Lendas Renascidas escrita por 2Dobbys


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

N.A.: OMG, pronto, aki têm o outro... pelo menos não tiveram de esperar tanto tempo, né? (axo eu -.-'). Espero que gostem!



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VI

 

Ele foi poupado a responder, pois dois cometas, um preto e outro alaranjado tinham acabado de escancarar a porta da enfermaria e aterrado ao lado da cama de Hermione.

- Hermione como é que estás?... É só impressão minha ou estás diferente…?

- Estávamos tão preocupados contigo!...

- O que se passou?...

- Porque é que Mme. Pomfrey não nos deixou vir mais cedo?...

- Realmente, quem é que ela pensa que é? Impedir-nos de te vir ver sem teres nada que se pegue, isso é um escândalo!...

Hermione estava feliz de ter os seus melhores amigos ao seu lado, embora fazendo perguntas que pareciam não ter fim. Virando-se para Draco, disse a sorrir – Se tivéssemos apostado perdias Draco… os meus chegaram primeiro.

Ele revirou os olhos. Só de ver o cenourinha dava-lhe náuseas.

Só depois dela se ter pronunciado é que Harry e Ron repararam que havia lá mais alguém. Ron ficou com um ar enojado.

- Ups, falei cedo de mais… afinal sempre tinhas uma coisa que se podia pegar… uma coisa amarela e verde, verdadeiramente repugnante…

- Ronald! – ralhou Hermione – O Draco não é nenhuma doença, tá?

- Tiveste de viver todo este tempo ao pé dessa coisa?! Eu tenho de ter uma conversa muito séria com Mme. Pomfrey… - disse Ron indignado como se não a tivesse ouvido.

Harry parecia não estar a perceber nada – Desde quando é que andas a chamá-lo de 'Draco'?

Desta vez foi a vez de Draco se pronunciar - Tiveste de viver todos os dias durante o tempo de aulas a aturar estas aberrações? Sinceramente Granger, não sei como tiveste paciência para cérebros tão lerdos…

Ron ficou vermelho de raiva – Olha, seu grandessíssimo idiota, se sei que fizeste algum mal à Hermione…

Draco parecia agora divertido com a situação – O que é que me fazias? O mesmo que no 2º ano tentaste fazer? Vomitar lesmas?

- PAREM! Os três! – ralhou Hermione – Sinceramente, já têm idade para parar com as disputas não?

Harry e Ron olharam para ela sem perceber. Draco calou-se, cruzando os braços como se estivesse a fazer birra. Hermione encheu-se de paciência para explicar àquelas duas 'crianças' o que tinha ocorrido, o quanto Draco tinha mudado.

- Eu e o Draco damo-nos bem. – ao ver a cara incrédula do ruivo acentuou - Sim, Ron, não ouviste mal, damo-nos BEM. Tanto eu como ele passámos por uma situação semelhante, o que de certa forma nos fez compreender melhor um ao outro.

Draco prestava toda a atenção, embora não demonstrasse isso.

- Ele não é assim tão mau como o pintávamos. Já passámos por más experiências aqui na enfermaria, e ele apoiou-me muito.

Draco agora não tinha como esconder. Olhou para a locutora da conversa com interesse e espanto. Nunca ninguém o defendera daquela maneira, e ela estava a enfrentar os seus melhores amigos, defendendo-o. Se estivesse atento à expressão de incredulidade dos outros dois, teria gargalhado.

Ela continuava – Vocês nem imaginam… nós temos algo de esquisito, de repente vêm umas dores atrozes que… parece que nos rasgam por dentro - ela parou por um bocado, ao relembrar o quão doloroso eram, ao mesmo tempo que se recordava do porquê de estarem ali. Mais uma vez a recordação dos seus pais veio à tona, o que lhe fez brilhar os olhos com lágrimas.

Draco estava a ficar deveras preocupado. Ele pressentia que ela poderia ter um daqueles ataques a qualquer momento, ataques que ambos tinham de loucura nos primeiros dias em que se encontravam na enfermaria. Se isso acontecesse, ele mandaria os outros dois embora sem cerimónias e ficaria a cuidar dela. Ele estava com os músculos tensos, prontos a fazerem-no saltar da cama para cuidar dela, se necessário. Ela fez um esforço para continuar.

- Por favor, tratem-no com respeito, por mim… tá? Sem ele eu não sei onde estaria…

Harry e Ron entreolharam-se preocupados. Ela enlouquecera?! Por um lado temiam que ela estivesse sob um feitiço lançado por Malfoy, mas sabiam perfeitamente que isso não seria possível com Mme. Pomfrey lá. Seria mesmo verdade? O Malfoy teria mesmo cuidado dela?

- Hermione, continuo a achar tudo isto muito estranho… - começou Ron a olhar a amiga com uma cara que transparecia um autêntico ponto de interrogação. – Ele é um Slytherin, que ainda por cima nos anda a fazer a vida negra desde que pusemos os pés em Hogwarts! Mas o que é que ele te fez? Enfeitiçou-te?

Harry deu-lhe uma cotovelada e um olhar de aviso. O que Ron estava a dizer estava a deixar Hermione transtornada e pálida. – Não ligues ao Ron, Hermione. Já sabes como é que ele é quando tem a cabeça quente…

Ela começou a chorar silenciosamente, fechando os olhos. Esta reacção deixou Ron remoendo-se por dentro. Realmente tenho uma boca grande demais…

- Eu confio nele. – foi a única coisa que ela disse. Suave e simplesmente, sem os olhar nos olhos. Ao levantar o rosto brilhante das lágrimas para encarar Ron, uma transparência dos seus sentimentos fez-se sentir por todos: ela estava desapontada com os amigos. Sim, tinha sido Ron que o dissera em voz alta, mas ela soubera interpretar Harry, descobrindo que a opinião dele era a mesma que o melhor amigo. Apenas era mais contido do que este último.

- Lamento que não acreditem em mim, mas confio plenamente no Draco. Ele ajuda-me quando mais ninguém pode, o que não consigo explicar, mas sinto-me bem ao pé dele. Estou muito desiludida convosco. – isso era o eufemismo do dia. Ela sentia-se dilacerada por dentro, nem sabendo bem porquê. Será que ela se tinha tornado muito emocionável? A verdade é que ela sentia-se terrivelmente mal. Os seus melhores amigos não confiavam mais no seu juízo? Logo agora que ela se tinha apercebido que nunca compreendera tão bem as pessoas como agora… mas como explicar tudo isso àqueles cabeças-duras? Draco tinha mudado realmente… isso era assim tão difícil de compreender? Ela nem se apercebera do quão 'tapada' também tinha estado antes de saber da morte dos pais… sim, tanto Draco como ela tinham mudado desde aquele momento.

– Nunca mais xinguem o Draco na minha frente. – finalizou ela.

Mais uma vez, Ron não se conteve – Vais-nos dizer que ele é tão importante assim para ti como nós? Estás no gozo! De certeza que em algumas semanas ele nunca passou contigo o que nós passámos! Já te esqueceste de todos estes anos? Quem é que sempre esteve contigo a apoiar-te? Nós! Não foi ele!

Harry tentou calar o amigo, mas sem sucesso – Larga-me Harry! – e continuou a 'atacar' - Ele agora é mais importante que nós? Nós daríamos a nossa vida por ti, Hermione! Ele seria capaz de fazer o mesmo? Duvido muito!... E tu? Darias a vida por esse miserável? Por quem te insultou mais vezes do que todos os Slytherins juntos?

Draco interrompeu. O ruivo estava a ir longe demais. Aquela calma extrema em que ela se encontrava não era bom sinal. – Podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? Já chega Weasley! Não vês que a estás a fazer sofrer? Para quem diz que é muito amigo parece que gostas de a ver amargurada…

Ninguém parecia tê-lo ouvido. Hermione estava calma e nunca parecera tão pacífica. Olhou nos olhos do ruivo e respondeu baixinho – Sim.

Draco estava sem palavras, com o choque. Ela tinha mesmo acabado de dizer que se poderia sacrificar por ele? Tal como os outros dois, Draco agora percebia quando ela estava a falar a sério ou não. Desta vez, não havia dúvidas de que ela falara a sério. Nunca na vida alguém se preocupara tanto com ele sem ser os seus pais. Ela importava-se mesmo!

Ron insistiu – E achas que ele merece? Achas que ELE – disse ele quase gritando e apontando o dedo indicador para Draco - faria o mesmo que tu? Por ti?

- Acho – disse Hermione com voz segura. Apenas aí Draco se apercebera de que ela tinha razão. Se fosse preciso, ele daria a sua vida por ela. Por isso desde há algum tempo que se sentia protector em relação a ela, se sentira com vontade de esmurrar Pomfrey quando esta demorava mais alguns segundos a chegar quando Hermione tinha os 'ataques', se sentia constantemente preocupado com o seu bem-estar. Ai dos outros Slytherins que a tentassem importunar, iriam direitinhos para St. Mungus! Ela era o seu porto seguro, a única pessoa que o compreendia verdadeiramente, a única à qual ele não conseguia esconder nada e confiava tudo. Desde quando é que ele se preocupava tanto com alguém? Ainda por cima filha de muggles?

Se isso não fosse verdadeira amizade, nem ele sabia o que seria.

Desta constatação, novas ondas de dor surgiram nos dois. Desta vez, com as 'ondas' também vieram juntamente as dores nas costas. Eles nem conseguiam respirar direito. Acabara de ocorrer a 3ª transformação de uma nova etapa que os unia e que jamais seria quebrada: VERDADEIRA AMIZADE.

Harry e Ron olhavam a cena em estado de choque. A Harry fazia-lhe lembrar algumas características dos ataques epilépticos que alguns muggles tinham.

- MME. POMFREY!!!!!

Como se ela demorasse, Harry correu para a porta da enfermaria para gritar por ajuda. No instante em que ele ia abrir a porta (ela fechara-se magicamente), Pomfrey entrou de rompante, levando Harry a cair no chão de costas, batendo com a nuca no chão de pedra, vendo estrelas a dançar em frente aos olhos. Ron até se assustou com a expressão da enfermeira-chefe. Nunca a vira com um olhar tão ansioso e tão zangado ao mesmo tempo… era um cocktail de emoções bastante esquisito e que chegava a assustar.

Ela passou rapidamente a varinha pelos dois jovens que sofriam. Só podia… outra vez!

- Mas o que é que eu vos disse antes de virem para aqui? – quase gritou ela a olhar para Ron enquanto tentava fazer os outros dois beberem alguma coisa incolor e inodora que apenas parecia água – Eu não vos disse que eles precisavam de paz e sossego? Não me tente interromper senhor Weasley! – cortou ela ao ver a tenção de Ron de dar a conhecer a sua versão dos factos, o que o calou imediatamente.

Harry chegou-se ao pé do amigo que ficara pálido, a coxear e a esfregar a nuca, ficando a olhar impotente para os espasmos de Hermione. Ela estava tão fraca que nem conseguia gritar; ele sabia bem o que era isso… algo doer tanto que nem forças arranjamos para reagirmos conforme a nossa natureza: gritar, algo que é inato em nós, uma forma de libertarmos e/ou adquirirmos energia. Ela não estava a conseguir nada disso, o que era péssimo. Ele foi afastado dos devaneios pela potentíssima voz que Mme. Pomfrey estava a utilizar. Nunca ninguém a vira tão descontrolada.

– Eu repeti mais do que uma vez que eles estavam muito debilitados emocionalmente, que não deviam falar alto com eles, provocá-los nem nada do género! Mas como sempre, você e o senhor Potter saíram disparados da minha frente mal vos comuniquei que poderiam visitar a menina Granger! É o que dá não me darem ouvidos com a devida atenção! Será que ninguém ainda percebeu que o que quer que eu diga não é por acaso, principalmente em relação aos meus… pacientes?

Ron estava tão aterrorizado com o sermão de Mme. Pomfrey que não reparou que ela hesitara em dizer 'pacientes'. Harry, embora também estivesse atordoado por ser confrontado com algumas verdades que na verdade se dirigiam mais a Ron do que a ele, apercebera-se esse pequeno lapso. Será que eram apenas os nervos acumulados a trabalharem? Era capaz de ser isso… No entanto, Hermione e Draco estavam de alguma maneira diferentes e não era apenas na questão comportamental, mesmo fisicamente… mas não conseguia perceber o quê…

Os dois amigos ficaram mudos e calados a observar Mme. Pomfrey a obrigar Hermione e Draco a beber a 'água' que eles inconscientemente rejeitavam veementemente. Mas o que é que se passa com eles?

- Rua vocês dois! – disse a enfermeira-chefe mais calma, embora ainda com um tom de voz de meter respeito, sem olhar para eles. Estava completamente 'vidrada' nos dois pacientes que agora repousavam após terem tomado o 'tratamento' muito a custo, tendo sido tomados pela inconsciência.

Ainda antes de saírem da enfermaria, Ron virou-se para onde Mme. Pomfrey continuava os cuidados com os dois enfermos e disse baixinho – Desculpa… lamento imenso, Hermione. Sou mesmo um idiota. Apenas não quero que te magoes… - e acabando de dizer isto, foi-se embora seguido por um Harry preocupado.

Mme. Pomfrey tinha ouvido o 'pedido de desculpas' de Ron. Ela no fundo percebia que os amigos da sua 'paciente' apenas se preocupavam com ela, nem medindo bem as palavras… e esse era o seu erro. Ela sabia que era o princípio do sofrimento deles. Por outro lado, os que estavam à sua frente estavam mais perto do fim do seu sofrimento. Começo para uns, finalização para outros.


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Notas finais do capítulo

N.A.: Eu tenho uma relação de amor/ódio com este capítulo... acho que me percebem (e é necessário).
Desafio-vos a tentar adivinhar o que eles têm... hehe (não vale ir ao FF!)
Mais uma vez, OBRIGADÍSSIMA a todos os que dispõem do seu tempo a enviar reviews, adoro-vos a todos!