Eternal escrita por Rausch


Capítulo 6
Capítulo 5 - Seven devils in my head


Notas iniciais do capítulo

"Em queda livre(...)" - Tocando Ethan



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“Estou aqui, nos malditos Andes, nunca achei que esta cordilheira podia ser tão grande quanto aparentava. Todos aqueles anos de pesquisa me levaram para o caminho certo, mas não posso mais continuar nisso, eles me pegaram, conseguiram o que queriam. Tantos planos, tantas coisas a fazer e descobrir sobre a raça humana. Depois de tantos anos tentando pegá-los, os desgraçados construíram-me uma teia maior e silenciosa, e recuso-me a me entregar para a polícia. Não sou eu quem constitui o erro aqui, são eles. A OPB partiu da minha melhor ideia, e ela permanecerá assim, pois sei que eu não encontrarei o seu perdão, no entanto, terei o seu ódio. E nada mais do que o ódio para nos movimentar a fazer as coisas mais necessárias e com tamanha precisão. Posso ouvi-los se aproximando por todos os lados e meu tempo foi bom enquanto durou, agora a OPB está em suas mãos, você é o cérebro de tudo. Lembre-se, como eu deixei tudo naquele computador, sensitividade evoluiu em níveis exorbitantes, não somente podendo nascer de alguém do grupo. Alguns dos genes se reproduzem e podem formar novos sensatez. O mais formidável é a evolução de dois descendentes do atual grupo de oito, eles desenvolveram habilidades durante a infância e sem estes, eis que jamais poderá compreender a raça e nem ter o domínio. A tarefa está em suas mãos, o mundo e sua evolução também. Não te peço perdão para que o ódio cresça, mas admito que sempre foi minha filha. Honre a família, Alma. Adeus.”

O homem enviou a mensagem sorrateiramente, enquanto ergueu a arma que segurava com a mão direita. Os passos dos policiais sorrateiramente circundavam sua casa, a mente estava deveras fraca para qualquer coisa, porém, a mão não estava fraca para o que deveria fazer. Abriu a boca sem pensar duas vezes e o cano da arma adentrou em sua cavidade. Teve a oportunidade de ver a porta ser arrombada, no entanto, o estalido e o tiro seguinte o silenciariam para sempre. O gatilho foi apertado. A alma da OPB desfaleceu ao chão.

(...)

Nomi Marks já havia estado naquela sala algumas vezes, em todas elas estava tentando aconselhar Lito Rodriguez, e em parte se considerava o grilo falante para ele. Olhou os aspectos do local e cruzou os braços enquanto encarava as fotos da parede. Muitas fotografias eram distribuídas ali, de vários momentos dele, mas acima e tudo, o que deveria ser o seu filho. Criança bebê no colo dele e do outro, criança com janelinha aos cinco. Nomi deu uma pequena risada ao ver a foto do garotinho banguela, lembrava-se de Robbie chorando achando que o dente nunca mais iria crescer. “Baixinho, cabelo cacheado, mamãe. ” – O rapazinho que crescia conforme as fotos evoluíam era exatamente igual a forma com a qual o seu filho o usava para descrever o que Nomi acreditava ser apenas um caso de amigo imaginário.

A insônia fez a loira perder completamente o sono, e ao passo que isso aconteceu, Nomi apareceu na residência seguida dos primeiros raios de sol da alvorada. Ainda observou as fotos por alguns segundos, até se deparar com a mais recente delas. O rapaz de cabelos cacheados estava sentado numa grande fonte e abraçava os dois pais, que igual beijavam seu rosto. Não havia sorriso tão genuíno quanto aquele. Nomi virou para a escadaria e viu quando Lito descia a mesma com um grande roupão.

– Oi. – Disse a mulher por ser pega num momento tão sem graça.

– Nomi? – O homem surpreendeu-se com a figura à sua frente.

– Invadi a sua casa, me desculpe. Na verdade, não. – Escapou um gostoso sorriso de seus lábios.

– A garota de todos os acessos. – Lito confirmou e cruzou os braços.

– Mas parece que nem todos os acessos me são suscetíveis mais.

– O que te preocupa? O nosso maior problema já foi resolvido, não acha? – A referência foi bem clara para Nomi.

– Não é isso. Posso sentar? – Apontou o sofá circular ao lado.

– Claro. – Lito indicou o assento para a loira.

Nomi olhou mais uma vez para as fotos de Julian e olhou para seu pai em seguida:

– Estava vendo as fotos, ele é seu filho, não é? – Perguntou.

– Si, é meu pequeno, agora grande, cariño – Disse em seu tradicional sotaque mexicano – O que tem ele?

Nos momentos seguintes em que se seguiram, Nomi Marks ponderou severamente em como conversaria sobre aquilo com sua outra parte. Estava assustada como nunca esteve na vida, porque o que havia percebido poderia colocar Robbie em coisas ruins, e ali, o filho do homem à sua frente:

– Desde que meu filho era criança, mais especificamente por volta dos 8, eu o notei estranho. Nesta idade ele passou a conversar com um amigo imaginário, e com o decorrer de seu crescimento, essa figura esteve sempre presente. Meu garoto possuía amigos na escola, mas nenhum deles significa tanto quanto esta representação que surgiu em sua infância – Olhando para a frente e sem um local ou ponto fixo, Nomi dizia – Eu e Amanita até tentamos o levar num psicólogo para que ele entendesse que amigos imaginários não são reais. Ele tem 18 anos, e tudo o que ele faz é viver a sua vida e também a do outro.

– Meu cariño tem a mesma idade. É um pouco difícil, Nomi. Jovens são difíceis, apesar de que ele nunca me deu trabalho. – Lito sentia orgulho ao falar do menino.

– Por volta dos 15 eu até cheguei a pensar que meu filho estava tendo alucinações e o julguei como minha mãe fizera comigo, porém, quando você olha nos seus olhos, há tanta verdade no que ele diz. Por mais que você não acredite. No jantar ontem, eu e Neets estávamos conversando com ele, até que do anda ele sorriu feliz e começou a dançar, não havia música ou nada parecido. Ele apenas mexia os braços, e depois disso, ele simplesmente disse “Ele venceu”. E obviamente ele estava se referindo ao amigo, ou melhor, ao namorado imaginário. Sim, o meu filho é apaixonado por essa figura que eu julgava mítica. Queria te perguntar algo, o que estava fazendo na noite passada?

– Tive uma estreia de um filme novo, e ontem eu me surpreendi da maior forma que poderia na vida. Meu filho é uma criança difícil, não tem amigos, sempre tão calado, e ele me mostrou o seu maior talento ontem. A voz de um angelito – Lito a olhava curioso, e em suas palavras encontrava referências que não lhe eram de estranhamento. Nada era maior do que a alegria que sentiu ao ver Julian sorrir e fazer, aparentemente, o que gostava pela primeira vez – Eu também quero fazer uma pergunta, Nomi. Qual o nome do seu filho?

– Robbie.

Não somente os olhos, como também, a mente de Lito Rodriguez foi levada ao mesmo lugar costumeiro no qual Julian sempre ficava, o quarto, de frente para a parede vazia. “Eu vou falar com ele.” – E o pai nunca chegou a conhecer o amigo do filho. Julian cresceu e a distância maior da família parecia ficar tão clara diante das palavras de Nomi.

– Meu filho também tinha um amigo de infância, eu achei que isso era um problema unicamente nosso. Mas Julian era muito sozinho, Hernando e eu acreditávamos que era um reflexo da solidão dele na escola. E ele sempre falava desse rapazinho que era um super-herói. Um dia ele me disse que me apresentaria a ele, nunca aconteceu. Julian era como nosso pequeno príncipe, vivia de imaginar. – Explicou o pai para a mãe preocupada.

– Julian? Esse é o nome do amigo do Robbie – A preocupação de Nomi elevou-se ainda mais – Está acontecendo de novo, Lito. Mas como? Achei que não fosse possível dessa forma. Eu estou com medo deles quererem machucar meu filho. A conspiração era muito grande apenas para ter acabado com a morte dele.

– Então é isso? É como nós? Estão ligados desde a infância? – O homem parecia tão preocupado quanto a mulher. Se entreolharam.

Os saltos altos bateram contra a soleira e não poderia ter chamado mais a atenção. A figura série e esguia encostou-se na divisória entre a cozinha e a sala:

– É, Lito. É como nós, até pior. Meu filho nunca dançou nem mesmo com a namorada, e ontem eu o vi dar um show que eventualmente não era do seu feitio. – Sun Bak foi direta ao máximo.

– Tirando as músicas, Viola nunca falou inglês na vida. A primeira vez foi ontem, enquanto quebrava coisas do marginal que a traiu. – Wolf apareceu encostado na parede da tv.

– Malika costumava ser uma boa cantora, porém, não na língua americana. E ela foi ontem, assustando todos da família. – Os cabelos soltos e a aparência serena de Kala Dandekar se fizeram por mostrar quando a mulher apareceu no último degrau da escada. Ela trocou olhares com o loiro na parede oposto e desviou o mesmo.

– Apesar de eu a ter colocado de castigo por suas ações, Zanna me apareceu sorrindo e me abraçando do anda ontem. Problemática como é, ela não teria feito isso, é orgulhosa. Isso não é bom. – Capheus apareceu ao lado de Sun e manteve as mãos nos bolsos.

– Meu filho achou que eu deveria estar em Nova York e transformou a minha casa num motel, e eu o peguei muito drogado.

– E isso explica o fato de Melanie sentir cosias que me deixaram curioso na última noite. – Will Gorski surgiu no mesmo momento que Riley Blue. Ambos trocaram um sorriso rápido.

No círculo que formou-se naquela sala, cada pai olhou no olhos de suas outras respectivas partes, e eles entenderam que não haviam nada pior que seus pequenos pagassem por algo da vida. Mal haviam terminado de salvar a si próprio, e necessitavam entender o que acontecia para salvar os menores. O barulho de um celular a tocar alarmou a todos naquele recinto, e Will puxou o celular do bolso:

“A única maneira de evoluir é a ciência, e ela está muito presente. Um grande líder morre, mas não, sua ideia. Eu estou bem aqui, eu continuarei. É a hora de vocês jogarem o meu jogo. Ou melhor, os mais novos.” – Arcan

Gorski leu em voz alta. Todos eles tiveram certeza de que nada havia acabado.

(...)

– Quem é Arcan, pai? – Mellanie sacudiu os ombros do pai no carro.

– Não é ninguém filha, coisa do filme que eu vi ontem pela madrugada. – Will tranquilizou a menina.

Melanie trajava sua farda impecável, bem como, uma boina na cabeça. Analisou o pai estranhamente após ouvir aquelas conversas sem interlocutores, pois com ela não estava a falar. Abriu a porta do carro ao dizer ao pai:

– Eu tenho de correr então, ou estarei fora na hora do início das aulas. E não quero perder a chance de ser bem vista e passar no teste. Tchau, papai.

– Ei, espere – Will puxou o braço da filha e a fez olhar em seus olhos – Eu acredito em você. Saiba disso.

– Eu, papai. – Melanie saiu do carro e em seguida ao olhar para o pai, ficou reta e bateu uma continência com a mão direita. Will correspondeu e a menina se foi.

A garota segurou a mochila nas costas e seguiu pelo portal de entrada do colégio. Conhecia-o como a palma de suas mãos e já sentia o fato de ter de se despedir do lugar que lhe proporcionou as maiores lições de toda sua vida. Passou pelo porteiro e o acenou brevemente com a cabeça. Tendo cruzado o corredor central, apenas sentiu o impacto contra a sua cabeça.

– Ai! - Ouviu a queda de algo ao chão.

– Me desculpa, por favor – A menina abaixou para pegar o conjunto de escovas e alguns utensílios pessoais – Desastrada, desgraçada. A menina brigava consigo mesmo.

– Não foi nada - Melanie não achou justo apenas ela se desculpar, nenhuma havia visto – Me desculpa também – Abaixou junto a ela e começou a ajudar a colocar as coisas na maleta novamente.

– Eu sou Rachel Andrews, posso te levar ao céu se quiser – A menina levantou o rosto para Mel e seus olhos castanhos eram muito bonitos. Algumas madeixas dos cabelos de Rachel eram loiras em meio a um grande castanho escuro, utilizava a boina característica da divisão de comissárias de bordo. Fez a reverência para Melanie.

– O que me espera hoje é um prova de nível, o céu está longe. – Até a própria ria da piada infame.

Ambas as garotas levantaram do chão e Gorski ainda ajeitava seu uniforme ao corpo.

– Gorski, Melanie Gorski. – Estendeu a mão para Rachel. Ela apertou.

– Prazer. – As covinhas do rosto de Rachel contraíram-se e aquilo pareceu bonito aos olhos de Melanie. Ela era simpática.

– Eu digo o mesmo. Agora devo ir, o teste começa em pouco tempo. – Deu as costas para correr, porém, foi pelo braço de Rachel que a puxara.

– Obrigado por não estragar meu dia com palavras ruins e por me desculpar. Que pena que só te vi no último dia do ensino médio. A gente marca algo e vamos voar.

– Se houver tempo, tudo faremos. Vai ser legal. Tchau. – Mel disparou pelo corredor e enquanto corria, teve a certeza de que Rachel não se moveu do lugar em que estava.

(...)

– Esse canalha vai levar uma surra, esteja certa, Viola. – O pai falava alto em seu quarto. A menina loira estava tão irritada quanto, porém, tinha ainda a dor.

– Fica quieto na sua, papai. Eu já resolvi o que eu tinha de resolver. – Viola disse sentada e encarando a janela.

– Você não sabe resolver este tipo de coisa, você foi feita de idiota por esse rapaz. E eu te avisei, Viola. – Wolgang colocava toda raiva para fora no sermão.

A menina levantou o rosto para o pai e uma expressão de desgosto e indiferença habitou sua face. Levando em conta o que havia feito, o mais sensato seria que Hans tivesse levado a pior. O carro praticamente custaria mais do que o pai recebia no trabalho dele, e ele jamais pensaria em tratar outra garota daquela forma. Espero que ele ligasse para dizer algo, porém, ele ainda tinha orgulho, ou na certa, medo.

– Eu te avisei que esse cara era um panaca, Viola. Ele vai ter o que ele merece.

– Ele já teve. – Ela repetiu uma vez mais.

– Seu choro? – Wolfgang ironizou a própria filha.

– O problema de vocês homens é subestimar as mulheres. Eu quebrei o carro dele, destruí os vidros, amassei a lataria, risquei a pintura. E o maior prazer disso foi deixar bem claro que eu havia feito. Não era o tipo de coisa que eu faria, no entanto, acho que uma visão divina ou demoníaca me ajudou. As mãos nem apreciam minhas, mas eram de uma menina. É, talvez fosse eu mesmo. Eu dei a ele o que ele merecia, o sangue quente de uma garota fria. – Viola levantou da cama e analisou o pai. Os braços se cruzaram diante do que dizia. Wolfgang olhou par aa filha, pensou no que ela dizia, sobretudo na questão de mãos que não sabiam se era dela. A conversa de uma hora atrás fazia sentido, pois Viola não seria a única violenta daquela forma.


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Notas finais do capítulo

E então, leitores? Parece que a coisa começou a ficar séria, literalmente. Qual a impressão de vocês do capítulo? Deixem seus reviews, adorarei ler sobre. Espero vocês no próximo.



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