o incomodam, porém, não e preciso de sua resposta. Apenas por ver sua ação sobre isto posso afirmar como se o mundo ao seu redor não tivesse importância alguma a confusão que esta em sua mente. Seu próprio mundo.

– Acho que não sou a única a estranhar ver você como um estudante.

– Estranho? – Ele questiona confuso.

– Sim, algo inesperado... – Coro ao poupa-lo do que realmente queria ter lhe dito. Sua expressão continua a mesma.

– Posso ver isto como um elogio?

– Da minha parte, sim! – Sorrio verdadeiramente sendo respondida da mesma forma, porém seu ato pareceu algo mais gracioso.

– Foi neste local que você se inspirou para aquele desenho? – Pergunto-o sendo direta, lembro-me muito bem das flores desenhadas em seu caderno, semelhantes a estas, entretanto não tão belas.

– Não. Foram em um jardim... e posso dizer que minha inspiração não veio das flores. Mas sim de uma pessoa. – Seus lábios se montam em um sorriso, percebo em suas palavras algo a mais, saudades desta lembrança talvez. Não há como entender o que se passa em sua mente, já que seu rosto diz tão pouco sobre si mesmo. Como uma grande porta, que pretendo tentar abrir.

– Você me parece feliz. – Respondo-o, e cansado de caminhar ele se senta em um dos bancos, dizendo a mim sem se preocupar com palavras. Sabendo que o acompanharia sentando ao seu lado, como ele fez após permanecer ao meu lado.

– E você com medo. – O albino responde questionando-me, por mais que não dissesse algo sobre meu comentário posso perceber claramente agora. Perceber que suas palavras o traem.

Encolho-me segurando firme no tecido de minha calça. Vejo o quão inútil é conter este sentimento, o receio que faz com que repense meus passos. Porém não há como contar mais o quanto fiz isto.

Tendo o mesmo pensamento, repetindo em minha mente a mesma frase. Algo que se torna cansativo.

“ Devo fazer isto “

– Os dias costumavam ser tão cinzas. – Ele diz não se referindo a algo específico. Apenas trazendo minha atenção a ele, este que é ocultado pela sombra da grande arvore sobre nós. O dia calmo permanece como uma música instrumental, seguindo sempre o mesmo ritmo. Deixando com que nós apreciássemos cada momento.

– Frios?

– Sem cor. – A voz do albino ao meu lado é como um sussurro, sinto como se o mundo parasse, como se o tempo fosse irrelevante. – Não importa o quanto o mundo a sua volta seja belo. Se em sua mente o que permanece é a vazia escuridão.

– Isto me parece poético. – Sorrio deixando com que minha voz saia igualmente ao seu tom.

– Algumas pessoas são poéticas e nem sabem, se todos expressassem mais seus sentimentos o mundo não seria tão solitário.

– Nascemos sozinhas e terminaremos assim. – Digo, questionando-o. Posso afirmar que a dias atrás concordaria com Lysandre sem hesitar... cegamente.

– Não há como uma pessoa sozinha chegar até o final, não há como levantar tantas vezes tendo a ela como sua única ajuda.

– A grande pergunta é em quer confiar... – Não pude evitar em demostrar meu desespero.

– Em alguém que sempre esteve ao seu lado. – Até este momento não vi o quanto o albino estava próximo de mim. Nossos rostos perigosamente pertos, e sua respiração colidindo com a minha. O dia quente fez com que tanto eu quanto ele se cansassem rapidamente. E de milhares de coisas que insistiam em vir até minha mente, fazendo com que meus pensamentos se ocupassem a qualquer minuto, neste momento não tinha sequer algo para pensar, algo que mudasse meu foco de seus olhos.

Penso que agora seus olhos trazem uma certa paz até mim, o verde lembra-me a mais bela esmeralda, refletida em seus olhos. E o dourado é eternamente iluminado pelo sol, como se não houvesse noite. Pergunto-me se sempre foi assim.

– Não há cinza em seus olhos. – Digo ao ver as cores tão intensas em seus olhos. Mantendo seu olhar ardente.

– Nem em suas palavras. – Continuo a olhar para ele, vendo se seu rosto responderia-me o real significado, porém é uma das coisas que descobrirei sozinha.

– Agatha... – Ele se vira ficando em minha frente. Seus olhos não mudam o rumo nem por um minuto, sinto como se seu olhar visse além de minha alma.

– Eu nem entendo o porquê estou aqui... – Sem ao menos perceber, vejo que em meus olhos as lagrimas caem rolando sobre meu rosto, não vejo como conter o choro. Este acumulado por dias, cada lagrima que desaba junto ao meu corpo. Sinto minhas pernas bambas e em um ato de fraqueza apoio meu rosto em seu ombro, ficando sobre seus braços. Seu corpo é quente, posso sentir como se tocasse em seu leve ao invés de seu sobretudo. Este que acolhe-me quando não há mais ninguém. E ouso o sussurrar de suas palavras, estas que chegaram até mim apenas como notas de uma bela música, junto a sua voz tão doce, devolvendo-me por um momento a inocência de acreditar que nem tudo acabe em lagrimas. Mas sim em consolo.

Suas delicadas mãos vão até meus cabelos, seu toque faz com que a sensação de segurança percorra por todo meu corpo. Não posso ver seu rosto, porém, arisco dizer que sua expressão é melancólica. Porque alguém que mal me conhece se importaria comigo? Posso ver isto em seus olhos, seus atos que poupam-me de algo que desconheço. Que um dia espero ouvir de seus lábios.

Antes que eu possa dizer algo para interromper o silencio, o grande abismo que há entre o Lysandre e eu, por mais que nossos corpos estejam tão pertos, o sinto distante... Ouso uma voz familiar, algo como um grito vindo de longe, porém sua voz alcança-me rapidamente como uma flecha. Indo somente a minha direção.

Viro-me vendo o loiro ao meu lado, este que a pouco gritava chamando por mim. Ao ouvir de sua voz pude voltar a realidade. Meus olhos se arregalam ao notar o quanto sua respiração se acelera, ofegante por correr ao meu encontro. Lysandre aperta sua mão em meu corpo, este que nega em se afastar, porém, após ver o olhar confuso do loiro que parecia não o conhecer se limita em afastar-me de seu peito.

– Agatha... Eu te procurei pela e-escola, você não estava no corredor então.. – Antes que ele termine sua frase o interrompo levantando-me rapidamente. Após vê-lo temi em ter de ouvir suas palavras carregadas de raiva, ou algo que indicasse decepção. Porém apenas a pressa e alivio estava presente em sua fale, em seu rosto um sorriso, como se fosse desenhado. Porém não me importei com seu cabelo loiro desarrumado pelo vento, que em outra situação me faria rir. Nem suas roupas amassadas, fazendo ele andar desajeitadamente. Mas sim a firmeza em retribuir meu abraço, sem dizer uma palavra. Apenas abraçando-me por longos minutos. – Você está bem? – Apenas consigo balançar minha cabeça afirmando.

– E-Eu também estava te procurando... – Me agarro em sua camisa desajeitada.

– Representantes são pontuais! – Incrível como mesmo nesse momento posso sorrir.

– Perdoe-me. Acho que sou o culpado pela sua preocupação. – O albino a pouco deixado de lado levanta um tanto formalmente. Mantendo-se reto.

– Quem é você? – O Nath o olha como se quisesse imediatamente uma resposta, desconheço seu tom agressivo.

Até a pouco via como alguém da escola. Neste momento não é apenas o Nathaniel que passa o encarar mais sim eu.

– Agatha.. você sabe que temos que ir. – Lysandre suspira após dizer estas palavras.

– Ir? Como assim? Eu acabo de sair da aula e ... – Ele olha para o Albino – Você já arruma companhia... – Sua última frase pareceu triste.

– Você sabe que não estou a passeio Nath. Sou eternamente grata pelo que fez... foi um verdadeiro amigo. – Digo-o evitando que eu desabe em lagrimas.

– Isto é um adeus?

– Não vou rouba-la assim por tanto tempo. – Quase viro-me para ver se era realmente o Lysandre falando isto.

– Queria tanto que você ficasse para me explicar... – Percebo que isto soou como um desabafo. Não há como não entender seu lado... saber o quanto fui vaga e fria com aquele que me ajudou.

– Ei... – Levanto seu rosto. – Pense pelo lado bom! Você não vai ter uma intrusa dormido na sua casa novamente.

E antes que o loiro possa responder-me.

– Você dormiu na casa dele? – Lysandre arquei sua sobrancelha em desagrado.

– N-Não! Bom... sim. – A voz do Nath é tremula, isto é adorável.

– Sim? – Céus! Está conversa continuaria?

– Ele me ajudou! Se fosse por você eu estaria ... nem deus sabe onde.

Ele cerra seus dentes como se fosse me retrucar. Porém, decide permanecer em silencio.

O vento cerca-nos como as paredes deste colégio. O dia permanece calmo. Por mais que em minha mente a tempestade demoraria a cessar.

– Não pense que eu vou simplesmente voltar para casa hoje como se nada estivesse acontecido... – Nathaniel sussurra.

– O que disse?

– Hã? Ér... a branca vai ficar com saudades de você! – Ele completa sua frase se perdendo no rumo das palavras.

– Branca? – Rio ao pensar na gatinha. – Claro! Também agradeço a ela. – Não sabia mais o que dizer. Algo para conforta-lo? Um adeus...

– Isso não é um adeus. Digo em voz alta, vendo que o loiro olha atento para mim e sorrio tocando em sua camisa, ajeitando-a.

– Um até logo! – Bato em seu ombro como um gesto de carinho e sinto segurar em minha mão por impulso. Porém, desta vez seus lábios se aproximam de meu rosto depositando um beijo.

– Um até logo. – Ele aperta minha mão junta a sua. Sinto seu calor em meu corpo, apenas ao toque de sua mão.


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