Apenas mais Uma de Amor escrita por Thaís Romes


Capítulo 11
Minha amiga.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Então, não vai ter música nessa one, é só uma ideia boba que estava em minha cabeça e resolvi colocar no papel, espero que gostem.



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OLIVER

Meu pai atirou na própria cabeça por mim, minha mãe teve uma espada atravessada no peito, Thea saiu de Starlling, e eu resolvi afogar as minhas magoas em um bar de esquina, com cinquenta dolores na carteira e me sentindo assassino demais para sair em ronda. Bebendo uísque barato que mais parece vinagre vencido, acho que esse é o gosto do fundo do poço.

Ignoro alguns olhares nada discretos de três garotas sentadas na ponta do balcão, a primeira era negra, com uma pele linda, cabelos volumosos com mechas louras, a segunda era a mais comum das três, parecia não querer estar ali, e pelo rabo de cavalo alto e a forma que virava a tequila, teve um dia ruim, e a terceira estava decidindo se deveria ou não se apresentar, era bonita com longos cabelos escuros, mas simplesmente não estou no clima.

Meu celular vibra pela milionésima vez, e vejo a foto de Diggle no visor, agora são quatro chamadas dele, contra sete da Felicity. Digito uma pequena mensagem “Estou bem” e envio para os dois, o garçom enche meu copo, e viro toda a dose, antes que ele saia com a garrafa, o que o faz enchê-lo mais uma vez, aceno em agradecimento o vendo se afastar para atender as garotas, quando escuto o barulho ritmado dos saltos.

Ela parece nervosa, bom, pela pressa deve estar mais do que nervosa, e talvez um pouco preocupada, não que vá me dizer isso com todas as palavras, mas sei ler os seus sinais, é o que acontece quando se tem um relacionamento que não envolve sexo, você acaba aprendendo sobre a outra pessoa. Não olho em sua direção, mas vejo o rosto desapontado da garota que planejava se apresentar, e em seguida sinto a mão de Felicity em meu braço, não de forma delicada, ela me aperta cravando as unhas.

—Aut! –murmuro de dor, me virando em sua direção, estava com o rabo de cavalo de quase sempre, os óculos sobre os olhos azuis irados e um vestido vermelho rodado, gosto desse vestido nela, não que vá dizer isso também. –Eu estou bem. –me limito a dizer, virando toda a bebida do meu copo, e faço um gesto para o garçom.

—Você desapareceu por três dias. –sussurra entre dentes. –E por nada nesse mundo vou te perdoar se me fizer saltar de um avião caindo em pedaços mais uma vez, rumo aquela maldita ilha minada! –muito, muito irada. Olho para ela de lado, sem demonstrar nenhuma expressão. –Por que não tem retornado nossas ligações, Oliver?

—Só preciso ficar sozinho por um tempo. –respondo. –Roy e John tem dado conta da cidade, e eu te mandei uma mensagem. –ela tira o celular da bolsa e o olha como se fosse lixo toxico enquanto lê minha mensagem.

“Estou bem?” tenta em vão controlar a voz, para que não saia mais irritada do que gostaria de demonstrar. –É só isso?

—É.

—Oliver. –chama e continuo olhando para o copo. –Oliver!

—O que? –vejo como estava a frustrando. –Como me encontrou?

—É sério? –semicerra os olhos.

—Claro. –suspiro. –Precisam de mim para alguma coisa, é algo com Dig ou Roy?

—Não, Oliver. É sobre você. –sua voz se torna doce, o que não é bom, por que não consigo manter minha fachada com a versão doce e preocupada de Felicity. –Olha, nós sentimos muito sobre sua mãe... Eu sinto muito.

—Eu sei. –respondo sem defesas.

—Entendo que queira tomar um porre, e por mim tudo bem, pode beber. Mas o que você não pode fazer é se voltar para dentro de todos esses muros que cria a sua volta, nós somos seus amigos, e nos preocupamos com você. –ela me dá um pequeno sorriso, e toca meu braço mais uma vez, agora de forma delicada. –Um conselho de uma garota abandonada pelo pai. O que os seus fizeram, foi a maior prova de amor que poderia esperar, não desperdice isso virando uma versão introspectiva do Tony Stark. –se levanta e começa a sair do bar, me deixando com a pergunta de quem diabos é Tony Stark?

FELICITY

Starlling tem sido uma boa cidade ultimamente, tão boa que me sinto entediada. Arrumei um emprego na Tech Village, o inferno deve o mesmo nome, posso apostar. Não estou reclamando, ou sou algum tipo de sociopata que aprecie ver o circo pegar fogo, mas acho que os super vilões resolveram todos tirar férias, ao mesmo tempo.

Saio do meu emprego as cinco em ponto, nem se me pagarem o dobro sou capaz de fazer hora extra. Passo na caverna cedo, Oliver estava dormindo nos fundos, Diggle ocupado com Lyla e sua filha que pode nascer a qualquer momento, e prefiro não saber o que Roy faz com seu tempo livre. Coloco todo o sistema para atualizar, e vou para minha casa, talvez uma faxina faça bem ao meu tédio.

—Bom, somos só eu e você agora. –estralo os dedos, dentro do meu closet. –Talvez deva fazer algumas doações. –murmuro olhando para algumas saias que já não uso a algum tempo

Uma hora depois e tudo está impecável, chego a suspirar olhando meus sapatos alinhados à perfeição. Mas uma única peça permanece em meu colo, um vestido preto, bastante revelador, que comprei em um dia em que estava com minha autoestima elevada ao máximo (quando Barry me convidou para sair em um futuro indefinido, aquilo fez bem ao meu ego). A pergunta é, quando e onde em Starlling City, que é sempre fria e sombria, vou usar esse vestido?

Vejo meu celular apitar, mostrando a localização de Oliver no GPS, não é que fique o stalkiando, mas o cara acabou de perder a mãe, precisa dos amigos, e eu o amo. Não amo, AMO, não de forma romântica, eu o amo. Como um bom amigo ama o outro, por isso é bom ficar de olho, é quando uma ideia insana me vem em mente.

OLIVER

Escuto alguns burburinhos dentro do bar, e por instinto olho na direção da porta. Demoro alguns segundos para ligar tudo aquilo, a pessoa. Felicity tirava o casaco, andando calmamente em minha direção no balcão, usando um vestido preto, com tiras que revelavam pele demais, e uma saia que revelava mais pele ainda. Alguns caras quase quebravam o pescoço tentando olhar para ela, e por mais que sinta vontade de bater com a cabeça deles nas mesas que ocupavam não dava para julga, seria um deles se não fossemos amigos.

—O que está fazendo aqui? –sussurro, me esforçando para manter a voz calma, e meus olhos em seu rosto. –E o que está vestindo?

—Bom, chamam de vestido. –ela dá uma voltinha em minha frente, as tiras das costas eram ainda mais finas, posso ver a curvatura se suas costas com perfeição. –Comprei para um encontro, mas o cara está em coma. –dá de ombros, e tudo o que consigo pensar, é que serei o próximo a entrar em coma. –Já estive na caverna, não tem nada acontecendo, e eu estava entediada, então me lembrei que era uma boa parceira de bebida para meus amigos na faculdade, e sofro de amnésia alcoólica, então seus segredos estarão guardados comigo. –dispara a falar, super rápido. –Posso até te arrumar uma garota. –pisca para mim, e engasgo com minha própria saliva.

—Não, nós não vamos fazer isso.

—Claro que vamos! –me ignora, fazendo um gesto para o garçom que a atende prontamente. O cara deve ter seus trinta anos, prestes a ficar careca, e ostenta uma protuberância no abdômen que certamente resultou de muita cerveja.

—Oi! –diz animado, quase babando. Idiota. –Em que posso te ajudar princesa? –o encaro irritado, não é ciúmes nem nada, mas não se canta uma garota que está ao lado de um cara em um bar. É só uma questão de respeitar as regras.

—Vou querer uma marguerita, pode trazer um scott duplo par meu amigo aqui. –ela aperta meu braço, e vejo o cara recuar um passo assim que me percebe. –Hoje é por minha conta, Oliver!

—Não vou te deixar pagar a minha bebida.

—Então, me conta. –se vira empolgada, estampando um sorriso enorme, com os olhos brilhando. Como se não estivesse escutado uma palavra se quer, do meu protesto. –O que tem de legal aqui? –respiro fundo, e dou uma olhada em volta com meu melhor semblante furioso, todos a observavam e aquilo estava fervilhando o meu sangue. Alguns desviaram os olhos, outros mais corajosos, fingiram não me perceber.

—Não tem nada aqui, é só um lugar com bebida barata.

—Okay, serve para mim. –dá de ombros. –Sabia que eu ganhei um concurso de vira-vira na faculdade? –olho para ela chocado. –Deixa para lá.

—Está com frio?

—Não, você está? –devolve a pergunta com inocência, e reviro meus olhos. –Precisa relaxar Oliver.

—Estou relaxado. –respondo tenso, virando toda a bebida do meu copo, e escuto seu riso de diversão.

—Escolhe a garota. –sussurra.

—O que?

—A garota que você quer, vou te ajudar. –sorri animada.

—Não vou fazer isso.

—Ah, qual é? –reclama, pedindo mais uma dose ao garçom, que repõe imediatamente o seu copo, filho da mãe. –Por favor!

—Okay. –me viro para ela, a olhando de cima o que nunca a intimidou, não vai ser hoje o meu dia de sorte, mas não custa tentar. –Digamos que eu escolha, para onde exatamente vou levar a garota? –ela parece pensar no assunto. –Se esqueceu onde moro atualmente?

—Bom, eu te ofereci o meu sofá, mais de uma vez. –espera que diga algo, mas continuo a olhando da mesma forma. –Posso te emprestar meu apartamento. –sorri esperançosa.

—E onde você dormiria?

—Na sua cama. –fala sem pensar, corando em seguida. –Não na sua cama com você, não estou dizendo que vamos dormir juntos... Quero dizer, você estaria na minha cama e eu na sua, separados, não juntos...

—Felicity.

—Desculpa. –diz, olhando para as mãos.

—Sem garotas. –decreto, me virando novamente para a frente.

—A quanto tempo você não sorri? Quero dizer um sorriso real, que mostre seus dentes incrivelmente brancos e bem alinhados, que eu sei que você tem.

—Não tenho estado em meu melhor momento.

—É, e isso já tem dois longos anos! –comenta com ela mesma, soprando em deboche. –Nossa, seus sapatos são lindos! –a escuto dizer e a vejo parando uma mulher ruiva que passava por nós.

—Ah, obrigada! –diz com um sorriso satisfeito, não vejo nada demais nos sapatos, eram pretos com tiras e um salto enorme.

—São realmente maravilhosos. –exagera. –Sou Felicity Smoak. –estende a mão para a garota, vejo um cara tomar coragem e parar atrás de Felicity, ao ver que ela pretendia me apresentar uma garota, o que me classificaria como amigo, e não uma ameaça. –Esse é....

—Oliver Queen. –interrompo, e a garota dá um daqueles sorrisos bobos. –Hon, precisa parar com esse vício. –sorrio para Felicity que fica sem reação quando pego sua mão. Mas a verdade é que estou começando a me divertir. –Me desculpe, ela não pode ver sapatos, vai precisar de mais um par de pernas se pretender usar todos os que já tem. –franzo o rosto, e a vejo semicerrar os olhos.

—Hon? –murmura, desdenhando do meu apelido carinhoso.

—Sim? –me viro para ela.

—Ele não é meu namorado. –diz a garota, e o cara a suas costas parece mais uma vez motivado.

—Não pode dizer que deixei de ser seu namorado, só por que caçoei de sua obsessão por sapatos. –mereço um Oscar, por minha expressão de choque.

—Olha, eu... –a garota tenta dizer algo, mas Felicity a segura pelos braços para que permaneça ali.

—O que infernos você está fazendo? –exclama.

—Eu disse a ela que a amava, e ela congelou! –conto a garota, que estava prestes a sair correndo a qualquer momento. –Tem alguma coisa errada em mim? –finjo desapontamento, e preciso segurar o riso, ao ver o semblante chocado de Felicity.

—Ham, não...

—Não era a verdade, ele só disse isso para enganar um cara que queria... Bom, não vem ao caso. –se interrompe. –Foi um “Eu te amo” encenado.

—Ele parece gostar de você. –a garota tenta dar uma de psicóloga, e Felicity solta uma gargalhada alta ao ouvir o que ela disse.

—Ah, vai por mim. Para ele, eu sou como o Dig! –fala. –Dig é um amigo nosso, o que estou tentando dizer é que para o Oliver, sou quase um cara. –esclarece.

—Ele olhou para sua bunda, quando você se virou. –o barman diz, e Felicity me olha surpresa, me deixando envergonhado. Quando isso se tornou uma espécie bizarra de grupo de apoio?

—Eu estive ao lado dessa mulher desde o momento em que ela entrou em minha vida! –protesto.

—Ah claro. –bufa. –Ele é um péssimo mentiroso o tempo todo, menos agora.

—Dizem que não conseguimos mentir bem para quem amamos. –o cara que a dois minutos planejava cantá-la, toca em seu ombro, falando em tom de conselho. Mordo os lábios para não dar risada, e olho para Felicity com uma sobrancelha erguida.

—Ele não me ama. –fala entre dentes, para o cara que dá um passo para trás.

—Por que ela não acredita? –o barman barrigudo me pergunta.

—Eu disse a ela, a um tempo que não ficaria com quem pudesse me importar de verdade, mas pensei que depois de estarmos juntos... –olho para ele com tristeza.

—Isso é ridículo. –ela sussurra. –Tudo bem, você ganhou. –dá de ombros, mostrando o copo para o cara que o enche. –Quer saber, deixa a garrafa. –ele faz sem protestar, e Felicity me olha irritada.

—O que? –pergunto, quando ela permanece me olhando.

 A garota ruiva aproveita a nossa distração e sai sem ser percebida, o cara que estava atrás de Felicity também se dispersa, e aos poucos as pessoas voltam a prestar atenção em suas próprias vidas.

—Eu só queria que você se divertisse. –sussurra com tristeza na voz, enchendo o copo.

—Eu me diverti. –falo com sinceridade, sorrindo para ela.

—Jura? –me olha esperançosa, e confirmo a fazendo expressar um sorriso feliz. –Você olhou mesmo para a minha bunda? –pergunta em tom de segredo, e sorrio voltando a minha atenção para o copo em minha mão. –Qual é Oliver? É só uma pergunta simples! –reclama olhando em volta. –Será que tem sistema de segurança aqui? –começa a tirar o tablet da bolsa.

—Hey! –exclamo a impedindo. –Não pode invadir o sistema interno de um bar! –sussurro, Felicity apenas me olha, me dando uma escolha. Respiro fundo. –É um vestido bem revelador. –falo, e ela morde os lábios, segurando o riso.

—Isso não responde!

—Por que está fazendo isso comigo? –quase imploro, e só a vejo sorrir com ar angelical em resposta. –Eu olhei. –me dou por vencido. –E você não é como Diggle. Deus, nem um pouco! –franzo o rosto, imaginando uma versão de John naquele vestido, eca!

—Legal. –ela murmura chamando minha atenção. –Não estou esperando nada, pode ficar tranquilo, só é legal saber que não sou uma espécie de mulher invisível para você.

—Mas só o que eu faço, é ver você. –solto sem perceber, e nos olhamos por alguns longos segundos, até que ela enche a taça e a vira toda de uma vez só. –Acho que já chega disso, é melhor te levar para casa. –tomo a garrafa de sua mão, e peço ao barman para fechar a conta.

Visto o casaco nela, me forçando a não olhar novamente para sua bunda, e saio em direção ao carro dela que estava estacionado em frente ao bar. Durante a caminhada sustento todo o peso de seu corpo, a abraçando pela cintura. A coloco no banco do carona, e vou dirigindo em silencio.

—Obrigado por hoje. –digo quando a acompanho até a porta, não acho que no estado que está conseguiria encontrar a fechadura.

—Foi divertido, não foi?

—Muito. –respondo e ela sorri feito criança.

—Oliver, posso te fazer uma pergunta? Não vou me lembrar de nada disso pela manhã, prometo. –pondero por um momento, parando a seu lado, em frente à porta.

—Tudo bem, só uma. –concordo encaixando a chave na fechadura.

—Você me acha atraente? –me pega de surpresa.

—Você é a mulher mais inteligente...

—Não estou falando do meu cérebro, Oliver. Eu sei o tamanho do meu QI! –me interrompe. –Perguntei se me acha atraente.

—Sim. –respondo de uma vez. –Desde o dia em que te vi conversando com minha fotografia na QC.

—O que? –parece confusa, e sorrio ao vê-la bambear um pouco, perdendo o equilíbrio.

—Não importa. –dou de ombros, a ajudando a permanecer em pé.

—Okay... –diz, segurando na gola da minha jaqueta, antes que perceba como, ela me puxa em sua direção, me roubando um beijo rápido, por poucos segundos sinto seus lábios macios nos meus, mas antes que possa reagir, ela se afasta como se nada tivesse acontecido. –Isso foi bom... Boa noite, Oliver. –entra me deixando parado na porta completamente desnorteado, a única certeza que tenho é que a história de amigos acabou de descer pelo ralo.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar!
Bjnhos...