Mordo meu sanduiche e bebo meu suco assim que Nessie e Edward entram na cozinha. Ainda estou com a mochila nas costas, cheguei da escola e vim direto para cozinha. Edward me lança um olhar preocupado e eu desvio o olhar perturbado. Meus pensamentos não param de circular em torno de Jacob e Alec. Mas me permito pensar em nada.

   -Max marcou cinema e você vai né Sara? –Renesmee pergunta com um sorriso meigo.

   -Não Nessie! –digo e respiro fundo. –Tenho matéria para colocar em dias.

   -Posso ajudar você depois! –ela me lança um olhar pidão.

     Encaro o chão. Não quero sair, não estou com animo para isso. Depois do que Jacob me falou, estou tão desanimada. Volto meus olhos e encontro Edward olhando para mim, ele está encostado na parede e me observa. Ele acena para mim com a cabeça. Sei que ele está lendo os meus pensamentos e eu o encaro. Odeio a sensação de que alguém pode ler minha mente.

   -Não precisa. –digo e sorrio. –Vão vocês. Sei que estão loucos para ver esse filme!

   -Tem certeza de que não quer ir? –ela pergunta.

   -Tenho sim. –sussurro.

   -Tá bem então! –ela sorri conformada, toma o sanduíche da minha mão e sai da cozinha comendo-o.

    Suspiro aliviada. Às vezes Renesmee é mais irritante que Alice. Arrependo-me de ter pensado nisso assim que escuto uma risada. Edward.

   -Não precisa ficar lendo minha mente o tempo todo Edward! –digo indignada.

   -Não é algo que eu controle Sara! –ele rir e dá de ombros. –Você é boa em esconder as coisas.

   -Sua filha é insistente. –explico.

    Ele se aproxima e segura meus ombros olhando nos meus olhos. Sinto medo e tento não pensar em nada.

   -Não é só isso! –ele diz, sinto seu hálito congelar a ponta do meu nariz.

   -O que? –pergunto sabendo do que ele está falando.

   -Acho incrível você conseguir esconder coisas na sua cabeça. –ele solta meus ombros e recua um passo. Ele rir e diz:  –Você é extremamente habilidosa.

   -Só quero que você não leia minha intimidade. –digo e sorrio nervosa.

   -Sobre Jacob? –ele pergunta arqueando as sobrancelhas. –Impossível não ler! Ele não sai da sua cabeça.

   -Não é algo que eu controle Edward! –digo.

    -E eu entendo! –ele dá de ombros. –Pode confiar em mim Sara! Já me senti assim e sei que não é fácil. Principalmente no seu caso.

   -E eu sinto muito por mim mesma! –digo com a voz embriagada.

   -Eu sei! –ele me lança um olhar preocupado. –Não vou dizer que vai ficar tudo bem, porque eu não sei se vai...

   -Obrigada Edward por ser sincero! –interrompo-o e sorrio fraco.

   -E sei que depois que você chegou não entendo mais os pensamentos de Jacob. –ele continua. –Parece tudo confuso. Nem ele mesmo se entende!

   -Isso só me faz sentir mais culpada! –digo confusa. –Eu sinto muito por isso!

     Coloco o copo na pia e passo por ele em direção à porta. Paro assim que ele me chama.

   -E sei ainda que você esconde algo desde ontem com pensamentos em Jacob. –ele diz e eu sinto calafrios preencherem meu corpo. –Pode confiar em mim Sara!

    -Hoje não Edward! –digo e saio fechando a porta atrás de mim.

     Sinto uma pontada de culpa no peito. Suspiro e saio da casa.

   -Preciso caminhar um pouco sozinha! –digo assim que passo por Emmett que me olha com uma cara de quem vai perguntar para onde estou indo.

    Ando pela trilha que tinha visto os Cullen saindo para cassar. O ar está frio e há uma fina camada de neblina por todo lado. Pisos sobre folhas murchas e há sons de pássaros cantando em algum lugar. Sinto-me calma, como se esse lugar me fizesse tão bem. Continuo andando, já estou longe de casa.

    É difícil controlar meus pensamentos. Quero pensar na proposta de Alec. Quero pensar na discussão com Jacob, em suas palavras. Mas não posso pensar lá. Não com Edward lendo meus pensamentos. O que aconteceria se eles soubessem que Alec está aqui? Eu acho que uma verdadeira guerra.

    Isso importa? Alec importa? Por que estou tão preocupada em pensar no que aconteceria se descobrissem sobre Alec? Talvez a resposta seja que eu esteja interessada na proposta de Alec. Mas eu posso confiar? Posso confiar em Alec? Afinal, eu nem sei o real motivo porque ele me propôs isso. Talvez ele esteja me enganando. Talvez não...

    Talvez? Droga! Nem eu mesma me entendo. Não sei se confio. Não sei se não confio.

    Um barulho de galho seco quebrando me assusta e eu olho para onde vem o barulho. Jacob sai de trás de uma arvore só de shorts jeans. Observo-o enquanto se aproxima de mim. Ele me encara por um segundo e morde o lábio.

   -O que faz tão longe Sara? –ele pergunta desviando os olhos para copa das arvores acima de nós.

   -Estava querendo ficar um tempo sozinha! –respondo amarga.

    Viro-me para o outro lado e continuo andando. Ele me segue e eu fungo.

   -Não precisa me seguir Jacob! –digo irritada.

   -Ah claro! –ele diz irônico. –Se um dos Volturi aparecer, você consegue se proteger facilmente!

   -JACOB! –grito e me viro. Respiro fundo e tentando manter a calma. -Eu não entendo você! Serio? Ontem você gritou comigo e hoje quer dar um de protetor? Ou você esta tirando sarro de mim?

   -Sarro? Não Sara... –ele diz e encara o chão.

   -Então o que foi aquilo que você me disse ontem? –pergunto confusa.

   -Foi um momento de raiva. Não foi algo que eu queria! Não conseguir me controlar. –ele diz.

   -Raiva? –pergunto.

   -Sim! Você... –ele suspira e desvia o olhar outra vez.

   -Eu o que? –pergunto curiosa e dou um passo em sua direção.

   -Nada! –ele diz, mas não olha pra mim.

   -Nada? –pergunto, ele não se move para falar. Lembro-me dele tremendo e tremo também. –Você estava tremendo! Você ia se transformar para... –eu o encaro com dor tentando decifrar o que era para acontecer se Alice não tivesse interrompido. –Você ia me machucar!

   -Sim... –ele engole em seco e finalmente olha para mim, um olhar de preocupação. –Eu lamento muito Sara!

   -Não. –sussurro e olho para baixo. –Estou estragando tudo entre você...

   -Ok! –ele me interrompe e sorrir. Eu olho para ele sem entender. –Isso está um drama e tanto. Vamos parar com isso!

     Passo a mão pelo rosto para aliviar a tensão. Olho para Jacob que me olha de volta. Sinto a tentação de abraça-lo. Sentir seu calor como da ultima vez, mas tenho que me controlar.

   -Você tem razão! –digo sincera.

   -Quase sempre! –ele da um meio sorriso. –Vem vamos conversar um pouco como pessoas normais com muitos problemas.

   -Jacob? –o chamo antes que ele comesse a caminhar.

   -Sim? –ele olha para mim com dúvida.

   -Somos tudo, menos pessoas normais! –digo.

   -Eu sei! –ele diz e dá aquele irresistível sorriso de lado. –Mas hoje finja que somos!