Nadie dijo que sería fácil escrita por Miss Addams


Capítulo 27
Vinte e sete


Notas iniciais do capítulo

Para este capítulo temos a música Para dar o seu nome, da banda brasileira 5 a seco, sou suspeita adoro essa banda. Aqui está o vídeo com a música: https://www.youtube.com/watch?v=dD6MedpQykI

Lets go!



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Poncho

Deixa pra lá que de nada adianta esse papo de agora não dá, que eu te quero é agora e não posso e nem vou te esperar que esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós dois

Ontem eu pensei seriamente em aceitar suas vírgulas, se você não encucar com minhas reticências. Quem sabe assim a gente permaneça cada dia mais perto e tão longe de um ponto final.

Gabito Nunes.

O que fazer quando você esta numa competição, não qualquer uma, aquela que está em jogo nada menos que sua felicidade, que tardou tanto para aparecer, porém mesmo que você conseguisse vê-la, não necessariamente significava que seria fácil tê-la.

Minha felicidade muitas vezes eu imaginava como uma criança travessa, das que não se cansam nunca e que adora brincar, no caso comigo, minha felicidade adorava brincar de esconder. E passei minha vida inteira, a procurando, quando a achava não demorava muito para eu piscar. E se tratando de uma criança piscar pode significar o início de outra brincadeira de esconder e procurar.

Minha criança travessa estava ligada ao amor, e meu amor estava ligado a Dulce.

Que desde que voltou conseguiu desestruturar tudo que anos ficaram na mesma monotonia, veio Dominique, com seu jeito que me conquistou desde o primeiro instante, impossível não se derreter. Veio Antônio que foi além de um trabalho, era uma identidade que assumi para poder tocar o coração de Dulce, usei da ficção para mudar a realidade, usei Antônio para tocar, beijar, abraçar Dulce.

E por ele estamos aqui hoje, na competição que mencionei, tinha torcida contra e ao meu favor, essa torcida tinha ou não o poder de interferir na competição, e mesmo essa intromissão tinha limite, só quem pode mudar final do jogo, são os competidores, no caso eu. Chegou o momento, a hora da verdade, aquele que você mostrará o melhor de si, e vai encontrar a criança travessa, chamada felicidade, o amor de sabor contraditoriamente amargo, muitas vezes, apesar do nome Dulce.

Várias vozes daquela que seria torcida, a favor ou contra, vieram na minha cabeça, eu estava colocando tudo numa balança, as que eram ao meu favor se sobreporão ou gostaria que fosse assim por que precisava de auto estima para sair daquele bar.

Terminei minha cerveja e me levantei daquele sofá, passando por eles que estavam no balcão perto da saída que eu passei. Torres e Dulce, conversando sobre algo que nem chuto pensar, estava tão absorvido com os meus pensamentos. Acabou nossas gravações e estávamos naquele bar para comemorar, a reta final da novela.

Lá fora uma ventania me recepcionou e eu não parei continuei a andar, por que eu queria voltar a aquele lugar. Algo que contava ao meu favor era o fato de conhecê-la bem ao ponto, de saber e ver ela me seguir e se aproximar, sentando do meu lado no banco gelado.

Havia neve e frio por todo quanto. Ficamos em silêncio naquela noite gelada de Nova York, o céu estava escuro, não havia estrelas e a Lua estava coberta por nuvens, e fria, muito fria. Fechei os olhos, relembrando as cenas que gravamos aqui de dia.

:- Sente o dejavu? – Perguntei para ela depois de um bom tempo em silêncio e olhando para a noite, que não tinha resposta para nenhuma das minhas perguntas.

:- Como? - Demorou para ela falar, estava mergulhada em pensamentos também.

:- Saímos de nosso país para vir gravar em outro, num lugar frio. – comentei olhando para ela que tinha o nariz vermelho por conta do vento gelado. – Da outra vez, fomos ao Canadá, agora estamos em Nova York, no inverno.

Ela não falou nada do meu comentário e ficou me olhando, parecia esperar algo.

:- Eu vim até aqui fora para conversar com você. – encarei seu olhar.

:- Te segui até aqui, para temos essa conversa. – ela me devolveu, parecia querer atitudes com o olhar, e com o meu olhar só queria ela.

:- Não adiantou de nada termos conversado anos atrás hoje estamos aqui de novo conversando e para decidir nossas vidas. Dulce, eu estou aqui de coração aberto para você serei sincero nas minhas palavras. – Ela assentiu, virando o corpo sentado para onde estava o meu.

:- Por que não daria certo? – perguntei para ela direto.

:- Qual é a diferença entre amor e paixão? – ela me devolveu outra pergunta e me fez pensar.

Qual era a diferença entre amor e paixão? Fiz mentalmente essa pergunta, e desviei o seu olhar perdendo o meu foco que era ela. Pensando na resposta que ela queria de mim.

Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor. Paixão. Amor.

As duas palavras estavam na minha cabeça e fui tomado por lembranças à medida que pensava na resposta para ela.

...

Fiquei estático diante das duas, tudo bem que eu sabia que existia a possibilidade de encontrá-la hoje aqui. Mas, não espera que fosse tão cedo e ainda mais com a filha dela junto.

Pude reparar na menina que me olhava curiosa, os olhos azuis eram mais fascinantes ainda quando enxergávamos de perto.

:- Poncho. – Ouvi sua voz que foi dirigia a mim. Suspirei quanto tempo isso não acontecia, quanto tempo eu desejei que isso acontecesse.

:- Oi. – Consegui sorrir fechado e nervoso coloquei as mãos na calça, na cintura limpando disfarçadamente o suor que veio nas mãos como um menino, que eu já não era mais.

:- Oi. – Ela me respondeu rindo sem graça, e pude notar a diferença desde a última vez que a vi. Algumas marcas rosto que antes não existiam, mas os mesmos olhos expressivos de sempre, ainda bem que expressividade foi características que passou para sua menina.

...

:- Thierry. – foi minha resposta que ela me deu.

:- O que? – perguntei confuso, sem realmente entender nada.

:- O pai de Dominique, está na França e se chama Thierry.– Ela foi me contando e eu sentia meu coração bater mais rápido sentindo a adrenalina do momento, não consegui conter minha frustração por um momento. – Thierry Fontaine Muller. – Concluiu.

:- Eu.. – tentei me explicar. – Não tem problemas. – escutei ela falar, mas passou de um ouvido por outro, eu tinha que me explicar.

:- Eu pensei que por um momento ela.. pudesse... Sabe? – continuei falando por que eu precisava, ela podia não entender, mas era importante para mim. – Ser minha filha, não usamos camisinha a última vez que passamos a noite juntos e você viajou sem mais nem menos e quando volta com uma filha. Por mais que ela não se parecesse comigo...

...

:- Dulce. – ofeguei. – Se acalma. Se concentra na cena, se concentra em mim. – Eu consegui falar sentindo a responsabilidade eu que comandava a cena, era o guia, mas queria me repreender por não ser tão profissional. Eu falava em voz alta muito mais para mim. Do que para ela, devia está mais nervoso que ela. Eu sentia isso nas reações do meu corpo tão próximo ao dela, no suor que tomava conta de tudo.

Era uma cena importante tínhamos que nos concentrar, e respirei fundo para tentar me recuperar, por que eu me perdia tão fácil quando estava perto dela? Com os olhos fechados para esconder meus sentimentos, eu guiava minha mão tentando esconder minhas reações, entrei com a mão por dentro de sua blusa e quando sua pele entrou em contato com a minha eu não consegui mais resistir.

A Beijei.

...

Estava sendo contagiado por uma energia muito forte e poderosa, eu sabia que era felicidade por ela não ter fugido do meu beijo. Ao contrário ela prontamente se entregou.

Ela sentia o mesmo que eu, e demonstrava no beijo que dávamos, aquela foi minha certeza que eu estava no caminho certo, e do quanto eu fui burro de não ter visto esse caminho antes ou até mesmo ignorado. Naquele beijo eu busquei forças para seguir adiante, com aquele beijo eu tocava o seu coração, assim como ela descongelava a solidão do meu.

...

:- O que foi? – parando de caminhar perguntei para ela. Senti um pouco a perna que estava dolorida ainda.

:- Tem um grupo de paparazzi ali. – ela falou olhando para um lugar do outro lado da rua, onde justamente tínhamos que passar para ir até o meu carro.

:- E vamos ficar aqui parados esperando eles irem embora?

:- Mas... – ela parou de falar depois de me ver a encarando, ela sabia o que comentaria, olhou de volta o grupo de homens.

:- Se a gente for ficar esperando podíamos sentar né? Minha perna dói. – eu reclamei, e deixei nas mãos dela, o que ela decidisse eu faria.

:- Vamos! – Disse firme, e eu escondi um sorriso por que apesar da firmeza ela não estava tão certa.

Parei-a e arrumei seu cabelo num coque falso, escondi o máximo que pude o seu cabelo vermelho tingido dentro da toca que usava, arrumei seus óculos. Também coloquei minha toca e de mãos dadas atravessamos a rua, indo em direção ao meu carro.

Eu não tinha mais certeza se o disfarce serviria se eles já tinham nos visto ou não, mas depois que passamos por eles e que não fizeram nada, apenas caminhamos para o carro. Os paparazzi estavam ali por outra pessoa, não para flagrar dois integrantes de um grupo juvenil, onde a garota foi acompanhar o garoto na última sessão para finalizar sua tatuagem.

Onde eles estavam começando um namoro mais amadurecido, que nem por isso precisava ser assumido para o mundo inteiro.

...

Ela tinha lágrimas nos olhos e só isso me partiu o coração, fiz uma cara e abri os braços como muitas vezes fazia, e como sempre ela veio e nos abraçamos forte apertado, com o medo da perda.

Eu fechei os olhos e senti seu perfume, assim como quando dançamos em cima do palco enquanto nos despedíamos do público, escutei um ruído estranho que veio dela e apertei-a mais nos meus braços, no meu abraço. Por não saber qualquer outra forma melhor de reconfortá-la, e mesmo estando tão perdido quanto ela, eu só queria deixá-la bem.

Ficamos muito tempo naquele abraço, tentando fugir ou criar uma barreira para o clima de despedida que nos rondava desde que começou e acabou o nosso último show como banda.

Teve o momento que ela se separou o suficiente para que pudesse me olhar nos olhos e eu a olhei também, com o olhar ela me perguntou o que seria daqui para frente? Eu queria naquele momento ter uma resposta para essa pergunta, porém eu não sabia. Dei os ombros. E puxando delicado ela para o meu peito de novo, para que além de confortá-la pudesse guarda aquele momento nosso em mim.

Eu viajaria para a Venezuela e ela para o México, nos separaríamos.

...

Tudo o que eu fazia era chorar, só sabia fazer isso, enquanto sentia sua mão vagando por minhas costas. Um filme feito de lembranças passava em minha cabeça e eu não conseguia acreditar, por que aquilo não poderia ser possível. Irreal.

Não fazia pouco tempo que eu tinha falado com ela por telefone e estava tão feliz, brincamos e até tínhamos combinado de que na minha folga nos veríamos. E de um instante a outro tudo isso não vai ser realizar, num instante para outro recebo uma ligação e fico sabendo de sua morte. Num instante para outro, estou no meu quarto de hotel depois de um show com Dulce me acalmando, me fazendo companhia, ela me ninava como tanto zelo que me trazia paz.

Mesmo que era a escuridão que me cercava, ela me dizia que eu podia chorar tudo que eu precisasse por que ela estaria ali comigo. E mesmo depois de toda minha crise quando Virgínia ainda estava na minha mente, uma voz me sussurrava, Dulce está com você, está te consolando, vendo você chorar por outra mulher e mesmo assim segurando sua barra. Ela está engolindo o orgulho e por amor a você está aqui.

Sonolento abri meus os olhos e realmente ela estava ali me cuidando, tinha uma carícia suave, nos meus cabelos ou nas costas, foi abraçado a ela que eu consegui dormi aquela noite.

...

:- Corta!

A voz vinha vem de longe quase não a escutava.

:- Corta!! Corta! – Escutei agora mais claro, e o beijo parou.

Não por mim. Por ela, Dulce encerrou o beijo e só então eu abri os olhos, e a voz de Pedro voltou a ficar longe, estava admirado olhando Dulce, que estava deitada me olhava com um sorriso torto, a boca manchada de batom vermelho, assim como a minha, O cabelo bagunçado por que eu não me contentava apenas beija-la e tinha que tocá-la também.

:- Escutou Poncho?

:- O que? – arregalei os olhos voltando para a realidade, olhei para Pedro, e escutei Dulce rir de mim.

:- Vamos continuar a cena agora e ela começa com um selinho, ok? – Ele me olhava com uma cara estranha, mas não me importei estava tão distante.

Voltei a olhar Dulce e de novo entrei numa bolha, era assim quando estávamos a sós, na presença dos outros.

Sabia que a cena começaria com um selinho como continuação do beijo que dávamos visualmente, mas eu não me contive beijei ela de novo que logo me cortou, me mostrando que tínhamos que continuar a cena.

:- Perdoname, Juan David, perdoname. – disse num fôlego.

...

:- Y en este mundo tan raro, se van de la mano. – vi eles dando as mãos. - uniendo caminos dos enamorados. – E terminaram de cantar juntos, um de frente para o outro.

A canção era bonita e a apresentação deles também foi, olhei para o público que nos acompanhava e sorri. Era algo novo para mim.

Está num palco e cantando. Imagine. Era um desafio só que ao mesmo tempo era divertido. Pedro estava gostando da ideia de ter uma banda junto com a novela, Clase 406.

Tudo isso era novo para mim. Está atuando numa novela, está numa banda cantando viajar para algumas cidades do México para ser apresentar, viver com papai aqui na capital. E namorar uma garota encantadora, que por sinal estava vindo na minha direção com um sorriso que me fazia tremer.

Afinal de contas tem como melhorar?

...

:- E você namora? – Perguntei impulsivo, mas curioso para saber a resposta.

:- Sim. – Ela desviou o olhar pela primeira vez na conversa, estava o intervalo todo conversando sem parar. – Desde os 11. – ela soltou um riso sem graça e eu arregalei os olhos surpreso, não esperava essa resposta.

:- Nossa é muito tempo. – comentei, voltando a tomar minha Coca.

:- Eu fiz parte de uma banda e ele também, um namoro desde criança. – Me explicou.

:- Sei aquele primeiro amor da infância. Como ele chama?

:- Daniel.

:- Hm. – Eu perguntei mais por educação, na realidade eu fiquei extremamente incomodado com essa conversa que eu mesmo puxei.

:- E você namora? – Me perguntou arrumando na cintura, o terno que fazia parte do nosso uniforme escolar, na ficção.

Pensei em Virgínia e em como estávamos, e foi minha vez de desviar o olhar.

:- Sim. Vai fazer um ano.

:- Você demorou para responder. – ela me virou a cabeça totalmente para onde eu estava, como se me analisasse.

:- Brigamos da última vez que nos falamos por telefone. – fiz careta me lembrando da discussão. – Muito trabalho e pouco tempo para o namoro. – dei os ombros ela devia entender melhor do que eu esse lance de rotina e conciliação de tudo.

Ela estava mexendo numa mecha do seu cabelo enquanto me olhava e fez uma cara de que entendia pelo o que eu estava passando, mas logo ela mudou desse assunto e fiquei aliviado não só pela conversa fluir como antes, mas por estranhar esse incomodo de falar sobre meu namoro com ela.

...

:- Paixão é um capricho. Amor é todo um universo. – disse à primeira frase que me veio à cabeça, depois das lembranças com ela e sentindo os dois sentimentos correndo por minhas veias. - Paixão é o meu trabalho, Amor minha família, Paixão é viajar, Amor é viver. Paixão são mulheres, Amor é você. – admiti. – Amar você é se machucar e querer isso, amar você é se irritar com seus defeitos e mesmo assim amá-los, amar você é difícil, se apaixonar por você é tão fácil. – eu fiz uma careta por que parecia que estava conversando comigo mesmo, que ela não tivesse ali.

Mas, estava e isso que me deixava tão nervoso.

:- Que ainda amo você depois de todos esses anos que passaram, que eu me apaixonei por você de novo. – olhei para frente – Só que mesmo com os sentimentos, os conflitos também não mudaram, que nossas personalidades ainda são complementares e opostas, que vamos nos machucar em algum momento, de alguma forma. Que vamos querer nos afastar quando o que precisamos é está juntos. Por que o fantasma do não é para ser, ainda é apavorante?

:- Eu não sei. – me virei a tempo para vê-la, talvez por está sendo sincero com ela eu sentia mais frio, só que me dava calafrios mesmo é saber que ela poderia dizer não e fugir de nós dois mais uma vez.

:- Eu amo você. – Ela falou sem mais nem menos como se fosse à resposta para suas perguntas como se fosse a esperança que deveríamos nos apegar, e não me arrepiei por conta de outra ventania que passou e sim por sua declaração certeira, e verdadeira eu via nos seus olhos.

Fez meu coração bater mais rápido que o normal, ela estava ali de coração aberto assim como eu, me dando a oportunidade, eu só precisava convencê-la a acreditar mais uma vez em nós dois.

:- E você é o único homem que eu ainda falo isso, primeiro. – eu sabia que ela fazia isso, só não que ela seguia fazendo, sempre que estava apaixonada deixava o homem falar primeiro que amava, por que queria que quando falasse fosse espontâneo, real. E pensei no que eu disse sobre amor e paixão, eu estava apaixonado por aquela mulher, e mais, eu ainda a amava.

:- Eu ainda te amo também. – respondi a altura e vi nela refletir as mesmas reações sofridas por mim. – Depois de todo esse tempo, isso permanece, não muda, só quando você se aproxima, parece que aumenta mais.

:- Mas, ainda não continua sendo suficiente. Não basta só o amor para nós dois. – Sua declaração me fez fraquejar. Desnorteado eu voltei à competição, ainda não desistiria.

:- Pois deveria, mesmo assim eu te lembro que não importa o que façamos, vamos cair um nos braços do outro, cedo ou tarde a minha história vai contar a sua, e não podemos fazer nada para impedir isso. Vai esperar que já não tenhamos idade para construir uma vida juntos?

:- O que quer dizer, com isso? – ela me olhou confusa de verdade.

:- Que somos parte de um ciclo. Que sempre vamos fazer parte da vida um do outro, que o destino manda na nossa vida, fazendo com que nos encontremos e nos reencontremos quantas vezes for necessário, que ele é contraditório por mostrar que não vai dar certo, e mesmo assim ele nos põem um na vida do outro, que outro sinal?

Ela não me respondeu e ficou me encarando.

:- O tempo não passa para o amor que sentimos um pelo o outro, achamos que colocamos um ponto final em tudo, e vivemos nossas vidas apenas para amadurecemos e nos reencontrarmos, novamente em uma novela, novamente em Televisa, novamente num par romântico, novamente nos braços um do outro. Sempre voltamos à estaca zero e recomeçar faz parte de nós. Por que algo me diz que tenho que reprimir essa vontade de recomeçar com você!

... Running in circles, chasing tails, coming back as we are ...

:- Percebe? Passamos por tantas coisas que hoje quando nada nos impede de ficar juntos, ainda nos anulamos. – olhei para ela tentando entender o porquê daquilo, amar dessa forma doía.

Sem deixar que ela falasse algo, eu me aproximei e beijei sua boca, apenas selando os nossos lábios que grudaram e me afastei.

:- Por que não acreditar, nisso no que você sentiu agora? Nosso relacionamento, não acabou. Foi interrompido.

:- Tenho medo de sofrer, não conseguiria a essa altura da vida passar por outra decepção conosco. Eu não suportaria. – ela sussurrou.

:- Dulce, nunca quis que você sofresse, longe de mim. Mas, por favor dar uma chance, me deixa mostrar que o que falta na sua vida, sou eu. Assim como é você que faz falta na minha. Posso te prometer que tentarei fazer você feliz.

Ela se aproximou se arrastando no banco, tirou a luva da mão direita e com as pontas dos dedos e com elas quentes comparando o clima lá fora, tocou meu rosto, olhando cada parte dele. Parecia admirada, como se há muito tempo não me visse.

:- Como tudo isso é possível? – ela parecia está em outro mundo, falando com ela mesma. - Me perdoa. – ela pediu com uns olhos brilhantes.

:- Te perdoar de que? – fechei os olhos por um instante para logo abri-los, sentindo sua carícia em minha bochecha.

:- Por ser fraca. Por não saber o que fazer por te amar demais, por não ter agido quando me estive com Eduardo, sendo que tudo que queria era está nos seus braços, tudo por medo. Eu sempre tive medo de nós dois.

Neguei com a cabeça em meio a um desespero repentino.

:- Não tem o que perdoar eu também tive medo, eu também fugi, eu fui covarde. – Peguei sua mão e tivemos uma reação, como se tomássemos um choque a sua mão quente e a minha gelada. Opostos complementares.

Passamos mais um tempo em silêncio absorvidos um no outro, eu pegando sua mão, e nos olhando de perto. Tudo continuava tão intenso.

:- Quando eu escutei você conversar com as meninas, eu me senti culpado por achar que não deveria está ali. Mas, a cada palavra e você dizendo que estava apaixonada por mim. Minha vontade era ir até você e me declarar, fazer você largar seu namorado e ficarmos juntos. E fui a sua casa aquela noite.

Quando a revelei abriu os olhos em par, surpresa.

:- Quando desceria do carro, vi o dele chegar, e ele não percebeu minha presença ali. E você abriu a porta, ele logo te beijou, eu não consegui olhar a cena e sai dali, me sentindo um intruso na sua vida, por que você não arriscaria o certo pelo duvidoso.

:- Não sabia que tinha ido até lá. – contou. E me olhando de muito perto, continuou. - Nós brigamos aquela noite, e demos um tempo, ele viajou para o Brasil e vim para as gravações. Eu estava pronta para sair, no momento que ele chegou.

:- Aonde você ia?

:- Atrás do duvidoso. – Ela sorriu me fazendo sorrir também, eu me lembrei de quando a conheci e quando ela sorriu pela primeira vez para mim. – No final das contas me fará mais feliz, do que o certo. Foi ao lado dele que passei os momentos mais felizes da minha vida. – Ela foi se aproximando com o olhar cada vez mais brilhante, e eu coloquei as duas mãos no rosto dela, que não parecia se importar pelas minhas mãos geladas.

:- Isso quer dizer? – perguntei olhando para seus olhos.

:- Que eu quero você. – ela colocou as suas mãos sobre as minhas.

:- Eu não posso te prometer que será fácil, e você sabe que não será, somos muito complicados para a facilidade. E talvez daqui a 1 dia, ou 3 meses, 5 anos, possamos terminar de novo, ou até mesmo em qualquer briga nossa, me lembra de uma coisa?

:- Qual? – ela só sorria pra mim.

:- Para eu não desistir de você, nunca. Abrir mão do que é nosso, está proibido, sobe pena de morte. Vamos fazer um pacto agora, se somos parte de um ciclo, vamos voltar sempre para o começo, para ficar longe do nosso final.

Ela tirou uma das mãos do meu rosto e a cruzou com a sua, selando um pacto.

:- Então sempre vamos recomeçar?

:- Exatamente. – eu tirei minha outra mão de seu rosto e fui me aproximando, roçando minha barba em sua bochecha, descendo em direção ao seu pescoço, afastando o cachecol.

:- Então devemos viajar juntos? – ela perguntou, com a boca no meu ouvido, me fazendo arrepiar. Com a mão livre ela passeava por minhas costas, e mesmo que tivesse bem agasalhado, eu sentia seu toque.

:- Talvez. Para onde? – dei um beijo no pescoço dela, que se encolheu antes de sorrir, e falar no meu ouvido ainda.

:- Viajar para recomeçar... – riu quando eu desviei de seu pescoço para o seu rosto de novo, para encará-la. - ...em Monterrey?

:- Televisa vem antes. – comentei olhando da sua boca para seus olhos.

:- Verdade – ela fez uma careta que a deixou mais linda e depois uma expressão pensativa. - depois tem Cancun, Miami, Canadá, Eslovênia, Chile, Espanha, São Paulo, Rio de Janeiro, - ela se aproximou grudando nossos narizes – Grécia.

E eu sorri antes de roubar o sorriso dela, o fôlego e tudo que eu pudesse. Ela logo colocou uma mão em minha barba e outra mergulhou no cabelo, enquanto eu abraçava sua cintura deixando minha mão nas suas costas, puxando para o encontro com o meu corpo. Abrindo mais a boca para pudesse recebe, Dulce, melhor.

Eu pisei no chão coberto de neve mais forte, imaginando está pisando numa fralda. Fralda de uma criança levada que queria brincar de esconder se aproveitando dos meus olhos fechados, minha felicidade. Dificilmente eu piscaria de novo.

Dulce me fez esquecer por um momento dessa imaginação, puxando mais meu cabelo e aprofundando o beijo, fazendo o gosto do amor na minha boca ficar cada vez mais dulce.

Tudo bem que naquele momento não soubéssemos o que seria daqui para frente, sabíamos que ela ainda estava envolvida com Eduardo, que não tínhamos idéia do que aconteceria concretamente comigo, com ela. Mas, com a mesma certeza de um futuro juntos e do amor que eu sentia por ela, me fez beija-la num corredor de uma emissora.

Eu a beijava agora. Não importava passado, não importava futuro, estávamos vivendo o agora.

Nobody said it was easy, oh it's such a shame for us to part. Nobody said it was easy, no one ever said it would be so hard i'm going back to the start


Escuta, de uma vez, eu poderia dizer que voltamos à estaca zero, mas esta foi cravada no dia que a gente se encontrou. Depois de tirar um pouco os pés do chão, caímos juntos e abraçados num poço escuro e vazio e sem fim. Agora estamos no negativo, a gente simplesmente deve algo um pro outro. E nem vem, não adianta, quem ama o difícil, muito fácil lhe parece. Sei da sua indolência, mas quero tentar mesmo assim, porque já não dá mais pra passar um dia sem que minha história conte um pouco da sua. Cada vez que eu for até sua boca, é um degrau de subida, a gente já foi fundo, fundo demais, não há mais como cair. De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz.

Gabito Nunes.

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Notas finais do capítulo

Música citada no final é a maravilhosa, The Scientist, do Coldplay. Um vídeo com uma versão que gosto muito: https://www.youtube.com/watch?v=CjzhCyeS5YU



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