Secrets escrita por Mila Kawaii


Capítulo 14
My shadow




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Pude ter a certeza em minha mente e por fim, ser obrigada há esbarrar-me com a verdade. Como um grande muro que cerca-me, por quando tempo isto sufocaria-me? Não há saída quando a prisão está em sua própria mente.

Sinto como se o pior disto tudo fosse o fato de estar ali.... Tão perto, estando ao meu alcance, porém igualmente mudo. Calado como se algo o impedisse de falar, até mesmo por egoísmo. A verdade estava todo este tempo em minha frente. Digo, ao meu lado. São tantas coisas que mal posso dizer o que me fez acreditar em suas palavras. Estas que traziam-me conforto, como se o albino entende-se, e neste momento vejo que ele não está somente ciente de meus sentimentos, mas sim da história de minha vida, esta que revela-me coisas que afirmo nunca sequer passarem em minha mente. Penso se isto não serviu como uma lição para mim, provando-me o quão pouco sei sobre isto, não apenas de minha vida, mas o passado... este que nunca poderei presenciar novamente, fazendo com que eu me conforme ao conter o choro. Trechos de histórias que fui poupada parecem tão importes neste momento para mim, o desconhecido assombra-me.

Ao simples ato de erguer meu rosto sinto que mal posso conter as lagrimas vindas de meus olhos já tão embaçados, confundindo até mesmo a realidade, do que mal passaria de um sonho. A alta e calma voz do Nathaniel parecia vir até mim como um breve sussurro, um som abafado estando ao distante de mim. Não há razão para questionar, já que sei que o barulho em minha mente é mais alto do que qualquer grito que um dia sairá de minha boca.

Encaro-o como se ainda estivesse a esperança de ouvir dele, algo como um pedido de desculpas, até a mais simples explicação contentaria-me neste momento, de puro desespero. Porém, os minutos apenas passavam, longos e melancólicos. Frio como se eu tivesse de ouvir um “Eu te odeio” de sua boca.

Seus olhos negavam-se a me encarar, mesmo que minha alma implorasse por isso, o mínimo de sua atenção. Suas mãos pareciam tremer levemente ao som do silencio, pergunto-me o que estaria passando em sua cabeça. Remorso? Ou apenas um imenso desejo de sumir, desaparecendo da minha frente. Estou ciente de que acabo de acordar de uma longa pausa, uma pausa de ter de encarar tudo isto. Entretanto não há como lembrar-me de um momento em que me vi livre disto tudo, que pude voar novamente. Sim, sinto-me como um frágil pássaro em sua jaula, sabendo que por um bom tempo as asas em seu corpo não serviriam para nada, sendo este o centro de sua dor. Faltar-lhe apenas a liberdade, esta que o prende ao seu pequeno e solitário mundo, tendo a si próprio como uma assustadora companhia.

Ao fechar de meus olhos sinto-me prisioneira de meus pensamentos. Assim, contento-me apenas em olhar para o seu rosto, uma expressão nervosa, como se o mesmo pensasse que este momento nunca chegaria. Não posso dizer que o conheço... aquela lembrança, eu poderia a encarar como uma memória? Ou não passaria apenas de um respetivo sonho. Não há herói para mim.... Não há certo, ou errado. Ao meu redor vejo apenas erros e o grande medo de comete-los novamente.

Neste momento tenho-me por vencida, sabendo que o albino não olharia para mim, que seu medo o prende, tornando-o apenas mais uma vítima.

– Agatha você se sente bem? – Agora posso ouvi-lo claramente e levo minha mão até meu rosto, enxugando assim minhas lacrimas. A única certeza que tenho é o quão deplorável eu estaria se me olhasse no espelho, vendo o estado em que minha expressão se encontra. Triste e melancólica, por uma estranha razão nunca em minha vida me vi capaz de sentir raiva, pelo menos uma raiva permanente de alguém, sempre à procura de tentar entende-las, nunca pude odiar as pessoas. Seria este momento a razão que faria-me pensar diferente? Fascinante como a vida tem o poder de mudar as pessoas, obrigando assim, a transforma-las em algo mais forte. Frio... E valente.

– Então Adam Mason seria realmente capaz de um assassinato... – Digo como se pensasse em voz alta, fazendo a questão de dividir isto com o loiro ao meu lado. Não há dúvidas que o Lysandre não me responderia. Seria apenas uma conversa de duas pessoas.

– É-É o que eles tentaram encobrir ai não é? Agatha, sinto que não deveríamos tirar conclusões apenas por acharmos que... – E antes que o Nathaniel continuasse a falar me impus respondendo-o.

– Não há talvez! Não há conclusões, mas sim fatos. – Respondo-o levantando-me do puf velho que estava posto para que eu pudesse descansar, penso se não foi um erro acordar.

– Tenho que concordar. Isso não é uma questão qualquer, é uma prova. Uma prova do que este velho é capaz. – Sua voz interrompe o nosso diálogo e percebo que o albino comportasse indiferente sobre a situação. Como? Como é possível?

– Isso não o cansa?! – O pergunto agora ouvindo o ecoar de meu tom autoritário e firme, sim... não há como negar, eu sinto ódio. Tenho raiva de mim mesma, de estar parada diante há aquele que não sinto-me a vontade, nem mesmo de compartilhar meus pensamentos. Entretanto algo me diz que não é preciso que eu gaste meu folego contando a ele aquilo que também faz parte de sua vida, o quanto teríamos em comum? E até onde esta ligação iria?

– Cansar...? – Este indaga perguntando-me, seus olhos finalmente viram em minha direção, e ao vê-los posso compreender um de seus poemas. As cores de seus olhos não brilham mais, estando somente em um mesmo e apagado tom o cinza.

– Mentir, tentar me convencer de algo que mal sei... pisar na sua antiga escola. – Desabafo jogando as palavras que estavam em minha garganta em sua direção. É ignoro pensar que a única coisa que ele confessou para mim foi os seus sentimentos, o seu amor. Mal sei que devo acreditar.

– Não acredito que queria me crucificar neste momento... – A mão do albino vai em rumo a sua testa, como um ato de cansaço e desaprovação.

– O que devo entender com “neste momento” ? Estamos diante um do outro! O que mais importa para você? As paredes têm ouvidos você diz? Então peça que elas contem-me!

– Diga-me o que quer ouvir! – Seus olhos vão lentamente ganhando a cor de suas unhas. O mais puro negro, como se eu estivesse diante a um abismo de escuridão. Tendo não fraquejar diante ao seu olhar, porém sinto que desejo imensamente que o albino não olhe... não olhe para mim assim. – Eu não a ajudei? Eu a trouxe até aqui! Eu jurei nunca lhe dizer ... dizer coisas que mudariam seu jeito de pensar, até mesmo quem você é. Agatha eu te amo. Eu jurei ao seu pai...

– ... – Meus olhos não se arregalaram com sua última frase, penso em qual seria minha reação se eu soubesse um pouco mais sobre ele quando esbarrei em seu ombro. Eu o chamaria? Minha voz teria algo como medo... temo em pensar que daria as costas, por simples fraqueza, há como arrancar essa dor de meu peito? Posso afirmar que meu rosto não mudou nem por um segundo, tendo sempre a mesma expressão. Não é a primeira vez que ouso um eu te amo vindo de seus lábios, porém sinto-me feliz, em ouvir um pouco sobre o meu pai.. Saber que ele já foi diretor desta escola, e que isto tudo não passa... de meu legado. Se alguém não o roubasse de mim. – Jurou? Não acha que seria mais útil jurar que o protegeria? Que o pouparia da morte?! – Grito vendo que seu semblante é triste, Lysandre permanece imóvel há minha frente, seus passos caminham agora em minha direção. Vejo-o cerrar os punhos como se não pudesse mais fazer nada.

– Eu jurarei a ele que a protegeria, que seguiria cada passo de sua vida como uma sombra. O jardim, sua adolescência, as noites em que você chorava eram as piores para mim sabia? – Seu tom é doce e gentil, como o da primeira vez em que ouvi sua voz. Pergunto-me o quanto mudou. E se quando decidi ficar ao lado do Lysandre eu estava preparada para isso. Entretanto não há como prever, nem muito menos impedir o fim. E neste momento me encontro em pé. Firme até que a última pessoa tente derrubar-me.

– Você quer dizer que... – Arregalo meus olhos, meu rosto se encontra pálido e vejo o Lysandre a um passo de mim. – Você não pareceu tão surpreso em me ver aqui.... Porque não impediu? Porque não protegeu a mim! Minha felicidade!

– Sua vida corria perigo.... Pense, - Ele coloca uma de suas mãos apoiada há parede, acima de meu rosto. – A única coisa que eu fiz foi protege-la, você corre perigo! Porque seria diferente naquela noite? Era sua vida em risco Agatha, e eu a salvei. – Ele sussurra em meu ouvido e ouso o Nathaniel sair do porão batendo a porta rapidamente. Droga! O que eu poderia fazer? Ir atrás dele? Desde o início essa caminhada foi minha, tenho o Lysandre como um apoio, minha ajuda para que eu não caia, a pessoa que tem tanto a dizer a mim. Sinto como se nossos destinos fossem traçados muito antes da minha entrada nesta escola, e agora sei que muito antes da morte de meus pais. Se eu procurasse alguém que soubesse da minha dor, a sentisse na mesma intensidade não. Porém que estivesse ciente do quão dolorosa é perder alguém, um bom homem como o meu Pai. Um procurado pelas autoridades.... Seria ele aquele homem que contava-me belas histórias como contos de fadas que eu tanto adorava ouvir. Ou seria ele um desconhecido para mim. Collins. Este nome que eu herdei de sua família não existe, é tão falso quando sua morte. A primeira eu diria... agora ele não está mais junto a mim, não posso abraça-lo ou pedir a ele um conselho. Terei alguém melhor do que meu pai para ensinar-me sobre a vida? Esta que é um privilégio para poucos. – Olhe para mim! – Ele fala não mudando a direção de seu olhar nem por um minuto. Isto intimida-me. Meus olhos enchem de lacrimas, mas não por ter que encara-lo, sinto que isto fortalece-se. Sinto que não há mentiras em suas palavras, que seu coração desperta igualmente junto a meu.

– Sabe como é bom estar perto assim de você..? – Ouso-o vendo que sua pálida mão toca levemente em meu rosto, como um carinho para servir de consolo para mim, minhas lagrimas parecem não haver fim, como se eu não tivesse controle sobre o meu corpo. Este que se nega a dizer uma palavra sequer. Xingo-me mas acabo por cair em seus braços, não é como se eu encostasse em seu peito como apoio. Eu sinto que preciso de seu abraço, do calor de seu corpo. Apertando-o permanece em silencio, posso descrever com clareza o quão macio é o tecido de seu longo sobretudo. Este acolhendo-me junto aos seus braços, ansiosos a torcar-me. Poderia eu, ter noção do quão dói apenas seu uma sombra.

A nota da música que pouco dão sua real importância, a mais bela da canção.

– Estou segura ao seu lado? – Pergunto-o lembrando de meu sonho. O garoto de cabelos vermelhos disse uma frase que me veio em mente... “ Ela não está segura comigo” Então posso entender que estou no lugar onde deveria estar, perto daquele que pode proteger-me, que sempre esteve comigo. Ao meu lado, ou mais distante.

– Como em toda sua vida... – Ele ergue meu rosto fazendo com que eu olhe diretamente para ele, a única coisa que consigo pensar é ter de encarar o inexpressível cinza previsto em seus olhos. Porém, surpreendo-me ao ver a real cor de seus olhos novamente, teria eu apenas pensado em enxergar o negro em seus olhos? Não há explicação para isso. Mesmo que seja um de meus menores problemas. – Eu prometo explicar tudo há você, com calma.... Entenda que dói em mim pensar sobre isso.

– Dói quebrar a promessa com meu pai? – Pergunto-o e tenho em resposta um largo sorriso em seus lábios, estes voltando a uma cor viva e sedutora. Sinto que seu sorriso nunca foi tão sincero. Espero ser a única a vê-lo.

“ Sim, porque são duas promessas que eu vou quebrar. ” – Não entendo no mesmo momento. Poderia eu ter sonhado com esta frase? Já que esta chegou até mim como se invadisse minha mente.... Tocando-me.

E neste momento sua mão que a pouco estava apoiada na fria parede desliza lentamente indo até meu ombro. Parando ali para que o mesmo aproxime nossos corpos, ainda sinto-me tão confusa sobre no que acreditar, se continuarei ao seu lado, entretanto decido render-me, me movendo no ritmo imposto pelo albino assim que nossos lábios encontram-se em um simples selar de nossos sentimentos. Sua boca acompanha a minha em uma romântica dança, sua mão em meu ombro encontra-se firme. Temo não poder saber o que se passa em sua mente, porém após o termino do beijo posso afirmar que nunca o compreendi como neste momento.

– L-Lysandre! – Digo seu nome sentindo o quão sem folego este ato me deixou, é tão novo para mim... Gostar de alguém.

– Não espero que eu peça desculpas. – Ouso o suave som de sua risada, e como tudo dito por ele vejo o quão elegante é poder vê-lo rir.

– E-Este não foi o lugar mais apropriado. – Digo o acompanhando junto a conversa descontraída. E só assim eu vejo o quão eu preciso deste momento, apenas um minuto para esquecer de tudo, nada mais me traria paz do que ter um momento apenas só nos dois.

– Eu discordo disso. – Suas bochechas estão vermelhas enquanto ele respira fundo tomando uma certa distância de mim.

Isto é tão confuso! Saber que ele não só pensava em mim, mas estava junto por todo esse tempo. Não me espanta olhar para ele, e ver parte de mim em seus olhos, estes refletem o passado. Tenho ainda tantas perguntas ele. Estou aqui a um bom tempo, neste porão. Entretanto olhando em volta tudo parece ter um novo sentindo para mim, o cenário melancólico e velho guarda tantos segredos, o antigo escritório daquele que não é mais diretor desta escola, quem tenho o sangue correndo em minhas veias, meu corpo. Me sinto a bela adormecida tenho a data de sua morte marcada no dia de seu aniversário, pergunto-me onde eu estaria se tudo isto não passasse de um sonho. Mal pude ouvir parabéns de meus pais, o celular que perdi no dia em que me sequestraram... quantas mensagens estariam ali? Sintos tantas saudades da minha vida. É um fardo carregar o sobrenome Miller? Uma maldição?

Me sinto agora mais distante ainda daquele de cabelos vermelhos, seu pai é ninguém menos que aquele que tanto temo..., porém a imagem que tenho dele em minha mente, o vejo como um herói. Assim, se formam os mocinhos? Queria tanto saber mais sobre o Lysandre, o Cass.... Porque? Parece que tudo impede-me de lembrar o seu nome, seu rosto. Bom, por enquanto o chamarei assim.

– Como era o meu pai? – Pergunto-o.

– Hum? – Ele estranha de início minha pergunta e sorri pegando agora em minha mão, seu toque é quente, a primeira coisa que passou na minha cabeça foi afastar-me. Mas decido dizer há mim mesma “Está tudo bem”

– Seu pai era um bom homem, diferente do pai do Nathaniel; Ele acolheu-me, como seu filho. – Sorrio ouvindo palavras carregadas de lembranças felizes vindo do Lysandre e repouso uma de minhas mãos sobre o braço, tendo a outra em contado direto com sua pele, sentindo sua mão aquecer-me e a aperto.

– Sua famila...?

– Meus pais faleceram. Não me lembro muito bem deles, foi numa noite tão cinza... parecia que nunca amanheceria novamente.

– Sua curiosidade vai até mesmo sobre mim? – Ouso-o vendo que o sorriso não sai de seu rosto, deixando sua expressão tão serena.

– Está brincando? Você é o motivo da minha curiosidade... – Céus? O que eu disse! Bem... a verdade.

E após minha fala ouso um barulho tão familiar, fazendo-me me deslizar de tudo que esta acontecendo, tirando completamente minha atenção para o celular posto em uma das mesas, ao lado da minha foto, esta que até mesmo eu já tinha esquecido. O irritante som de mensagens alegra-me tanto quanto eu nunca poderia imaginar.

– Céus! Meu celular! – Falo mal acreditado e me dou conta de que tudo o que eu perdi... estaria nele.

– Seu celular não parou por um segundo... eu iria devolve-lo você. Lembra-se de quando o perdeu?

– ... Ah mensagem! – Levo minha mão a minha boca lembrando-me da mensagem horas antes do assassinato de meus pais... sem nome... uma mensagem estranha de um numero desconhecido...

– Foi você ? – Pergunto.

– Foi o dia que eu a deixei sozinha, eu precisava te-la longe, porém eles a seguiram... Era, você ou eles Agatha. – Lysandre desabafou e sorriu tristemente lembrando deste dia, cada detalhe que sei que nunca poderei esquecer.

– Obrigado... - Suspiro vendo que apenas isto sairia de meus lábios, estes que ainda carregam o gosto de seus lábios.


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Notas finais do capítulo

Se gostou >< já tem um lugarzinho no meu coração *-* serio, sou bem sentimental xD Não esqueça de deixar seu comentario! sua opinião, é sempre muito importante!

E até o proximo, ou ate os comentarios que eu respondo todos com muito prazer!



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