Terceirão escrita por Rick


Capítulo 15
Adormecemos


Notas iniciais do capítulo

E aí galera!!! Mais um capítulo fresquinho dessa turma do Terceirão!
Enquanto escrevia este capítulo eu já tive alguns vislumbres do que vai acontecer quando o ano terminar e o ensino médio acabar, mas ainda falta muito até chegar lá.
Espero que vocês curtam!



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§ Ana §

Mesmo não gostando muito da Camila e não entendendo porque ela resolveu mandar uma mensagem pra mim, já que não somos tão próximas, achei que valia a pena gastar meus créditos ligando para ela.

De qualquer forma não poderia ignorar algo desse tipo.

Quando fui fazer a ligação o Felipe apareceu no portão.

– Ana, você vai andando?

– Ah Fê acho que vou pegar um ônibus, tá muito calor. – o sol estava de rachar.

– Então beleza vou nessa. A gente se fala depois.

– Certo.

Me despedi do Felipe e voltei a minha atenção para o celular.

Então...

A Molly veio em minha direção.

– O que você quer Maria Clara? – disse assim que ela chegou perto.

– Você tem o número do Roger? – ela foi direta.

– Ué, vocês não se pegavam? – respondi ironicamente.

– Eca! De onde você tirou isso. Você tem ou não o número dele?

Será que essa vadia está afim do Roger? – pensei comigo mesma.

– Eu até tenho o número dele, mas não estou a fim de passar.

– Como você é chata garota. É um assunto urgente.

– Querida – disse em tom irônico é claro – Sabe aquele aplicativo chamado Whatsapp? Então, lá tem um grupo que o Dener criou com o número de sete pessoas, o do Roger deve estar no meio. – terminei com um sorriso sarcástico.

Ela me olhou com uma cara de “Porque não pensei nisso antes”.

Depois voltou a expressão superior de sempre, virou as costas e saiu apreçada em direção a um carro importado parado do outro lado da rua.

Finalmente consegui ligar para a Camila enquanto caminhava até o ponto de ônibus mais próximo.

– Alô? Camila? Recebi sua mensagem. Você pode? Certo, te encontro naquela mesma praça. Acabei de sair da escola, daqui uns minutos estou lá. Tchau.

Ela queria falar comigo pessoalmente, então resolvi ir até a praça central.

Cheguei ao local de encontro quase derretendo, o verão já estava acabando, mas o calor insistia em marcar presença.

Sentei em um banco e alguns minutos depois ela apareceu.

Nos cumprimentamos e ela sentou-se ao meu lado.

– Meu pai me expulsou de casa assim que soube da verdade.

– Você contou tudo?!

– O poupei da parte da gravidez e do aborto clandestino.

Respirei aliviada.

– Você fez o certo Camila, aqueles rapazes eram inocentes. Eles foram liberados não é?

– Sim. Fui ofendida e humilhada, mas eles já estão na rua. Se eu fosse maior de idade estaria respondendo por um processo e... – percebi que as palavras fugiram da sua boca e seus olhos se encheram de lagrimas, parecia que ela ia explodir.

– Você... É... Quer dizer mais alguma coisa? – disse meio sem jeito, afinal não éramos amigas a ponto de eu oferecer consolo.

De repente ela me abraçou e começou a chorar de soluçar.

– Ele me tratou como um lixo, disse que... Que não aceitava que uma filha dele tivesse um comportamento desses... Me chamou de piranha, vagabunda... Foi horrível...

– Isso é um absurdo. Estamos em pleno século 21...

– Eu te disse... Meu pai parou no tempo, ele preferia me ver morta a saber que perdi a virgindade antes do casamento...

– Mas e sua mãe?

– Ela não disse nada, mas deu pra ver a decepção nos seus olhos. – Camila tentava se recompor limpando as lagrimas.

– Não posso acreditar nisso – realmente não entrava na minha cabeça que algo assim pudesse acontecer. Tudo bem que ela havia mentido e participado de uma mini orgia, mas mesmo assim...

– É real. Estou sentindo na pele.

– Onde você está ficando?

– Na casa da minha madrinha. Ela disse que eu posso ficar por lá o tempo que for necessário... Quer saber Ana, tem um lado bom nisso tudo, vou poder ser eu mesma... Não vou mais precisar ficar me reprimindo para agradar meus pais, eu sou uma garota alegre, que gosta de usar roupas chamativas e que ama fazer sexo, gostem eles ou não.

Então como num estalo eu vi a Camila sair da bad e esboçar um dos seus sorrisos irritantes.

Só que pela primeira vez ele não me irritou.

Ia perguntar como ela estava se sentindo depois de ter abortado o filho, mas achei que aquele não era o momento para isso.

Com certeza, mais cedo ou mais tarde, a culpa viria.

§ Dener §

O treino naquela tarde foi intenso e o calor não dava espaço para moleza, mas mesmo assim ainda consegui fazer três gols.

Ao final do treino o técnico do time veio falar comigo.

– Muito bom garoto, continue assim e o campeonato Interescolar será nosso. Pode ir para o vestiário...

Vestiário.

Um dos momentos mais tensos da minha vida era ir para o vestiário.

Me sentia como uma panela de pressão prestes a explodir cada vez que precisava ficar pelado entre vários caras pelados.

Eu sei que existe a questão do profissionalismo e do respeito, mas a sensação era a mesma que um cara hetero sentiria ao entrar no vestiário feminino.

Pelo menos consegui desenvolver meu autocontrole.

Quando cheguei, à maioria do time já estava no chuveiro, alguns inclusive se trocavam.

Sentei no banco e comecei arrumar minhas coisas enquanto aproveita umas raras oportunidades para observar.

Então começaram com a velha brincadeira da toalha molhada, entrei no meio da zueira para descontrair.

Quando o vestiário já estava vazio fui tomar meu banho.

Nem sempre eu tinha a chance de estar sozinho na ala dos chuveiros, então aproveitei para demorar bastante, tomando um banho bem tranquilo.

Fechei os olhos para enxaguar o xampu da cabeça e quando abri levei um susto.

– Diretor?! – exclamei totalmente surpreso.

Ele estava na porta da ala dos chuveiros me observando.

– O que o senhor... – Tampei meu pênis com as mãos.

– Eu preciso falar com você. O treinador me disse que eu o encontraria por aqui então não vi nada demais em te encontrar. Não se preocupe rapaz eu também tenho o que você tem aí no meio das pernas.

– Será que senhor... Pode me esperar lá fora? – disse meio sem jeito com aquela situação.

– Como você quiser.

Enquanto me enxugava tentava entender o que tinha acontecido.

Há quanto tempo ele estava ali me vendo?

Caralho, que situação estranha.

Quando sai do vestiário ele estava na porta me esperando.

– Como anda as preparações para o evento? –Ele disse como se nada tivesse acontecido. Agia da forma mais natural possível.

– É... Está tudo certo, a data esta definida para o dia 30 de maio. Temos praticamente dois meses até lá. Vai ser uma festa com comidas típicas dos estados brasileiros, os valores e gastos ainda serão levantados, mas quando tiver mais informações eu aviso.

– Que ótimo. E aquele pessoal está te ajudando nisso?

– Sim. – claro que menti, mas cheguei a conclusão de que não valia a pena insistir naquilo. Eles estavam pouco se fudendo mesmo.

Tive a ideia convocar o pessoal do time para me ajudar já que também tinham o interesse em realizar o campeonato.

– Qualquer coisa me contate. Acho que o meu horário já deu. Até mais rapaz.

Enquanto o diretor se afastava um pensamento desconfortável surgiu em minha mente.

§ Aldo §

Estava deitado na cama lendo uma revista em quadrinhos quando minha mãe bateu na porta.

– Entra mãe.

– Aldo. Preciso falar com você. – Ela usou um tom de seriedade não muito usual.

– Sim... – disse enquanto sentava na beira da cama.

– Eu quero saber o que tem naquela caixa que esta escondida no seu guarda roupas. Tem até um cadeado enorme nela.

– Você mexeu nas minhas coisas?! – perdi o controle.

– Eu estava limpando.

– Eu já disse que não precisa limpar o meu quarto. Será que eu posso ter privacidade?!

– Porque está usando este tom comigo? Eu tenho o direito de saber o que entra ou sai dessa casa, você nunca foi de ter segredos... Depois daquela historia do vídeo eu fiquei preocupada. Você mudou muito depois daquilo...

– Eu não preciso da sua preocupação mãe, eu sei cuidar de mim. O que tem naquela caixa é assunto meu, pode ser? – Estava tentando reprimir minha raiva. Ela não tinha nada que mexer nas minhas coisas.

– Eu quero ver o que tem naquela caixa nem que eu tenha que te obrigar a abrir pra mim... Eu nunca encostei um dedo em você, mas eu ainda posso fazer isso. – Ela disse me encarando.

Tentei bolar uma desculpa o mais rápido possível.

– Você quer ver minhas revistas pornográficas é isso? Quer ver os filmes pornôs que eu assisto quando você não está em casa? Quer? Então eu vou abrir a merda daquela caixa... – Foi a primeira coisa que veio em minha mente.

Percebi que ela ficou desconcertada.

– Mãe, se eu tranquei aquela caixa é porque não queria que você visse o que tem dentro. São coisas de garoto... Sou um adolescente lembra... – Percebi que ela estava engolindo aquela desculpa.

– Era só você ter me falado antes. Não sou uma bruxa incompreensível.

– Estava com vergonha. Isso não é o tipo de coisa que os meninos dizem para a mãe.

Ficamos nos olhando em silêncio por alguns instantes, percebi que ela queria falar, mas só não sabia o que dizer.

– É, bom filho, vou adiantar as coisas da janta. – ela sorriu e me deixou sozinho.

Assim que ela fechou a porta eu corri para o meu guarda roupas peguei a caixa e coloquei em cima do colchão. Eu escondia a chave do cadeado em um assoalho solto embaixo da minha cama.

Quando abri a caixa fiquei contemplando a coisa que traria a maior satisfação da minha vida.

Foi difícil conseguir, mas depois de muito esforço estava bem ali na minha frente. O próximo passo é arrumar um jeito de esconder no meu armário da escola.

§ Felipe §

Terminei de ver o ultimo episódio da temporada de The Walking Dead e resolvi dar uma fuçada no facebook.

Enquanto rolava a timeline uma postagem me chamou a atenção.

A Rebeca tinha postado um texto enorme dizendo o quanto o amor machuca e o quanto ela é apaixonada por Dener, entre várias outras declarações.

– Aquele filho da puta – eu disse para o computador.

Era notável que a Rebeca estava sofrendo.

Ele não tinha o direito de acabar com a garota daquela forma.

No meio de tudo isso enxerguei uma oportunidade: Ela estava frágil e garotas frágeis ficam mais abertas a criarem novos vínculos.

– É isso! Vou puxar assunto. – sempre tenho o costume de falar sozinho quando estou sozinho no meu quarto.

Vi que ela ainda estava online então mandei um “Oi”.

Demorou algum tempo e ela respondeu:

“Quem é você?”

– Mas que droga! – protestei.

“Sou Felipe, estou no terceirão, estudamos na mesma escola, sou da turma do Dener”

Algum tempo depois ela respondeu.

“Você é amigo dele?”

Amigo? Essa é boa. Eu odeio aquele cara. – pensei comigo mesmo.

Mas não foi o que eu escrevi, por algum motivo achei melhor mentir.

“Sim. Somos muito amigos, jogamos futebol juntos todo fim de semana”

Eu sou péssimo em futebol e qualquer outro esporte.

Dessa vez a resposta veio um pouco mais rápida.

“Porque eu nunca vi vocês dois juntos na escola? Ele também nunca me falou de você.”

“Na escola ele sempre andava com você, o que eu também iria preferir e porque ele falaria de mim? Não faz sentido.”

“Pode ser.”

Ela tinha uma ingenuidade que a deixa ainda mais atraente.

Eu ia escrever, mas vi que ela estava digitando. Então esperei.

“Ele te contou porque terminou comigo?”

“É... Sim, mas é coisa de homem” - inventei na hora.

“Por favor, estou sofrendo muito. Ainda gosto muito dele”.

“Quer mesmo saber?”

“Quero, se o problema for comigo vou tentar mudar pra ele voltar comigo”.

“Vamos nos encontrar pessoalmente e aí a gente conversa. Amanhã depois da aula, na “Fuga das coxinhas”. – Fuga das coxinhas era uma lanchonete conhecida na cidade por ter as melhores coxinhas de frango. Foi o primeiro lugar que veio em minha mente.

“Ok, nos encontramos lá às 13hs”

“Estarei lá.”

– Não acredito! Eu consegui! Vou ter um encontro com a garota mais gostosa da escola. – Comecei a comemorar em voz alta feito um bobo alegre.

Só preciso começar a bolar umas mentiras sobre o Dener, depois é só jogar um charme e ela vai esquecer aquele mala rapidão.

A Rebeca vai estar na minha.

§ Roger §

Estava com medo e não tenho vergonha de admitir.

Por mais louco que eu fosse me tornar um assassino não fazia parte dos meus planos.

Aquele nóia do Bigorna entregou um trinta e oito na minha mãe e disse que eu teria que cobrar a dívida do cara e depois apaga-lo.

Isso é demais pra mim, não quero acabar com a minha vida desse jeito. Eu só queria vender os meus bagulhos e ficar sossegado.

Agora era tarde demais, se eu não voltar com o dinheiro e não dar cabo do cara o Bigorna acaba com minha raça.

Lembro bem das suas palavras: “É vida por vida meu mano”.

Quando escureceu, junto com a escuridão veio à lembrança de que o meu tempo estava se esgotando. Então, decidi ir para um lugar onde talvez eu encontrasse algum apoio...

A casa da Ana.

Mandei uma mensagem assim que cheguei em frente da casa dela.

“Estou em um aperto, preciso de você.”

Não demorou muito ela me respondeu.

“O que quer que eu faça? Eu já estava dormindo.”

“Pode vir abrir o portão para mim?”

“Ficou maluco?! Minha mãe me mata.”

“Fala que é muito urgente.”

Demorou um pouco para chegar a próxima mensagem.

“Já sabe o caminho pelo muro dos fundos. Não faça barulho.”

Corri para o outro lado da casa, os muros dos fundos dava em um terreno onde tinha uma construção abandonada. Seguindo o mesmo esquema que usei da outra vez consegui pular para o outro lado, no quintal da Ana.

Tomei muito cuidado para não deixar a arma cair da minha cintura.

Quase torci o pé, mas quando levantei os olhos Ana estava lá me esperando, vestindo um pijama cheio de corações. Nunca imaginei que ela usasse algo naquele estilo.

– Ficou louco Roger?! Não vai me dizer que trouxe um monte de drogas pra cá de novo... Dessa vez eu juro que...

– Calma. Estou sem nada. – levantei as mãos.

A reação dela foi da maneira que eu esperava. Toda irritadinha.

– Podemos subir?

– Seja lá o que for você pode me dizer aqui, assim fica mais perto da saída. – ela lançou um olhar para o muro.

– Ana, de verdade, estou muito encrencado dessa vez. – tirei a arma da cintura e mostrei para ela.

Seus olhos quase saltaram do rosto.

– O que é isso?!

– É uma trinta e oito e...

– Eu sei que é uma arma! – ela me interrompeu, se segurando para não gritar - Mas eu quero saber o motivo de você estar andando armado.

Andei de um lado para o outro tentando escolher a melhor forma de contar toda a história.

– Não podemos subir mesmo? – ela revirou os olhos, mas depois cedeu.

– Já sabe que não pode fazer barulho não é? E segura bem essa arma.

Fizemos o caminho para o quarto dela andando o mais devagar possível, tomando cuidado até mesmo com a respiração, mas quando passamos pela cozinha resolvi fazer uma parada.

– O que está fazendo? – ela disse quando percebeu que eu estava abrindo a geladeira.

– Preciso tomar água. – sussurrei.

– Volta já aqui. Roger! Não! – Pela pouca claridade que entrava no cômodo eu vi que ela estava vermelha de tão nervosa. Eu sorri e continuei bebendo água.

Quando me juntei a ela novamente levei um beliscão, mas antes de reclamar em voz alta ela colocou a mão na minha boca.

Ficamos por alguns segundos muito próximos um do outro, então ela voltou a caminhar.

Quando entramos no quarto sentei na cama ao lado dela.

– Vai, diz logo o que aconteceu? – ela disse impaciente.

– O chefão da boca de fumo, que me fornecia maconha, exigiu que eu fizesse um serviçinho pra ele. Eu disse que eu só queria vender minha erva e ficar de boa, mas ele insistiu e como estava cercado de caras armados não teve como eu escapar.

– Que serviço é esse?

– Ele quer que eu receba uma dívida de um cara e que depois apague ele... É a vida dele em troca da minha. – eu disse tentando não vacilar.

Assim que terminei Ana se levantou em um salto e começou a andar de um lado para o outro.

– Tá vendo, eu disse pra você! Roger como você é burro, um idiota, retardado! Procurou tanto que acabou encontrando. – ela gritava em sussurros.

– Calma Ana. Eu já esperava que você fosse me xingar, mas não é disso que eu preciso agora. Eu realmente estou me sentindo perdido, fiquei com isso na garganta o dia inteiro, eu tenho um prazo que está vencendo e... Não tinha mais ninguém que eu confiasse a ponto de contar uma coisa dessas. Por alguma razão vim parar aqui...

Ela me olhou com doçura e depois tentou disfarçar.

– Desculpa, mas não tem como... Você é mesmo um idiota. – ela sentou do meu lado novamente com os olhos fixos no chão.

– Me ajude a pensar em alguma coisa. – coloquei minha mão sobre a dela que estava apoiada no colchão. Quando sentiu meu toque ele me encarou.

Ficamos nos olhando por alguns segundos.

Aproveitei para admirar a beleza singular do seu rosto. Era forte, mas delicado.

Até pensei que ia rolar um beijo.

Mais aí...

– Já sei! – ela disse em um estalo que me assustou – tive uma ideia que pode salvar você dessa.

– Fala.

– Você é rico não é?

– Meu pai é rico não eu – eu disse em tom enfático.

– Que seja! Da no mesmo.

– Não da no mesmo já que...

– Quer ouvir ou não?! – ela me interrompeu em tom cortante.

– Fala.

– Você vai ter que gastar uma boa grana, mas pelo menos viverá até a formatura do terceirão.

Respondi com um sorriso.

– É o seguinte, você vai dar um jeito de pegar uma boa grana do seu pai. Com esse dinheiro você vai até a casa desse cara que o...

– Bigorna. – completei.

– ... o Bigorna quer que você mate. – ela continuou – Vai dar pra ele uma boa quantia, dizer que está fazendo um favor em livra-lo dessa e impor que se mande daqui para bem longe e nunca mais volte senão vai acabar amanhecendo com a boca cheia de formiga. Depois você vai até esse tal de Bigorna entregar a quantia que ele espera. Vai dizer que matou o cara e enterrou o corpo em um lugar impossível de achar. Não vai dar chance para conversas e vai cair fora dessa história pra sempre.

– Quem é você e o que vez com a Ana de verdade? – eu disse em tom irônico – Estou até com medo, apesar de ser uma ideia brilhante. Acredito que vai ser moleza, tirando o fato de que vou precisar pedir dinheiro para o meu pai.

– Não vai ser moleza, um monte de coisas pode dar errado. Vai ter que tomar muito cuidado e espero que se você sair dessa inteiro não volte com essas ideias estúpidas de traficar drogas.

– Até parece que você se preocupa comigo. – eu disse em tom insinuante.

– Eu? Me preocupar com você? Não. Tenho dó da sua família e da herança que pode ficar sem um dono. – ela esquivou.

Me joguei na cama suspirando aliviado.

– O que está fazendo? – ela logo perguntou sem dar nem um tempo.

– Eu não dormi direito a noite passada, estou quebrado.

– O que?! Você esta pensando em dormir com uma coisa dessas pra resolver?! – ela disse inconformada enquanto me puxava pelo braço. – Levanta daí!

Me recusei a mexer.

Aquele colchão estava macio e cheiroso.

– Poxa Ana você ajudou a tirar um peso das minhas costas, agora com tudo planejado eu tenho direito a um cochilo.

– Então vai pra sua casa. Roger, antes que você sugira, não pode ficar aqui, se a minha mãe...

– Sua mãe isso, sua mãe aquilo... Toda complica e perfeitinha...

– Aff, nem começa com isso.

– Tente apenas viver o momento e me deixe ficar aqui essa noite. Já está muito tarde pra eu voltar. Prometo que sua mãe não vai ver a minha cara. – Eu queria muito ficar, não pensando em sexo, mas apenas na ideia de passar uma noite acompanhado de uma garota legal. Também a preguiça de sair no meio da madrugada contava.

Ela me lançou um olhar fulminante.

– Tá.

– Tá o que? – perguntei.

– Pode ficar aqui, mas eu capo você se tentar...

– Opa, agora você me ofendeu. Jamais faria algo que você não quisesse.

Ela ficou sem graça.

Em seguida começou a jogar uns travesseiros e o edredom no chão.

– O que está fazendo? – perguntei surpreso.

– Vou dormir aqui no chão.

– Certo. Isso não é justo. Se você vai dormir no chão eu também vou.

Me joguei do lado dela, que estava deitada virada para o outro lado.

– Você consegue me tirar do sério. – Ela disse quando se virou pra mim. Nossos rostos bem próximos.

– E você consegue me tirar à razão... Me deixa ficar com você...

Quando percebi já estávamos nos beijando. Foi algo magnético.

Sem dizer uma palavra ela se virou de costas novamente.

Eu a abracei.

Fiquei feliz quando ela não tentou resistir.

E então...

Adormecemos.


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Notas finais do capítulo

Oww... Pode isso produção? Pode dormir com a mina sem fazer sexo em pleno século 21?!

Até o próximo capítulo!!!



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