O Caminho da Expressão escrita por GMarques


Capítulo 5
O Sufoco Em Meio Ao Sangue.


Notas iniciais do capítulo

Por que capítulos tão curtos? Porque eu uni o último, sim, o último capítulo eram dois capítulos. Esse eu não tive com o que unir e creio que ele ficou muuuito curto.
AAAH, já escrevi o capítulo 8, então creio que os capítulos não terão grande intervalo entre um e outro, na verdade postarei novos capítulos todas as QUARTAS-FEIRAS e SÁBADOS de julho, coleguinhas.
Espero que gostem deste capítulo e lembrem-se que a opinião de vocês é muuuuito importante para mim, então comentem, acompanhem, sejam coleguinhas haha



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É, realmente, a pior dor que já senti em toda a minha vida. É quente e doloroso. Sinto meu sangue se derramar em mim. Eu estou cuspindo sangue e me sufocando neste, os homens de jaquetas pretas e cabelos raspados já se foram mas a minha agonia não. Meus sentidos e movimentos estão voltando e eu diria que numa péssima hora, neste sufoco em meio ao sangue.

Eu não consigo respirar direito e tudo à minha volta está virando um imenso borrão do esquecido. Com um olhar ao meu redor vejo a coisa mais horrível em toda a minha vida: pessoas mortas com furos de balas, e se não estão mortas estão como eu, agonizando. Assim como eles, parece que estou com sorte de ter ficado vivo por tanto tempo, ou não.

Onde está Lucas e Helena? Onde!? Mortos? Se estiverem ainda hoje eu me encontro com eles, não nesse mundo. Inferno? Creio que o inferno não seja tão pior comparado a este lugar, e à minha situação neste lugar.

Estou engasgando, e minha blusa está completamente ensopada de sangue. E em meio a uma poça de sangue chego a me lembrar de minha irmã em casa, na nossa pequena fachada da frente, me esperando enquanto observa as estrelas sem sequer imaginar que futuramente ela estará a olhar sem mim por aqui. Nunca mais a verei, não tão cedo, e ela nunca mais me verá. Mas eu não posso! Não posso deixar minha irmã sozinha neste mundo nojento e de desgosto, preciso sair daqui! Preciso!

Me vejo a rastejar pelo chão, entre os corpos cujas almas não estão mais neste mundo. A dor é grande, e é difícil até mesmo rastejar. Tento procurar Helena, quem sabe ache Lucas. Se eles não estiverem mortos, ou num estado pior que o meu, poderão me ajudar. É horrível, não há ninguém vivo, e os que sobraram, estão gravemente feridos, gritando por ajuda enquanto engasgam em seu próprio sangue.

Quando finalmente avisto Helena, ela está encostada no canto da sala, escondida, e com medo. Parece ferida. Não consigo chegar até ela, estou muito fraco, e então, numa tentativa frustrante eu forço minha voz para chamá-la. Mesmo que não saia nada, pelo menos eu tentei.

—He-e-e. —Não consigo, mas mesmo assim não me dou por vencido e tento novamente —He-He-le... —Dessa vez saiu em um tom mais alto, mas mesmo assim foi uma falha.

Helena está muito assustada e nada atenta, em prantos e caindo em lágrimas. Helena é a única que pode me ajudar neste momento. Então eu me esforço e com todas as minhas forças, por mais que sejam poucas, eu grito ou, no mínimo, tento chegar ao mais próximo de um grito:

—Helena! He-hele...

Ela me ouviu.

—Ó meu deus! Marcos!

Ela está vindo, e quando chega ao meu lado, posso ver que ela também foi ferida, mas não por uma arma, ela tentou lutar. Mas como? Todos deveriam estar no efeito da bomba paralítica.

Helena se ajoelha ao meu lado e começa a chorar mais.

—O que fizeram Marcos? O que fizeram?!

—He-Helena, ache o Lucas e procure aju... —Minha frase é cortada por mais um engasgo.

—Eu já achei Marcos. Eu já achei... —Ela está frustrada, muito frustrada. Sua voz falha às vezes e se mistura com o choro.

—E-e-le mo... —Tento perguntar se Lucas morreu, mas não posso. Não consigo.

Helena abaixa a cabeça e me pede que eu não fale muito.

—Você não pode morrer. —Seu choro aumenta.

—He-Helena. Por favor, procure aju... —Outro engasgo.

—Eu já volto Marcos. Eu prometo. —Ela se levanta.

Ela sai correndo, desviando dos corpos mortos no chão e tentando não parar pelas súplicas dos que restaram ainda vivos. E enquanto ela sai a procura de ajuda, tudo que consigo fazer é me manter acordado, no mínimo de olhos abertos. Tento pensar em meu pai e minha mãe, talvez isso me distraia, mas Helena está demorando demais, e eu não consigo manter meus olhos abertos por mais tempos, e por mais que eu me esforce, não consigo mais. Meus olhos estão se fechando, talvez seja a última vez que eu consiga ver este mundo.

Eu estava na escola. Uma bomba explodiu. Meu melhor amigo está morto. Minha melhor amiga está em prantos. Eu estou morrendo. E ninguém aparece para nos ajudar. Meus olhos se fecham. Penso em minha irmã, sentada olhando para as estrelas. E me vejo morto. Mas eu não estou morto. Ainda há muita coisa para acontecer. Não há muita coisa para acontecer?


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Notas finais do capítulo

Aos leitores fantasmas: Eu não mordo, gente. Podem comentar sem medo.



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