Secrets escrita por Mila Kawaii


Capítulo 15
The day of my death.




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Mal consigo acreditar ainda que o beijei. Seus lábios pareciam transmitir a mim sua calma e serenidade, mentiria se dissesse que tomei a decisão certa. Pude sentir o quão isso era importante para ele, sinto-me suja ao negar-me a pensar em corresponde-lo na situação em que estou. Há apenas a falta de amor junto mim, o medo de amar novamente, e ter de conviver com a morte de alguém que eu daria a vida para salvar.

Lembro-me que tive exatamente este pensando. “ Porque não eu?” Isto seria estupido de se pensar novamente, sou grata de pelo menos ter ainda minha vida, poder vingar-me. Porém com isso descobri o quão difícil é esta escolha, a escolha de continuar a viver exige de você a força para que seja por fim, merecedor. Se minha vida acabasse naquela noite... eu seria apenas mais um livro com inúmeras páginas faltando, estas perdidas num lugar no qual nunca seria de meu alcance. Acabando-se em um dia comum, deixando inúmeras perguntas no ar, estas que nunca teriam respostas, nunca dariam-me o privilégio de saber a real verdade em meu fim.

Nesta sala pode ser ouvido apenas o som de nossas respirações, Lysandre mantem uma certa distância de mim, e não posso deixar de pensar no receio que se passa em sua mente, queria muito poder entende-lo, porém, sinto como se isto ainda fosse levar o seu devido tempo. Seu beijo demonstrou algo a mais que carinho, saber que este sente amor por mim deixa-me ainda mais confusa e atordoada. A pouco eu não o considerava nem ao menos um amigo, com qual eu pudesse confiar a ele minhas decisões.... Como vou poder ama-lo? Este amor está a muito tempo em seu coração, tempos em que eu ao menos sonharia com tudo isto Este ainda não confuso para mim, como posso acreditar naquele que esconde tantas coisas de mim? O silencio muitas vezes pode ser a pior alternativa. Sinto que isto estava me deixando louca, pensar estar dependendo apenas de mim mesma para escolher o que seria o certo fez com que eu sentisse realmente o que é temer algo. Temer errar.

O celular silencia-se, e posso finalmente ter algo que pertencia a mim em minha vida novamente, tendo em minhas mãos, algo que fizesse com que eu lembrasse dos dias felizes em que pude viver, junto a minha família. Céus, meus amigos devem estar preocupados, depois do dia em que meus pais morreram não pude ver nenhum rosto familiar, alguém que eu conhecesse, apenas rostos novos aparecem para mim. É até engraçado pensar que somente o que me liga aos meus amigos é o pequeno aparelho em minhas mãos, que estou prestes a ler mensagens de pessoas que mal lembro nitidamente o rosto.

– Você o deixou cair antes de correr... – Ouso a voz do Lysandre calma ao meu lado. Seu tom apenas se alterou uma vez em minha presença. Porém, em meu sonho lembro-me de ouvir palavras ásperas vindo daquele que mal posso confiar ser apenas uma ilusão. Após ter este sonho tudo pareceu ter um sentindo, prefiro que continue assim. Mesmo porque naquela noite sinto como se pudesse ouvir.... Sem ter a noção do que se passava ao meu redor. – Pude pegar antes que os policias recolhessem como prova.

– Penso se foi a melhor decisão... fugir. – Respondo-o com o aparelho em minhas mãos, este que permanece do mesmo jeito que o deixei, contendo minhas fotos, como fragmentos de meu passado. Dias que nunca voltaram, e que estão em minha mente como apenas memorias de um filme conhecido por mim, porém ao tentar me lembrar claramente destes dias sinto minha cabeça doer, como se acabasse de ser atingida por um forte golpe, sendo assim contento-me com as cenas embaçadas que permanecerão comigo.

– Você estava muito atordoada, posso compreender que sua cabeça estava confusa naquela noite. Não é fácil para alguém que sempre teve a vida ao seu favor. – Ouso-o vendo que não há malicia em sua voz, como se dissesse normalmente. E mesmo esta frase não onfende-me, vejo apenas como há verdade a ser dita, viver sempre pareceu tão fácil para mim, um passo após o outro.... Sabendo que nada estaria em meu caminho. Todavia sinto como se eu estivesse a rastejar neste momento, presa a invisíveis correntes.

– Ninguém sabe o dia de amanhã... – Desabafo vendo que isso traz a atenção do albino até mim, conforto-me em saber que seus olhos voltaram ao normal, vivos, porém, revelando tão pouco de si. E assim continuamos nossa conversa, por longos minutos tudo que vinha de sua boca parecia o livrar de um grande peso que era mantido em suas costas. Fico feliz em saber que podemos conversar normalmente, como velhos amigos, tendo tantas coisas ainda para dizermos um ao outro.

Sinto o receio impedir que eu realize qualquer ato neste momento. Posso sentir minhas mãos tremulas ao ponto de derrubar o celular, fazendo cair no chão junto as minhas lacrimas, que escorrem de meu rosto fazendo com que as feridas em meu coração sangrem procurando conforto em algo que nunca estaria ao meu alcance novamente. Há zero mensagens registradas desde o dia em que nunca mais ouve notícias minhas, onde estou... se estou bem.

A insignificância de minha existência chega a este ponto? Todos que um dia eu já conversei, pessoas que pareciam tão importantes para mim. Não há nada mais que ligue-me a elas, como se eu simplesmente tivesse deixado de existir junto aos meus pais, sumindo assim das memorias de todos em um estalar de dedos. Passando de tudo, para nada.

– Agatha você está bem? – Ele diz como se não esperasse de imediato uma resposta. Certamente sinto-me incapaz de responde-lo, como se minha mente não pudesse mais raciocinar, lembrando minimamente de como respirar. Nunca pensei que uma notícia como esta poderia ser ainda pior do que tudo que já presenciei, saber que não há ninguém ao meu lado, lamentando... ou até mesmo a minha procura. Não apenas incomoda-me, mas sim abre uma profunda ferida em meu coração, rasgando sem aviso algum o ultimo fio de esperanças que eu mantinha para minha própria sanidade.

– Me dê o celular. – Lysandre estende sua mão no momento em que finalmente tomo coragem de checa-lo, seu tom é sério deixando-me com uma interrogação em minha mente.

– O que você pode querer aqui? – Rebato-o com uma pergunta vendo que algo está estranho nele, surpreendo-me em ainda conseguir falar, lacrimas rolam pelo meu rosto como se nunca houvesse fim. Oras não me espantaria que fosse algo que ele já saiba... não há mensagens, estas foram pagadas, tirando de mim o privilégio de pôr um simples minuto me ver como uma pessoa normal novamente, quem eu era. Enxergar-me como meu eu do passado... nunca pensei que algo assim me atingiria como uma faca.

– Tenho que te contar algo... – Ele suspira segurando-me pelo braço, posso sentir suas unhas negras levemente sobre minha pele como se receasse me machucar.

– A-Acha que não devo chorar relendo algo do meu passado? .... Bem, estou no meu direito. – Falo tentando esconder o quão patética eu sou. Esconder que a única coisa que vem a minha mente é fugir, ir para o mais longe possível, não tendo que me encarar... Sendo finalmente aliviada do grande peso que é ser eu, andar nesta fina e instável corda... que mal posso ver o fim, apenas o profundo abismo ao olhar para baixo.

– Agatha, não poderíamos por você em perigo... – Ele inicia sua frase como se si explicasse por algo, tendo sua voz serie, dizendo como se procurasse manter a calma. – No momento em que você fugiu pessoas te encontraram no mesmo instante, há pegaram com a intenção de feri-la, Castiel há salvou, mas não podia...

– Castiel? – Repito de imediato em um tom de interrogação, como? Esse era o nome dito em meu sonho, Castiel é o ruivo que me salvou? A primeira pessoa que vi depois da morte de meus pais. Eu estava tão apavorada, sentindo como se alguém seguisse-me, a rua era fria e solitária ... Porém, pude sentir um desespero ao perceber poder ouvir não apenas o som da minha respiração, de meus passos...

– Este nome e familiar? – Lysandre diz arqueando uma de suas sobrancelhas minuciosamente desenhada em seu belo rosto, tendo agora uma expressão confusa como se nunca esperasse esta pergunta de mim. E foi somente neste momento que pude me lembrar de algo mais fundo do que meu sonho.... Posso lembrar-me do documento que esteve em minhas mãos a pouco, este contendo não só a ficha do Lysandre, mas sim de um pálido garoto aparentemente da sua idade. Cabelos negros e fundas olheiras em seu rosto, dando ao seu olhar, algo digno de piedade.

– Ah? Não, foi uma surpresa para mim ouvir de você o nome de outra pessoa, um dia vou conhece-lo? – Droga, isso foi realmente a única resposta rápida que veio em minha mente.

Lysandre sorri demonstrando seu lado doce para mim, porém, sua resposta foi o contrário do que eu esperava ouvir.

– Não vejo necessidade. – E como se o incomodasse falar disto, Lysandre apenas deu um fim ao assunto. – Apenas saiba que não deve teme-lo.

– Acha que eles ainda estão ... caçando-me? – Pergunto.

– Por favor, não use este termo. – Apenas balanço minha cabeça concordando. E o albino rapidamente indo direto ao ponto, porém, após eu ouvir sua fala paralizo-me no mesmo instante, como se apenas isto bastasse para destruir todas as expectativas criadas por mim.

– Agatha, para todos... você está morta.... Dada como desaparecida ... e morta na mesma noite que seus pais.

– ... –Abro minha boca para responde-lo porém, as palavras se recusam a saírem, deixando-me muda por longos minutos, que ao meu ver passaram como uma eternidade.

– Esta dizendo... que tive o mesmo fim que meu pai? – Digo não contente em cuspir apenas isso.

– Que desapareci?! Como vocês acham que as pessoas vão acreditar? Que morri e meu corpo foi direto para inferno? – Grito sem ao menos saber que horas poderiam ser, sem me importar em que local estou... em quem poderia me ouvir.

– Shhh! ... – Sinto o albino puxar-me agressivamente pelo braço, tendo a reação de tampar de imediato a minha boca, colocando sua mão sobre meus lábios, calando-me. Neste momento olho fixamente para ele, encarando seus olhos, e mal preciso presenciar para dizer que meus olhos queimam em meu ódio, demonstrando ali chamas ardentes como o mais vermelho fogo.

– Acalme-se.. – Ele respira profundamente influenciando-me para que eu faça o mesmo. E respiro longamente, como se eu estivesse a procuro de algum tipo de conforto. Algo que relaxasse-me.

– Eu estou bem. – Digo vendo que ele ainda segura-me em meu braço, deixando ali marcas de suas unhas, percebendo rapidamente que me machuca, olhando agora em total arrependimento. E ao poder voltar ao normal, sem estar sobre o efeito do choque causando pelo albino em seu inesperado ato. Este que faz com que eu me lembre de meu sonho. Aquele nomeado como Castiel tinha esta personalidade, posso dizer ainda tão pouco sobre ele. Como se este não passasse de um desconhecido para mim. Mas sinto algo tão forte em meu peito ao dizer seu nome em minha mente.... Pensar em poder ouvir sua voz.

– Você esta em segurança agora Agatha, isso é o que importa para mim.

Abro minha boca para falar, porém sou interrompida pelo seu tom apressado.

– Devemos ir embora, acho que daqui a algumas horas amanhece, é melhor irmos embora antes que vire o dia... – Ele para sua frase vendo o estado em que estou. Minhas mãos tremem e as lacrimas se negam a cessar, manchando-me por inteira, sinto como o sangue de minhas feridas. Posso sentir o quão isto deixa o albino preocupado.

– Eu morri? ..

– Bem, você está na minha frente.

– É estranho perguntar... – Respiro fundo como fiz a pouco vendo que isto me dá o suficiente de coragem para falar. – Eu vou ter um enterro?

– É hoje. – Ele responde tendo sua cabeça abaixada.

– Você me leva até la...?

– O que disse? – Lysandre arregala seus olhos totalmente surpreso.

– Por favor... Meus amigos vão estar lá, eu juro... só olhar de longe.

– Sabe que é um jeito de se torturar? – Ele pergunta.

– Sei que tenho que aceitar as coisas como estão....


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no proximo capitulo, ou até os comentarios! que eu respondo todos com muito prazer.



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