Nyah! City escrita por Bill Cipher


Capítulo 8
Societatis Anti-Veneficas


Notas iniciais do capítulo

MORRA HIATUS! Voltei (avaka).
Ah, quanto o diálogo estiver em itálico significa que o som vem de longe ou de outro local.



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Shini observava o seu entorno como um paraíso. A biblioteca de sua escola nem se comparava a aquela livraria.

— Ei, ei garoto. – a voz de uma senhora faz o voltar de seu transe. Ele procura de onde estaria vindo aquele som, até o encontrar logo a sua frente. A voz vinha de uma senhora de 60 anos atrás de um balcão. – Não pode trazer animais para dentro da loja.

— Ah me desculpa, estou de saída já.

Shini se dirigia a porta de vidro por qual a pouco entrou, quando a mesma voz o chama novamente.

— Garoto, poderia vir aqui?

Shini estranhou a atitude repentina da mulher, mas obedeceu.

Ele se aproximou da mulher de cabelos grisalhos. Ela olhava fixamente para os olhos castanhos do garoto, como se já tivesse os visto antes.

— Me desculpe a grosseria, rapaz. Desde que você deixe seu gato aqui na entrada você pode permanecer no local.

— Não mas é sério, eu realmente preciso sair, eu tenho que me encontrar com um amigo e...

A senhora estende um livro de Alice no País das Maravilhas para Shini.

— O... que é isso?

— Pela sua idade imaginei que gostaria de ler.

— Não, mas eu não tenho dinheiro.

— Não tem problema, desde que você o leia aqui.

— Olhe, não acho uma boa ideia e... – quando Shini menos espera a mulher de óculos redondos já havia colocado o livro sobre as mãos de Shini e o fazia sentar numa poltrona ao seu lado.

— Ah, eu sei que você está louco para lê-lo. Só o primeiro capítulo.

— Só o primeiro capítulo... – repetiu a frase com a tentação de abrir aquele livro, mas quando ele punha a mão sobre a primeira página o garoto fecha repentinamente o livro e o entrega à senhora.

— Muito obrigado, mas eu realmente tenho que ir.

Shini se levanta e põe Max no colo e segue em direção a porta novamente.

— Espere. Leve-o. Deixe que eu pago.

Shini olha para aquela mulher com uma cara estranha e rapidamente sai do estabelecimento.

— Melhor irmos rápido, a aula de Lucas já deve ter começado.

Na escola de Lucas...

“Onde ele está?!!!” – pensava Lucas andando de um lado para o outro enquanto observava o horário em seu celular. A aula de história já estava prestes a começar.

— Desse jeito você abrirá uma cratera no chão, Lucas. – falou um garoto loiro de sua idade.

— Ah, oi Diego.

— Aconteceu algo?

— Ahn? Nada, nada não.

O sinal de entrada finalmente toca. Cada um dos alunos segue para suas salas e o monitor fecha o portão do colégio.

Lucas caminha até a sala do sétimo ano B que ficava ao lado do pátio. Ele se senta na última carteira da sala próxima a janela que tinha uma vista completa da rua. Em questão de alguns minutos todos já estavam na classe inclusive o professor. Ele era alto, vestia um jaleco branco e seus cabelos eram castanhos assim como seus olhos que ficavam escondidos por seus óculos pretos.

— Bom dia. – disse colocando sua pasta sobre a mesa. Ele pega um giz branco de seu estojo e começa a escrever na lousa.

“Onde ele se meteu?!” – pensava Lucas percebendo que Shini não conseguiria entrar com o portão da escola fechado.

— Na aula de hoje vamos continuar a falar sobre a Idade Média. – falou enquanto escrevia “Idade Média” na lousa ocupando um terço dela – Na última aula estávamos falando sobre o poder da Igreja e sobre a Inquisição, certo?

Lucas observa algo se aproximando da escola. Era um garoto de cabelos pretos azulados segurando um gato que quase dormia em seu colo.

“Por que ele trouxe o Max com ele?”

— Daquela época até o século 18 mais de 50 mil pessoas, principalmente mulheres foram acusadas e mortas por bruxaria. Elas eram torturadas, linchadas, queimadas...

Lucas acenava discretamente pela janela para Shini entrar pelo portão da secretaria. O garoto nota o gesto e segue o caminho apontado por Lucas.

— Mas professor. – pergunta um dos alunos – Isso ainda acontece nos dias de hoje?

— Como?

— Se ainda matam homens e mulheres acusados de bruxaria.

— Bem, algumas pessoas dizem que existem algumas sociedades secretas que querem eliminar todas as bruxas da Terra, mas não se preocupe que como as bruxas com certeza eles também não existem.

Lucas de repente levanta a mão.

— Posso ir ao banheiro?

— Pode.

— Mas professor - disse uma aluna - Por que eles as matavam? Elas faziam algo de mal? – Lucas sai da classe nesse exato momento e fecha a porta.

Eles acreditavam que elas tinham ligação com o demônio e com o inferno, e que elas poderiam abrir algum portal para trazer os monstros de lá para cá. – Lucas rapidamente se dirige a secretaria da escola que coincidentemente ficava próxima ao banheiro.

Em Nyah! City...

— Ela já foi? – perguntou Kori.

— Já. – disse Hiroshi com a orelha encostada na porta.

— Então continue o que você estava contando! – falou Maemi de boca cheia.

— Ok. Como eu disse a mulher era aquela da estátua em frente a prefeitura, e o homem é o Seiji.

— O prefeito? – pergunta Hiroshi – Como ele poderia estar vivo desde aquela época?

— Na verdade Nyah! City não é tão antiga quanto vocês pensam.

— Como assim?

— Acho que vai ser meio difícil para vocês compreenderem. A cidade tem exatos dez anos.

— Impossível, eu tenho 28 anos, a cidade já existia quando eu nasci.

— Eu disse que vocês não iriam compreender. Resumidamente, tudo que aconteceu nessa cidade antes de novembro de 2005 era falso.

— Não estou entendendo tia Kori.

— Todas as lembranças, objetos, acontecimentos que vocês conhecem antes dessa data eram falsos. Falsas memórias para todos acreditarem que a cidade existe a muito tempo e viverem como qualquer pessoa normal. No seu caso, Maemi, você é um mês mais nova que o Shini, então suas lembranças são reais, assim como as de qualquer pessoa mais nova que ele.

— Então basicamente nossa vida é uma mentira?! – pergunta Hiroshi a Kori.

— Só a sua. Eu não sou daqui. Assim como o Seiji, a Kaline, a Vivian e aquela mulher da estátua. Por isso nós todos temos essas orelhas aqui. Porque não somos dessa dimensão.

— Ai, minha cabeça está confusa. – o rapaz se senta em sua cama e põe a mão na testa.

— Kori, só uma coisa eu não entendi. Quem é de fato essa mulher da estátua?

— Não sei. O único que sabe disso é o Seiji, mas ele jamais nos contou.

Todos ficam em silêncio.

— Mas enfim, voltando ao sumiço do Seiji. – Kori põe a mão em sua pequena bolsa branca e começa a tirar um livro 5 vezes maior que ela. Isso porque as bolsas de Nyah! City eram feitas de um material que comprime tudo que é posto dentro dela, a fazendo ter quase que um espaço infinito para se guardar coisas. Kori entrega o pesado livro para Hiroshi – Eles entraram num portal que os levou para minha dimensão, mas o portal é feito apenas para pessoas de lá virem para cá e voltar. Ele não deve ser usado por pessoas naturais dessa cidade. Por isso quando o Shini passou por ele o portal quebrou. E o único manual que temos para consertá-lo é este, que está em japonês. Você é a única pessoa que eu conheço que sabe falar e ler japonês. Você poderia nos ajudar?

— Eu... bem... – ele coça sua nuca.

— Por favor, Hiroshi. – falou Maemi – Ele é meu melhor amigo, temos que salvá-lo.

— Ahn... ok. Eu te ajudo.

— Obrigada... o Shini é muito importante para mim. – disse Kori.

— Eu posso ajudar vocês? – pergunta a menina.

— Oi?! Você está louca?! – pergunta Hiroshi.

— Maemi, isso é muito perigoso. – fala Kori.

— Além do mais isso é coisa de adulto. – disse Hiroshi. Caros leitores, se quiserem permanecer vivos NUNCA digam isso a uma criança independente da idade de ambos.

Um olhar de fúria se enche nos olhos azuis da garota, mas em seguida seu sorriso volta.

— Ah sem problema. Desde que a que a tia Kaneko fique sabendo! TIA! - Hiroshi tapa a boca da prima.

— Ok, ok. Você venceu. Pode nos ajudar.

— YEY!

Eles se dirigem a sala.

— Kaline! Vivian! Vamos.

As duas vêm correndo na direção dela; cada uma com a mão cheia de biscoitos.

— Kori! Você tem que provar esses biscoitos! – disse Kaline.

— Ela está certo! – disse Vivian – Eles são divinos!

Kori pega seu celular e tira uma foto das duas.

— Enviar.

— O que foi?

— Vocês concordaram em uma coisa. – Kori pega um dos biscoitos da mão de Vivian e dá uma mordida – Uhn!!! Vocês têm razão, isso é ótimo!!!!

— Então tomem. – A Sra. Kaneko entra (ou melhor surge) na sala com três sacolas de biscoito.

— Obrigada!

Todos se dirigem a porta, inclusive Hiroshi e Maemi.

— Aonde vocês vão?

— A gente vai... dar uma volta.

— Juntos? – ela olha para Kori e Hiroshi com uma cara de shippadora feliz – Ah podem ir a vontade, voltem quando quiserem! – falou quase empurrando os cinco para fora.

— Tchau... – A Sra. Kaneko fecha a porta.

— Espero que a SAV não encontre o Shini. Ele era muito importante para Misaki.


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Notas finais do capítulo

Revelações um pouco óbvias e outras nem tanto, fazer o que '-'. Gostaram? Comentem. Bem, até o capítulo que vem com mais um de onde vem!