Terceirão escrita por Rick


Capítulo 12
Novas Visões


Notas iniciais do capítulo

E aí galerinha do mal! Este capítulo traz uma novidade que eu achei necessária trazer para esta fic. Queria explorar mais os personagens e acredito que esta é a melhor forma. Espero que vocês gostem!
COMENTA AÍ, é de graça e ajuda pra kct!



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§ Ana §

O que eu senti depois daquilo tudo foi uma mistura de vergonha e satisfação.

No final das contas aquele foi o meu primeiro beijo. Teria sido especial se eu não tivesse terminado dando um tapa na cara do Roger.

Porque eu fiz isso?

O beijo foi bom.

Às vezes nem eu consigo me entender...

Fui deitar com a minha cabeça girando.

Era só fechar os olhos e as sensações vinham... Os lábios, o cheiro...

Cheguei até pensar que...

Não... Isso não!

Não poderia estar me apaixonando.

Depois de revirar na cama diversas vezes acabei adormecendo...

*******

No dia seguinte ele estava lá, no portão de entrada da escola, me esperando...

Queria dar meia volta e sair correndo.

– Ana! Ana me espera! – ele me segurou pelo braço quando tentei passar despercebida.

– O que foi? – eu disse desviando o olhar.

– Eu não entendi o que aconteceu ontem. Foi um belo tapa.

– Você me agarrou... Não sou dessas que você pode chegar agarrando.

Do que você está falando Ana? Você queria! – pensei comigo mesma.

– Eu pensei que você estivesse afim... – Ele disse em tom de desapontamento.

– Eu não estava... Acho melhor a gente esquecer o que aconteceu.

– Como assim esquecer?! – ele exclamou perplexo.

– É isso mesmo Roger... Vamos manter as coisas como estão.

– Olha... Não costumo dizer isso sempre, mas com você eu... Senti algo diferente... Não sei como explicar... – Estávamos encostados no muro do lado de fora. Parecia difícil de acreditar, mas eu senti sinceridade em suas palavras.

– A gente não tem nada ver. – eu disse tentando parecer convincente.

– É porque eu vendo drogas e faço umas loucuras de vez em quando?! Eu sei que sou meio torto às vezes, mas no fundo... Talvez ao seu lado eu... Possa me tornar uma pessoa melhor e... – Ele estava tentando se expressar.

– Para! Para de mentir pra mim... A gente estuda junto a mais de dois anos, você nunca me notou. Você sempre anda por aí, cada dia com uma garota diferente... Você tem uma lista não é? Você mesmo disse isso pra sala toda ouvir. – Quando eu vi já tinha descarregado as palavras em cima dele.

– Isso faz tempo... Era uma lista sem sentido... Você nem me conhece direito...

– Nem quero conhecer Roger. Não dá. Você é o óleo e eu sou a água... Não nos misturamos. – Ele me lançou um olhar cortante.

– Quer saber... Você não é tudo que eu imaginei que fosse. Na verdade é ao contrário. Não passa de uma garota insegura, irritante, falsa... Um pé no saco! Merece morrer sozinha.

– Demorou pra você mostrar sua verdadeira cara! – Gritei enquanto ele me dava as costas.

– Vai se fuder Ana! – Ele disse enquanto caminhava para dentro do colégio.

Não consegui me mover.

Fiquei ali encostada na parede olhando pro nada.

Sou uma idiota! – repeti várias vezes pra mim mesma.

– Vai entrar ou ficar aí? Vou fechar o portão! – A voz da zeladora me trouxe de volta ao mundo real.

******

– Ana, onde você estava? Pensei que não iria vir hoje. – Felipe veio ao meu encontro. – Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

– Não. Estou ótima.

– Que bom. Preciso te contar algo muito estranho que acabou de rolar... A Camila me abordou agora pouco... Estava nervosa, disse que queria me contar uma coisa séria... Ficou enrolando e depois disse que não era nada.

Ótimo. Como pude me esquecer de tudo isso?

Os segredos... As coisas que eu vi e ouvi...

– Quer saber Felipe? Essa história está toda em minhas costas... É demais pra mim... Preciso dividir o fardo... Não posso ficar sabendo de tudo sobre todos... Não dá!

§ Dener §

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei à escola foi ir para a sala do diretor Clóvis. Ele foi muito claro quando pediu que eu fizesse isso no dia anterior.

– Entre. – Ele disse quando bati na porta.

– Bom dia. O senhor pediu que eu viesse aqui antes de ir pra aula.

– Sim. Sente-se. Quero conversar com você.

Puxei a cadeira e me sentei de frente para ele.

O diretor deveria ter mais de quarenta anos de idade, tinha cabelos grisalhos, estava acima do peso e sempre usava uma gravata. A escola inteira o respeitava e ele fazia o que fosse preciso para manter as coisas em ordem. Os pais dos alunos sempre ressaltavam a integridade e postura correta dele diante dos problemas escolares. Sem dúvida era um homem de respeito.

Neste ano, o meu ultimo nesta escola, me aproximei muito dele devido aos meus objetivos pessoais e aos da escola também. Para minha surpresa ele tem me apoiado muito e incentivado o time de futebol mais do que nunca.

Ele parecia confiar em mim.

Não cansei de agradecê-lo no dia em que disse que não me daria uma suspensão por estar naquela festa que rolou na casa da Molly.

– Como vão as coisas no time? – ele fez a primeira pergunta.

– Estamos treinando pra caramba. A gente vai dar o sangue pra vencer este campeonato.

– Sim, pelo menos eu sei que se depender de você isso vai acontecer. – ele me encarou. Assenti com a cabeça. – E quanto à arrecadação dos fundos? Aquele grupo está te ajudando na organização da festa?

Aquela pergunta trouxe a tona a ultima conversa que tive com aquelas pessoas. Sobre a ideia do Roger e o que ele disse: “neutralizar o diretor”. Apesar da loucura disso eu tenho que concordar. Com o diretor interferindo a festa vai ser um saco e as pessoas não vão querer ir... Se isso acontecer não vai ter reforma e o meu campeonato não acontecerá.

– Então... Eles estão colaborando. Fizemos uma reunião e começamos a definir como será a festa.

– Lembre-se que eu vou te dar uma verba, mas tudo precisa acontecer dentro dos conformes, precisa ser algo de caráter familiar. Estava pensando em uma coisa no período da tarde, com barracas de sobremesa. O que você acha?

Esse velho só pode estar louco!

Barraca de sobremesa? Quem vai pagar pra vir na escola em um sábado a tarde pra comer bolo?! Não é isso que o pessoal desta escola quer. Disso eu tenho certeza!

– Então senhor...

– Estamos sozinhos, pode me chamar de Clóvis. – ele sorriu estranhamente pra mim.

– Certo... Clóvis, eu estava bolando umas ideias que seguem outra proposta, talvez um pouco mais voltada para o público jovem. Algo que vai proporcionar um lucro maior. – disse com todo cuidado para não parecer uma afronta.

– Ótimo! Tenho certeza que suas ideias são as melhores. Você tem carta branca pra fazer o que for preciso. Coloque aqueles alunos para te ajudar e qualquer problema venha me procurar. Só tome cuidado com o nível de ousadia... – ele riu.

– Ousadia? – perguntei meio sem entender.

– Ah meu querido você sabe o que eu quero dizer. Os jovens gostam de uma putaria... – ele me olhou maliciosamente. Desviei o olhar sem entender.

– É, tenho que ir pra aula. – levantei da cadeira. Ele também levantou e veio em minha direção.

– Sim claro, vou te acompanhar até a saída. – ele me abraçou pela cintura conduzindo-me até a porta. – Qualquer coisa que precisar volte aqui. Sou todo seu.

Quando a porta se fechou às minhas costas um pensamento insano invadiu a minha mente. Uma sensação estranha que provocou um arrepio na minha espinha.

Não pode ser... Isso é loucura. – disse pra mim mesmo.

******

No meio do caminho encontrei a ultima pessoa que eu queria ver já cedo.

– Oi amor! – Ela sorriu e veio correndo em minha direção.

Quase me derrubou no chão com um abraço histérico.

Então, aqueles lábios melados encostaram os meus...

Interpretar aquele papel sugava tudo de mim.

Esconder meus verdadeiros sentimentos é um fardo pesado que as vezes me sufoca. É como procurar ar puro, mas não encontrar.

– Onde você estava? Fiquei te esperando no pátio. – ela perguntou me lançando um um sorriso. E que sorriso. Rebeca tinha os melhores dentes daquela escola, isso era inegável.

– O diretor queria me ver. – disse enquanto tentava desgruda-la de mim.

– De novo? – ela questionou.

– Você sabe amor. Campeonato, o time... Ele tá no meu pé.

– E a tal festa vai rolar mesmo?

– Tem que rolar. – afirmei.

– Se precisar de ajuda, conte comigo. - ela disse com um tom meigo.

Respondi com um sorriso.

Depois de algumas perguntas e alguns beijos que pareciam intermináveis finalmente chegamos à sala do segundo ano.

Me despedi dela e fui correndo para a minha sala do terceirão.

Por um momento cheguei a pensar que não teria mais que carregar aquele fardo...

Mas no fundo eu sabia que era um mal necessário.

§ Aldo §

Assim que pisei na escola os olhares se voltaram para mim.

Estava sendo observado como um animal em um zoológico.

Consegui perceber olhares surpresos, de deboche, risadas e alguns gritos de xingamento.

Só uma coisa se passava pela minha cabeça: Porque você voltou seu idiota?

E eu sabia a resposta desta pergunta: voltei por causa da minha mãe.

No dia anterior interpretei o maior papel da minha vida. Fingi aceitar aquela visita artificial da Ana e do Roger, fingi aceitar aquelas palavras... A parte mais difícil foi convida-los para o almoço e ver todos os sorrisos e olhares falsos.

A verdade é uma só, ninguém nunca gostou e nem nunca vai gostar de mim nessa escola.

O que me mata é saber que um dia tentei ser igual a eles, o resultado foi um coma alcoólico, mas agora eu sei que eu não preciso ser igual, pois sou muito melhor. Não preciso de ninguém.

Enquanto caminho pelo corredor me imagino com uma faca na mão, esfaqueando um por um. Minha mão toda suja de sangue e no meu rosto um belo sorriso.

Isso é o que eu sinto por dentro, talvez eu seja uma aberração que precisa manter essa imagem de NERD bitolado... Não que eu não goste de ser assim, mas não é o meu verdadeiro eu. Este ultimo acontecimento terminou de despertar isso em mim. Um dia essas pessoas saberão quem sou...

Esse dia pode estar mais perto do que eles imaginam.

– O punheteiro voltou! – ouvi um cara gritar.

Mantive minha cabeça baixa, não queria desperdiçar energia encarando aqueles idiotas.

Sou mais forte que isso, essas pessoas que me zuam não tem a metade da minha capacidade mental. Isso é o que me move, além do plano.

Quando entrei na minha sala do Terceiro A um silencio se instalou de repente.

Fiquei paralisado na frente de toda turma.

Vi Ana me dando um sorriso obrigatório.

Roger ficou de pé e começou a bater palma...

Ninguém o acompanhou, pelo contrário, começaram a rir dele.

Não poderia esperar uma atitude mais idiota do que esta, ele sempre foi um otário metido a badboy.

– Qual é cambada! Depois de tudo que aconteceu ele teve a coragem de voltar pra essa escola! – ele tentou explicar da maneira mais estúpida que eu já vi.

Agradeci com um sorriso, falso é claro, e aproveitei para tomar o meu lugar.

– Oh seu tarado vê se não vai se masturbar pensando em mim heim... – Molly tirou sarro da minha cara. Não era a primeira que ela fazia isso.

– Fica tranquila que ele não iria desperdiçar uma gozada com uma escrota como você! – Antes que pudesse dizer algo Ana já tinha interferido por mim.

A sala toda riu.

Vou deixar rolar para ver até quando ela vai manter essa farsa toda. Algum interesse deve existir por trás de tudo isso.

– Defensora dos animais! – Molly rebateu.

O professor Dante entrou na sala.

Dentre todo estrume que existe nesta escola ele é a única coisa que chega perto de ser aproveitável. Ele é tudo que um dia pretendo ser.

Respirei fundo e preparei a minha mente para entrar no mundo dos números.

O que me tranquiliza é saber que em breve o plano que construí por muitos anos será posto em prática.

Não é minha culpa...

Só preciso continuar interpretando meu papel corretamente, para no momento certo, todos conhecerem quem eu realmente sou.


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Notas finais do capítulo

Caraca! Mano, o que esse Aldo vai fazer?!
Porque a Ana faz isso com ela mesma? Tudo isso é medo de amar alguém?!
Até quando Dener vai conseguir manter essa fachada?!
A Camila vai contar que está gravida e o filho pode ser do Felipe? Se ela fizer isso como ele vai reagir a essa notícia? E os caras presos injustamente?! E quanto a Molly? A garota riquinha tem uma vida perfeita?
Veremos no próximo capitulo...



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