—Afinal, o que você quer? –pergunto.

Sinto meus pés dormentes. O vento parece balançar o telhado de tão forte e logo escuto a chuva cair sobre o mesmo. Já se passaram alguns minutos desde que estamos aqui em completo silêncio. Ainda não consigo ver seu rosto. Ele não diz nada e eu continuo encarando-o.

Sei que Renesmee está me procurando á uma hora dessas. Balanço a cabeça, não devo pensar nisso quando estou perto do fim. E esse sentimento me faz tremer e implorar para que alguém apareça e me salve.

—Me diga algo! –digo exigente. Sinto vontade de chorar, mas não posso, não agora.

—Para que a pressa Sara? –ele diz suave.

Essa calma dele faz com que meu coração bata mais forte a cada segundo esperado. Minha vontade é de sair correndo daqui. Isso seria inútil, não correria um metro antes que ele me alcançasse. Não há maneira de sair disso.

—Então vamos ficar aqui no silencio escutando a chuva? Porque você não me diz nada e eu não quero conversar com você. –digo.

—Não precisa se altera Sara! Não vou tomar muito o seu tempo. –ele diz calmamente. –Estou pensando em o que fazer com você.

—E já não pensou? –pergunto e sinto os estranhos calafrios aumentarem.

—Sim e não. Tenho todo tempo do mundo. –diz cauteloso. –Você por outro lado não.

—O que você quer dizer com isso? –pergunto nervosa.

—Você não pensou em nada Sara? –ele pergunta e dá um passo em minha direção. –Nunca pensou que talvez precisasse de ajuda?

—Tenho toda a ajuda que preciso com os Cullen. –digo confiante.

—Não digo dessa ajuda. Digo ajuda com isso! –ele aponta para minhas mãos entrelaçada na frente do meu corpo.

—Por que está me dizendo isso? –pergunto pensativa.

—Talvez eu queira te ajudar! –ele levanta uma de suas mãos brancas e pálidas.

As vezes penso nisso. Nesse meu dom sinistro e tão poderoso. Os Cullen não fala muito sobre isso. Carlisle só me ajudou com as luvas, mas isso qualquer um faria. Alec me oferece ajuda, mas isso não faz sentindo. Alguém dos Volturi oferecer ajudar...

—E o que você quer com isso?- pergunto curiosa.

—Eu? Por enquanto nada. –ele sussurra.

—Isso não faz sentindo! –solto.

—Pode parecer não fazer sentindo, mas faz. –ele diz. –Vamos dizer que vou fazer um favor a mim mesmo.

—Não é só isso! –digo. –Sei que tem algo á mais. Ninguém que me falam que é do mal aparece fazendo uma proposta dessa. Então fale?

Ele se aproxima de mim como um vulto. Sinto seu hálito no meu pescoço e seu cheiro tão doce me deixa tonta. Não consigo respirar e minhas pernas tremem mais.

—Não quero falar sobre isso agora Sara. –ele sussurra no meu ouvido. Sinto-me como uma presa preste a ser devorada. –Quero que você pense sobre o que estou disposto a fazer. Quero que você precise de mim. Quero que você me deixe fazer entende-lo, o seu dom...

—Por que esta fazendo isso? –sussurro, meu rosto esta próximo ao seu pescoço. Ele se afasta um pouco. Mesmo de tão perto ainda não consigo ver seu rosto.

—Como eu disse, um favor! –ele diz.

—Isso não...

—Sugiro que coloque suas luvas. –ele me interrompe se afastando de frente para mim. –Vou deixa-la novamente na escola, não quero problemas agora com os Cullen. Sugiro ainda que não conte sobre mim.

—Como? Isso é impossível! –digo incrédula. –Edward pode ler minha mente e Alice... Talvez ela tenha nos visto.

—Alice não viu nada e você pode controlar seus pensamentos perto dele. –ele sugere. –Você vai ter que trocar de casaco para que não perceba meu cheiro.

—Por que tudo isso? –pergunto vestindo minhas luvas.

—Você pergunta demais. –ele ergue um dos ombros e me pega em um segundo.

—E como vamos nos ver depois que eu pensar no assunto? –digo me arrepiando em seus braços.

—Eu encontro você! –ele diz. Então saímos em um vulto dali.

Ando zonza pelo corredor da escola. Estou no primeiro andar e vejo Max sozinho andando na minha direção. Ele para na minha frente e acena com a mão.

—Você está bem? Onde esteve? –ele pergunta e eu encaro seus olhos verdes. Ele é tão bonito, a maças dos seu rosto é perfeita, seus cabelos loira e compridos são tão radiante como o de um anjo.

—Sim, estou bem. Estava andando por ai. Onde está Renesmee? –pergunto curiosa.

—Está cassando você no terceiro andar. Você sumiu e ficamos preocupados. –ele ergue uma das sobrancelhas.

—Desculpa, esqueci-me dos minutos. –digo passando a mão pelo rosto.

Ainda preciso trocar de roupa antes de encontrar Nessie. Cheiro meu casaco e sinto o cheiro doce do Alec. Respiro fundo e encaro Max.

—Pode trocar de casaco comigo Max? –pergunto com um meio sorriso.

—Por que quer trocar de casaco comigo? –ele me pergunta com uma careta.

—Achei o seu muito bonito e combina mais com minha bota! –explico e seguro um sorriso.

—Anão sem essa Sara! –ele coloca a mão enfrente do corpo para empatar que eu me aproxime.

—A qual é Max? Não vai doer nada! –sorrio e começo a puxar seu casaco.

—Você é louca! –ele sorri e puxa o casaco. Ele tira e me entrega. –Vai ficar me devendo uma Sara!

—Ok Max! –sorrio agradecida. –Tenha uma boa noite!

—Tchau Sara! –ele sorri e segue para porta da saída.

Vejo Nessie descendo as escadas e tiro meu casaco enfiando na mochila e vestindo o casaco do Max. Faço isso rápido para que ela não repare.

—Sara! Onde você estava? Eu e Max a procuramos pela escola toda. –ela me encara desconfiada.

—Desculpa, eu estava dando uma volta. –sussurro.

—O que faz com o casaco do Max? –ele pergunta surpresa.

—Achei ele bem legal! –digo tentando ser o mais sincera possível.

—Hunrum sei! –ela rir desconfiada.

—É serio! –sorrio um pouco. –Marrom combina muito bem comigo.

—Além do mais, o cheiro dele é bem melhor que o seu né? –ela gargalha e dou um soco em seu ombro ofendida. Ela pega meu braço e me puxa dali. –Vamos, estou com fome!

Corremos pela chuva até o Volvo que Edward ofereceu a Nessie pela manhã. Sento-me no banco do carona e ela da o arranco no carro. Afundo o rosto no casaco, as palavras de Alec e o encontro não saiam da minha cabeça. Ainda estou tonta e com medo. Não sei se posso esconder o que estou sentindo. Não sei se posso parar de pensar nisso. Sou uma garota confusa.

—No que está pensando? –Nessie pergunta concentrada na estrada.

—O que? –pergunto confusa.

—Queria ter o dom do meu pai para saber no que você pensa. Você é uma garota muito pensativa! –ela diz e lança-me um olhar compreensivo.

—Ainda bem que você não tem esse dom! –sorrio um pouco e encarro a estrada. –Acho que é normal pensar muito. Tudo é novo para mim. E além do mais não tenho memorias, quer dizer, além das que eu roubei claro!

—Então é isso! –ela respirou fundo. –Você se culpa por isso?

—Pensar muito? Não! –digo sincera.

—Não digo isso. Quero dizer, você se culpa por não se lembrar de nada? –ela pergunta.

—Sim! –sussurro envergonhada.

—Eu penso uma coisa, você não tem culpa de nada. Não tem culpa de nascer assim, não tem culpa do que aconteceu com sua família e não tem culpa de ter perdido a memoria. –ela diz e ergue a cabeça.

—Talvez não! –sorrio agradecida.

—Com certeza não! –ela sorri também.

Ela entra na garagem e eu pulo para fora do carro. Corro para meu quarto, não quero que ninguém perceba que eu estive com Alec. Sinto-me aliviada quando a água quente corre pelo meu corpo. Não sei porque me sinto com medo de que alguém descubra que estive com ele. Passo a mão pelo cabelo ensopado de shampoo tentando tirar todo resido invisível de Alec. Suspiro fundo e pego a toalha.

Visto uma camisa comprida de manga longa e um jeans surrado e calço um chinelo. Penteio meu cabelo e desço as escadas. Fico surpresa quando encontro Jacob no final das escadas, visto as luvas ligeiro e paro na sua frente. Ele me encarra e logo desvia o olhar.

—Olá Jacob! Tudo bem? –Ergo as sobrancelhas e sorrio.

—Oi Sara! –ele diz cauteloso. –Estou bem e você?

—Sim, estou. –digo e encarro o chão. –Por que você foi? Está fugindo de mim?

—O que? Não entendi. –ele pergunta confuso.

—Passou tanto tempo longe da Nessie. Coisa que ela me diz que você não fazia. O que está acontecendo Jacob? –pergunto cautelosa.

—O que estou fazendo? –ele sorrir nervoso.

—Parece que está me evitando! –digo nervosa também. Saio dali e ele me segue para fora da casa. Paro assim que vejo que ele está me seguindo. O vento frio sacode meus cabelos e sinto frio.

—Sim Sara, estou te evitando. Preciso falar isso. –ele fala grosso. –Nós estávamos bem sem você. Ai você aparece e meche com a minha cabeça. Deixa meus pensamentos revirados. Faz-me duvidar de algo que é mágico e verdadeiro. E me faz esperar que a qualquer momento os Volturi apareçam. Ai você me pergunta o que estou fazendo.

—O problema sou eu? Eu não sabia Jacob. –grito e paro um pouco, aponto o dedo na cara dele e sussurro. –Eu não sabia de nada disso entre você e Nessie. Quando beijei você, simplesmente aconteceu e eu não tenho culpa. Não tenho culpa de você ser bom comigo lá e depois me evitar.

—Simplesmente aconteceu? Estou evitando você porque o problema aqui é você. –ele cospe as palavras, suas mãos tremem assim como o seu corpo.

—E não foi isso? A verdade é que o problema é você com sua arrogância e seu medo. –grito e lagrimas escorrem pelo meu rosto. –Eu não queria que nada acontecesse, não queria. E nem sei o porque essa discussão inútil aqui.

—Ah você não sabe! –ele diz ironicamente.

—Não, eu não sei. –digo.

—Você não...

—Se afasta dela Jacob! –Alice diz e logo esta de traz de mim me puxando para trás. –O que está havendo? E Jacob se controle.

—Está tudo bem Alice! –digo e encarro Jacob.

—Claro! –ele diz entre os dentes.

Ele se vira para floresta dando alguns passos e se transformando em um enorme lobo avermelhado. Ele olha para mim e vejo um olhar de dor, e corre floresta adentro. Alice passa os braços em minha volta e no piscar de olho estou no meu quarto. Ela me senta na cama e senta-se ao meu lado.

—O que aconteceu Sara? –ela pergunta compreensiva.

—Eu comecei uma discussão inútil com Jacob! –digo limpando meu rosto com a manga da minha blusa.

—Disso eu sei. Quero saber o motivo. Pode me falar? –ela arregala seus olhos dourados.

—Não quero falar sobre isso! –balanço a cabeça.

—Você está bem? –Nessie pergunta da porta. -Escutei você gritar.

—Sim, só discutir com Jacob. Só quero descansar, estou estressada e acabo descontando nos outros. –digo e dou um meio sorriso para ela e Alice.

—Qualquer coisa é só chamar! –Alice diz e me da um beijo na testa.

Elas saem e me deixam sozinha. Deito-me e puxo o cobertor. Nunca pensei que Jacob pensasse assim de mim. Sei que é normal ele pensar assim, mas nunca pensei que ele jogaria as palavras assim em mim. Às vezes é melhor pensar que as pessoas pensam bem sobre você do que saber a verdade. E hoje foi a vez de Jacob. Oh Jacob...