Dublê de pai! escrita por AneQueen


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Gente vem vindo kiss, kiss kkkkkk é nesse ou no outro, não sejam ansiosas kkkk
Espero que vcs gostem !!! boa leitura



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O bebê não cooperava.

Tentou niná-lo. Alimentá-lo. Trocar as fraldas. Ainda assim, Sabrina não parava de chorar. Continuava estendendo os braços, como se tentasse apanhar algo invisível.

Então percebeu que o que Bri queria era a mesma coisa que ela queria e não devia ter.

— Você sabe que ele não vai gostar Bri. Não devo interrompê-lo antes das 10h. Não é o turno dele.

Sabrina só continuou chorando. Conhecia esse temperamento. Ela não ficaria calma, não até ter o que queria. E o que queria agora, mesmo que fossem 9h45 ou 10h, era Robin.

Foi até o escritório e bateu na porta.

— Robin? Posso entrar?

— Se for urgente.

Assim que abriu a porta, Sabrina inclinou-se para frente.

— Alguém queria vê-lo. Tentei tudo para fazê-la parar de chorar, mas, aparentemente, é você que ela quer agora.

— Eu. — Nenhum ponto de interrogação.

— É. Pode segurá-la só por um minuto? Então livrarei você dela. Prometo.

— Pegar a criança de você. — Outra não pergunta.

— Só por um minuto — reafirmou-a.

— Acho que poderia. — Levantou-se e foi até Regina, com uma careta profunda.

Estranho. Robin não tinha problemas para cuidar de Sabrina. Empurrar o carrinho. Dar-lhe a chupeta, colocá-la no cobertor, até segurar a mamadeira. Mas segurá-la fisicamente...

Era como puxar os dentes dele toda vez que tentava colocar Sabrina naquele colo.

Não acreditava no que ele tinha dito sobre a questão do cheiro e dos gritos. E ele parecia gostar de Sabrina, só não gostava de segurá-la.

Talvez tivesse medo de derrubá-la. Muitas pessoas se sentiam assim quando começavam a lidar com bebês.

— Ela não vai quebrar, sabe — disse ela, entregando Sabrina.

— Imaginei — respondeu ele. — Senão, teria um daqueles avisos de frágil.

Bri parou de chorar assim que Robin a segurou e se remexeu, tentando caber no espaço entre os braços e o peito dele. Robin, apesar disso, manteve distância, conseguindo evitar que ela escorregasse para muito perto.

— Ela gosta muito de se aconchegar.

— É, percebi.

Tudo bem, talvez não fosse um cara chegado a bebês. Mas... Suspeitava que fosse sim, no fundo. Pegara-o sorrindo para Sabrina algumas vezes, até brincando com ela.

Afastou-se, propositalmente, aumentando a distância entre eles.

— Hum... — Ele fez uma careta. — Acho que ela...

Sorriu.

— Você que está segurando. Regras de bebê.

— Você fez de propósito.

— Não fiz verdade — riu. Mas essa é a regra do bebê. Quem está segurando a criança quando a fralda fica suja tem que trocá-la.

— Nada justo. — Ele estendeu o bebê para ela. — Ela é sua. Você troca.

Cruzou os braços, sorrindo enquanto se afastava mais.

— Não.

— Minhas irmãs costumavam tentar me encurralar assim — disse ele, cruzando a sala até Regina rapidamente. Antes que pudesse se afastar, segurou seu braço. — Fiz um adendo às regras do bebê.

— Adendo?

— É. Se eu pegar você, tem que me ajudar. — Aqueles olhos azuis encontraram os dela. — Peguei.

Riu.

— Está bem, vou ajudar.

Cinco minutos depois, Sabrina estava no chão, num tapete de plástico. Um pacote de lenços e uma nova fralda ao lado dela. Robin estava de joelhos, fazendo careta.

— Nunca faria isso por mais ninguém.

Preparou um lenço.

— Confie em mim, se ela não fosse minha filha, também não faria.

— Prenda a respiração. Vou entrar. — Ele descolou as abas dos lados, abaixou a frente da fralda e sua careta aprofundou-se.

Teve que rir ainda mais. Robin fitou-a e soltou uma risada. Ofereceu um lenço, então outro e outro. Em alguns minutos, tinham trocado a fralda e limpado as mãos.

— Foi tão ruim assim?

— Foi tão bom assim?

— Foi por Bri.

Ele fitou o bebê.

— Bom, desde que tenha sido bom para ela.

— Depois de crescer numa família tão grande... Você já quis ter filhos?

A questão pareceu atingi-lo como uma parede de tijolos. Robin estendeu Sabrina de volta para ela, aquela geleira do parque instaurando-se novamente.

— Acho que ela quer você agora. Tenho que trabalhar. — Ele levantou e desapareceu escada acima.

Fim de papo.

Sabrina a fitou como se ela tivesse uma explicação para o comportamento misterioso de Robin, mas estava tão surpresa quanto o bebê. Tinha certeza de uma coisa: aquilo não era sobre Sabrina. Era sobre algo que acontecera com Robin. Algo sobre o que ele não queria conversar.

Aparentemente, o bloqueio emocional não estava só em seus livros.

Sabrina dormiu no cercado, de barriga cheia. A noite caíra, o escuro cobrindo o bairro. Todos no quarteirão estavam dormindo.

Menos os dois.

Na casa dele, apenas uma luz brilhava no segundo andar, no escritório, onde estavam sem saber das horas que passavam enquanto trabalhavam. Assim que o bebê dormiu, entraram num ritmo natural com o livro: enquanto contava uma cena, ela dava dicas, escrevia; então ele imprimia as páginas para ela ler e criticar. Adicionava as mudanças e começavam Tudo outra vez.

— Ah, minha nossa — disse Regina. — Olha à hora.

Fitou o relógio do computador.

— Uma e meia da manhã. Desculpe. Não esperava que trabalhássemos até tão tarde.

— Tudo bem. Foi divertido.

Riu.

— Escrever? Divertido?

— Bom; claro. Você não se diverte escrevendo?

Recostou-se e alongou-se.

— Acho que me divertia, no começo. Mas não acho mais divertido há muito tempo. — Então os olhares se encontraram. — Mas hoje, é... Foi divertido.

Ela sorriu, com um de seus muitos sorrisos que ele achava que não conseguiria começar a descrever.

— Valeu a noite em claro?

— É.

— Sei que vou pagar por isso amanhã.

— Aposto que vai me fazer pagar também. — Sorriu. — Regras do bebê.

— Essas vão valer. Bastante.

Há quanto tempo não flertava assim com uma mulher? Ele estava se divertindo. Fora dos livros? Há muito tempo certamente.

— Preciso ir — disse Regina, desapontando-o. Apesar da hora, não queria que esse momento acabasse. — Mas queria mencionar uma coisa antes de ir.

— Fale. — Sobre ele? Ou o livro?

— Não sei se quer acrescentar isso ou não... — Ela hesitou. — Mas, se eu fosse ela...

— O quê? Continue aguento críticas. Mas seja gentil. Meu ego é frágil.

Ela bocejou.

— É. E eu sou uma lutadora de sumo. — Espreguiçou-se, sorrindo. — Bom; o que pensei que você devia acrescentar é sua heroína pensando que ele provavelmente não sente a mesma coisa.

— O que quer dizer?

— Nessa parte aqui. — Inclinou-se na frente dele para apontar um parágrafo no começo da página. — Ela o vê ir embora, e isso a machuca, porque ela sente uma coisa e o herói sente outra. Ou talvez ele não sinta, porque o leitor não lê os sentimentos dele neste capítulo. Só os dela.

— E você acha que preciso acrescentar a interpretação dela sobre como ele se sente.

Regina assentiu. Aquele olhar claro encontrou o dele.

— Porque você conhece os homens, e eles não são muito bons em dizer o que estão pensando.

— Não, não são. Deixam as cartas nas mangas.

— Mas, se ele dissesse, ela poderia reagir. — Novamente, seus olhares se encontraram. Era uma pergunta? Ou uma dica?

Tudo o que tinha de fazer era perguntar algumas coisas e lá estaria novamente, brincando com fogo. O mesmo fogo que conseguiu evitar antes, quando terminara um beijo antes de começar.

Não pergunte.

Deixe pra lá.

Siga em frente.

Inclinou-se na cadeira, com um braço apoiando a cabeça, e estudou-a.

— Ao que ela reagiria? — Nunca foi muito bom em deixar para lá.

— Depende do que ele disser para ela — respondeu Regina.

Ela estava perguntando se estava interessado. Sabia. Pelo jeito que o observava, e não ao livro. Perguntando se desistira de beijá-la porque não gostava dela ou porque gostava o estava tentando ser um cara legal.

— Porque, até agora, ele não contou há ela muito sobre nada, não é?

— Não. Talvez ele só não saiba o que dizer. — Prendeu o olhar dela. — Ou talvez não quisesse mudar as regras do jogo.

— Alguma coisa certamente mudou Robin — respondeu ela, gesticulando na direção das páginas. — Porque, cinco minutos atrás, sua heroína era loira de olhos azuis. Agora é morena de olhos castanhos. Parece alguém que você conhece?

O que esteve pensando? Como aquilo acontecera?

— Eu... — A voz de Robin falhou. Não tinha resposta.

Regina se levantou e caminhou em direção à porta.

— Talvez precisemos tirar a mente do mundo ficcional.

Porque o que acontece aí não é verdadeiro. Sou uma mãe solteira, Robin, e se há algo que tenho em abundância, é realidade. E isso significa que não tenho tempo para virar as próximas cem páginas para descobrir como alguém se sente.

Então foi embora, deixando Robin com os personagens imaginários de seu livro ficcional, que estavam em tanto conflito quanto ele.

Hora do almoço.

Robin não ansiava por uma refeição assim desde... Sempre. Teria se esquecido do almoço se Regina não tivesse feito chili, cozinhando, sem querer, a refeição favorita dele.

Sentira o aroma apimentado do escritório e não conseguira resistir à tentação do prato de carne e a seu estômago roncando.

Ela estava sentada à mesa, e o bebê, num braço, com a mamadeira encaixada na boca.

Uma tigela de chili estava na sua frente, soltando fumaça. Outra estava no lugar dele, acompanhada de dois pedaços de pão de milho.

Pão de milho também? Ah, estava perdido.

— Você me trata bem demais.

Ela sorriu, e o sol pareceu nascer naquele rosto. Se havia algo em Regina que Robin gostava era que ela perdoava facilmente. A tensão da noite passada estava esquecida, e Regina já tinha voltado à sua felicidade usual.

— Na verdade, deveria agradecer. Com esse tempo longe do trabalho, finalmente tenho a oportunidade de me envolver com uma das minhas paixões.

A palavra trouxe à memória quão perto esteve de beijá-la. E o desejo de terminar o que começara.

— Ah, é? Que paixão? — perguntou ele, esperando que ela mencionasse a coisa na qual estava pensando.

— Cozinhar. Adoro cozinhar. Nunca tenho tempo, porque, quando chego em casa, tenho que alimentar Sabrina, dar banho nela, prepará-la para dormir, e então já estou exausta. Ainda mais, para que cozinhar se... — Aquela voz falhou.

— Se...?

— Se vou cozinhar só para mim mesma?

— Bom, sempre que você desejar envolver-se com... — Queria dizer “qualquer uma das suas paixões”, mas impediu-se. —... A cozinha sabe onde moro e sabe que provavelmente comi porcaria o dia todo. Meu estômago é seu, minha dama.

Ela sorriu novamente, e o coração dela acelerou. Por só um segundo, não conseguiu lembrar por que pensara que se envolver com Regina Mills uma má ideia.

Então seu olhar encontrou o bebê e lembrou-se. A realidade dela, da qual não queria nem precisava participar.

Experimentou o chili.

— Está uma delícia. Você devia ser chef.

— Minha mãe me ensinou a cozinhar. Era nosso programa de sábado.

— Sua mãe está viva?

Ela fez que não com a cabeça.

— Meu pai mora na Flórida, mas mamãe morreu há alguns anos. Onde estão seus pais?

— Vivendo uma confortável e merecida aposentadoria no Arizona. Três das minhas irmãs estão lá, com suas ninhadas de filhos. Meus pais estão rodeados de netos.

Essa era uma conversa fácil, do tipo que podia controlar. Não que regularmente falasse de sua família ou de qualquer coisa com qualquer um. Era uma amostra de como virara um eremita. Desde que vendera o primeiro livro, 10 anos atrás, retraíra-se mais e mais naquela vida de escritor, recolhendo-se da vida social com o pretexto de prazos e para encontrar inspiração.

Mas agora, sentado com Regina, discutindo a mais básica das coisas... De onde viera... Tudo era tão agradável quanto o chili.

— E o restante dos seus irmãos?

— Uma irmã é solteira e está viajando pelo mundo, fazendo mochilão pela África e espalhando a paz global pelos países. Um dos meus irmãos está terminando o doutorado, e deve se casar no fim do ano. Peter, o mais velho, que se acertou primeiro, mora aqui em Boston, com a esposa e três filhos. — Pensou um pouco, fazendo a conta para ver quem esquecera. — Tenho outro irmão que mora na Califórnia, com a mulher, e estão esperando o primeiro bebê para o mês que vem. Duas irmãs se casaram com dois melhores amigos, e todos moram numa rua sem saída em New Jersey. É como uma novela suburbana. E minhas duas irmãs mais novas trabalham com engenharia, eletricidade, alguma coisa técnica assim, e não se casaram ainda, mas minha mãe dá dicas todo dia e espalha a notícia pela comunidade dos aposentados, procurando algum neto elegível.

Regina riu.

— É muito para acompanhar. Nunca fiquei tão feliz por ser filha única.

— Você devia ver o Natal. Quando todos estão juntos, é um zoológico. Literalmente.

— Deve ser divertido.

Pegou-se sorrindo. Mesmo com todo caos e insanidade, a família dele tinha muitos aspectos positivos.

— Era. Não conte para meus irmãos e irmãs, mas sinto falta deles quando não estão por perto.

— Vocês são muito próximos?

— O bastante para que eles opinem em minha vida. — Sorriu de modo sarcástico.

Regina soltou um risinho.

— Acredite, não importa o tamanho da família, alguém sempre tem uma opinião. Meu pai me dá conselhos o tempo todo. Ele acha...

Ela parou, e ele a encorajou.

— O que ele acha?

— Acha que devo seguir em frente. — Brincou com a comida e reclinou-se na cadeira. — Que já passou tempo suficiente, que deveria pensar numa vida para mim. Uma vida amorosa especificamente.

— E o que acha desse conselho?

— Acho que, se ele quiser me dar uma babá permanente de Natal, eu aceitarei o conselho. — Sorriu.

Mas, por trás do sorriso, podia ver...

O quê? Primeiro, achou que vira resistência, teimosia, a mesma onda recalcitrante que o varria, que o fazia querer correr para longe quando alguém dizia o que devia fazer. Mas não, era mais que isso. Era...

Anseio.


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