Dois mundos, Dois corações, Uma espécie escrita por Tomoyo-chan


Capítulo 3
Capítulo 3 - A criança demônio


Notas iniciais do capítulo

Pois é... Vamos a mais um capítulo!
Obrigada por terem acompanhado até aqui! Esse já é o penúltimo capítulo! ^^
Espero que gostem! Divirtam-se... ou nem tanto...



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O dia seguinte chegou, o sol do meio dia estava a pino. O mal tratado Reino dos Demônios exalava toda sua precariedade. Árvores sem folhas, rios sem água, plantações sem mudas. Tudo. Em completa desordem. Desde as estações do ano até a sanidade de seus habitantes. Em todos os lados, a mesma precariedade, a mesma... Falta de vida. Barracões, que se assemelhavam a casas estavam espalhados por toda a parte.

Havia apenas um detalhe que se poderia chamar de vida ali. Esse detalhe era dividido em vários pedacinhos espalhados pelo reino. Alguns se juntavam, outros apenas se movimentavam com velocidade e outros apenas apreciavam a beleza que ninguém mais enxergava. Esses fragmentos de detalhe eram crianças. Sorridentes. Despertas. Vivas. Apenas quando crescessem conseguiriam perceber o quanto aquele lugar era desolador. Até lá era bom que aproveitassem e que conseguissem, pelo menos um pouco, reavivar aquela terra.

Era tudo isso que Gaara via e sentia, sentado em uma das muitas dunas de areia que havia pela região olhando o panorama do Reino dos Demônios, dali, conseguia ver também o bosque e a claridade do Reino dos Anjos ao fundo. E permanecia quieto. Permanecia pensativo.

– Eeeei, irmãaao! – uma criança ao seu lado estava tentando chamar a sua atenção havia algum tempo, só depois daquele grito, Gaara se virou para ouvi-la – O que você tanto pensa, heim? Por que tem que ir todas as tardes naquele bosque? O que tem nele?

Querendo ou não, sempre que uma criança era criada, um demônio mais velho lhe explicava sobre a vida naquele reino, por isso, elas os chamavam de irmão. A escolha de irmão era aleatória e o demônio escolhido deveria cuidar até que se tornassem jovens e autossuficientes. Gaara fora escolhido e tentava ter toda a paciência do mundo com aquele pequeno fragmento de detalhe que agora já completara seis meses de vida.

– Tem um anjo, Kankurou! Eu já te disse!

– Deixa eu ir com vocêeeee! Eu também quero ver um anjo! Deixa vaaaai! Você disse que ia deixar eu ir com você da última vez! – fazia birra o cabelo castanho escuro.

Gaara suspirou. Não é que não queria leva-lo para conhecer Hinata. Seria muito bom que isso acontecesse, afinal, queria saber a reação dela e queria saber se aquela criança, com olhos inocentes, veria com muito mais facilidade a bondade que existia nela do que ele viu. Queria saber se Kankurou, conseguiria distingui-la de um demônio. Eram iguais, não eram?

– Ok, vamos ver o que acontece então. Você vai comigo hoje!

– Obaaa!!!

– Mas é segredo! Você nunca contou nada do que eu digo pra você sobre o bosque para ninguém, não é?

– Nãaao! – balançou a cabeça com uma expressão séria – Nunquinha! – Gaara gargalhou, seguido por Kankurou.

Realmente, muitas coisas haviam mudado depois da primeira vez que Gaara encontrou Hinata. Aprendera a sorrir, rir, contar piadas... a ver a vida com um pouco mais de graça. Era como se fosse uma criança novamente. Talvez essa fosse a melhor definição: sentia-se como um fragmento de detalhe. Sentia-se.... vivo.

Muita coisa havia mudado. Gaara desviou seu olhar da cidade e observou atrás de si. Uma paisagem totalmente diferente do Reino dos Demônios, um jardim de lírios brancos florescia ali. Ele não sabia explicar como surgira. Mas gostava de pensar que aquele jardim teve início quando conheceu Hinata pela primeira vez, porque, foi no dia seguinte ao primeiro encontro que a primeira muda de planta houvera nascido. No segundo encontro, no dia seguinte, a segunda planta... E assim consecutivamente. “A quantidade de mudas aqui, é a quantidade de vezes que nos falamos”, gostava de pensar assim. Naquele jardim, sim, era possível distinguir em qual época do ano estavam: final da primavera, começo do outono, as pétalas do lírio branco já começavam a voar com o vento.

– Vamos então? – Gaara se levantou e estendeu a mão que rapidamente fora aceita por Kankurou.

– Siiiiim! – Kankurou era um fragmento de detalhe extremamente alegre e vivo.

Caminharam, em silêncio, por toda a extensão da cidade, passando por demônios e mais demônios. Todos com o semblante fechado, exceto aqueles que tinham uma criança para cuidar. Aquela era a maior prova de como as crianças despertavam sentimentos bons nos demônios.

Mas o olhar atento sempre era necessário, nunca se sabia quando um demônio te atacaria. Era insano. Era o que a fome fazia e nada se podia fazer contra. Nada naquele dia aconteceu, porém. A tranquilidade permanecera intacta até Gaara e Kankurou chegarem em frente ao bosque.

– Está pronto? – Gaara olhou para a criança ao seu lado.

Não havia perigo de serem seguidos, ninguém jamais entrava no bosque, por medo do que encontrariam lá dentro. E Kankurou, mesmo sendo jovem, também sentiu percorrer por sua espinha um arrepio. Era de sua natureza. Não tinha como evitar, mas tinha que vencer se quisesse ver um anjo pela primeira vez. Respirou fundo e respondeu:

– Sim! Vamos! – e começaram a andar pelo bosque, em linha reta.

Não em silêncio, pois Kankurou tinha muitas curiosidades que queria sanar antes de conhecer o tal anjo. E Gaara respondeu a todas elas com tranquilidade. No passado, antes de conhecer Hinata, Gaara não teria respondido a nenhuma pergunta de Kankurou, teria apenas se fingido de surdo e Kankurou desistiria de falar com ele.

Chegaram a margem do rio e Hinata já esperava por Gaara. Mas o aparecimento de outro demônio junto a Gaara fez Hinata se assustar e dar um passo para trás, mesmo Kankurou não representando ameaça nenhuma, mesmo com o olhar inocente.

– Uaaaaau! Então você é a Anjo que o irmão fala tanto? – Kankurou estava maravilhado se desvencilhando das mãos de Gaara e correndo para até a metade do rio – Como você é bonita! – estendeu a mão e deu passos até o encontro da mão de Hinata.

O olhar assustado de Hinata permanecia. Um terror desmedido que Gaara nunca houvera visto antes, mas que o estava mantendo em alerta caso algo saísse errado, estava em posição de corrida caso ela tentasse fazer algo fora do comum.

Kankurou não via essas mudanças de personalidade, apenas tentava alcançar a mão de Hinata. Ele queria toca-la apenas porque a achava bonita. Porque estava intrigado com aquele ser diferente e ao mesmo tempo tão igual a ele. Hinata continuava a dar passos para trás a medida que Kankurou se aproximava mais e mais. Até que, quando ele estava prestes a pisar em terra firme, do outro lado da margem do rio, Hinata deu um salto para trás;

– NÃO SE APROXIME DE MIM! – gritou e seu desespero era tamanho, o terror estampado em seus olhos era tanto que, num ímpeto, Hinata lançou sobre Kankurou um de seus poderes, uma rajada de ar cortante, tão forte que era capaz de matar aquele pequeno ser.

Um grito dilacerante foi ouvido e o sangue jorrou. A límpida água do rio foi tingida. Tingida de vermelho. E aquela mistura de água e sangue também levava consigo lágrimas...


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Notas finais do capítulo

E então? O que será que aconteceu? O que acharam? :X
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