Secrets escrita por Mila Kawaii


Capítulo 13
Reality. And Important Document.




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Sinto como se nada ao meu redor fizesse sentido, respostas que veem até mim ignorando sua ordem, impondo a mim, o dever te decifrar tudo isto. Sem ao menos uma ajuda, alguém que guiasse-me. Penso se fiz o certo ao entrar na sala em que acredito permanecer, desde o início pude sentir como se algo estivesse por vir, ao pôr os pés aqui não pude entender completamente, porém, posso afirmar que algo pertencia-me aqui. Algo familiar. Estas paredes... porque tão caladas? O silencio pertuba-me, apenas saber que há tantos segredos neste abandonado local, segredos que penso pertencerem a uma parte de mim, há alguém que amo. A ausência de palavras faz com que eu ousa diretamente meus pensamentos, estes que servem apenas para confundir-me. A última coisa que consigo me lembrar é minha conversa com Lysandre, ter seus olhos observando tão fundo em minha alma. Será que devo acreditar em suas palavras? Ele sempre me pareceu tão misterioso, observando-me como se a todo momento algo o impedisse de dizer suas verdadeiras palavras. Poupando-me de algo. Ao lembrar de seus poemas me pergunto como poderiam serem escritos para mim, há cicatrizes em seu coração, posso compreender o medo em seu tom, este lembrando-me a mais bela nota em uma música. Tendo um solo apenas para ela, um momento para aprecia-la. A mais triste.

E em meio a estes pensamentos... simplesmente sinto como se tudo se voltasse a algo, interrompendo-me, e tirando desta realidade.

– Largue-a! – Ouso alguém gritar tendo sua voz em minha mente como apenas um repetitivo eco. Posso sentir algo familiar nesta voz, este tom nunca dirigido a mim, porém, ouso Lysandre cuspir estas palavras como uma áspera ordem. Seu tom autoritário até pouco desconhecido por mim.

Posso ver o olhar desafiador de quem esta há sua frente, como se chamas demonstrassem sua fúria, tirando dele sua sanidade.

– E joga-la ao chão? Espere que eu entregue-a depois de tudo isso? – O mesmo pergunta para o albino.

– Eu fiz uma promessa. Você mais do que ninguém sabe de que lado estou! Posso contar a você o número de minhas cicatrizes!

– Castiel... – O albino sussurra. “Castiel” ? Estou tão atordoada com que esta a minha frente que não pude perceber o quanto fui cega diante a me lembrar deste nome...

Posso ouvir o som de passos, vindo do Lysandre, aproximando-se daquele que carrega-me.

– Não sinto minhas pernas... – Estas palavras são sussurradas, por mais que sua vontade fosse de gritar, liberando neste ato, sua dor. Certamente uma voz masculina, tendo seu tom cansado, ocultando seu verdadeiro ser. O que eu poderia pensar neste momento? Ao dizer neste tom assusto-me de um modo como nunca entenderei. E aos poucos o que era apenas altos sons para mim, falas que estavam em minha mente, revelaram-me algo. E diante de meus olhos pude ver algo como uma simples lembrança, esta que não pertence há mim, melancólica e triste... O local foi se tornando lentamente algo real, formando-se uma paisagem, sombria e cinzenta. De imediato pude contemplar a noite. O escuro do céu, sem uma estrela. Deixando os dois garotos completamente a sós.

– Agradeça de ainda delas... – Ele responde, e pergunto-me se foi alto o suficiente para que outro pudesse ouvir.

– Leve-a para um lugar seguro. – Mais uma ordem é dita, porém, não pela mesma voz. A chuva intensifica-se árdua. Posso ver as gotas caírem repetidamente sobre o chão, o liquido transparente encontra-se com o intenso sangue, este vindo do ferimento daquele que se nega a render-se a dor, permanecendo de pé. Mesmo que tenha que admitir há si mesmo a fraqueza de seu corpo, o vermelho não esta apenas em seu sangue, mas sim em seu olhar. Seus olhos revelam selvagens chamas, estes direcionados a pessoa desacordada em seus braços. Devido ao peso carregado pelo mesmo, suas pernas tremem, entretanto o quanto seria o seu orgulho? Digo isto ao ver que sua expressão é forçada ao máximo, ignorando as consequências postas para si. Até onde esta pessoa iria por mim? – Ela não está segura comigo.

As palavras ditas viam até mim como um breve sussurro, o alto baralho da chuva fazia destas palavras nada mais que frases abafadas como se estas estivessem distantes de mim, transformando-me somente em uma observadora, e conformo-me em ter minhas mãos atadas sobre isto, não há como interferir, por mais que meu corpo gritasse conforme o desespero chegasse a mim. Ocorreu-me que não é a chuva que impede-me de ver claramente, mas sim minhas lacrimas.

– Você conseguiu salva-la... – Ouso como um desabafo vindo do Lysandre, suas mãos tremem. Estas que posso ver carregarem consigo sangue, o quanto pensaria este fardo? Espero estar certa em acreditar não ser do mesmo, entretanto saber que este sangue não pertence a ele faz com que uma pergunta venha em minha mente, esta que nego procurar por sua resposta, tendo receio de sua explicação.

– Confia isto há mim... mesmo estando ciente do que eu acabei de fazer? – Sua voz é tremula. Arrisco em pensar que ele é o único a trair sua confiança. – Do quanto fui incapaz de agir...

E antes que o Lysandre terminasse sua explicação ouso a pessoa a sua frente gritar, tendo sua voz firme como um rugido.

– Cale-se! – Seu olhar é direcionado ao chão, permanecendo imóvel ao sangrar.

– Você sempre confiou em mim, mesmo sabendo o sobrenome que carrego em minha identidade, a pessoa de que tenho o sangue correndo em minhas veias.... Este sangue!! – Ele grita ao mostrar a poça que formava-se ao decorrer da conversa; ao pisar agressivamente no chão tendo uma onda de choque percorrendo pelo seu corpo, como se a dor do tiro voltasse a atormenta-lo. E com este ato agitou-se a agua, produzido um barulho alto aos ouvidos de quem estava ao seu lado.

E depois de sua frase o privilégio de poder ouvir é arrancado de mim, como se meu tempo estivesse esgotando-se.

Sinto-me sozinha, como uma criança ao abraçar seu próprio corpo, o gelado do chão esta por toda minha pele, sinto dores em meu coração... E estranho ao perceber que posso congelar esta cena, seria isto real? Pergunto-me.
Olho atentamente para o albino observando sua expressão, esta que permanece imóvel, demonstrado sentimentos como alivio, porém, apenas o que sinto ao me aproximar é medo.

Isto só pode ser um sonho...

Seria fácil acreditar nesta afirmação, se tudo não apontasse para a realidade, indicando que estou realmente diante daquele que me salvou, ouvindo por fim, sua voz. Era isto que eu desajava? Este tom.... Nada causou mais medo há mim. E vejo que esta é mais uma das certezas que estou realmente presente aqui. Estes sentimentos, sinto intensos como nunca pude sentir antes. Por mais que eu não posso ver, tenho a certeza que meu corpo, esta consciente, que esta é sim uma de minhas memorias. Mas o que me levaria novamente há relembra-la?

Minha imaginação constrói tudo a minha volta, já que eu somente podia ouvir. Veio em minha mente agora que como meu celular tomado de mim nesta noite, o rosto que pude ver do ruivo foi distorcido, e por mais que eu tentasse me lembrar, não tinha como. Como se sua imagem fosse borrada de minhas memorias. Todavia agora vejo com clareza. Lembrando de quando o mesmo tirou a capa que cobria-me, seu sorriso pertencia-me somente a mim naquele hora, um momento em que era apenas nós dois. Seus cabelos permaneceram em minha lembrança. Não é nada mais que meu corpo sendo carregado em seus braços. Ele não é somente aquele que salvou-me, mas a única pessoa que saberia responder-me.

Vejo agora o albino estender suas mãos, os passos do ruivo são pesados e dolorosos para o próprio, Lysandre diz palavras em que não posso ouvir, sussurrando ao olhar para quem intrega-me a ele. Seria ali o fim do ruivo? E me tendo em seus braços somos banhados pela chuva, e posso entender agora o sangue que estava em minha blusa. Era o de suas pálidas mãos ao segurar-me. Não há ferimento em seu corpo, não há cicatrizes. Agora compreendo o quanto é solitário olhar ao redor e apenas o que ver é o melancólico e sem vida, cinza. Não há brilho, ao algo que torne seus olhos especiais...

E agora tudo não passa apenas de um borrão... me levando lentamente de volta ao nada. A tão vazia escuridão. Deixando-me somente com o som dos passos do ruivo distanciando-se.

...

Posso sentir um repentino alivio em meu peito, meu corpo pareci flutuar, e sinto-me viva novamente, não há mais peso em minhas costas, este que deixou cicatrizes em meu corpo, estas cravadas não só em minha pele, a dor impedia-me de continuar a manter meus pés firmes ao chão, como se fosse desabar a todo instante. Por fim, abro meus olhos, e percebo agora que neste tempo eu me encontrava desacordada, posso ver que nada mudou ao meu redor, e que permaneci em um sono profundo, não durando horas eu diria.

Isto tudo, as cenas... foram apenas um sonho? Olho ao meu redor procurando respostas e vejo que continuo na mesma sala, deitada sobre um dos pufs postos no porão. O ar aqui é puro, ao contraio do que lembro-me respirar neste colégio, como se tirasse meu folego. Inclino-me para frente na intenção de sentar-me, porém, sinto todo meu corpo se negar a este ato fazendo com que eu volte a me deitar. Pergunto-me se estou a muito tempo aqui... Não há janela no cômodo, nada indica que amanheceu. Sinto como se o mundo exterior não fizesse parte de minha realidade, não importasse para mim.

E penso se fiz barulho ao mover-me, após ver que o Lysandre caminha em minha direção. Ele estava todo tempo aqui? Claro... para onde mais iria?

– Agatha... Você está bem? Deixei que descansasse, tudo isto pareceu tão difícil para você. – Ele aperta suas mãos em um impulso de seu corpo. Mantendo-se ajoelhado diante a mim.

– Tive um pesadelo... – Esta frase foi a única coisa que consegui dizer neste momento. E enquanto eu pronunciava meu olhar estava direcionado ao chão, e ao levantar de meu rosto vejo o quão seu rosto está próximo ao meu, a mesma sensação que tive quando vi que sua intenção era beija-me, meu coração aceita-o, então o que nos impede de prosseguir com este ato?

Fico ali olhando-o vendo que palavras não são necessárias, e sinto o repousar de sua mão sobre a minha perna, na intenção de acalmar-me, porém apenas o que faço é afastar-me rapidamente. De um jeito desesperado eu diria. Causando espanto ao Lysandre, que de imediato desculpa-se, e até mesmo ao loiro que pude ver somente agora estando presente junto a nós, em um dos cantos do cômodo. Olhando mesmo que de longe para ver se estou bem.

– Eu não... – Penso em tentar me explicar, porém rendo-me vendo que nem mesmo eu sei o que dizer, apenas senti naquele momento uma sensação de enjoo ao lembrar de ver suas mãos ensanguentadas. A prova está clara... este era o cheiro de sangue que senti por muito tempo perseguindo-me. E só tenho a agradecer ao Nathaniel por tirar de minhas roupas estas manchas.

– Aconteceu algo com vocês? – Ouso Nathaniel perguntar-me inclinando sua cabeça, percebendo o clima que esta entre nós, este constrangimento é incomodo. E vejo-o já ao meu lado enquanto não impeço o albino de levantar-se se pondo de pé, no fundo. Sinto como se desejasse que ele se afaste. E apoio-me ao loiro por fim, sentando-me com sua ajuda.

– N-Não, - Coro com seu tom de ciúmes e vejo o quão iluminado está o local, os papeis jogados ao chão não se encontram mais espalhados, estando em pedaços em um grande objeto que usaram como lixo. Pergunto-me se foi o certo rasgar aqueles poemas, havia muito mais que seus sentimentos escritos ali.... Pude saber um pouca mais do misterioso albino lendo sobre suas canções. – Está aqui a muito tempo? – Pergunto-o.

– Não, Lysandre veio até mim avisar-me sobre você, pensávamos que você não ia acordar. Se passou um bom tempo. Nos aliviamos ao ouvir você sussurrando enquanto apenas dormia... – Ele diz um tanto incomodo.

– O que eu dizia? – Pergunto curiosa sobre isto.

– O meu nome. – Lysandre disse em seu tom habitual. Seu sobretudo já estava novamente em seu corpo, e olho-o me perdendo por segundos enquanto o observa abotoar os inúmeros botões. Estes em cores escuras como todas suas vestes.

– Ér... – Nathaniel tossi arranhando sua garganta levemente para chamar minha atenção.

– Você parece pálida. – Ele diz tocando em minha testa, sua mão é quente sobre minha pele. Realmente eu não deveria estar em meu melhor estado. – N-Não, não está com febre. – Ele diz após ver, abrindo um sorriso em seus lábios. Seus olhos dourados parecem feliz em falar novamente comigo. Penso como estaria o clima entre o Lysandre e ele enquanto eu permanecia dormindo. Daria tudo para saber o que foi dito em minha ausência.

– Eu não devia ter saído de seu lado... – Digo olhando triste para ele. Há verdade em minha frase.

– Ele quer dizer algo a você. – Lysandre diz autoritário fazendo o corar das bochechas do Nathaniel por estar envergonhado sobre minha frase, desaparecer.

– Quanto ele veio me chamar larguei tudo o que estava procurando.... Porém, peguei algo que talvez a interesse. – Ao ouvir isto animo-me sabendo que tudo não foi em vão. Como sairíamos daqui agora? Acredito eu ter se passado horas.... Poupo-me negando a pensar na questão de para onde iriamos.

– Um arquivo sobre a eleição deste Mason. Estava escondido como se ninguém pudesse vê-lo.. – Nathaniel confessa pegando um tanto de folhas em suas mãos. A letra é visivelmente impressa, porém há frases e assinaturas apagadas com o tempo.

Pego em minhas mãos lendo atentamente cada uma de suas linhas, minha cabeça doí como se acabasse de receber uma dolorosa pancada, todavia respiro fundo acreditando que sou mais forte que isto.

Palavras serias em um contexto trágico. Leio sobre a morte do antigo Diretor.

Thomas Miller foi dado como morto em 25 de abril, suspeito como assassino o homem nomeado como Adam Mason. Tendo seu julgamento dias depois da morte de sua vítima. Após passar pelo juiz, sua sentença foi dada como inocente ...“Abusando de seu poder “

Esta frase é apagada, não pelo tempo, mas sim propositalmente. Pelo próprio eu diria. Do quanto seria capaz este homem? Estar envolvido na morte de minha família... não é surpreendente para ele. Porém, qual seria a razão. Não há nada que ligue meus pais a ele.

O texto continua e minha expressão permanece a mesma virando para próxima folha.

Foram recebidos seu pedido de desculpa, após o julgamento precipitado ganhando assim, a causa na justiça“Injustamente” Adam Mason herdou assim o cargo do ex-diretor de um dos grandes e prestigiados colégios, após a morte daquele que em sua defesa foi ditado como: Velho amigo.

Thomas Miller foi cremado no dia 26 de abril, porém, o corpo cremado neste dia foi dado como “falso” não pertencendo ao real falecido. Assim seu corpo nunca foi encontrado. Dado como sobrevivente, e desaparecido pela polícia e maiores autoridades. Acreditando que não possui mais sua antiga identidade. “Acreditamos em você” – Leio esta frase vendo que foi reescrita, sendo usado com tinta.

Neste momento não consigo conter minhas lacrimas, que caem sobre os papeis, manchando assim arquivos que nunca deveriam ter parados em minha mão.

– A-Agatha? – Ouso o tom assustado do Nathaniel estando ao meu lado, desde do primeiro momento em que comecei minha leitura, este confuso tirando o documento de minhas mãos. Porem a única pessoa que consigo olhar é na direção do Lysandre.


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