Terceirão escrita por Rick


Capítulo 14
Expulsa


Notas iniciais do capítulo

E aí galera voltei!
Espero que curtam... agora vou postar com mais frequência, pois estou de férias.



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§ Ana §

Esta é uma das coisas que eu quero guardar dentro de uma caixa e enterrar lá no fundo das minhas memórias.

Nem consegui dormir direito pensando no ato terrível do qual eu fui cúmplice.

Agora só me resta torcer para que Camila tome juízo e que faça aquilo que foi combinado.

Desci mais cedo para tomar o café.

– Que foi Ana? Ta com uma cara horrível.

– Valeu por levantar minha alto estima mãe.

– Você está bem querida? – ela colocou a mão no meu rosto para ver se estava com febre.

– Estou bem mãe, só não dormi direito essa noite. – Ela me olhou com aquele olhar típico de preocupação. – Bem, vou indo pra aula.

– Pera aí mocinha, ainda está cedo.

– Combinei de ir com o Felipe.

– Por um acaso ele vai pegar o carro escondido de novo?

– Claro que não mãe! A gente vai caminhando como ele sempre faz.

– Tomem cuidado.

******

– Ana, eu realmente não entendi o que aconteceu ontem, você apareceu chorou e foi embora sem dizer nenhuma palavra. Você está bem mesmo? – Felipe foi direto ao assunto.

Estávamos caminhando a passos de tartaruga.

– Já passou. Desculpa ter feito isso, mas eu precisava desabafar.

– Beleza. Se sabe que pode contar comigo né fedida?!

Sim eu sei, obrigado por ser um ótimo amigo – Pensei comigo mesma, mas respondi apenas com um sorriso, pra variar.

– Sua crise de choro foi o motivo de não ter ido na reunião? – ele me perguntou.

– Que reunião? – logo lembrei - Ah, da festa ridícula... Pode-se dizer que sim.

– Você não perdeu nada. Na verdade foi só Dener, Aldo e eu...

– O Roger também não apareceu? – Perguntei sem disfarçar meu interesse. Felipe pareceu perceber.

– Tá rolando alguma coisa que eu não sei? Você... Roger...

Resolvi abrir meu coração para o meu melhor amigo.

Ou pelo menos parte dele.

– Sabe Fê, eu não te contei ainda... Mas naquele dia em que fomos à casa do Aldo, depois do vídeo dele vazar, o Roger e eu... Bem, a gente ficou.

– Ta de zueira?! – ele começou a rir.

– É sério. Para de graça Felipe. A gente ficou e no dia seguinte ele veio tentar conversar comigo, disse que gostava de mim, que eu era diferente...

– Gostar?! Ana, você sabe que o Roger não gosta de ninguém, o cara já ficou com a escola inteira e sinceramente... Vocês dois não tem nada ver um com o outro.

– Foi o que eu disse... – falei em um tom melancólico.

– Acho que você merece algo melhor.

Algo melhor?

Talvez eu não mereça ninguém...

Mal consigo assumir meus sentimentos pra mim mesma.

Quando estávamos a poucos quarteirões do colégio um carro importado passou por nós. Do teto solar uma garota surgiu, gritou algum xingamento e mostrou o dedo do meio, rindo nitidamente da nossa cara.

Felipe e eu ficamos de boca aberta por alguns segundos.

– Mas o que?! – exclamei.

– É a Molly. – ele disse.

– Tinha que ser essa inútil!

§ Aldo §

Mesmo depois de um tempo do ocorrido (do meu vídeo vazar para escola inteira) ainda sentia olhares e insultos. Isso confirmava cada vez mais que eu deveria executar meu plano sem dó nem piedade.

Já tinha tudo pronto, só faltava uma data perfeita.

Então meu celular vibrou.

“Já marquei a data da festa e decidi como tudo será feito, quero que todos vocês vão para o inferno!” – Era uma mensagem do Dener no grupo de sete do whatsapp.

Vejo ventos soprando ao meu favor.

De repente cheguei a pensar que talvez meu dia não seria uma merda.

– Oi Aldo, tudo certo? – Ana disse quando me viu na entrada do colégio. Estava com o Felipe do lado.

– Tudo ótimo. – eu disse sem conseguir esconder minha animação.

Depois percebi a surpresa nos olhos dela.

– Que bom.

– Que foi? Parece surpresa. Não posso estar animado por um dia sequer?

– Calma, nem disse nada. Fico feliz que você esteja se saindo bem.

– Escuta Ana, eu não preciso do seu sentimento de pena. Porque insiste nisso? Pensei que ir até minha casa fosse o seu máximo.

– Não é a primeira vez que você me diz isso e não consigo entender porque.

– Ah, eu sei que você não é burra ou estou enganado?!

– Calma aí cara! Não fala assim com ela.

– Ou você vai fazer o que? Ninguém...

– Seu punheteiro filho da....

– Felipe, chega. Vamos nessa. – Ana o interrompeu. Os dois viraram as costas pra mim.

Naquele momento percebi que não precisava mais tentar me encaixar em lugar nenhum, eu poderia fazer meu próprio mundo assim como os populares, os atletas, os descolados tinham o seu mundinho.

Posso me divertir enquanto não mando todos eles beijar o capeta.

E aí senti um sorriso torto surgindo no canto da minha boca.

Estava me sentindo ótimo.

§ Dener §

Mal cheguei à entrada da escola a Rebeca já veio correndo em minha direção.

– Onde você estava ontem à noite? Te liguei umas mil vezes?! – Eu definitivamente não estava com paciência para pitis logo cedo.

– Da um tempo Rebeca. Você me sufoca garota. – Deixei ela de boca aberta e continuei andando.

– O que? Dener... Dener... Espera... Você não vai falar assim comigo! – Ela correu para me alcançar e segurou em meu braço.

– Me solta. Já disse pra você me dar um tempo. – Quando percebi já tinha um circulo em volta de nós dois.

Lágrimas surgiram nos olhos dela.

– Então é assim que vai acabar o nosso namoro?! Você não pode... Amor... – respirei fundo, segurei as duas mãos dela e olhei no fundo dos seus olhos...

– Rebeca, acabou! – Queria me livrar logo daquele peso chato e de cheiro doce.

– Nãooooooo! – ela bateu o pé feito uma garotinha mimada.

Virei às costas e a deixei lá no pátio sendo consolada por suas amigas.

§ Molly §

Foi à cena mais ridícula que eu já vi em minha vida, a garota pagou o maior mico no meio da escola inteira.

– Coitada... – Pati disse ao meu lado.

– Coitada nada Patrícia, essa vadiazinha bem que mereceu levar um pé. – eu realmente não conseguia sentir pena.

– Ai que maldade Molly.

– Nossa Patrícia, para senão vou vomitar. Por isso que você nunca pega ninguém, é boazinha demais. Se quiser agarrar um homem tem que partir pra cima sem dó nem piedade, passar por cima das inimigas.

– Isso quer dizer que você vai voltar o foco no Dener? – Pati me perguntou.

– Olhe pra mim – ela olhou – agora olhe para aquela ali... – apontei para Rebeca em prantos no meio do pátio. Pati olhou. – Viu bem? Eu sou muito mais que ela, o Dener vai ser meu. É agora ou agora.

– Isso aí amiga, arrasa!

– Beijinhos. – deixei a Pati de lado e fui tentar alcançar o Dener.

Passei por meio das pessoas empurrando e xingando, até que consegui encontra-lo no corredor.

– Dener, como você está? Eu vi o vexame que aquela louca deu agora a pouco.

– Estou bem pra falar a verdade – ele pareceu surpreso com a pergunta.

– Terminar um relacionamento nunca é fácil não é?

– Molly, a gente estava junto há três semanas só. – ele disse sem dar importância.

– Tanto faz. Então, já que você está solteiro agora, não quer passar lá em casa hoje à tarde? A gente conversa... Eu posso te consolar... fazer uma massagem... – disse esbanjando minha sensualidade.

Eu sabia como fazer.

– Não vai rolar. – ele disse em tom seco.

– Está falando sério? – eu disse sem conseguir esconder a surpresa.

– Estou. Hoje vai ter treino e também tenho assuntos da festa beneficente pra resolver. Por falar nisso, é aquela festa que o diretor exigiu que todo mundo ajudasse e que você não pareceu na ultima reunião.

– Ai, o Roger e eu já dissemos que vamos cuidar disso. Você é muito chato quando o assunto é essa festa. Relaxa... Deixa que eu cuido disso depois... Passa em casa hoje e a gente aproveita a banheira de hidromassagem, só você e eu... – dei um sorriso safado.

– Já disse que não vai rolar. Tenho que ir pra aula.

Isso não está acontecendo, acabei de levar um belo de um fora – pensei comigo mesma.

Nunca pensei que o Dener fosse do tipo difícil, tudo bem que ele não ficou com muitas garotas, mas ele é o principal atleta da escola e isso deveria ser uma vantagem da qual me parece que ele não faz questão de aproveitar.

Precisava de um desafio pra esse ano e parece que encontrei.

Esse peixão ainda vai cair na minha rede.

Eu sei como posso chamar sua atenção.

§ Ana §

O professor Dante chegou, cumprimentou a sala, fez os seus comentários habituais sobre política, futebol e novela das nove (sim, ele assiste) e começou a fazer a chamada.

– Parece que essa Camila decidiu entrar de férias mais cedo, isso porque o ano nem começou direito. Será que aconteceu alguma coisa? Já sei, porque você e o Roger não vão lá fazer uma visita para consola-la? – Felipe fez o comentário em tom irônico depois que o professor chamou o nome dela.

– Você é um idiota. – respondi fazendo uma careta.

Antes de entrar na sala ele já tinha dito várias coisas sobre ter razão por não ter ido visitar o Aldo quando o convidei devido à atitude dele mais cedo.

– Bom classe... – Dante continuou logo após a chamada – O diretor pediu para avisar que o destino da viagem de formatura desse ano será... Será... – ele tentou fazer algum suspense e então anunciou – Porto Seguro!

– Aff, que clichê! – Molly protestou em tom histérico, como sempre.

A sala explodiu em comentários.

– Nem sei se vou, então pra mim tanto faz – eu comentei com o Felipe.

– Você vai sim – ele respondeu em tom de imposição.

– Será que vamos viver até lá? – Aldo fez o comentário em tom monótono. A sala ficou em silencio por alguns segundos e então, explodiram as gargalhadas. Percebi que tinha algo diferente nos olhos dele, mas achei que fosse coisa da minha cabeça.

As discussões sobre a decisão do diretor tomaram conta da sala. Todo mundo falando ao mesmo tempo.

Então... no meio daquele mar de vozes percebi que faltava uma em especial...

Roger.

Por mais desleixado e metido a badboy que ele fosse, tinha boas notas e quase nunca faltava.

Estranho...

Aí umas coisas começaram a passar pela minha cabeça...

– Ana?! Ana! – A voz do professor Dante me trouxe de volta.

– Sim. – respondi apressadamente.

– Que ótimo, então venha fazer aqui na lousa.

– Fazer o que?

– O exercício que eu passei na ultima aula. Você está bem?

Eu não tinha feito exercício coisa nenhuma, nem se quer sabia da existência dele.

******

Quando o sinal da ultima aula tocou dei graças a Deus. A manhã foi mais cansativa de que o normal.

Quando estava no portão da escola o meu celular vibrou.

Era uma mensagem da Camila.

“Fui expulsa de casa”.


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Notas finais do capítulo

Vem muito mais por aí... O que será que aconteceu com o Roger? E a Camila? Como vai ficar suas situação? Ela disse a verdade? Felipe vai ter uma ideia que vai acabar mal.

Até o próximo!



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