Secrets escrita por Mila Kawaii


Capítulo 10
Former student




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628729/chapter/10

– Você pegou a chave! – Digo surpresa, bom, um ponto para ele. Entretanto entrar lá não seria arriscado? Fora deste colégio posso respirar o ar puro, sem correntes ou lembranças me sufocando. Por mais que seja noite não sinto sono, ou algo que tire minha concentração. Tantos pensamentos transformam minha mente em uma violenta tempestade. O medo e a insegurança gritam sobre minha consciência, porém ao meu lado tem em quem me apoiar. Mesmo que isto não esteja certo, não me sinto pronta para depender apenas de mim, não peço a eles que me carreguem, mas sim que ajudem-me a levantar.

– Certo, agora nos entregue. Seguimos daqui. – O albino se coloca a frente estendendo sua mão. A longa manga de seu sobretudo oculta grande parte de sua mão, vejo suas unhas negras pintadas em um tom sombrio, não esboço reação sobre isso, por mais incomum que isto seja. Permaneço o olhando fixamente. Aproveitando que sua atenção não esteja voltada a mim, apenas observo-o como se me encantasse com o belo retrato.

– Entregar? Ou fica comigo, ou nenhum de nós entra. – Sua voz é firme, por mais que não coloque sua fé em realmente poder convence-lo. Todavia o assunto não se trata da confiança que um tem sobre o outro, certamente que para o Nathaniel o albino a sua frente não passa de um estranho, interrompendo-o, por um motivo que até mesmo eu me nego a contar a ele.

Sinto que sua voz não está direcionada ao Lysandre, mas sim, a mim. Como um pedido, seu sacrifício até aqui o provou ser fiel, uma pessoa com quem eu possa contar, por mais que meu desejo seja de poupa-lo do que for possível. Desde lado melancólico da minha vida.

– Agatha... – Seus olhos dourados olharam para mim vendo mais do que o necessário, podendo ver a resposta afirmativa que meu coração tinha sobre continuar ao seu lado, de ter sua companhia nem se fosse por apenas mais um minuto.

Não havia mais o que ser dito, Lysandre permaneceu em silencio até a nossa entrada no colégio. Pude ver que palavras não saiam de sua boca, porém, não pela falta delas, mas sim por não ser necessário. O Loiro permaneceu sorridente pelo trajeto entre os escorredores, estes que o Representante de classe tão conhecia, cada passo ecoava entre as paredes como muralhas, cercando-me. O ambiente mal iluminado não trazia-me conforto, este que vinha do calor de seu corpo tão próximo ao meu.

– Droga. – Ouso Nathaniel pensar em voz alta examinando as inúmeras chaves em sua mão.

– Algum problema? – Pergunto-o.

– Nenhuma destas chaves são do porão, ela é...

– Dourada. – Lysandre completa sua frase sendo direto, isto que causa curiosidade a nos dois. Por um momento fiquei decepcionada com a notícia, certamente que é inevitável, porém, chegamos a este ponto para nada?

Lysandre não demonstra reação, sinto que adoraria ver seu rosto neste momento, de frente a expressão surpresa do loiro.

– Como? Nem aluno você é. Como sabe sobre a chave? E... – Nathaniel estende sua mão levando ao ombro largo do albino a sua frente, interrompendo seu caminhar.

– Não me parece surpreso com a ausência dela. – Por fim, completa sua frase.

– Eu sei muito bem onde está a chave. Desde do início não cogitei em contar com sua ajuda. E em meios aos imprevistos você se mostrou útil, sendo assim teria de pegar a chave emprestado por minha conta, então... – Suas bochechas coraram, não muito orgulhoso em confessar. – Fiz isto com antecedência.

Neste momento ele procura em seu bolso do sobretudo um pequeno objeto, mostrando a seguir em sua mão, a chave.

– C-Como?! – Por mais que seu tom fosse de surpresa, sua voz não se elevou. Seu rosto parecia queimar, arrisco em dizer que ele não sentiria raiva do albino, porém, a situação surpreendeu até a mim, junto com uma imensa vontade de rir.

– Não ria... – Nathaniel disse incomodado com a graça repentina.

– Não chore. – Não pude deixar de sorrir pegando em sua mão para continuarmos a caminhar, penso em dizer, porém, me limito apenas em lembrar do perigo que é confiar ao Lysandre algo que não estivesse preso ao ser corpo.

– Me surpreende você não tê-la perdido... – Nath sussurrou resmungando como uma criança, as chaves não estavam mais em sua mão, como se tirasse seu doce.

Estávamos agora diante da escada esta que a pouco tive de me esconder, porém agora nenhum barulho vinha do andar de cima.

– Nath... – Chamo-o.

Ele olhou para mim enquanto subimos degrau, por degrau, lado a lado.

– Como é o seu pai?

– A-Aah... você se lembra dele não? – O sorriso sumiu de seu rosto neste momento. Receio em ter dito algo que não deveria. – Não nos falamos muito, tive de sair da casa em que nasci por isso, vejo agora que nunca fui tão de bem com tudo.

– Não sente falta? – Pergunto.

– Das brigas e jantares arruinados você diz? Não, e temo em responder por ele também.

– Eu sinto falta da minha família... – Após ter dito isto, Lysandre voltou sua atenção a mim, prestando atenção em minhas palavras.

– Mas este é o proposito não? A saudades... isso significa que essas pessoas são importantes para nós. – Ouso a voz calma e doce do Lysandre desabafar. Suas palavras não saem da minha mente.

Chegamos finalmente no segundo andar, e com isso fez subir uma pergunta em minha mente.

– O porão não deveria ficar no primeiro andar?

– Sim, porém, a entrada foi destruída. Se lembra da parede ocultada mais cedo?

Com sua resposta decido-me prestar mais atenção ao meu redor.... Porém...

– “ Ele estava quase colado comigo! Quem iria olhar para o lado? ” – Penso tentando afastar esses pensamentos.

Passamos pelas poucas portas do largo corredor até irmos até o final, onde há uma passagem dita como proibida. Pergunto-me o porquê.

– Nunca veio em minha mente como seria andar por estes corredores sem o barulho, as conversas dos alunos. – Diz o Representante sobre o profundo silencio presente entre nós. Nossas vozes por mais que fossem ditas como sussurros tinham um volume alto, fazendo-me pensar que poderíamos ser ouvidos por mais alguém.

– É relaxante. – Lysandre o responde mantendo-se na nossa frente, fazendo de nós apenas sombras, o seguindo. Me pergunto se devo acreditar em sua fala, se não há algo que eu deveria saber sobre ele, sua grande diferença entre as pessoas que já pude conhecer, não a como compara-lo a pessoas que formam uma multidão, certamente que pessoas assim não seria de seu interesse.

E por um impulso que mal posso explicar o porquê, me ponho juntamente a ele dando um passo à frente e seguro em sua mão o impedindo de abra a porta, mesmo estando de costas para o albino. Isto que o faz virar tendo seu olhar sobre meu rosto, perdendo o foco de seu futuro ato. Estou me encanto pelos seus olhos, porém, estes não me conhecem ainda.

– Agatha... – Por mais que esta não seja a hora, não pude deixar de ouvir o quão diferente sua voz venho até mim, fazendo com que meu corpo responda. – Algo a incomoda?

– Você está frio... – Sussurro para que apenas ele possa ouvir e vejo suas unhas segurar em minha mão, não com força, sua intenção nunca seria de machucar-me. – Está calado...

– E você com medo.

– Não... – Isto fui a única coisa que pude responder, o alto barulho do relógio veio até nos. Ocorreu-me que já era mais de meia noite, e eu permanecia aqui, acompanhada de dois garotos.

– Acho melhor nos apressarmos. – Nathaniel se manifesta trazendo-me de volta a realidade e no momento em que me mexo indo me soltar de sua mão sinto Lysandre empurrar-me contra seu corpo, sem usar sua força, apenas para aproximar meu corpo do seu.

“Não minta mim”

– Sim. – Lysandre responde com seu tom habitual, serio pegando novamente a chave, esta que parece refletir ouro.

– Preferi que o acompanhamos? – Nathaniel pergunta.

– Preferia que permanecem aqui, não pretendo demorar. – Neste momento não pude acreditar em suas palavras.

– Como? – Digo olhando-o sem acreditar no que foi dito pelo mesmo.

– Agatha...

– Não! Acompanhamos você até aqui! Como assim não podemos ir?

– Você não pode! – Sua voz deu mais ênfase ao “ Você”.

– ....

Arregalo meus olhos e por impulso afastando-me. Seu tom foi alto como se um trovão estivesse diante a nossa conversa.

Sinto a mão do Nathaniel segurar em meu braço acenando para que não responda e viro meu rosto negando-me a olhar novamente para o albino. Não me importo se ele estaria olhando para mim ou, ... se friamente já tomou seu rumo.

Após me distanciar o máximo que posso, sento-me encostada em uma das portas deste corredor, sem olhar. Ou muito menos me importar com o frio do chão em contado com minha pele, esta pálida. Sua mão estava fria, e posso me lembrar de seu toque mesmo agora....

Olho-o estendendo minha mão, e fechando rapidamente antes que uma lagrima caísse sobre minha pele.

– Agatha...

Não respondo ao seu chamado.

Até que vejo-o se sentar ao meu lado suspirando pesadamente.

– É solitário. – Ele diz olhando para a janela do outro lado do corredor, a chuva se mostra calma e serena, fazendo com que cada gota escorra sobre o vidro.

– Hum? – Levanto meu rosto olhando-o.

– A noite sempre foi solitária para mim, e se me perguntasse... e responderia que sinto medo.

– De ficar sozinho? – Indago.

– De não amanhecer...

Seus cabelos loiros caem sobre seu rosto em fios rebeldes por estarem bagunçados. Dourados como seus olhos carregam consigo um brilho, sim... posso ver algo agora, que não importa a cor, mais sim o que ela reflete. Neste caso, posso ver sua bondade, seu desejo.

– Meus pais. – Começo a frase vendo que ele presta toda sua atenção. – Eles se foram numa noite como essa....

Estendo minha mão diante ao nada, nunca poderei alcança-los novamente.

– Eu sinto muito... – E antes que ele prossiga o interrompo.

– O que queria me dizer no corredor? – Lembro-me de sua frase incompleta.

– Ah, isso? – O sorriso se alarga em seu rosto a pouco melancólico. – Que eu tenho medo de perde-la também.

Não sei precisamente o que responder e deito minha cabeça sobre seu ombro apoiando-me, não precisamos de palavras. Sinto como se este momento fosse apenas “ Nosso “ E que nada mudaria.

– Você veio aqui pelo diretor. – Ele quebra o silencio ainda deixando que eu permaneça de olhos fechados sobre seu ombro.

– Mas não pude me encontrar com ele. – Digo.

– Mas... estamos sentados. – Ele diz corando. - Na porta da sala do Diretor, e sabe, eu tenho as chaves.

Demoro para compreender, porém, me levanto num pulo deixando o Loiro confuso ainda ao chão.

– É claro! – Olho agora para o nome escrito na grande e chamativa placa na porta. – Eu... – Minhas pernas, percebo somente agora o quão é difícil permanecer de pé. E como se fosse chorar abaixo minha cabeça deixando com que meu cabelo cai sobre meu rosto, ocultando. O vento frio da noite vem até mim, como o sopro da morte e antes que eu possa pensar em algo a porta a minha frente já esta aberta, revelando um belo escritório, o tapete que piso parece ser caro, seus bordados infetam o ambiente e grandes pilhas de papeis sobre a única mesa do cômodo parecem organizadas minuciosamente. Algo a se esperar de uma pessoa como o Nathaniel.

O branco se encaixa perfeitamente com o preto dos moveis, um quadro grande se encontra na parede, junto a muitos prêmios, diplomas de honra ou coisas do tipo.... Me pergunto como uma pessoa assim poderia ter alguma ligação comigo, ou com minha família, são mundos tão distantes e paralelos.

– Não me sinto certo vindo aqui. – Nath observa tudo a sua volta balançando nervosamente as chaves em sua mão.

– Queria saber o que procurar... – Caminho para perto de um móvel alto e em perfeito estado. Não a ferrugem ou coisa do tipo no armário de metal contendo fichas de alunos... há uma fileira apenas para ex alunos.

– Aposto que todas minhas ocorrências estão em algum lugar por aqui... – Nathaniel confessa em desgosto.

– Você? Q-quer dizer ocorrências de você? – Não posso deixar de rir apenas por pensar.

– Fico feliz em não me juntar a lista de alunos expulsos.

No momento em que ele fala isso minha curiosidade aumenta e acabo por abrir a gaveta que a pouco observava e passo sem muito interesse meus dedos vendo a variedade de nomes, os masculinos tem sem sombra de dúvidas uma quantidade maior. Porém apenas um chama-me atenção e acabo por pegar a pasta a separando de todas, e com este ato acabo por derrubar uma das pastas arquivadas junto a ela, caiando sobre o tapete ficando em meus pés. Sem que dou importância. No momento em que a tenho em minhas mãos vejo claramente o nome posto nela.

– Achou algo? – O loiro pergunta vendo meu silencio após o derrubar de folhes sobre meus pés, não podemos deixar pistas falando que alguém esteve aqui... Porém... Isto nem passou pela minha cabeça.

– Lysandre... – Sussurro tendo meus olhos arregalados.

– O que disse?

– O Lysandre era um dos alunos! – Tampo minha boca surpresa, porém, não por esta notícia, mas sim, porquê no arquivo costa que o motivo foi abandono precisamente no segundo ano do terceiro grau. Não me espanta que ele saiba tanto sobre esta escola, todavia isto faz quatro anos.

– Ele já chegou a lhe dizer sua idade? – Nathaniel se encontra no mesmo estado que eu. E neste momento entrego-o o documento sentindo como se não pudesse mais segurar.

– Você e-está bem?

Respondo afirmativamente apenas movendo minha cabeça e abaixo-me para recolher os papeis soltos e já fora da ordem, que a pouco deixei cair. Minhas mãos tremem, entretanto, continuo a ignorar isso até que ao pegar em um do papeis vejo o único que sobrou jogado ao chão.

– Mason? O filho do diretor? ... – Pego verificando nos papeis já em minhas mãos e me deparo com sua foto.

Seu rosto está melancólico, junto a sua pele pálida com os fios negros, igualmente da cor de seus belos olhos.

“ Castiel Mason “


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixe nos comentarios o que esta achando da historia! Aceito conselhos e tento responder a pergunta que for?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Secrets" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.